Eu até sou mansinho, mas não me pisem a cauda...
1) O deputado Fong Chi Keong voltou a estar em destaque, e desta feita não foi pela habitual verborreia a que já nos habituou durante as suas intervenções na AL. Antes de falar de mais esta tropelia do sr. deputado, convém localizar o espaço e o tempo. Um grupo de residentes do edifício Flower City, na Taipa, queixa-se de uma série de obras realizadas nos últimos meses no supermercado Park’n’Shop, situado numa das areas comerciais térreas junto ao condomínio, alegando que a alteração da estrutura que sustenta o edifício coloca em perigo a sua estabilidade. Durante os protestos, os locatários colocaram cartazes mencionando Fong Chi Keong, proprietário da companhia de construção “Man Kan”, responsável por ter erguido o Flower City, e fala-se de um conluio com o bilionário honconguense Li Ka-Shing, proprietário do grupo a que pertence o Park’n’Shop. Um irritado Fong Chi Keong já havia pedido aos residentes do Flower City para retirarem os cartazes e desistirem do protesto – sem que no entanto apresentasse uma solução alternativa às preocupações dos residentes daquele bloco de apartamentos na Taipa. Na noite de quinta-feira o próprio dirigiu-se ao local acompanhado de alguns subordinados e retirou os cartazes, um comportamento que alguns dos manifestantes equipararam ao de uma tríade. O caso mereceu a condenação da opinião pública, e teve honras de editorial na edição de ontem do Hoje Macau. Sem dúvida que fazendo uma análise superficial da ocorrência dá para concluír que o sr. deputado perdeu a cabeça, ignorando os mais básicos princípios da diplomacia e do primado da lei que devia cumprir como legislador, dando um bom exemplo. Mas por outro lado, qual é a novidade? Para Fong Chi Keong, bem como outros empresários, continuam a tratar Macau como o seu clube privado e os seus residentes como serventes, que devem ficar é quietinhos e caladinhos se sabem o que é bom para a tosse. Mais um exemplo de como a promiscuidade entre a política e o mundo emprasarial produz efeitos desastrosos. Não surpreende que Fong confunda a imunidade que goza como deputado da AL com impunidade. Afinal a diferença é apenas um “p” a mais ou a menos.
2) Um cidadão português foi executado na China, quatro anos depois de ter sido condenado à morte por tráfico de droga. A notícia foi capa na edição de ontem do Ponto Final e mereceu destaque nos serviços noticiosos da Rádio Macau. Os mais desatentos poderão pensar que se trata de algum Joaquim da Silva de A-dos-Cunhados que foi apanhado no continente com um pacote de “doces” e acabou à mercê da justiça chinesa, que não é bem vista de todo aos olhos do Ocidente, muito graças ao registo de condenações à pena capital, em maior número que todos os restantes países do mundo, Na realidade este “português” chama-se Lau Fat-wai, tinha 53 anos e nasceu em Cantão. Adoptado na infância por uma família chinesa de Macau, adquiriu a nacionalidade portuguesa, passaporte incluído, mas é seguro arriscar que não falava português, nem tinha muitos pontos em comum com a nossa cultura. A família fez o que lhe competia, apelando à diplomacia portuguesa, mas debalde, pois o desfecho foi este, e só surpreende pelo facto da execução se ter realizado em Fevereiro último, e só agora tenha chegado ao conhecimento da imprensa e quiçá da própria famíilia – não existem indícios de que já soubesse da morte do seu parente. É complicado para a diplomacia portuguesa lidar com estes casos quando o passaporte português se atribui de forma tão generosa; nos atendados de 11 de Setembro em Nova Iorque muitos dos terroristas que o levaram a cabo detinham o passaporte nacional. Em todo o caso nunca é demais recordar: cometer crimes desta natureza que possam resultar numa condenação à morte nestes países é sempre uma opção arriscada. Não há passaporte que se sobreponha à lei dos países onde são cometidos.
1 comentário:
O que não falta em Macau são falsos chineses como o Lau Fat Wai. Cortesia dos traidores da patria portuguesa.
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