quinta-feira, 13 de março de 2014

Os sons dos 80: Grace Jones


Grace Jones foi antes de mais nada, modelo, passou por uma carreira discreta no cinema, e como cantora tem, pasme-se, dez álbums e 53 singles gravados. Nascida em 1948 em Porto Espanha, na Jamaica, mudou-se com os pais para Syracuse, Nova Iorque quando tinha 13 anos. Terminado o liceu, foi para a Universidade estudar Literatura e Língua Espanhola, com uma passagem por Filadélfia, onde estudou drama. Já com um contrato na Wilhelmina Modelling, fez audições para papéis em filmes, mas a sua esbelta figura - alta, negra e andrógena - valeu-lhe um contrato em Paris, onde trabalhou com nomes como Yves St. Laurent, Claude Montana ou Kenzo Takada, e apareceu na capa da Elle e da Vogue. Na capital francesa dividia um apartamento com Jessica Lange e Jerryl Hall, e com esta última frequentava o Club Sept, um bar "gay" bastante popular, onde as duas não eram menos populares (seja o que for que isso quer dizer).


A carreira musical arrancaria em 1977, e Grace Jones aderia à moda da altura, a disco. Nesse tom gravou três LPs: "Portfolio" (1977), "Fame" (1978) e "Muse" (1979). Os discos tiveram uma passagem discreta pelos "charts", mas alguns singles foram bem recebidos. O seu primeiro, "I Need a Man", chegou a nº 1 no top de Dança da Billboard, e este "La Vie en Rose", uma versão de um clássico de Edith Piaf, deu o brado nos tops europeus, acompanhado deste video muito sugestivo.


Com a moda da disco a esbater-se, Grace Jones adere a uma sonoridade mais adequada para os anos 80, que acabavam de chegar. Assim com um som mais "new wave" com influências do "reggae" grava três albums nos míticos estúdios da Compass Point, nas Bahamas: "Warm Leatherette" (1980), "Nightclubbing" (1981) e "Living my Life" (1982). Do segundo saíu o single "I've Seen That Face Before (Libertango)", um dos seus maiores êxitos, e que voltou a tomar de assalto os tops na Europa, chegando a nº 1 na Bélgica. Depois disso volta a tentar a sorte no cinema, e entra nos filmes "Conan the Destroyer", ao lado de Arnold Schawrzenegger, e em "A View to a Kill", o filme de 1985 da série James Bond, que seria o último com Roger Moore no papel de 007. Será que Grace Jones foi demasiado indigesta como "Bond Girl"?


Seria também em 1985 que Grace Jones gravaria aquele que foi provavelmente o seu maior sucesso comercial: "Slave to the Rhythm", que chegou a nº 12 do top do Reino Unido. O single com o mesmo nome obteve a mesma posição nas ilhas britânicas, foi top-10 em vários países europeus e nº 1 d o top de Dança da Billboard. Mais uma vez a artista demonstra um grande cuidado com a estética, nunca deixando esquecer que foi modelo - e uma vez modelo, sempre modelo. Apesar de não ser levada muito a sério na indústria discográfica, Grace Jones chegava a meados dos anos 80 com mais do que um número suficiente de discos vendidos para pagar as contas.


No ano seguinte, 1986, sai "Inside Story", que é um passo atrás na evolução de Grace Jones como sucesso de vendas discográfico, e nem o single "I'm Not Perfect (But I'm Perfect For You)" - um excelente tema, diga-se de passagem - salva a honra no convent. Três anos depois sai "Bulletproof Heart", e depois disso Grace Jones dedica-se à família, ficando quase 20 anos sem gravar, até 2008, quando sai "Hurricane". Aos 55 anos a modelo/actriz/cantora continua a fazer ocasionalmente digressões, mantendo-se linda, alta e negra, como sempre.

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