Que feio, menina
A empresária e antiga presidente da AL, Susana Chou, voltou a ser notícia devido ao blogue que mantém desde que deixou o cargo público que exerceu durante 10 anos, e que tem servido como “tubo de escape” de uma série de coisas menos positivas sobre a Administração que nunca poderam ser ditas enquanto exerceu a presidência do vértice legislativo do triângulo do poder da RAEM. Desta vez a vítima foi a Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, a que Chou tece considerações nada abonatórias. Entre relatos de querelas pessoais com laivos de lavagem de roupa suja e acusações mais ou menos veladas de “incompetência” e “incapacidade” para desempenhar o cargo, a ex-presidente da AL pronuncia-se sobre o caso das campas, que considera ter sido “demolidor” para a nº 2 do Executivo. Farpas bem afiadas, fazendo fé na tradução feita pelos media portugueses da entrada do blogue de Susana Chou. Permitam-me uma analogia à fauna piscatória, mas tivesse isto ocorrido na lota, tinhamos carapaus, cavalas, robalos e tainhas a voar por toda a parte. O simples facto de tocar num ou noutro ponto mais sensível do recente caso que envolveu a Secretária já seria deselegante, mas a forma como a dirigente é arrasada naquela rede social é passível de outra adjectivação abaixo de “sacanice” – isto para manter a linguagem a um nível mais ou menos familiar. É da mais pura das cobardias vir atacar Florinda Chan numa altura em que a sua posição se encontra mais fragilizada. Após os ataques declarados a que a Secretária foi sujeita da parte dos seus maiores críticos, a ex-presidente da AL vem dar o seu contributo, agora que o ferro está quente além do ponto ideal para ser malhado. Susana Chou faz lembrar aquele rapazola franzino e asmático que vai dar um pontapé no seu rival depois deste ter levado um arraial de porrada de meia dúzia de matulões que o deixaram virtualmente incapaz de reagir.
É curiosa, esta nova faceta crítica de Susana Chou. Retirada da vida pública e com tempo para gerir a sua panóplia de lucrativos negócios – com excepção dos que correm mal, que depois vem dizer “não ter nada a ver” – senta-se confortavelmente ao PC e aponta o dedo a situações com que, directa ou indirectamente, chegou a pactuar, silenciando esta agora libertada costela contestatária. Entre os anos de 1999 e 2009 as únicas demonstrações de “pêlo na venta” foram os puxões de orelhas dados no hemiciclo a democratas e outros desalinhados, acenando vastas vezes com o regimento da AL e até com o primado da Lei Básica, mesmo que a interpretação tenha sido por vezes pessoal. Não me recordo da actual Secretária que agora prova do fel da ex-presidente da AL ter sido acusada de “incapacidade” quando apresentou a legislação emanada do artº 23 da Lei Básica, que passou qual brisa primaveril em florido prado. Há quem perceba de regimentos e de constituições, pois, e ao mesmo tempo não tenha a minima ideia de conceitos como a cortesia e o decoro.
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