sexta-feira, 14 de março de 2014

Aves fora nada


Macau está desde ontem sem galinhas. Não, não é dessas, mas dos galináceos destinados ao consumo humano como alimento. Não esse tipo de "consumo" nem de "alimento"...epá galinhas-aves, com penas e bico, porra. Bem, portanto, o IACM mandou ordenar o abate de 7500 galinhas em todos os mercados de Macau, decretando um period de quarentena de 21 dias, até ao próximo dia 3 de Abril. Isto porque foi detectada a presença do virus H7N1, vulgo "gripe das aves", e como já é complicado fazer com que os humanos em Macau tenham uma consulta médica, mais difícil é ainda que sete milhares e meio de aves possam ser devidamente consultadas para identificar os sintomas de uma eventual constipação. O melhor mesmo é não arriscar, e lá se deu um autêntico holocausto aviário, bem como a desinfecção completa do espaço dos mercados. Há males que vêm por bem, pois o cheiro que emana a secção das aves vivas nos mercados é insuportável. Quem ficou no prejuízo foram os comerciantes - pode-se dizer mesmo que foram "depenados". Só que os vendedores de galinhas querem ser subsidiados pelo Governo (quem mais?), alertando para o facto desta paragem afectar cerca de 200 trabalhadores. O nosso mui generoso Executivo certamente que providenciará três semanas de férias pagas aos rapazes.

Creio que já disse isto aqui, mas não aprecio a carne destas galinhas dos mercados, que é bastante dura e fibrosa, e sempre preferi a congelada. Já me disseram à conta disto que "não sei comer galinha" (garanto que sei: trinca-se, mastiga-se e engole-se), mas já se sabe: esta gente pela-se pela frescura do produto, e de querem preferência comer um bicho que viram ainda vivo. Com as bancas vazias, quem faz questão de comer galinha terá que optar pela opção congelada, onde imperam as marcas brasileiras da Sadia e da Perdigão, com o seu frango hermeticamente "entalado" de asas e pernas, de carne mastigável, digerível e sem aquelos resíduos amarelos de gordura que se encontra na versão "fresca" local. Além disso o produto é inspecionado e controlado a preceito, e ainda "de acordo com os rituais islâmicos", e isto deve-se sobretudo ao facto da Arábia Saudita ser o principal importador da galinha brasileira, com 70% do total das exportações. E pronto, qual é o problema? Para começar os preços, pois a procura levará a que um frango médio congelado, que antes custava a módica quantia de 25 ou 30 patacas a ser inflacionado, e o maior problema de todos: o frango congelado não tem cabeça! Como se sabe, os chineses gostam de ver o prato de galinha na sua versão integral, desde os pés à cabeça. Porquê? Sei lá...porque gostam de ver o seu semblante de angústia na hora em que é degolado? Agora habituem-se a não ter um cadáver a olhar para vocês à mesa. Pelo menos durante três semanas.

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