quinta-feira, 6 de março de 2014

Os sons dos 80: INXS


Hoje a rubrica "Os sons dos 80" leva-nos à Austrália, e aos INXS, um grupo de rock "puro e duro" que gozou de uma respeitável fama internacional desde meados dos anos 80, até quase ao final da década de 90, tendo acabado numa nota de tragédia. Fundados em 1977 em Sydney pelos irmãos Fariss, Tim, Jon e Andrew, os INXS (lê-se "in excess", não cometam o erros de pronunciar "inks", como alguma malta que eu conheci fazia) lançaram o seu primeiro álbum em 1980, o homónimo "INXS". Seguiram-se mais dois trabalhos de originais, "Underneath the Colours" e "Shabooh Shoobah", mas sem grande impacto, pois a banda vivia na sombra de outros actos australianos de projecção internacional, tais como os românticos Air Supply ou os "pesos pesados" AC/DC, estes também oriundos de Sydney, por sinal.


Seria em 1984 que os INXS se libertariam dessas "correntes", e partiriam para o sucesso internacional, e tudo graças ao álbum "The Swing", que foi o primeiro a chegar a nº 1 no top da Austrália, assim como o single "Original Sin" foi também o seu primeiro nº 1. "The Swing" foi super-premiado nos prémios "Countdown", uma espécie de versão australiana dos Grammy. Além de álbum do ano, ganharam ainda os prémios de banda do ano, grupo mais popular na Austrália, video do ano por "Burn for You", e vocalista mais popular, título que foi para Michael Hutchance. Esta popularidade súbita tornou Hutchance o símbolo dos INXS, o homem que todos (e todas) queriam ver e ouvir. A sua presença em palco, as letras das canções e até a sua aparência valeram-lhe comparações com Jim Morrison. Mais à frente vamos perceber como isso pode ter sido tão prejudicial para ele.


O disco seguinte foi "Listen Like Thieves", de 1985, que foi o primeiro a ser editado fora do mercado australiano. O sucesso foi moderado, com o nº 3 no top australiano e nº 11 da Billboard - o que para estreia não estava nada mal. Apesar disso, voltaram a vencer o prémio de melhor banda do ano a nível doméstico, nos "Countdown", e ainda melhor video do ano com "What You Need", que também foi nomeado para os prémios MTV em 1986. A verdadeira projecção internacional só chegaria com o álbum "Kick", de 1987, que foi nº 1 na Austrália, nº 9 no Reino Unido e nº 3 da Billboard, onde também os quatro singles dele extraído chegaram ao top-10. O album valeu ainda aos INXS uma nomeação para um Grammy de melhor grupo vocal. É difícil escolher um single de "Kick" para colocar aqui, mas depois de ponderar, resolvi deixar de fora "Devil Inside", ""Need You Tonight" (que ganhou vários prémios MTV) e "New Sensation", para escolher este "Never Tear Us Apart", sem dúvida um dos momentos altos de Hutchence e dos INXS.


Já com as portas da Europa e da América escancaradas, os INXS regressavam em 1990 com "X", de onde sairia o single "Suicide Blonde", que o apresentava, e que foi nomeado para um Grammy. "X", que aqui representa o nº 10 em numeração romana, seria nº 1 na Austrália, como seria de esperar, nº 2 no Reino Unido e nº 5 da Billboard, com o estatuto de dupla-platina. Mais uma vez sinto-me tentado a optar pela via mais "soft" do grupo, e escolho o video de "By My Side" para ilustrar este parágrafo. Em 1991 o grupo era agraciado com um Brit Award para melhor banda, e o ego de Hutchence ficaria ainda mais inflamado com o reconhecimento para melhor vocalista masculino.


Em 1992, no auge do "grunge" que tornava Seattle o centro do mundo do "rock", os INXS respondiam do outro lado do mundo com "Welcome to Wherever You Are", disco para o qual revolucionaram o seu som, tornando-o mais cru, recorrendo ao uso de cítaras e uma orquestra de 60 elementos. A recepção foi positiva, com o disco a chegar a nº 1 no Reino Unido e nº 16 na Billboard. Quantos aos singles, "Baby Don't Cry" foi top-20 no Reino Unido, e "Not Enough Time" foi nº 2 do outro lado do Atlântico. Escolhi este "Beautiful Girl", que não vendeu tão bem, mas cujo vídeo foi nomeado para para um prémio MTV, e serviria para uma campanha contra a anorexia.


Seguiu-se "Full Moon, Dirty Hearts" em 1993, que foi um fracasso comercial e foi recebido com frieza tanto pela crítica como pelos fãs. Os INXS resolvem então "espremer a laranja", lançam uma colectânea e um disco ao vivo, e só regressariam em 1997 com "Elegantly Wasted", o último album com Hutchence. O carismático líder da banda australiana viria a ser encontrado morto num quarto de hotel em Sydney em Novembro desse ano. A causa da morte seria asfixia, pois foi encontrado com um cinto à volta do pescoço, que usou para se estrangular na maçaneta da porta, mas a depressão de que vinha sofrendo levou-o a tomar uma dosse excessiva de barbitúricos nessa noite, regados com muito álcool. Tinha 37 anos. Os INXS regressariam oito anos depois com um novo vocalista e um novo disco de originais, "Switch", mas sem sucesso. Em 2010 um grupo de outros cantores regravou os maiores êxitos em conjunto com os sobreviventes da banda, um disco de tributo que ficou com o nome de "Original Sin".

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