quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Impuros, polutos, imundos, enfim, javardos


Na "onda" da  Islamofobia, nesse mar poluído de preconceito e língua-de-trapos (afinal o "tuga" deixado é solta é terrível), vi algures na rede social Facebook esta espécie de "monumento" ao glutão e beberrão lusitano, que se revela em casamentos, baptizados e aniversários, ou nos Santos Populares , e a que normalmente se atribui o título de "figurão" do evento. Claro que alguma coisa deste tipo, que dói só de olhar, só podia estar inserido no grande contexto da febre anti-moura que assolou Portugal, à "boleia" do receio de um tipo de terrorismo que em Portugal nunca aconteceu - mas ui, como tantos desejam que aconteça, e não são islâmicos, garanto. Triste, muito triste, quando para fazer uma civilização parecer inferior à vossa, usam como únicos argumentos "comer porco e beber cerveja". Pior fica quando se alega que os outros não o fazem porque "o livro diabólico deles não permite", ao mesmo tempo que o vosso  "livro santinho e angelical" proíbe MUITO MAIS, mas vocês estão-se nas tintas, que se lixe. Não vai é mais cerveja para essa mesa. 


Eu pessoalmente penso que discutir o que se deve ou não comer sem ser do menu é uma parvoíce, mas pronto, vocês querem assim, olha que engraçado. Acham que é "divertido" dar ênfase a um tabu alimentar que foi usado e abusado durante séculos, e que serviu mesmo para perseguir, prender, torturar e matar - procurem saber a origem da alheira, o enchido, e saberão do que estou a falar - para enfrentar uma civilização inteira que de um dia para o outro passou a ser o vizinho de que pouco ou nada sabiam, para o portador da mais mortífera das pestes. Ora bem, como se pode ver ali em cima, existem na Bíblia inúmeras passagens que proíbem (duh!) o consumo de carne de porco, o seu manuseamento, e numa interpretação mais extensiva, que se mencione sequer o simpático quadrúpede, que vá-se lá saber porquê, aprecia rebolar nas  próprias fezes. Claro que isto vale o que vale, e é preciso ser tontinho para dotar estes ditames da carqueja de alguma obrigatoriedade, e lá diz o povo e com razão, "cada um come daquilo que gosta". Pegar nisto como arma de arremesso é não só uma infantilidade parva, como ainda há o enorme risco de se estar a ser hipócrita, ou pior ainda, abrir as portas para....tcha tcha tcha...INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA! Uahahahah...!!!


E aqui está, uma "thread" de comentários a uma entrada do Hugo Gaspar, vulgo "Firehead", islamófobo identificado no artigo anterior (e para este assunto "islamófobo" é equiparado a "catedrático"), sobre um certo vídeo que teria contornos hilariantes, não fosse pela causa maléfica que se serve (falo disso depois). A conversa mudou para a tal "embirração" da Cristandade com a tal "imposição" de uma dieta, neste caso "halal". Outra patranha, uma vez que em qualquer onde existe uma significativa comunidade cristã ou budista (chineses, sobretudo) há comércio de carne de porco como noutro sítio qualquer - talvez um pouco menos, por razões óbvias. No entanto o Hugo é também ele partidário dessa mirabolante teoria que defende que uma vez que os islâmicos entrem em Portugal, escravizam os pobrezinhos dos portugueses. Acho que ainda ninguém reparou na falácia desse argumento, pois não? É que não fica lá muito bem, não é por nada. Mas adiante. A conversa ia no "receio de não comer porco", e é aí que entra a grande pergunta:


E lá está, mais uma vez, aquele desejo pelo caos. Se eu não estivesse em contacto com pessoas na Europa, e falado com pessoas que vieram agora da Europa, e teria sérias reservas quanto a isto, tal é a força com que se reiteram estes delírios. Mas pronto, e mais uma vez entra em acção o "truque" do Novo Testamento, como se o Antigo Testamento não fizesse parte integral da Bíblia. Aliás, nem de outra forma se fazia a festa, pois sem o Deus que cospe fogo e lava, oblitera populações inteiras, acaba e recomeça a humanidade (o dilúvio, pois...), e engendra os castigos mais sádicos, mesmo para quem Lhe é devoto, esta religião não conseguia meter medo a ninguém. Mas pronto, o Hugo prefere o Novo Testamento, que apesar de incluir o martírio do Salvador (bem como a sua vinda, "but so what", se depois lhe limparam o sarampo?) e o  Apocalipse, que explicado à malta mais nova seria "assim tipo, o fim do mundo, 'tás a ver? mas o fim-fim, mesmo o fim, a valer", aparentemente torna mais "light" o Deus ameaçador da primeira versão. Ah, é verdade, e também dá uma "licence to pork", diz o Hugo Gaspar, e desafia-me e rever o Evangelho, o Hugo Gaspar, que me diz "ficar mal" não saber isto, o Hugo Gaspar. Ora essa, queres ver que o Hugo Gaspar aditou à Bíblia uma revogação do Deuteronómio que faz com que "Os Três Porquinhos" pareça menos um conto infantil, e mais um porno de "hardcore - 1º escalão". E é claro que o Hugo Gaspar viu mal. Segundo o  próprio, Hugo Gaspar vive num outro mundo. Vamos ver então o que diz o livro de Marcos, 7,19:


Ó, ó, ó...querem lá ver isto? Hugo Gaspar, mas que maldade, rapaz. Nesta passagem da escrituras sagradas, conhecida nos meios "underground" do estudo bíblico por "a parábola do cocó", não é mais do  que isso mesmo, e nem se faz referência em particular ao porco. Ai não precisa, pois por "todos os alimentos" sub-entende-se o porco? Ora, ora, então isto é para interpretar, ou para atribuir a Jesus frases da autoria do Hugo Gaspar? Mau, mau. Antes de lhe demonstrar (mais uma vez) a ruína de Pompeia que representam os seus argumentos, confirmemos a teoria do "cocó", em Mateus, 15,17:


Aí está, também o livro de Mateus corrobora essa teoria e acrescenta mais dos ensinamentos de Cristo: " A m... sai por baixo, e não por cima, por isso deixem de dizer tanta m...". É pena não se poder mesmo "falar com Jesus", ou com outro elemento da Santíssima Trindade que estivesse a dar consultas a esta hora, e queixava-me de vocês, seus...seus....


...imundos! Impuros! Abomináveis...homens das neves! Pois é, julgo ser necessário distorcer "interpretar" outra passagem do Novo Testamento para depois andar aí a fazer figuras tristes, orgulhando-se de que "comem porco". A não ser que por "todos os alimentos", sejam mesmo TODOS, que no Antigo Testamento vêm minuciosamente detalhados (mais valia dizer apenas os que são permitidos), e que incluem aqueles animais pouco convencionais, do tipo...


Exacto. O Hugo já imaginou o que seria se eu fizesse uma "sacanice" das grandes, e começasse a espalhar este "cartaz" por aqueles fóruns dos "Direitos dos Animais" e quejandos, junto com a sua citação do Evangelho, assim DESONESTAMENTE associando-o a este Bóbi cozinhado? Ah pois, isso é que ia ser um "ver se te avias", e penso que será escusado recordar que esses maluquinhos não querem saber de explicações ou mais porra nenhuma até o verem pendurado na ponta de uma corda. Mas até que existiriam vantagens em assumir o topo da pirâmide alimentar, por exemplo:


Comer ratos, ou neste caso "ratas", e sempre se ajudava a racionalizar as fantasias pré-adolescentes com a Minnie Mouse - óptimo gosto, aliás. Eu sei, que para vocês é esquisito, e tal, mas isso é só porque agora estão numa de bombistas badalhocos e barbudos, múmias de burqa, etc. Isso um dia passa. Ou não. Olha para aquela maravilha, yum, yum. E 100% rata, também.


E ainda há um "brinde" para os adeptos do Sporting, que depois de Jesus (Cristo, e não Jorge, se bem que este também se encaixa neste contexto) ter "arrasado" o capítulo 14 do livro de Deuteronómios, podem comer águia à vontade! Yupi! E assim isto deixava de ser uma mera metáfora futebolística, ora pois! 



Portanto em suma, isto de "atirar com o porco" aos islâmicos é mais uma palermice inventada por gente retardada e semi-analfabeta, onde não se inclui, é claro, o grande Hugo Gaspar, cujo único problema não é "viver noutro mundo", mas apenas circular por este com os faróis no mínimo e os piscas avariados. E já que ele está "com medo que não lhe deixem comer porco" (a sério, LOL), aqui fica a Sura 16 do Alcorão para que no 116º versículo contém um recado de Alá, ou o vosso Deus comum, onde Ele avisa: "não falem tanta m..., c...!". Pronto, agora não há necessidade de fazer figura de imbecil quando faltam ainda dois meses para o Carnaval: ninguém é obrigado a comer ou deixar de comer seja o que for APENAS PORQUE ESTÁ ESCRITO NUM LIVRO! Ora se há países onde a malta anda a toque de chicote por comer porco ou piscar o olho à vizinha, não é certamente porque o livro "malvado" deles o quer. Eles só estão a seguir as leis do VOSSO Deus, leis essas que vocês insistem em ignorar, mas que atiram na cara dos que a cumprem com o pretexto de...epá agora não consigo acabar esta frase. O que é que vos dói mesmo, digam lá? 


Ah, mas e quanto ao fim da nossa conversa, como foi? Digamos que recorrendo igualmente a uma metáfora, o Hugo estava pela cintura a afundar-se na areia movediça da incoerência e do disparate, e resolveu enfiar os braços lá dentro para retirar os pés. Pois é, realmente os livros sagrados são uma coisa simbólica cumó caraças, e não devemos interpretar o que está lá escrito literalmente, até por causa dos anacronismos que iríamos encontrar numa era onde as telenovelas, o futebol, os concursos televisivos e os "reality shows" ainda não tinham sido inventados, e as populações entretinham-se a invadir, pilhar, destruir, anexar, matar, violar, e agora pensando melhor, até havia mais convívio e de longe muito mais actividades ao ar livre do que há hoje. Mas quem nos diz isso mesmo é o próprio Hugo Gaspar, que usa o hino nacional como exemplo: "não estamos a declarar guerra quando o cantamos". Oh oh, eu nunca pensei nisto, oh oh. É que quando oiço aquela parte do "Pela Pátria lutar/Contra os canhões marchar, marchar", fico logo todo cheio de vontade de entrar por Olivença adentro e reaver aquela m..., pá, espanhóis de um cabrão. Ainda bem que tenho  o Hugo Gaspar para me "explicar" as coisas, e ainda fico mais descansado porque sei que...


...o Hugo Gaspar não estava a falar a sério quando diz que o Alcorão vem lá com "não sei o quê", e que seja o que fora vem na Bíblia também, com ou menos areia, mais ou menos camelos, tudo restos de um passado cuja mentalidade troglodita se foi lamentavelmente perpetuando, na forma das religiões monoteístas que prestam culto ao fantasma que Abraão viu (se viu) há muito, mas mesmo muito tempo, seja ele chamado de Yeovah, Deus ou Alá: é a mesma...uh..."entra pela boca e desce para o estômago, e mais tarde é lançado no esgoto". Ao contrário da argumentação do pobre Hugo, eu tenho duas pernas para andar, e após mais "tratado da razão", segundo ele, mas que para mim insere-se no "conjunto de coisas facilmente perceptíveis a quem está dotado dos cinco sentidos e num estado mentalmente são e sóbrio", fui! Até à próxima, pecadores. Seus...imundos!


domingo, 20 de dezembro de 2015

Islamofobia: o caso de Firehead


Tivesse eu muito jeito para a aldrabice, e inventava uma religião. E digo "inventava" e não "fundava", uma vez que a "fraude" já foi fundada muito antes do tempo da pedra lascada, quando Pruckh, o Cro-Magnon, vendia pontas de seta que não chegavam a fazer comichão ao mais tenrinho dos estegossauros anões. E mesmo se fosse  em frente com o plano, o problema depois ia ser o número de fiéis, pois qualquer igreja que me tivesse como fundador, ter-me-ia igualmente como único membro, uma vez que O MEU MAIOR PESADELO é existir alguém que pense e-xac-ta-men-te como eu, tenha a mesma opinião que eu, na mesma medida, grau e forma, sem tirar nem pôr uma vírgula que seja a tudo o que eu digo. Posto isto, seria o único membro, e já que depois ia dar trabalho, e no fim era apenas eu quem iria apreciar, decreto então a máxima filosófica e único dogma universal da minha idélica doutrino religiosa: "Que se foda". Aí fica, podem talhar em letras douradas, pendurá-la na paredes ou num fiozinho ao pescoço, e interpretá-la da maneira que quiserem, mas aqui a primeira, última e única das minhas epístolas: "Não me chateiem". Palavra do senhor Leocardo. Amen...doíns. 

Infelizmente todas as outras religiões...existem - eu ia dizer que "não pensam da mesma forma", mas ia ter que encurtar essa frase para "não pensam", e depois isto já ia ser perder tempo inutilmente para tentar encontrar alguma utilidade que seja nas religiões, que por cada "feito em bem da humanidade" têm centenas de equívocos que nos levam a deduzir que se calhar estávamos muito, mas mesmo muito melhor sem as religiões. Entende-se que surgiram numa fase do processo da evolução, da necessidade do Homem de encontrar explicações, mas provado que foi ficando que se tratava de uma solução pouco inteligente, a própria religião encarregou-se de tentar deixar a "inteligência" por aí mesmo: 

- "Olha e que tal tudo o que não se conseguir explicar cientifica e racionalmente for atribuído a um ser superior sobrenatural e invisível num estado sóbrio e mentalmente sano? 
 - "E depois alegamos que estamos em contacto com esse ser porque somos puros e bons, e toda a gente deve fazer o que dissermos caso contrário temos a capacidade de O fazer intervir contra quem desobedeça? Brilhante ideia!"
- "Nem mais. Só que há um ou outro problema...e se alguém conseguir provar que afinal existem coisas que não foram obra do ser imaginário que dizemos telepaticamente comandar? Caímos em descrédito..." 
- "Qual quê! Emanamos retórica daquela de fazer doer os calos e os dentes ao mesmo tempo de modo a confundir os crentes e desincentivar a dúvida, lembramos-los do que ainda não tem explicação, tipo "o que acontece depois da morte", e chamamos a tudo o que for não convencional ou uma ameaça ao núcleo da nossa doutrina "obra do demónio". Que tal?"
Pronto, é assim nestes termos que decorrem os concílios e mais o raio que os parta: a engendrar métodos de fazer toda a gente de estúpida, incutir-lhes a crença através do medo, e levá-los a um ponto em que eles próprios não acreditam no que afirmam como legítimo, mas o orgulho leva-os a não admitir esse facto, sob pena de passarem por imbecis. E isto é só uma possibilidade, uma hipotética explicação para esse fenómenos que leva as pessoas a acreditar mais nas igrejas do que nos contos infantis, que com excepção dos que dotam os animais de inteligência e do dom da fala, são mais credíveis que os conteúdos dos cânones religiosos - sim, até o "Pinóquio", se é o que estavam a pensar.


Este simpático comentário, de um indivíduo tão generoso que nem se identifica de modo a eu puder retribuir-lhe e simpatia em dobro (sou ainda mais generoso, acreditem) é demonstrativo daquilo que acabei de dizer. Apareceu na caixa de comentários deste artigo, em que presto um sentida homenagem ao culto mariano e a às aparições de Fátima (sim, a arte sofre às mãos da religião, também) e resolvi publicá-lo como monumento aos trogloditas que escarram este tipo de  merdosas menoridades e baixarias. E este foi um caso recente, porque já em 2011...


Mais um memorial à defunta inteligência da pessoa ou pessoas que deixaram estes comentários num artigo em que simplesmente falo do uso generalizado que as culturas cristãs da palavra "Deus", inserindo-a no contexto do léxico popular, sem que necessariamente isso implique que se está a fazer uma rogatória ao divino. Simples para mim, e simples para quem lê sem as palas dos olho dos burros que as religiões espetaram nas orelhas de vossas asininas excelências. Mas reparem naquilo das cabeças cortadas e de outras bicharadas do deserto, comuns aos dois artigos e com um espaço de quase quatros a separá-las, curioso, uh? Mas falta a confirmação, que vem neste mesmo artigo:



E aí está ele, Firehead, o grande Hugo Gaspar, que consegue realizar um truque de ilusionismo quase impossível de alcançar ao comum dos mortais: a mentira coerente! Isso mesmo, o que era mentira há muitos anos para este rapaz, é mentira hoje, e com muito mais adeptos. Este foi, por assim dizer, o "summer of love", o Woodstock deste jovem inebriado pelo cheiro a latrina da era da cristianização. Reparem em todas linhas que sublinhei, e comparem com os milhares de comentários absurdos que se têm lido e ouvido nos últimos tempos, e em alguns casos vindos de personagens até à altura insuspeitas. Gostei especialmente do último parágrafo, que considero um raciocínio do...pois, está lá o desenho e tudo. E o que aconteceu, de há quatro anos e cinco meses para cá?


Bom, este ano, como já referi, tivemos no Verão a crise dos refugiados da Guerra da Síria, que obrigou a que centenas de milhar de deslocados ignorassem os requisitos exigidos pelos países da União Europeia para adquirir o estatuto de refugiado, e tentassem pelos seus próprios meios entrar na Europa. Uma crise humanitária, como seria outra qualquer, não fosse pela extrapolação feita por NAZIS CRIMINOSOS, que se aproveitou daquela imagem em cima, datada de Agosto último, em que na legenda é possível descortinar a verdadeira intenção de quem a publicou: provocar receios infundados na opinião pública dos países europeus - TODOS eles, sem excepção, quer os que acolhem, acolheram ou acolherão refugiados, quer não.

Ou será que a imagem é de Abril? Já nessa altura, mal ainda se sabia das proporções que esta crise iria adquirir, e já aquela publicação "jornalística" espanhola fazia o "teste de campo" para medir a "nhufa" dos europeus, e...


...já nem era necessário fazer o mesmo em Outubro, e já agora quanto a isso das bombas violações, etc., o mesmo para vocês e para as vossas famílias, seus grandes filhos da puta, que deviam estar presos, e isso que vai acontecer uma vez que seja restabelecida a ordem, e controlada a massa migratória que vem chegando das áreas de conflito. Sim, e eu disse "migratória", e de facto essas pessoas que não adquiriram o estatuto de refugiado são "migrantes", no sentido que se deslocam de um local para o outro. Agora, isso não tem necessariamente de ser mau, da mesma forma que "refugiado" não quer dizer "terrorista", nem outra das barbaridades que se foram dizendo por aí durante esta crise. Mas como eu dizia, esta imagem, que nunca nos deixa saber onde foi retirada, nem quando, já era um Outubro uma "arma" desnecessária para arrastar as massas confusas, isto porque...


...já tinham passado de confusas a completamente abananadas. Foi durante as primeiras duas semanas de Setembro, durante o auge da crise dos refugiados - e tenho provas cabais disto que estou a dizer - que se deu um "curto-circuito" nas pessoas de outra via normais, levando a uma onda de ISLAMOFOBIA, de quem temos ali em cima a "poster-child" desse mal, um tal António Pereira. E o que é isto, que as pessoas confundem com uma espécie de "racismo"? Bem, nem por acaso...


...temos no Hugo Gaspar o maior exemplo de Islamofobia. Não que isso faça dele uma má pessoa, reparem na confiança que o rapaz deposita nas promessas que Jesus Cristo fez, ou nas profecias da Nossa Senhora de Fátima - aquelas que foram reveladas DEPOIS de terem acontecido, não sei se estão recordados. É bonzinho, e até é um rapaz inteligente, o Firehead/Hugo Gaspar, só que o veneno da religião, que lhe foi administrado desde muito jovem, fá-lo cair num sem número de contradições e raciocínios sem nexo, que depois tenta "atirar para canto" cada vez que se vê arredado de argumentos válidos que possam justificar...bem, o injustificável!


Ahem. Eu não tive tempo de ler tudo, pois são resmas de retórica que vai dar sempre ao mesmo: os islâmicos vão entrar pela Europa adentro e "islamizá-la". Reparem naquela persistência do "mito da islamização", e que nem é preciso ser informado ou inteligente para perceber que de facto é disso que se trata: de um mito criado e propagado por pessoas que não de revêm naquela cultura, ao ponto de sentirem o seu modo de vida ameaçado. É um fenómeno que se já se vem verificando desde a vaga migratória de argelinos para a França em finais dos anos 60, e nos Estados Unidos ganhou ênfase após os atentados de 11 de Setembro, tendo substituído a antiga paranóia da "invasão soviete", dos tempos da Guerra Fria. Em vários dos artigos do Hugo noto uma certa hostilidade contra a minha pessoa, ao ponto do jovem entrar em "tilt", como se vê naquele trecho em que repete "a islamização é um mito...", e isto deve ser efeito da minha maldita mania de não aceitar que alguém deva ser descriminado com base na confissão religiosa que professa, e que isso não deve ser sequer um critério para avaliar seja quem for, desde que cumpra a lei, e se não o fizer leva pela mesma medida de toda a gente. Já deixei aqui alguns artigos que PROVAM com factos e números que a Islamização é um mito, e são mesmo os números que o dizem, tornando irrelevante o facto do Hugo Gaspar "imaginar" um quarto da população belga convertida ao Islão:


A não ser que agora "6" seja o novo "25", a população belga continua como estava em Janeiro último. Note-se também que o país do EU com a maior percentagem de muçulmanos é a Bulgária (o Chipre não conta para este efeito, uma vez que o sul da ilha encontra-se  ocupado ilegalmente pela Turquia desde 1974), com 13% de população islâmica. Vêem dali vir alguma notícia sobre "cidades sitiadas" com "no go zones", ou a instauração de algum "califado"? Claro que não, pois aí seria andar a comprar uma crise desnecessária, pois é exactamente nos países onde ainda não se pode falar de uma comunidade muçulmana significativa que a Islamofobia é mais acentuada. Antes de passar a mais uma ilustração sobre do que se trata realmente esta fobia, gostaria de recordar que ainda ninguém me respondeu a esta pergunta: que raio de civilização é esta que dizem estar a querer "defender de uma ameaça", pois caso os islâmicos venham "impõem a sua cultura". Então isto é assim? E sem mais nada? "É bom que não venham, pois estamos aqui de pernas abertas para eles"? Bem gostava que as minhas namoradas fossem todas assim, enfim. Mas isto "explica-se" - ou pelo menos tenta-se explicar:


Pronto, aqui está um bom exemplo de um tipo de "fobia": medo irracional de alguma coisa. Da mesma forma que quem sofre de pavor das baratas imagina esses insectos a adquirirem dimensões dantescas, assim o islamófobos vêm "50 milhões de muçulmanos na Alemanha em 2030", ou seja, quase dez vezes mais do que aqueles que hoje existem, cerca de seis milhões. Lógico que se tratando de uma fobia, com o mesmo quadro patológico psiquiátrico das restantes, os islamófobos não querem os mesmos islâmicos que existiam anteriormente, nem menos, nem quase nenhuns: querem zero. Isto nas baratas e nas aranhas pode não ter muita importância, mas aqui falamos de PESSOAS, e que por muito que isto custe aceitar, não é moralmente aceitável nem sequer LEGAL adoptar certas posições ou elogiar certas condutas na abordagem deste "problema". Eu quero crer que o caso do Hugo, ou do António Pereira, ou de muitos outros que passaram da indiferença à paranóia, com cruzados e cabeças de porco à mistura, são pessoas de bem, e por isso mesmo ficam de fora do meu artigo, ainda no prelo, "Os nacionalistas/fascistas são retardados - e tenho provas" (título provisório), que promete. O que se passa com o pobre Hugo é uma espécie de convicção com uma elevada dose de  "wishful thinking" para que aconteçam desgraças que lhe dêem razão (recordo este artigo, onde o indivíduo que supostamente mais teme o terrorismo, é também o que mais fica a torcer para que aconteça um atentado) - daí que "aumente" números, manipule factos, acredite em notícias falsas, que depois partilha, ou ainda...


...faça "futurologia", como neste caso, em que se espalha completamente ao comprido. Não me refiro à "conspiração" do governo sueco, muito inspirada no exemplo do PREC, em Portugal, ou daquela fabulosa dissertação sobre os perigos da "islamização" e da "substituição demográfica", que andam a dar cabo da civilização ocidental, que só por acaso é "superior" - não é por nada, mas é assim mesmo, oh oh oh. Falo é da contradição em que entram as pessoas com o Hugo, que não se podendo socorrer de factos para suportar os disparates que afirmam, recorrem a manobras de propaganda com forte incidência na imagem (não fosse o público alvo os analfabetos). Aqui ele pode-me querer dizer que as imagens têm um significado premonitório, de como será a Suécia e a Dinamarca daqui a dez anos, e eu posso-lhe responder "ai sim? ainda bem". De facto tanto ali as suecas da esquerda como a dinamarquesa da direita estão plenamente integradas; note-se com umas ostentam nas suas burqas a bandeira sueca, enquanto a outra segura com um ar enjoado a bandeira dinamarquesa. E porque digo eu "integradas"? Porque no cenário que o Hugo Gaspar projecta, aquelas NUNCA SERIAM AS BANDEIRAS DAQUELES PAÍSES, POIS TÊM UMA CRUZ NO SEU FUNDO. Mero pormenor sem importância? Pormenor pode ser, mas quanto à importância que tem, digam isso aos anjinhos que andaram a inventar que os refugiados recusaram caixas de ajuda alimentar e outros géneros da Cruz Vermelha, por virem assinalados exactamente com uma cruz. Então e escapou-lhe esse "precioso detalhe", meu caro islamófobo?


E o problema já não é de agora. Nesta imagem de um artigo seu datado de 2010, os seus autores (gente inteligentíssima, aposto) fizeram questão de deixar claro que aqueles "camel fuckers" são na realidade cristãos, e para o efeito deixaram uma fotografia da origem da chicha abatida, como se faz no talho. Quem chegou mesmo agora a esta "peixeirada civilizacional" e olha para isto vai pensar que o gangue do mafiosi Jesus Cristo foi ali fazer uma limpeza e deixou o seu cartão de visita. Ah sim, os média é que são de "credibilidade suspeita". 


Depois de ter apoiado Marine Le Pen nas eleições regionais francesas, eis que o "cada-macaco-no-seu-galhismo", corrente ideológica de que o jovem Hugo não partilha realmente, leva-o a apoiar - imaginem lá vocês - Donald Trump, o supra-sumo da idiotice, que concorre ao "bilhete" dos republicanos para as presidenciais de 2016. Muitos podem até dizer que o palerma do Trump "até diz umas verdades", mas também o mesmo se pode aplicar ao bêbado-mor da taberna da esquina, e dificilmente esse chegaria a presidente de alguma coisa. Mas americanos malucos é coisa que não falta, e depois de timidamente demonstrar a sua "simpatia" pelo candidato, Hugo "leu" o potencial de mercado de Trump, e percebeu que este não era um Ross Perot qualquer, e agora até "diz a verdade" e tudo! O Hugo tem um pequeno problema com a "verdade", como já vamos ver a seguir, mas quanto a este Trump...


...não é Ross Perot, de facto, mas além de ter feito inúmeras referências a "you people" referindo-se a minorias, ainda tem um registo mais "sonoro" noutros aspectos. Ficou célebre a sua tirada contra a jornalista Megyn Kelly, um dos seus inimigos de estimação, que depois de lhe fazer uma pergunta incómoda (qualquer uma seria...), Trump sugeriu que ela "estaria menstruada". E não só:



Jornalistas não são realmente o seu forte, mas ultimamente o candidato a candidato Trump foi notícia após ter imitado um outro jornalista...deficiente. Serge Kovaleski, do NY Times, tem os braços atrofiados devido a uma doença degenerativa rara, e Trump imitou-o com gestos a simular "bracinhos", tudo porque foi (mais uma vez) apanhado a mentir pelo jornalista a propósito das suas alegações de que "muçulmanos de Nova Iorque foram avistados a celebrar dos ataques de 11 de Setembro de 2011". Mais tarde Trump negou ter enxovalhado Kovaleski, pois isso "seria impossível", pois "nunca o viu antes". Para justificar os gestos com os bracinhos, explicou que se estava a referir "à inteligência" do indivíduo. Ah...muito melhor assim. Acho. Já em Agosto tinha "conquistado" os eleitores hispânicos, graças a um desaguisado com o conceituado repórter Jorge Ramos, que mandou "de volta para a Univision", que curiosamente é o canal onde trabalha o repórter e apresentador de ascendência mexicana, vencedor de um Emmy e considerado em 2015 pela revista TIME umas das 100 pessoas mais influenciais do planeta, mas...


..."so what", se Jesus também não tinha propriamente a imprensa do seu lado? E não sou eu quem faz a comparação, mas sim o Hugo Gaspar, que alega que em comum com o alegado Salvador e ainda mais alegado filho de Deus, Trump tem ainda a virtude de "dizer a verdade", e por isso "é perseguido". Olha, se têm alguma coisa em comum, não será essa, exactamente, e apesar de desconhecer se Jesus mentia, este tenho a certeza não só que mente, como ainda é bem capaz de fazer da mentira verdade, o que é muito mais perigoso que o contrário.  


É que o Hugo tem um problema com as "fontes", ou seja, sabe que a maioria daquelas que lhe coçam islamocócegas mentem descaradamente e mal (como vamos ver no tal artigo que já mencionei), e por isso atira-as como quem atira o barro à parede, coitado, para ver se "pega".Pelo menos aos restantes doentes desta febre das arábias, é um sucesso, e estes até se antecipam: "não interessa se é mentira ou verdade, fica como prevenção". Isso mesmo, malta, chumaços nos rabos dessas calças, que na eventualidade dos islâmicos chegarem, vai ter muito que cavar, a mourama. Ah e com que então "porcos", sr. Firehead. Vamos ver isso já no post seguinte ☺ 


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Bouche pas amusée (Le péché presque véniel de M. Concalves)


Eu sei, eu também vi. Não queria acreditar. Dizer que "fiquei estarrecido" não faz justiça ao que senti, quando deparei com o negrume das palavras, que já por si juntas adensavam o breu na pristina alvura do pasquim da liberdade onde eu próprio tenho a honra de exprimir o que me vai na alma. E perante isto, na alma vão pas de très bonnes choses. Diria mesmo que fiquei algo petit jeune de ma vie com os filets de merlu disparados pelo meu colega (*grunhido de resignação*) no seu artigo desta semana do Hoje Macau, nomeadamente no que toca ao ponto 2), o qual reproduzo na imagem acima, bem como tomo a liberdade de assinalar algumas das passagens, e ao ponto 3), que seria risível, não fosse este um assunto sério, sintomático da falência de valores que existem, em nome de não-valores que também existem, infelizmente, mas que no seu artigo o colunista entende como valores...que simplesmente não existem. Ou existem na Terra do Meu Pequeno Pónei, sei lá, ufa! 

Agora permitam-me um desabafo em jeito de "disclaimer", ou désistement: não esperava isto, sinceramente,  mesmo vindo de quem num passado recente deu provas de alguma arrogância e pedantismo. Sim senhor, o cavalheiro tem todo o direito a ter a sua opinião e ainda mais direito a expressá-la, e no seguimento dessa opinião expressa no exercício desses direitos, fico eu igualmente na posição de poder manifestar a minha discordância ao abrigo dessas mesmas valências. Penso que não será necessário referir que não se trata aqui de nenhuma questão pessoal, pois quem me conhece sabe como normalmente lido com essas situações, e esses casos levo "na desportiva". Aqui falamos de coisas sérias, e por isso falemos a sério. Portanto vamos ao que interessa, pois qui s'attend à l'écuelle d'autrui a souvent mauvais dîner. Ou isso.


A primeira parte deste segundo ponto do artigo de Arnaldo Gonçalves até nem está muito mal, do meu ponto de vista, mas começa pessimamente: "Na Europa", como se as eleições de que fala a seguir não se tivessem realizado apenas na França. Não, nada disso, tenham calma, que andam  ultimamente com uma tendência irracional para o pânico, e eu explico o que quis dizer com a afirmação anterior. Apesar das preocupações actuais dos franceses serem partilhadas por alguns países vizinhos, nomeadamente a Alemanha ou a Holanda, e especialmente a Bélgica, o problema no imediato é olhado pelos franceses como sendo apenas e somente seu. E aqui entra nas contas uma contradição que me causou assobios nos tímpanos cada vez que a escutava - e foram muitas, essas  vezes, acreditem - e que no fim só me leva a pensar uma coisa: na eventualidade de Le Pen chegar ao poder em França com a sua Frente Nacional, acaba a Europa. Ai sim, sim, ou pensam que os franceses que foram votar nela no Domingo tinham vocês ou o vosso bem-estar e segurança, ou o dos restantes "europeus" em mente? Não me lixem, que nem em Portugal se é solidário na hora deste tipo de crise, mesmo estando a falar de uma realidade completamente irrelevante às dos outros países que referi, mas que mesmo assim se foi "encostar" aos problemas da "Europa", sem que tenha lá rebentado um tubo de escape, quanto mais uma bomba. E olha lá que pensei que íamos assistir a sérios problemas de "amnésia de identidade". Querem ver?


Pronto, aí está. Deixo à vossa interpretação o porquê daquele panilas de Famalicão, Europa (LOL), ou em francês Célébrité-je lis-chien, Europe o porquê da chamada de atenção para aquele comentário do Leandro Pula. E o que tem este de tão especial, além de ser de boa tez, ou pelo menos é transmitido na forma de frase com pés e cabeça, ao contrário de muitas outras que vemos nestes mesmos fóruns, que em alternativa têm "pez e cabessa". E porque é que o panilas do Fernández, apelido aliás nitidamente famalicense, está a chamar o outro panilas para ver "o que se faz fora da Europa"? - E já agora expliquem-me o sentido desta "partilha de informação", que não deve ter o nulticulturalismo como pano de fundo, com toda a certeza. E porque julga ele que o Leandro Pula não é ele próprio também natural da "Europa"? Será por ser oriundo de outras paragens mais solarengas, que o deixaram naquele estado tão "bronzeado"? Impossível, pois ao contrário do intolerante Islão, fundado um dia destes por uns malucos da Síria que acharam que andar por aí a explodir em sítios, cortar cabeças e enxovalhar mulheres era um passatempo mais recreativo que o dominó ou que a bisca, estamos aqui a falar de uma "civilização quase milenar": a europeia, que se estende da Vila Nova de Famalicão dos provincianos sacaninhas, até à grega Atenas, que na actualidade é dos caloteiros mas na sua versão clássica era dos pensadores - isto só prova que pensar muito não enche a barriga a ninguém, e muitos menos os bolsos. Assim sendo, o ideal é pensar o menos possível, mas que se pense um bocadinho, nem que seja às escondidas, que assim se pode capitalizar à custa dos que nada pensaram, pois foram estes que ainda vão puxando um bocadinho da massa cinzenta que lhes disseram que "fazia mal", e impingir-lhes um chorrilho de mentiras com que eles ficam depois entretidos, e no caso de ser necessário fazê-los baixar a crista, acciona-se o "alerta de terrorismo", e fica-se com Bruxelas inteira à disposição durante o Domingo todo, para se levar o cão a mijar nos postes, sem ficar sujeito aos olhares de reprovação destes tipos, coitados, que até pensam que têm direitos e não sei quê. 


E o nosso amigo Arnaldo é outro que também deve ter ficado "em choque", pois ali no artigo  fala de uns "franceses flagelados por vários atentados", e apenas "no último ano". Ou se esqueceu de como se conta, ou neste "vários" inclui-se o número 2, que foi o número de atentados que se atribuíram ao que podemos considerar "terrorismo": o ataque à redacção do Charlie Hebdo em Janeiro, e a sexta-feira há exactamente um mês, e aí sim, podemos falar de "flagelo", com centena e meia de mortos. Claro que não terão sido os únicos crimes de sangue, mas são aqueles que aconteceram em território francês que foram acima de qualquer suspeita atribuídas a grupos terroristas. Se querem tirar nabos na púcara, vou-vos buscar o Correio da Manhã que a esta hora deve estar pejado de notícias que dão conta de actos isolados de "terrorismo cristão", do norte a sul de Portugal. Ai, ai, sr. Arnaldo. E A propósito, o que é isso de "terrorismo islamita"? Uma pessoa com o seu traquejo e uma visão mais alargada do mundo, um homem da política social, do Direito, especialista em "Assuntos Mediterrânicos", vai meter o Islão inteiro e o ISIS no mesmo saco? E vai mesmo, como vamos ver daqui a pouco, mas em primeiro lugar vamos ver como pobre sra. Le Pen foi tão "envilecida" nas redes sociais. COITADINHA! 


Olha para esta canalhada de esquerditas, abortocionistas, casamentistas e adopccionistas gayistas, ATEUS! (aibenzamenossasenhoradoscasosmalparadosedascausasperdidasquedoismabençói) NÃO HÁ TRABALHO, É? Ali aos 97, 61 e 50 de cada vez e envilecer a sra. Le Pen, que mais "vil" não fica, apesar de estar bem mais gorda - deve ser das orgias nazis, que dão nessas coisas. Epá, desculpem esqueci-me que em democracia temos que respeitar todas as opiniões e aceitar todos  os ideais. MENTIRA! Mas isso vamos ver daqui a pouco. Mas já agora, será que a senhora não tem quem a apoie nessa rede social por excelência, o Facebook? Vá lá, uma meia dúzia, pelo menos? Então, não tenham medo que a senhora também não; então se recordam de quando andavam todos enfiados debaixo da cama a bater os queixos de medo, com os alertas de terrorismo a rebentar com a escala, e a Le Penosa andava nas ruas, a dar o peito às balas que nunca apareceram, apesar dos vários anúncios de um grupo terrorista de que iria levar a cabo atentados terroristas? Eu ainda estou para saber o que será que esta gente pensa que o terrorismo é, ou no que consiste. Então apoiantes de Le Pen nas redes sociais? Vão deixar aí a súcia canhota a fazer a farra sozinha? 


Uou! Epá o que é isto, será que o Arnaldo viu mal? Ou...A SRA. LE PEN VIROU SOCIALISTA!! OU DE  ESQUERDA! Não, claro que não. O nosso simpático é que se esqueceu de renovar o seu reportório de retórica de chacha, daquela tão comum de encontrar na extrema-direita: 

"ai que horror, tudo contra nós....e os refugiados são terroristas...ai que nos chamam "xenófobos", que é uma coisa pior de fdp...refugiados assassinos...ai a nossa querida liberdade de expressão, coitadinha, que nos foi deixada pelos nossos ancestrais....menos em Portugal que só chegou há menos de meio século...bu,  uh, uh, e agora vêm aí 5000 terroristas entre os 50 refugiados "verdadeiros"...cortar-nos a cabeça e rebentar com isto tudo, para depois construir mesquitas e obrigarem a converter-nos ao Islão...uh, uh, uh...mas primeiro é melhor encontrarmos a cabeça, só não contem é com os olhos para procurá-la...buh, uh...porque estão lá agarrados...buáá!

E ao que se deve esta ENORME popularidade da sra. Le Pen nas redes sociais, onde pontifica sobretudo a "malta fixe"? Ah, sei lá, talvez por causa da proliferação que se deu no último ano de coisas como estas:

  

Hmmm, isto começa bem, com um grupo que dá pelo nome de "Islam will dominate the world", mas que a julgar pela descrição onde se lê não ser permitida a entrada a "enrabadores de cabras", deve ser um aviso, e não uma promessa. De resto, temos coisas como "Fuck Islam", "Burn the Quran", além da sede de várias delegações internacionais anti-Islão, e até grupos em francês, marcadamente opositores ao que chamam de "invasão", mas que dos oito perfis que vemos nos dois últimos rectângulos em baixo, apenas três dão a cara (apenas um nitidamente). Pitoresco é observar como num grupo que dá pelo nome de "Islam the cold hard facts and truth", que se pode traduzir como "a verdade e os factos sobre o Islão, doa a quem doer", está um membro cujo avatar é uma imagem da Miss Piggy de burqa (?). Ah, e não se deixem enganar por aquele grupo onde se lê apenas "Islam", porque...

Só lá vão encontrar coisas destas e piores. Mas espera lá, isto não é "Islamofobia"? Bem, lá ser é, mas..


Bom, entre outras páginas de elevado conteúdo "educacional", destaco ali a primeira, "O Lado Negro do Islão", que se anuncia mesmo sendo isso mesmo, "educacional". Mas reparem naquela ali em baixo, que nos fala de uma tal de "Cristianofobia" - é como a Islamofobia, mas ao contrário. É que enquanto os cristão tremem que nem varas verdes quando deparam com aqueles tipos zarolhos, com barba de bode e um napron na tola, os Islâmicos correm para casa e trancam as portas e janelas quando vêem...


Uhhh...que medo...olha ele ali, a querer evangelizar...e construir capelinhas...que coisa tão maluca, na nossa cultura não há...e apregoar aquele profeta...uh...casto! Hum. Pois, que a coitadinha andava ali com uma comichão que já nem podia, a sofrer. Sofrem, as mulheres no cristianismo, forçadas a evitar o sexo pré-marital, e...os bebés! Coitadinhos, ali enfiados numa pia baptismal por um....porra...pedófilo! Pois...epá sei lá. A Igreja é que tem imenso jeito para chamar estes nomes lindos às pessoas. Este tipo na imagem em cima nem precisa de ser zarolho ou ter barba de bode para assustar. Olhem para a expressão na sua cara, evidente da devoção que ali vai.


E é também aqui que Arnaldo comete um pecado que tem sido seu timbre, mas aqui perde o charme pathétique que teve em momentos, esses especiais, como quando chamou de "ururu" a Saramago, ou "verdugos" a Fidel Castro ou Mao Zedong. Reconheço-lhe o talento para fou de cour da direita, quando naquele jeito muito datado de cascar na esquerda, dá-lhe para...cascar na esquerda. Mas mesmo aí cai-lhe que nem uma luva a expressão Il ne sert à rien de montrer les dents lorsqu'on est édenté, se é que me entendeÁs vezes exagera com tanto pêcher à la traîne.

Não sei nem quero saber como é que o senhor foi identificar quem são exactamente os "simpatizantes do Estado Islâmico" - os tais que só apoiam quando a equipa está a ganhar, e quando está a perder muitos vão embora antes do jogo acabar, sabem? Ou se andou com eles ao colo, em suma, nada de novo, uma vez que já nos tinha presenteado com esta misteriosa aura de James Bond paraplégico, e que verdade seja dita, apanhava os bandidos todos "à unha" se quisesse, mas neste momento "tem imenso material irrelevante para rever", que depois converterá em mais peças destas de literatura urbana, com que depois nos brindará, deixando-nos absolutamente indiferentes, provocando em quem o lê uma epidemia de bocejos. 

Como é que este senhor, que tão educado, diplomado, publicado, cagançado, bazofiado e tudo mais, me explicaria o que queria dizer com aquela última parte do segundo ponto do seu artigo, que não fosse outra coisa que não 1) "Falo do que não percebo, e não tinha nada que fazer, e como não gosto de gente castanha, então que se f..., e já agora aproveito para dar o meu contributo para a descasca nos refugiados, confirmando que sim senhor, eles andam aí e ui, cuidado que se chegarem perto, bum!, como diz o outro. Ah desculpem os meus modos, eu há pouco disse "gente"? Queria dizer "lixo", e mais uma vez peço desculpa, que isto é da idade"; ou 2) "Ah yá, nesse mesmo dia e horas antes dos ataques estava lá eu sentado na Paris, what a city e o meu bat-radar captou a frequência de uma conversa de uns tipos que se tratavam uns aos outros pelo nome, morada e rendimento total do agregado familiar a combinarem entre eles ir a um concerto e a um jogo de futebol nessa noite, e antes de sair a mãe de um deles disse-lhes que ficou a saber do caminho que iam tomar, e recomendou que levassem as Kalaschikoves. O resto já se sabe, esta juventude só está bem é a estragar, e a partir e o camano, quando deviam era ler bons livros, que é o que eu faço, mas antes disso escrevo-os primeiro. Sou tão atraente..."


Fosse eu fazer a revisão do artigo arnaldiano, e era só isto que ficava. Pronto, depois recomendava que usasse menos do que as 15 palavras da família de "tolerância" num único parágrafo, e voilá! E não é mesmo que se ignorarmos esse estado catatónico que leva a repetir a mesma coisa vezes sem conta, até que estava aqui uma coisa bonita? O problema foi tudo o que escreveu antes, que deixam qualquer tolerante intolerante a outras palavras que enchessem o resto dessa passagem que não sejam da família de "hipocrisia". O problema aqui é elementar: mesmo que se possa encontrar neste extracto do texto um raciocínio lógico ou uma ideia válida, toda a flatulência verbal anteriormente emanada  havia deixado no campo da argumentação um cheiro tão nauseabundo, que nem a prosa mais floreada poderia sequer fazer germinar a sua semente. Seria calada também pela sinfonia gregoriana do vómito, que havia dado lugar ao chilrear dos passarinhos que agora jazem cadáveres no solo outrora fecundo e entretanto tornado asséptico, uma terra que os ainda ingénitos chamarão um dia de "maldita". Estarei a exagerar? Ora essa, até acho que estou a ser bastante cordial - um anjinho, um bombom. Acho que nem estou num dos meus dias, vejam bem. 


Ah esta teimosia, com a esquerda práqui, a esquerda pracolá (desde que esta não seja no centro ou na direita da outra), essa birrinha com a esquerda que par perceber nem precisa de vir Freud: explica-se com a trica que os chuchas mais os comunas arranjaram para tirar o pirolito de laranja do Arnaldinho. Não acha que passou da idade para ser "boy"? E olhe que eu disse "boy", apesar da figadeira ruim patente no seu manifesto nacional-socialista se poder igualmente explicar com essa enorme dor de corno. De facto os extremos podem ser bem afiados e penetrantes, como pode ser por vezes a ironia. Exemplo? E que tal quando o Dr. Arnaldo Jekyll dá um ar de si a meio da irrasciva diatribe do sr. Hyde Concalves para citar as leis que prevêem os crimes de ódio, que nem preciso de lhe recordar, vêm descritos no artigo 240 do Código Penal. Se me permite a ousadia, recomendava então que relesse o que escreveu, e a seguir deitasse uma (re)vista de olhos na referida lei, e tirasse depois as devidas ilações. Para terminar, a e com a devida vénia, permita-me reproduzir um momento inspirado, de um autor que penso ser um seu conhecido, mas que com um enorme pesar, sinto que já não se encontra mais entre os justos.


Então o Homem não é um ser privado de razão, de sentido de humanidade. Embora marcado no início da sua vida por um desejo natural de preservar o seu ser, não é um ser mutilado, rendido ao egoísmo pessoal, à lógica da auto-suficiência dos seus interesses. É um ser social e sociável por instinto, como Aristóteles o visionara: “o Bem final é pensado ser auto-suficiente. Aplicando este conceito não podemos olhar o homem como um ser levando uma vida solitária, mas tomamos em atenção os pais, filhos, mulher, amigos e concidadãos, porque o homem é um ser eminentemente social”.  Por isso, o desejo original de preservar a sua constituição natural é apenas a tentativa instintiva de realizar plenamente a sua natureza, isto é, crescer e desenvolver-se enquanto ser racional. A racionalidade, o intelectivo, marca o homem, distingue-o dos animais e é mais importante que todos os outros desejos naturais originários porque dirige os comportamentos do homem para a Justiça. Neste sentido, os homens são naturalmente empurrados a procurar a companhia pacífica dos outros, pois possuem o discurso e a razão e estão instintivamente inclinados a se comportarem de forma justa, mesmo que seja verdade que alguns homens não sigam por vezes, a sua verdadeira natureza. E é esta faculdade racional que o leva a perceber que a Justiça é uma virtude, um bem e em si independente de toda a consideração de interesse pessoal e de comodidade. 

Então, diz-lhe alguma coisa? Ai, ai, Arnaldo, ai, ai. Olhe, as melhoras, e quando estiver outra vez do lado da humanidade, que anda com falta de pessoal, diga alguma coisa, dê notícias, mande um postal de quando em vez. Valeu?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Islão: afinal do que se trata?


Tal como vinha prometendo (e adiando), vou finalmente falar do Islão, da religião islâmica, do Alcorão e de tudo mais que tem tanto que se lhe diga que o mais difícil mesmo é condensar num artigo apenas todo o essencial, sem deixar nada de fora de modo a dar a entender que estou aqui a vender alguma coisa. Reitero mais uma vez - e nunca é demais - que sou agnóstico, mas sinceramente penso que esta guerrilha inter-religiões já deixou muita gente sem saber bem o que pensar, e por culpa de certos grupos de pessoas mal intencionadas, tem-se pintado um quadro demasiado negro daquilo que não é mais do que uma mera religião - e quem vive com a religião como medida para tudo o que faz? Mesmo os que o fazem (e sabemos que os há) já se tinham atirado ao mar, tantas eram as vezes que tinham caído em contradição. Detesto ter que falar bem das religiões, de qualquer uma, e para mim um mundo sem religião seria perfeito, mas por uma questão de justiça, ou pelo menos do que considero a reposição de alguma justiça (toda seria impossível) sinto que devo dar o meu (humilde) contributo. Enfim, no meio de tanta coisa má, que a História nos relata e só não vê quem não quer, há em todas as religiões convencionais qualquer coisa de bom, e o importante é conseguir tirar delas aquilo que podemos usar - e claro que não é tudo, nem sequer a maior parte. Vou aqui tentar desmistificar alguns conceitos, e para quem não procurou saber mais e por acaso veio aqui parar e se quiser deter por alguns minutos, venha comigo tentar pôr a nu algumas falsas verdades que, por razões diversas as pessoas preferem acreditar, talvez porque se sintam melhor, ou que o façam na necessidade de validar as suas próprias convicções. Outra vez, não reconheço em mim o poder da hipnose, e nem por um instante me passou pela cabeça convencer ninguém seja do que for. Todos os factos por mim apresentados podem ser facilmente verificados, e cada um tirará as conclusões que achar mais a seu gosto. Posto isto, vamos em frente.


O ISLÃO É UM RELIGIÃO EXCLUSIVISTA E OCULTA

Escolhi aquela imagem que vides ali em cima para ilustrar uma realidade que muita gente se escusa em referir quando se fala do Islão como uma minoria, inserido em sociedades onde predomina outra confissão religiosa: Singapura. Quem já lá foi sabe do que falo, e presenciou aquilo que muitos diziam ser impossível - o convívio pacífico entre religiões antípodas. Naquela cidade-estado temos um caso único no mundo: hindus e muçulmanos a conviver em harmonia, e ainda uma comunidade chinesa que está em maioria, e pratica a religião budista, bem como cristãos, mesmo que mesmo em menor numero não se queixam de perseguições, descriminação ou hostilidade da parte das restantes. Se estão separadas por distritos perfeitamente identificados e onde é difícil encontrar a presença das outras? De facto, mas é assim porque assim quiseram, e convívio não é necessariamente sinónimo de mesclagem. E posso dizer que é mesmo uma questão de opção, pois vi com os meus próprios olhos, por exemplo, um restaurante de comida chinesa que servia carne de porco entre vários restaurantes islâmicos, sem que ninguém se importasse com isso. Se é verdade que estamos aqui a falar de um pequeno estado com uma área ligeiramente mais reduzida que Londres e metade da sua população? Talvez, mas também é o único lugar no mundo onde se fez esta experiência. Um Governo autocrata que exerce o poder de forma musculada? Que se saiba realizam-se em Singapura eleições livres e democráticas, e por "musculado" nem fazem ideia do caminho que a Europa se inclina a tomar caso se confirme a tendência para eleger personagens como Marine Le Pen. E mais não digo.


Esta imagem foi recolhida por mim num supermercado em Kuala Lumpur, capital da Malásia, um país que apesar da população ser composta por uma maioria de malaios que praticam o Islão, um quinto dessa população é composta por chineses, e mais cerca de 10% indianos, estes praticantes do hinduísmo e/ou a sua variante do sikhismo, mais próxima do Islão. Reparem como na imagem se pode ver que a venda de bebidas alcoólicas é reservada apenas a clientes não-muçulmanos. Portanto cai em (boa) parte o mito das "imposições" - ninguém que não seja seguidor do Islão é obrigado a cumprir as mesmas regras impostas - aí sim - aos seus praticantes. Claro que qualquer um, muçulmano ou não, está sujeito às leis civis, e aqui há um aspecto que importa referir e que eu tenho visto muitas vezes deturpado: em qualquer país, seja qual for a religião que ali se pratica, ou a ideologia política do Estado, ninguém está acima da lei. Por alguma razão esquisita vejo ultimamente muita gente a considerar este ou aquele país "insuportável" por seguir normas ou preceitos com que não se identifica. Ora aqui têm, meus meninos: se quiserem ir a um país islâmico como a Malásia e a Indonésia, ou à cidade-estado de Singapura, podem encher a cara de bebida, como lá na vossa terrinha, mas também como acontece na vossa terrinha, não esperem ir por aí fora e começarem a comportar-se como uns selvagens sem terem as autoridades à perna. A não ser que vivam no meio da selva, mas aí não creio que exista bujeca.





É claro que o Islão não é a mesma coisa em toda a parte. Existem diferentes maddhad (literalmente: concepção; conceito mais amplo: jurisprudência) em cada um dos dois grandes ramos do islamismo, o sunita e o xiita. Sem querer entrar detalhadamente pela doutrina, basicamente o tipo de escola jurídica que encontramos em países do sudeste asiático é o mesmo que em alguns países da costa leste do continente africano, mas muito diferente das que encontramos, por exemplo, no médio oriente, no magrebe e em toda a península arábica (com excepção de Omã). O tipo de escola islâmica que mais "assusta", por assim dizer, pois segue uma doutrina mais conservadora e que provoca uma reacção mais forte aos parâmetros laicos ocidentais é o Wahhabismo, movimento idealizado por Muhammad ibn Abd al-Wahhab, um pregador islamita que viveu no século XVIII e que através de uma interpretação rígida dos cânones da religião tentou o revivalismo da mesma - talvez sem imaginar que seria levado à letra, um pouco como Marx, longe de sonhar com "gulags" ou com o actual regime norte-coreano, quando idealizou uma sociedade sem classes. Na altura Al-Wahhab usou o poder que adveio desta corrente para se aliar a Muhammad bin Saud e fundar o primeiro estado saudita, em 1744. Foi tudo uma questão de partilhas, mas a verdade é que o Wahaddismo foi ficando, e é hoje a escola jurídica que temos na actual Arábia Saudita, e que com uma interpretação mais rudimentar deu origem aos talibã no Afeganistão. Em Portugal, pelo menos no que nos é dado a conhecer, a comunidade islâmica é representada pelo Ismaelitas, uma escola do Islão xiita. Qual é a diferença entre o Islão sunita e xiita? Basicamente os sunitas consideram que os três califas que sucederam Maomé são os legítimos sucessores do profeta, enquanto os xiitas rejeitam estes, e consideram que Ali, genro de Maomé, é o seu genuíno sucessor. Um cisma, portanto, algo comum a muitas (todas?) as religiões.


OS MUÇULMANOS SÃO "PROGRAMADOS" PELO CORÃO

Eu sei que não é exactamente isto que se diz, mas anda lá perto, e é bom falarmos deste tema que assim entendemos melhor os que se seguem. Ao contrário do que muita gente possa imaginar, o Corão não é um livro de receitas de bomba, nem um manual de iniciação ao jihadismo (curioso como foram distinguir algo que existe também no cristianismo, a "guerra santa", bastando para tal usar o nome em árabe). Não foi escrito por demónios de Lúcifer por oposição à Bíblia, essa escrita por anjinhos, nem contém apelos ao homicídio nem a nenhuma dessas parvoíces que vos impingiram - e impingiram porquê? Não vou dizer que é com essa intenção, ou para prever algo do género, mas é um facto que desde pequenos aos cristãos é ensinado que a Bíblia contém a palavra de Deus, todos os outros livros sagrados mentem, e de tão verídica e santa que a Bíblia é, não vos cabe interpretá-la livremente, e para facilitar as coisas, porque não, nem lhe devem tocar com um dedo, cabendo essa função a quem de direito, a um "estudioso" das escrituras - e admitam lá, ler aquilo sem bonecos nem nada é uma grande xaropada, digam lá se não é? Por inerência, o Corão é o livro sagrado do Islão, e juntando ao guisado a fábula da reconquista, aprendemos que os cruzados eram uns tipos impecáveis mandados por Deus num cavalo branco para realizar o Seu desejo, o da reconquista da Terra Santa, num âmbito mais alargado, e da Península Ibérica, na parte que nos toca. Neste último caso não se tratou de "reconquista", visto que primeira e única vez que os actuais territórios de Portugal e Espanha estiveram sob jugo cristão assim permaneceram até aos dias de hoje, mas isso vamos tratar mais à frente. Facto é: há quem não pegue na Bíblia por ser muito santinha, nem no Corão por ser demoníaco, mas acha-se no direito de emitir juízos de valor sobre ambos. Muito bem, ou neste caso, nem por isso.

Este tipo de mono-pensamento leva a que certas pessoas, mormente religiosos do lado cristão (e aqui os protestantes, nomeadamente os evangélicos, conseguem ser bem matreiros) façam crer que o Corão é um livro que incita ao ódio, e que "contém nada mais do que horror e violência". Vi quem tivesse tentado ilustrar este fabuloso raciocínio dizendo que "basta abrir o Corão em qualquer página para deparar de imediato com palavras incitando ao ódio e à intolerância". Concordo com parte desta ideia muito louca, e outra coisa não seria de esperar, mas somente no tocante ao radicalismo da religião, não só desta, mas de todas elas. Porque se alguém fizer com a Bíblia o mesmo que se propõe ser feito com o Corão e "abrir o livro a meio", pode deparar com isto:

"Se um homem tiver um filho obstinado e rebelde que não obedece ao seu pai nem à sua mãe e não os escuta quando o disciplinam,

o pai e a mãe o levarão aos líderes da sua comunidade, à porta da cidade,

e dirão aos líderes: 'Este nosso filho é obstinado e rebelde. Não nos obedece! É devasso e vive bêbado'.

En­tão todos os homens da cidade o apedrejarão até a morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá disso e temerá.

Ok, "sorte de principiante", dirão alguns, "fora de contexto", dirão outros, "já foram", respondo eu. Se é uma pequena "gaffe" das escrituras, ainda por cima "uma das raras", e eu fiz de propósito porque sou "canalha", "herege" ou ainda "islâmico" e a Bíblia é "perfeita" (estas são as mesmas pessoas que se sentem ultrajadas se lhes chamam de xenófobas), então continuem a ler do ponto onde ficamos:

Se um homem culpado de um crime que merece a morte for morto e pendurado num madeiro, não deixem o corpo no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus. Não contaminem a terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês por herança.

Este e o livro de Deuterónimo nº 21, cuja passagem que leram podem encontrar no versículo 18, e comprovar a sua veracidade, se quiserem (ou buscar na net "Deuteronimo 21:18). É possível que vos digam coisas como "é preciso interpretar a Bíblia, e não retirar dela o sentido literal", como se "levem o vosso filho devasso e bêbado aos líderes para que eles o mandem ser apedrejado até a morte pelos homens da cidade" possa significar outra coisa, como "dêem-lhe um abraço e levem-no a comer 'gelatto' com toda a família", o que me parece ser uma atitude mais cristã que "apedrejá-lo ate a morte", mas afinal parece estou equivocado. Podem também alegar que esse é o Antigo Testamento, passou da data de validade, e agora há um novo que fala de Jesus e dos anjinhos, tudo coisas boas, mas do Corão tudo o que vos dizem é simplesmente "abram no meio e leiam", ponto. Uma proposta ousada, esta, especialmente se forem parar, sei lá, no livro 41, versículo 34, só para dizer dois números a sorte? E mais "no meio" que isto é difícil:
Retribui o mal com o bem, e eis, aquele entre o qual e vós houvesse inimizade, se tornaria vosso sincero amigo.
Epá o Leocardo só pode estar a gozar com a malta, man. Isso no Corão, que se diz por aí que é um guia para o homicídio, com camelos, burqas e homens-bomba? O manual do terrorismo? A abc do ódio? Isso tudo, e olha-me para estes islâmicos de uma figa:
A concórdia é o melhor, apesar de o ser humano, por natureza, ser propenso à ganância.
Já viram isto, que podem atestar como sendo do Corão indo ao vosso "gugalserje" procurar "Corão, Surata 4, 128"? Pode ser que nem vão, pois desconfiam daqueles fanáticos, radicais e extremistas, e preferem os vossos fanáticos, radicais e extremistas, por uma questão "cultural", pois pouco importa se é mentira o que eles vos estão a impingir, pois no fim de contas os outros "são uns sádicos e facínoras que torturam quem não segue e adopta a sua religião, oprimem as mulheres, além do profeta deles ser "um pedófilo que desposou uma menina de seis anos". Ainda bem que falamos em profetas, porque em termos de reverência aos mesmos, eles têm um longo caminho pela frente, e agora é tarde demais para martirizar o seu profeta Maomé, submetendo-o a uma morte lenta, dolorosa e humilhante, e tudo para que o seu sacrifício venha expiar os pecados do mundo. Não sei se o mundo até esse momento, ou quanto tempo depois disso, ou se este martírio é valido para toda a eternidade, mas eu não o aceito: é vosso. E não vos vou pedir para me explicarem porque pensam que o Corão é "horrível", mesmo desconhecendo o seu conteúdo, enquanto a Bíblia, compêndio dos mais delirantes episódios que - e insisto, requerem interpretação - é uma coisa sacrossanta. O Corão é aquilo que lá está e acabou-se. Se for tudo como as duas passagens que reproduzi, até nem é assim tão mau, pois não?

Lá está, portanto, a falácia das escrituras reside no facto de serem um compêndio de documentos extremamente datados, e permitam-me um tom mais ligeiro na abordagem a este tema, lavrados num tempo em que a malta andava muito, mas mesmo muito chateada com a vida. Morria-se das coisas mais banais, como a gripe ou a apendicite, nem se falava de direitos humanos, e basicamente quem nascia no fundo da pirâmide hierárquica da época já tinha muita sorte se acabasse escravo. Não existindo televisão, internet ou nada que se pareça, o único entretenimento era a guerra, e os povos armavam-se para conquistar os seus vizinhos pela força das armas "porque sim", e dessa forma também se distraíam do cheiro nauseabundo que pairava no ar, produto da falta de saneamento básico e água canalizada, que vai na volta resultava numa ou noutra epidemia de uma doença transmitida por ratos, que naquele tempo eram praticamente o equivalente a uma mosca que nos aparece em casa pelo Verão, ou uma barata que nos visita se deixamos os pratos por lavar de um dia para o outro. Meus amigos: que os livros sagrados contenham passagens inspiradoras e de inegável elevação estética é já por si um milagre.


Portanto, sendo o Corão, bem como qualquer outro livro sagrado, passível das mais amplas e difusas interpretações, é normal que há quem o queira interpretar com intentos maléficos, normalmente com fins políticos. Como disse noutro "post" destes últimos que tenho dedicado a combater (ó nobre mas hercúlea tarefa para um homem só) o ódio, fossem as receitas do Chefe Silva o livro sagrado nestas paragens agora consideradas pouco recomendáveis, e os islâmicos tinham ervas-de-cheiro a sair das orelhas. É tão simples quanto isto: tentem nascer, crescer e viver em cima de um barril de pólvora, e vão ver se vos dá uma queda para a música "pop" ou se pensam em como papar a boazona da vizinha. Este é um exercício que nem é muito difícil de fazer - basta ter um pouco de humanidade para entender isto, no fundo, e já agora perceber que as pessoas não "nascem más", ou como tenho visto por aí escrito e dito: "mesmo que pareçam inofensivos quando são pequenos, mais tarde crescem e viram-se contra nós". Isto deve ser a coisa mais inumana e imbecil com que alguma vez tive o infortúnio de deparar. Juro que me deixa sem o mínimo de consideração por quem produz tal afirmação, e sem respeito por quem nela acredita. Mas pronto, visto que está o Corão, vamos em frente. Se entenderam esta parte, o resto fica menos difícil de assimilar.



ONDE VÃO, OS MUÇULMANOS QUEREM IMPOR O ISLÃO

Acho graça a esta imagem, e sabem porquê? Faz-me lembrar os protestos contra as portagens ou as propinas em Portugal, onde a malta ostenta cartazes onde se lê "NÃO PAGAMOS" e depois pagam na mesma. A diferença entre estas duas realidades é que se vê pela cara destes que estão só na gozação, mas sabem dar onde aos outros lhes dói, ah pois é. Portanto, nunca me canso de repetir que a Islamização da Europa é UM MITO. Pois é, e se por um lado os NAZIS têm a mania de atirar com coisas destas...


...para "provar" que o Islão está aí para cortar as cabeças e os dedos (e as cabeças dos dedos, já agora) a quem "não se converter" (nem vejo ali nada que sugira "conversão", mas deixem lá), quando o contexto...


...nos dá a entender a luta entre o Bem e o Mal - ou não, sei lá? Dá para interpretar de mil e uma maneiras, mas para mim, que não sou religioso, interpreto como "tipo escreveu cena marada há 1400 anos para hoje confundir cabecinhas ainda mais retrógradas do que nessa época". Mas olhem o que eu faço usando EXACTAMENTE o mesmo truque com a Bíblia:


Ó meus amigos desculpem lá, mas a última vez que deparei com este tipo de impropérios foi quando  era adolescente e dei um safanão num puto mais pequeno que eu, que estava armado em parvo, e que a seguir foi bradando inanidades destas enquanto olhava para trás garantindo que mantinha uma distância segura, e eu não lhe cascava mais uns calduços na mona. Isto é para que vejam o que dá escrever coisas com as partes mais tenrinhas quase em carne viva e sem ter sido inventado o creme Hirudoid, ou o pó de talco. Ah, e os calicidas, também.


Se calhar o que intimida as pessoas é ver as coisas escritas em árabe, deve ser isso. Por outro lado, sabem como estes caracteres podem "ter estilo", e como sabem - se calhar é melhor dar um tempo até fazerem a próxima tatuagem nessa temática, que tal? E agora olhemos para a própria palavra "Islão". Ui, que isto tem que se lhe diga. 


Calma, não se assustem (isto se calhar é muita fruta para se administrar de uma só vez), que é apenas a expressão escrita do significado de Islão, que como se pode ver é mais do que uma simples palavra, que a malta mais desonesta (e neste ramo o que não falta é malta desonesta) traduziu para "submissão". Ora bem, esta "submissão" é uma das cinco condições para se aderir ao Islão: uma rendição sincera, uma obediência e aí a submissão à vontade de Deus, e sempre feita em paz, ou seja, voluntariamente, e nunca imposta pela força ou pelas armas. É possível que achem estranho como certas personalidades se convertem ao Islão sem que ninguém as obrigue, casos do cantor Cat Stevens, do ex-futebolista Abel Xavier ou ainda num caso em tudo surpreendente, o foto-jornalista Gabriele Torsello, que esteve refém dos Talibã no Afeganistão em 2006. Se me perguntarem como se explica, eu respondo "não se explica". Não se impõe e também não se fica submisso. Acontece. E vocês lembram-se como entraram na vossa seita, seja ela qual for?


OS MUÇULMANOS QUEREM IMPOR A SHARI'A

Esta é uma daquelas frases feitas que foi idealizada para assustar as sopeiras e os meninos de coro. A shari'a não é uma prática corrente do Islão, e escolhi aquele pensamento de um homem que não posso considerar um bom exemplo, mas cuja História lhe fez (ou vai fazendo) justiça: foi graças à imposição da lei islâmica, ou neste caso da instauração de uma República Islâmica que ainda hoje vigora, que o Irão garantiu a sua soberania após ter sido derrubado o regime do xá Reza Pahlevi, e o poder ter literalmente caído nas ruas. "O Islão é uma religião marcadamente política" - disse o Ayatollah Ruhollah Khomeini. E como podem ver não era um louco desvairado possuído pelo fanatismo, mas sim um pensador ciente de que através da religião o exercício do poder era um "doce". E foi assim durante a Idade Média na Europa, por exemplo, e a Santa Inquisição ainda ditou as suas abstractas regras até bem depois do evento do humanismo, e chegou de mão dada a outras paragens com o expansionismo. E não sejamos inocentes: a hesitação que ainda é bem notória ainda nos nossos dias quando se aborda a religião é uma herança deixada pelo Santo Ofício. Isto para não falar dos exemplos muito recentes de censura moral e posteriormente efectiva (Saramago, para citar um exemplo) que temos assistido mesmo em plena democracia. Mas vejamos a extensão deste "problema" que é a shari'a a nível global.


Permitam-me fazer a legendagem, que ficou cortada quando fui "pescar" este mapa. Nas zonas a roxo vigora a shari'a absoluta, ou seja, a lei islâmica tem uma aplicação total, extensiva ao direito criminal - e é aqui que reside o problema: cabeças cortadas, mãos decepadas por crimes de roubo, e talvez a parte mais controversa, a palavra das testemunhas sobrepõe-se às provas forenses, ou seja, num caso de violação, mesmo que seja possível obter ADN do agressor, a mulher arrisca-se a ser condenada por fornicação (sexo fora do matrimónio) caso nenhum homem testemunhe em seu abono, ou seja, que diga que ela foi violada. E a este ponto é necessário que ele tenha assistido ao crime em flagrante delito. Agora, meus amigos, sejamos práticos e tiremos as mãos da cabeça, e deixe-mo-nos de "ai Jesus não pode ser, ai ai, são piores que animais". Isto não faz sentido nenhum, é lógico, e casos como aquele que acabei de referir, não sendo de todo inéditos, são bastante raros e muitas vezes extrapolados para pintar um cenário mais negro do que aquele que efectivamente é (e não ganho nada em negar seja o que for). Contudo esta versão troglodita de justiça aplica-se - lá está - na Arábia Saudita e entre os talibãs e quejandos, e desses já sabemos que nada de bom poderia sair. Antes de prosseguir, deixem que complete a legenda: nos países a verde o Islão é apenas religião de Estado, não se aplicando a shari'a, nos países a amarelo a shari'a é do âmbito da religião, e aplicado individualmente, e sempre num contexto religioso, ou seja, o indivíduo pode recorrer à lei civil para escapar a um eventual castigo que considere excessivo, e nas zonas a laranja praticam-se "versões locais" da shari'a. 


Para entender melhor este último ponto, recordemos o caso do ex-primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim, destituído desse cargo sob acusações de corrupção e de, vejam bem, "sodomia" - sendo aqui o parceiro neste hediondo tango o seu motorista, que fez o ingrato papel de apêndice de um caso nítido de purga com fins políticos. É óbvio que o sr. Ibrahim não "papou" o motorista, e foi tudo engendrado para o sanear, uma vez que "corrupção" é difícil de provar (e logo entre os meios políticos) e uma acusação daquelas que dá para "sacar" da shari'a cai como ouro sobre azul para a oposição. Humilhante mesmo foi para o pobre motorista, uma vez que Ibrahim foi até Março do corrente ano membro do Parlamento e líder da oposição, obtendo mesmo a maioria dos assentos nas eleições gerais em 2013. Ficou a "sodomia" a impedir que chegasse mais longe. 


Esta é uma imagem que tem passado como muitas outras semelhantes como tendo sido obtida no Ocidente, e insere-se nesse grande pacote de imagiografia dedicada ao tema do Islão como grande papão que vai dar cabo da civilização ocidental. Haja pachorra, e desejo muita para quem se quiser dedicar a situar cada uma delas no contexto apropriado, mas esta que vem para o caso foi colhida nas Maldivas, onde recentemente a população se tem manifestado contra o regime presidencial, minado de corrupção, e onde o actual chefe de Estado foi eleito depois de uma sucessão de golpes e contra-golpes, que mesmo assim não livraram a sua mulher e actual primeira dama de sofrer um atentado à sua vida em Outubro último, atribuído ao vice-presidente, por essa razão detido desde 5 de Novembro. Aqui a Shari'a pode ser entendida como uma tábua de salvação, quando um regime em teoria democrático entra em colapso. O Irão, como já vimos, é um exemplo de uma Shari'a na sua plenitude, com o presidente a exercer uma função administrativa, e cabendo sempre a última palavra ao líder supremo, o Ayatollah, que é actualmente Ali Khameini, cujo cargo é vitalício - foi Deus que ali o pôs, e até quando Deus quiser. É portanto uma teocracia. Querem outro exemplo de uma teocracia, mas desta feita não-islâmica?


Aqui está ela, só que esta vocês aplaudem e ainda pedem bis. E na verdade nem incomoda muito, e o terrorismo aqui parte mais das directivas, e não tanto de pessoas, na forma de jihadistas ou de outro boneco qualquer. Agora em jeito de conclusão, isto da shari'a é muito simples: requer um país onde exista uma maioria muçulmana e onde o Islão seja a religião de estado, e assim como a Revolução Islâmica no Irão e outros casos que tais, requer um massivo apoio popular. Portanto julgo que quando algumas pessoas manifestam receios desta ordem, não estarão propriamente a medir o alcance daquilo que estão a dizer. É normal, é normal. Justifica-se com uma iliteracia que não é de hoje.


Eis um bom exemplo daquilo que não se deve fazer, e aqui foi citar aquilo que se diz de S. Tomás: faz o que ele te diz e não faças o que ele faz. Se tiverem tempo leiam este artigo daquela senhora, em que tenta explicar que existem várias formas de Islão, dependendo da sociedade em que estão integradas, como já vimos. Aqui percebe-se porque é que as pessoas que defendem que os horrores da Islão nada têm que ver com religião, e aparecem os "bullies" a mandá-la prá burqa que a vestiu, e a chamá-la "mentirosa", e desconfiando como se fosse um cão que quer brincar e pensam que vai morder. É por isso que se ficam pela afirmação, porque não vale a pena explicar - e ainda dizem que é o Islão que faz lavagens cerebrais. O que seria, como já ouvi por aí a sugestão, se os líderes muçulmanos ou os muçulmanos que condenam a violência o fossem fazer em público? Sorrisos e abraços, e todos amigos? O tanas! Insultos, apupos e ainda pediam para ele admitir que a religião dele está errada e a vossa certa, ou dizer em voz alta que é um "selvagem".



O ISLÃO QUER IMPOR HÁBITOS ALIMENTARES

Ou numa versão mais erudita, "O Islão quer impor o Halal", que posto nestes termos, com uma palavra árabe à mistura, as pessoas vão logo pensar que é mau, tem a ver com terrorismo, etc.,etc., o costume. Portanto, antes de mais nada, gostava de saber que ideia é esta de pretender evitar a todo o custo a implantação do Islão, ou neste caso de uma maior comunidade islâmica (recordo que a maior da União Europeia reside na Alemanha e são menos de 6 milhões), ou caso contrário eles impõem isto e aquilo. Quer dizer, partindo do princípio que não são parvinhos nenhuns, só podem estar a ser um bocado velhacos. Matreiros, vá lá. É que a fazer fé nessa vulnerabilidade, a cultura que apregoam estar aí a defender não vale grande coisa, não é por nada, pois dão a entender que basta chegar outra qualquer para que seja assimilada num gole só, como se fosse uma aspirina. Adiante.

O "Halal", que já expliquei neste artigo não é mais do que um conjunto de preceitos alimentares e higiénicos, que se pode alargar até certos tipos de conduta, e que encontra na religião judaica uma norma semelhante, o "kosher". Um dos "problemas" desta ameaçadora imposição (mais uma) prende-se com o método de abate dos animais, que para ilustrar melhor, deixem-me que vos exemplifique com imagens cujo conteúdo é deliberadamente gráfico:


Aqui vemos um matadouro comum, onde o método de abate é aquele que se vê...


Um matadouro "kosher", seguidor dos preceitos judaicos do abate dos animais...


...e o abate "halal", e a não ser que vos incomode a oração que os senhores fazem antes do acto ou o napron na tola daquele senhor que vemos na imagem, as diferenças são exactamente essas: nenhumas! Ora bem, a quem pode isto incomodar, exactamente?


Isso mesmo: aos maluquinhos das associações dos Direitos dos Animais, eles próprios um grupo terrorista muito sui generis, que tem como fim pôr toda a gente a pastar - eles já são batidos na matéria, chegando a aperfeiçoar a arte de marrar e tudo. Portanto estes para quem toda a gente que come carne é criminosa, não iam abrir uma excepção para os islâmicos, mas se lhes forem falar de Islamizações e o camano, eles respondem apenas: "muhhhh?!", que traduzido quer dizer algo como "sei lá; queremos ovelhas sufragistas já!". 


Quanto à questão dos tabus alimentares, é sabido que o porco é um animal "haram" (proibido) por oposição a "halal" (permitido) e isto fica bem patente na quinta Surata do Alcorão, que além de proibir o consumo de qualquer animal "esquisito", que seja morto num acto predatório ou que morra de causas naturais, em suma, "que não seja abatido em nome de Deus". Aqui subentende-se ainda que  o animal será morto apenas "para o consumo humano", e não por recreação ou maldade, o que deixa a caça desportiva mal vista aos olhos do Islão, e que me leva a questionar o porquê dos tais maluquinhos dos Direitos dos Animais embirrarem especialmente com esta confissão. Se calhar pensam que debaixo das burqas está algum animal que se quer expressar e não pode, sei lá! Vá-se lá entender os malucos. No entanto...


A Bíblia não pega nada, mas mesmo nada leve no que toca ao consumo da carne de suíno. Além da referência em Deuteronómio, que é aquela que toda a gente mais ou menos informada já conhecia, e que depois foi, ahem, "ignorada", temos ainda outras nada abonatórias em Isaías e em Levítico, o que me deixa a pensar que afinal o problema é desdém: os cristãos não admitem que os islâmicos venham ensinar como se pratica a religião. E lá têm os tipos a culpa de viver de acordo com as leis de Deus, enquanto vós sois...uh....impuros? Abomináveis? Desculpem mas não sei insultar em bíblico. E que tal uns "ganda javardolas"? Ah, ah, iá, boa. O que vale em não ter religião é que não se perde tempo com futilidades e sempre se pode apontar a tremenda hipocrisia dos crentes. Oh, oh. Ah é verdade, e estão a ver ali Deuteronómio 14:9? Saboreiem esses lagostins e mandem vir mais uma dose de ameijoas à Bulhão Pato porque no INFERNO não vão ter nada disso (segundo dizem, sei lá, vocês é que acreditam nessas patranhas). 

Patranhas no fundo são todas estas "imposições" que tanto temem sem razão alguma. Isto para mim cheira cada vez mais a esturro, e posso-vos garantir que não estou a cozinhar nada, pois não quis ofender as denominações religiosas de vossas senhorias, que vão da cachola passando pelo estômago e acabam na e com a paciência de quem não tem nada a ver com isto e depois ainda tem que aturar parvoíces. É óbvio que Le Pen e o restante maranhal da extrema-direita, os zionistas (que têm o MESMO tabu alimentar) e afins querem apenas embirrar com os gajos do Islão, ao pegarem numa coisa que, vejam bem isto, eles NÃO querem comer. Fossem todas as imposições assim, e andava o mundo sobre rodas de casquinha numa estrada de vinil parafinado.




O ISLÃO É UMA CULTURA QUE NÃO TEM NADA A VER COM A NOSSA

Tentem não dizer isso em voz alta perto de uma criança que esteja prestes a concluir o ensino primário, sob pena de o fazer perder o respeito por vocês, e num âmbito mais alargado, provocar-lhe uma tremenda depressão, julgando que a inteligência humana entra em regressão "lá pelos trinta e poucos anos, se não for mais cedo". Como dá para perceber pelo mapa ali em cima, sempre foram seis séculos de presença do Islão na Península Ibérica, e pelo mesmo mapa não será difícil perceber que quanto mais a sul nos encontrarmos nessa mesma península, mais acentuados e recentes são os traços da influência árabe na nossa cultura. Não, Islão não é "burqas e terrorismo", e na parte que nos toca foram pelo menos três séculos imaculados onde se deram progressos na área da ciência e tecnologia, com invenções que mais tarde teriam uma importância decisiva na epopeia dos Descobrimentos, e mais saberíamos não fosse pelo facto da reconquista cristã ter resultado na destruição da maior parte da documentação, tendo ficado preservados apenas manuscritos relacionados com a medicina, e pouco mais. Isto não é querer elogiar as virtudes de uns sobre os outros, e já agora recordo um artigo que escrevi em 2009, que tivesse sido recente, e seria chamado de terrorista para cima. Contudo gostava de chamar a atenção para o último parágrafo, na altura escrito em tom mordaz, mas mal sabia eu que se viria a relevar premonitório. É que nem sei a que cultura - a europeia e humanista não será certamente - fomos buscar esta ideia da pena de morte como panaceia para as crises de nervos. Bem, andando um pouco para trás...


 Antes dos árabes tivemos os visigodos, actuais alemães, mais coisa menos coisa, alguns pólos onde se estabeleceram outros povos chamados de "bárbaros", designação atribuída pelos romanos a todos os que não faziam parte do seu vasto Império, cuja decadência deu nisto tudo que acabei agora de enumerar. Ainda antes dos romanos habitava na Península, ou em parte dela, um povo que pode ser considerado o proto-português: os lusitanos. Segundo os cronistas romanos do início da ocupação, estes eram os tais que "não se governavam, nem se deixavam governar" - encontrada está portanto a nossa matriz, que pelo menos nesse aspecto mantém-se intacta. No entanto é impossível dissociar do todo que compõe a nossa identidade o período da ocupação árabe, que foi o mais longo depois do romano, desde que os registos dão conta dos tais lusitanos e até hoje, actual período cristão. Se quiserem rever este artigo que publiquei recentemente, e depois se dêem à devida introspecção, pode ser que identifiquem a razão desse conflito interior que agora vos assola, e que vos faz pensar em tanta asneira junta.


É PRECISO DEITAR ABAIXO AS MESQUITAS E CORRER COM ESSA GENTE

Este ainda foi um dos comentários mais simpáticos que tenho ouvido por aí, pois pelo menos usa a palavra "gente". Volto a usar esta imagem onde me encontro numa mesquita, e se isso chega, dou-vos a minha palavra de honra que nem me converti, nem me comeram nenhum bocado, mas assim como entro numa mesquita (só me fica vedado o acesso à sala das orações, que mesmo assim podem ver ali atrás)...


...entro também num templo hindu, porque não? Tão coloridos e pitorescos, estes templos, e acontecem sempre lá coisas espectaculares, com indivíduos cabeludos a baptizar bebés com, imaginem só, fogo! Mas não se assustem, que é só de vista (fogo, portanto...ah, esqueçam).


E como adoro eu templos budistas, e como os pagodes são um pagode, em suma, sou um turista das religiões, e se alguma delas tiver razão, fico em falta no que diz respeito à devoção, mas nunca em falta no que toca ao respeito, ponto final.


Essa de se referir aos templos de culto do Islão como se fossem vespeiros de jihadistas não lembra nem ao Diabo, que a existir deve estar a dar barrigadas de riso com esta regabofe religioso que para aqui anda, à tona da crosta terrestre. Imaginem que por altura das revelaç­ão dos escândalos de pedofilia na Igreja Católica alguém se lembrasse de sugerir que "se encerrassem as Igrejas" de forma a proteger as crianças? Faz todo o sentido, afinal temos aqui uma relação de causa-efeito: padres pedófilos, as vítimas são crianças, então, como é? "Ai mas não podemos, e tal"...e porque não? Para mim uma religião não é menos que a outra, e se querem que vos diga, com todos os privilégios de que a Igreja Católica usufruiu durante tantos séculos, deveria ter uma responsabilidade acrescida. Não sou apologista dos pedidos de desculpa constantes, ou outras humilhações desnecessárias, mas já agora não custava dar o peito às balas que vão sendo agora disparadas contra uma outra confissão perfeitamente inocente. Recordo que o exercício da liberdade de culto em democracia não distingue as confissões (ou não devia) nem as descrimina.


Lembrei-me desta cena do filme "Machete" quando li algures um comentário, inocente, mas imbuído de ignorância, que dizia "devemos manter as mesquitas onde se reza em paz, mas fechar aquelas onde se ensina terrorismo". Pois é, e eu acho que devíamos fechar as igrejas no México onde os sacerdotes guardam artilharia pesada e disparam contra traficantes de droga. Hoje no México, amanhã aqui! Porque não, se o Mediterrâneo e as balcãs são também "ali à mão de semear"? E se há coincidências que nos deixam a pensar, uma delas é a construção da nova mesquita de Lisboa, que não podia ter sido anunciada em pior altura: dias após os ataques no teatro Bataclan, em Paris. O projecto já tem vários anos, e estava apenas à espera de financiamento, indo custar à CM Lisboa 3 milhões de euros. A ideia não é má, uma vez que assim se evita o financiamento por parte dos wahiddistas do reino saudita, apontados agora como responsáveis pela radicalização de jovens na Bélgica e na França, e num passado recente também na Holanda. Como não podia deixar de ser, choveram protestos, desinformação e exageros: "vai custar aos contribuintes portugueses", é "OUTRA mesquita" (recordo que a comunidade islâmica em Lisboa calcula-se entre os 20 e 30 mil indivíduos que têm 1 (um) local para praticar o seu culto", "depois vão começar a fazer outras exigências", "é o fim do mundo" - esta acrescentei eu, mas não existe praticamente uma secção de comentários seja a que notícia for onde não apareça uma destas premonições apocalípticas.


Vamos então falar de coisas que "custaram ao contribuinte português". O Estádio de Aveiro, por exemplo, que custou 20 mesquitas (62 milhões de euros) para acolher 2 (dois) jogos do Euro 2004, e depois disso onze jogos oficiais: cinco da selecção nacional, e seis finais da Supertaça. Um elefante branco cuja existência fica validada uma vez por ano, em Agosto. O Beira Mar disputa actualmente a II Divisão dos campeonatos distritais da AF Aveiro, e realiza as suas partidas no Estádio Mário Duarte - é uma pena que esta catedral não tenha oportunidade de receber equipas do nível do CD Furadouro, ou desse colosso que dá pelo nome de Associação Atlética Macinhatense.


E o que dizer deste outro templo erigido ao desporto-rei, o Estádio do Al-Gharb? Em vez de se financiarem 15 mesquitas (46 milhões, e fica um milhãozito para as despesas do Rei de Xelb [Silves]), construiu-se antes esta catedral onde os rapazes do Al-Ulya [Louletano] e os homens do príncipe Ben Bekr [Farense] disputam as suas batalhas contra os reinos cristãos que vêm à conquista do Al-Gharb.


E o que dizer disto, não uma mesquita, mas um "mosquito", que em 2014, 22 anos depois de ter sido construído, veio-se a saber ter custado uns "simpáticos" 200 milhões de euros - 60 e tal mesquitas. E quem não passou já um dia agradável em família no Centro Cultural de Belém? Pois, pois, eu sei. Nem deve estar pago, ainda.


Não vou ser injusto e usar o termo "cultos sinistros", mas todos estamos certamente recordados da implantação em Portugal da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do pastor Edir Macedo, aqui num vídeo datado do ano passado, auto-proclamando-se "o pastor mais rico do mundo". E sabemos bem com foi que chegou lá: à custa do pagamento da dízima por parte dos fiéis do culto - 10% de todos os seus rendimentos. Algumas confissões ainda levam a cabo esta prática, mencionada em Levítico 27, e revogada em Hebreus 7, e porquê? Porque dá dinheiro. Os televangelistas nos Estados Unidos 

E o que diriam se a comunidade islâmica enchesse um Estádio de futebol com 15 mil fiéis, como fazem anualmente as Testemunhas de  Jeová. Esta seita restauracionista (explico isso de passagem neste vídeo, por volta dos 5:00), com mais de 50 mil seguidores e 600 congregações em Portugal, é a meu ver muito mais radical que qualquer Islão com que eu tenha tomado contacto: não comemoram aniversários, Natal, passagens de Ano e qualquer festa considera "pagã", com excepção da passagem (a Páscoa), praticam abstinência completa até ao casamento, isto incluindo beijos, abraços e actos de auto-gratificação. Não bebem, fumam, estão proibidas as apostas e os jogos de fortuna e azar, a blasfémia, a profanidade (não podem dizer palavrões ou fazer "comentários depreciativos"), não manejam armas de fogo, são politica e ideologicamente neutros (não votam), são contra qualquer violência (não se defendem se forem agredidos), consideram a interrupção voluntária da gravidez uma forma de "homicídio", e - valha-lhes isso, ou daí talvez não - estão completamente interditos de mentir, roubar, cometer fraude, fuga aos impostos, e agora o mais grave...


...não podem ver sangue. E se por um lado isto quer dizer que não comem morcela nem carne mal passada, o que tem a sua graça, é pitoresco, por outro lado não podem ser dadores de sangue, nem receber transfusões, mesmo em caso de acidente ou operação onde percam sangue e isso seja necessário, e até vital. Para garantir que cumprem este preceito, os seguidores desta seita andam acompanhados com um cartão igual ao que vemos em cima, assinado por um médico - pasme-se. Desconheço a posição da Ordem dos Médicos em relação a isto, nem vem para o caso, mas penso que basta usar o senso comum para entender que esta é uma norma a todos os títulos reprovável para que seja legitimada por um profissional de saúde, cuja primeira prioridade é salvar vidas. Isto deve-se a uma interpretação muito discutível de uma passagem algo obscura do livro de Hebreus, na Bíblia. 


Ao contrário dos mórmons, outra seita secularista, as Testemunhas de Jeová seguem a mesma Bíblia que os restantes cristãos, e este é um excelente exemplo do que se pode lá encontrar - basta querer. Não tenho nada contra as Testemunhas de Jeová, mas nunca aceitaria que um filho meu se convertesse - e olhem que ao contrário do Islão, estes procuram converter os não-seguidores, e estão a aumentar o seu contingente. Curiosamente em relação a apostasia, ou seja, deixar o culto, as Testemunhas de Jeová "ostracizam" os dissociados, que podem depois voltar após se arrependerem (nem sei bem como isso funciona, mas não deve ser "tá bem, volta lá"), enquanto no Islão a pena por apostasia é a morte, algo que é commumente usado como crítica à religião muçulmana, e apontado como dirimente à adesão a essa fé. Para perceber isto melhor, vamos novamente consultar as escrituras. O "crime" de apostasia é mencionado na nona Surata do Islão:



Pois é, parece que aqui o juíz, júri e carrasco são mesmo, que nem é deste mundo. E na Bíblia?


Aí está, no livro de Mateus, praticamente a mesma conversa: ai rapaz tu não te desgraces, vê lá o que fazes, olha que isso faz-te mal, não vás ao mar ó Toino. É preciso mais uma vez recordar que isto foi escrito sob condições de enorme "stress", e possivelmente sob influência de algum inebriante. Ninguém vai matar ninguém por faltar à missa ou não ir rezar cinco vezes por dia. Ai ouviram isso? De quem, de um destes?


Hmmm...feios que mete dó, e nem falta ali o olho de vidro e Capitão Gancho. Não surpreende que sejam pessoas que vivem somando pontos para a outra vida, já que desta não levam nada, de qualquer jeito. Aquele indivíduo no canto inferior direito tem um ar especialmente compenetrado. Deve ser um daqueles muftis a quem basta mexer os olhos e rebenta a baixa inteira em meia dúzia de capitais ocidentais. Brrr....


Mas como não se deve cuspir para o ar. Depois de anos a vender ao seu público os papões do Islão, o Ocidente cristão dotou-se dos seus próprios personagens pouco recomendáveis. Mais uma vez deixaram o pior para o fim. Julgam que aquele indivíduo está ali de olhos cerrados em oração? Deve-se estar a imaginar vestido de coelho da Páscoa dentro do Toys'r'us em dia de saldos, depois de ficar lá fechado com as criancinhas. Tenebroso.


MAS O FUNDADOR DO ISLÃO ERA UM PROFETA PEDÓFILO!

Interessante quando esta afirmação é feita como que "argumento conclusivo" de qualquer debate sobre o Islão. Digo interessante do ponto de vista da análise fria e concisa, como quem olha para os números da mortalidade causada pela gripe espanhola e diz "interessante". É a todos os títulos lamentável que de quem nada sabe ou procura saber sobre determinada cultura, saiba exactamente em que pontos pode minar a sua credibilidade, ou tratando-se como neste caso de um culto, como ofender o seus seguidores. Quando se deu o incidente que custou a vida aos "cartoonistas" do periódico francês Charlie Hebdo, a hora exigia uma certa contenção verbal, e foi preciso esperar que os auto-intitulados paladinos das liberdades acabassem o seu exercício de auto-gratificação em nome daquilo que consideraram "um ataque à liberdade de expressão". Eu sempre defendi que acima de tudo mais tratou-se de um crime de sangue, e a serem capturados, os seus autores deviam responder perante a justiça sob essa acusação e somente isso, nada mais. O que aconteceu foi, no máximo dos máximos, um teste à liberdade de expressão, e antes que me julguem precipitadamente, deixo bem claro que 1) os autores do periódico em questão estavam no direito de fazer o que fizeram e 2) o que aconteceu foi lamentável, injustificável, e em suma, um crime. Agora não me venham dizer que foi algo completamente inesperado, ou que não passou pela cabeça dos tipos do Charlie Hebdo que isto poderia eventualmente acontecer. E reparem que para quem estivesse à espera de capitalizar à conta dessa tragédia precisou de esperar até Novembro para o fazer, pois o ataque à redacção do jornal satírico parisiense foi tido como um acto isolado, e não uma acção concertada de determinado grupo com ligações ao Islão, ou a este associado, o que poderia precipitar tudo o que temos assistido nas últimas semanas. Penso que em matéria de bom ou mau gosto, quer os "cartoons" do Charlie Hebdo, quer os infames desenhos do dinamarquês Jyllands-Post há alguns anos tiveram uma finalidade que nada tinha a ver com a sátira propriamente dita, ou com a arte em geral. É bom que se testem limites, enfim, é para isso que as coisas existem, para serem usadas e sabermos até onde, mas se daí podem advir  consequências e a juntar a isso uma consciência das mesmas, o que mais dizer em relação a isso? C'est la vie.


Quanto ao episódio propriamente dito, parece inegável perante as evidências que hoje conhecemos que Aisha foi uma das mulheres do profeta Maomé, e que de facto era, aos padrões actuais, menor de idade. No entanto, e se quiserem mesmo saber mais do que esse chavão que se atira apenas com o intuito de diminuir a validade da fé alheia, leiam este artigo da investigadora Myriam François-Cerrah, especialista em assuntos islâmicos, que vos vai dar mais umas luzes sobre o assunto. É em inglês, peço desculpa por esse facto, e foi publicado em 2012 no jornal The Guardian. De resto, e em poucas palavras, Aisha viveu 64 anos, muito além da morte de Maomé, e combateu contra as tropas de Ali, um dos pretendentes à sucessão do profeta, e é tida como um exemplo de coragem, de resiliência feminina, e um modelo para todas as mulheres muçulmanas. Só, e pelo menos para mim chega. 

Na Bíblia temos vários episódios de incesto, casos de abusos sexuais diversos, prostituição, actos contra-natura, a loja dos horrores. O patriarca Ló, do livro da Génesis (que podem recordar nesta deliciosa sátira da minha autoria, modéstia à parte) ofereceu as filhas aos perversos habitantes de Sodoma para que estes poupassem dois hóspedes seus, e mais tarde chegou mesmo a conceber com as jovens, após estas o terem embriagado. Imaginem que era o cartão de visita do Cristianismo, que ironicamente não aceita sequer a possibilidade do seu profeta poder ter estado envolvido numa relação romântica com Maria Madalena, mesmo retirando toda a malícia que poderia estar inerente a essa possibilidade. Chegaram a excomungar, e que sabe se não queimaram alguém na fogueira apenas por pensar em tal coisa - passo o exagero, que não será tanto exagero quanto isso.


ESTAMOS A ASSISTIR A UMA VERDADEIRA INVASÃO DO ISLÃO!

Outra frase feita que tem vendido como se fosse titulo do mais recente trabalho de Quim Barreiros - ele que me desculpe esta analogia, pois tenho a certeza que como pessoa de bem jamais se envolveria nesta fanfarra doentia. Olhando para os dados e projecções na tabela ali em cima, eu diria que estamos antes a assistir a ordem natural das coisas, e sem qualquer religião ou credo que tenha contribuído com qualquer milagre ou algo que se pareça. É liminar: as taxas de natalidade nos países europeus encontra-se estagnada, enquanto nos países islâmicos os casais têm mais filhos. Isto não é conspiração nenhuma - é demografia. A sra. Le Pen, com a sua ideia alucinada de travar as correntes migratórias com o fecho das fronteiras - e olhem que todas estas decisões vão afectar TODA A GENTE, não sejais ingénuos pensando que se fazem leis só para determinadas etnias ou confissões religiosas - vai ter como efeito imediato uma crise no Estado Social, e a longo prazo a paralisação de vários sectores da vida de França, e se a tendência se confirmar, do resto da Europa. Pensem bem antes de embarcar em populismos, e revejam a História, pois tivemos uma má experiência no passado, e penso que não é necessário recordar qual.


ALÁ E O DEUS DOS CRISTÃOS NÃO SÃO O MESMO

Vejamos, o Alcorão foi ditado a Maomé pelo arcanjo Gabriel (Djibril, na sua versão árabe), Jesus Cristo é referido no Corão, pelo seu nome árabe, "Isa", bem como a Virgem Maria, "Mariam", e a imaculada concepção é descrita exactamente como na Bíblia, sem tirar nem pôr, a Criacção, o Dilúvio e todos esses episódios, com a diferença de que Maomé é o terceiro profeta escolhido pelo Criador, inicialmente anunciado pelo patriarca Abrãao ("Ibrahim", no Corão), e que deu assim início a uma devoção tripartida, com os seus seguidores a fazerem questão de demonstrar entre si de forma musculada a devoção por Ele. Alá é "Deus" em árabe, da mesma forma que "God" é o nome em inglês ou "Dios" em espanhol. É possível que ouçam algures que já existia uma divindade com o nome de Alá no panteão politeístico árabe pré-maometano, e que era o "deus da Lua". Mas como demonstrei neste artigo de 2012 tivemos outras divindades que antes da chegada de Cristo haviam sido martirizadas, crucificadas e ressuscitadas, nascidas a 25 de Dezembro e até feitas de pão e comidas pelos seus seguidores! Assim sendo, já sabem a quem pedir explicações por esta "confusão", mas vou adiantando que podem tentar ligar, que quase com toda a certeza que do outro lado ninguém - e dava jeito que atendesse, que tínhamos muitas dúvidas a esclarecer.

Espero com este ensaio ter pelo menos contribuído para esclarecer um ou outro ponto, que quem por sorte alguém que tenha tido o azar de ter vindo aqui parar gostasse de ver esclarecido, ou noutra perspectiva mais desafiante, que tenha despertado curiosidade em ir saber mais sobre esta civilização tão complexa e fascinante, e que já vem convivendo ao lado da nossa vai para milénio e meio. E façam apenas este pequeno raciocínio: se vos quisessem mesmo converter/aniquilar/impor-seja-o-que-for, do que é que estão à espera, ainda mais agora, que se preparam para ficar em maior número? E é essa uma ideia interessante que convém ir procurar aprofundar: se o Islão é assim tão "mau", porque terá então cada vez mais adesão? E não me venham com essa retórica maníaco-depressiva de que "o mundo vai acabar". Para esses basta uma linha para lhes puder valer, e recomendar que procurem um bom psiquiatra.