domingo, 30 de setembro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Ai Jesus...ou Ai Neymar


A Igreja Católica brasileira está furiosa com a última capa da revista de futebol "Placar", onde o avançado do Santos F.C., neymar, aparece crucificado. Oh, sacrilégio. A imaegm de Cristo crucificado, uma imagem mais "pop" que outra coisa, parece ser privilágio da Igreja Católica. Só que se esqueceram de registar o copyright, os patetas. Em todo o caso eu próprio censuro a revista "Placar"; é de mau gosto por ali um gajo de tronco nu com as maminhas à mostra com um ar sofredor. É um bocado gay. E este Neymar é mesmo feinho, coitado...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os pequenos obedecem aos grandes


Texto publicado na edição de ontem do Hoje Macau, e aqui reproduzida. Mias uma vez um grande abraço à malta do Hoje, e bons feriados!

A falta de espírito crítico e de vontade de participação cívica dos chineses de Macau é impressionante. Às vezes penso que estou metido num filme de zombies verdadeiros, daqueles que em vezes de “brains” querem iPhones, carros, férias, a papinha toda feita. É mais fácil encontrar os oumunyan no lançamento da última edição de selos ou notas comemorativas de qualquer coisa do que no protesto contra uma atrocidade ou disputa territorial. Interessa apenas aquilo “que dá dinheiro”, que nunca é demais, e nada de confusões, atritos, disputas ou qualquer coisa que seja objecto de discórdia ou pontos de vista divergentes.

Para isso basta ver a reacção dos indígenas aos temas da moda. A última fricção com o Japão por causa das ilhas Diaoyu não merece quaisquer comentários. Os fogos de artifício do próximo Sábado, integrados no Festival de pirotecnia e da responsabilidade do país do sol nascente, foram cancelados. Talvez para não ofender sensibilidades. Se calhar era “perigoso” deixar os nipónicos entrar em território chinês com explosivos, nunca se sabe. Mesmo assim em Macau reina a calma; os Toyotas e os Hondas continuam a circular nas ruas, as fotografias continuam a ser tiradas com máquinas da Canon e os filmes realizados com câmaras da Sony. Os restaurantes japoneses continuam cheios e as lojas da Daiso não se ressentem da última onda de animosidade contra o Japão.

Os tais oumunyan andam um bocado tristonhos por não ser agora muito politicamente correcto ir de férias ao Japão. Os pacotes turísticos para este país são normalmente os mais concorridos, e os locais pelam-se por ir às compras em Tóquio ou em Osaca. Mas será que esta crise os incomoda? Nem por isso, viram a cara e entretêm-se com outra coisa qualquer. Pode ser que a maluquice passe um dia destes e lá podem ir eles beber outra vez o leitinho de Hokkaido. Por enquanto compram-se os pacotes para a Coreia ou para Malásia que também são muito “giros”, e depois logo se vê.

É um pouco assim em quase tudo. Não falar, não comentar, e sobretudo não reclamar. Existem muitos temas tabu. Por exemplo, quando da prisão do ex-secretário Ao Man Long, a conjugação destas três palavras juntas passou a ser proibitiva. Bastava dizer “Ao Man Long” em qualquer sítio que rapidamente surgiam indicadores em riste à frente do nariz a fazer “shush!”, não vá algum espião estar a olhar e fazer queixinhas ao chefe. Basta observar algumas recomendações emitidas por alguns serviços públicos, que advertem os seus funcionários a não aderir a actividades “pouco saudáveis”, como seja protestar ou participar em manifestações. Não há nada mais “preto” do que ficar “queimado”, e muitos pensam a atitude contestatária os pode condenar até à quarta geração – no fundo idêntico ao que aconteceu com Ao Man Long, amaldiçoado desde os primos afastados até aos tetranetos.

Assim como não se podia dizer Ao Man Long, também em tempos não se podia dizer Pan Nga Koi (ou Wan Kwok Koi, conhecido por “dente partido”, o líder da seita 14 quilates) ou mais recentemente Bo Xilai, o político chinês caído em desgraça. Qualquer menção destes nomes serve para dispersar um grupo de convivas, com receio que algum deles seja um bufo, e denuncie alguma posição mais polémica ou divergente da restante carneirada – que só sabe ficar calada, no fundo. Ter uma opinião formada significa ser um “rebelde”, um “mau patriota”, uma pessoa problemática, um grão de areia na engrenagem daquele conceito que vigora em Macau, o da “harmonia”.

Isto tem tudo a ver com a educação, de influência confuciana, que ensina a ter respeito primeiro pelos pais, depois pelos professores, e finalmente pelos chefes e pelos dirigentes, que “têm sempre razão”, que os benza o Buda. Isto tudo temperado com um cheirinho de quartel e de lápis vermelho, que vigorava durante os antigos tempos do colonialismo puro e duro, e o produto final desta caldeirada só pode ser mesmo um ente obediente, previsível e curvadinho, sem opinião própria e mais preocupado com a sua qualidade de vida – que nem é grande coisa, diga-se de passagem. Se tiverem mesmo alguma razão de queixa, sempre podem votar no Novo Macau Democrático – sempre secretamente, claro – , que esses “malucos” vão lá fazer barulho por vocês, que é para isso que são pagos. E vai sendo assim mesmo, com a anuência do povão, que não está para se chatear.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Smoking gun


1) Um polícia aposentado foi condenado a um ano de prisão com pena suspensa por ter disparado contra um cidadão senegalês por causa de uma rameira. O caso foi noticiado pelo Hoje Macau há mais ou menos um ano, e conta-se como muitas outras histórias que se passam nesta cidade: o senegalês em questão teve um filho em conjunto com uma filipina, esta não o deixa ver a criança (por razões que nunca ficámos a saber), e envolveu-se com o ex-polícia em questão - que tem mais que idade para ser seu pai, diga-se de passagem. Deve ser amor. O senegalês foi travar-se de razãoes com a ex-amante e o ex-agente disparou um tiro que lhe atingiu de raspão na perna. Ainda por cima o agressor estava alcoolizado no momento do disparo. Um ano de pena suspensa parece-me pouco. Não podemos deixar que qualquer um ande por aí armado, que se meta nos copos e que resolva estes casos de dor-de-corno ao tiro. Senão chegamos ao faroeste.

2) Também condenado, mas desta feita a 15 anos de prisão, foi Wang Lijun, o super-polícia ds cidade de Chongqing, que como se sabe era governada por Bo Xilai, político chinês caído em desgraça. Wang ganhou este epíteto pela forma como "limpou" a cidade, prendendo diversos elementos de associações de criminosos. Mas quando se limpa o lixo apanham-se uns ratos, e estes mordem. É assim tão sensível este equilíbrio de forças e de vontades na China popular de hoje. Razão tinha Mao Zedong: "os heróis de hoje são os criminosos de amanhã, e os criminosos de hoje são os heróis de amanhã".

3) Numa toada diferente, a Associação Nova Visão de Macau realizou uma sondagem sobre a popularidade dos 12 deputados eleito por sufrágio directo. Nenhuma surpresa, com os deputados do Novo Macau Democrático Ng Kwok Cheong e Au Kam San a ocuparem os dois primeiros lugares. O terceiro deputado dmocrata, Paul Chan Wai Chi, ocupa o 6º lugar, apesar de ser "o menos conhecido". O terceiro e quarto posto são ocupados por José Pereira Coutinho e por Tsui Wai Kwan, o que demonstra que os inquiridos têm mais respeito por deputados com uma atitude mais contestatária. Os últimos lugares são ocupados por Ung Choi Kun e Chan Meng Kam, deputados daquela associação de Fujian, e Angela Leong On Kei, quarta mulher de Stanley Ho e representante do lobby casineiro. Quem sabe se o inquérito deixou de fora os originários daquela província chinesa e os funcionários da SJM. Contudo a senhora já confirmou que se recandidata à AL no próximo ano, e enquanto perto de 10 mil residentes dependerem dela para manter o seu emprego, será certamente eleita. Sã assi Macau, especialmente na política.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Olha, comam m....!


Valha-nos Kun Iam, que está tudo cada vez mais caro! Tudo mesmo. Já enjoa falar nisso da habitação, que como se sabe é um de fartar vilanagem. E a carne? E o peixe? E os ovos? E a fruta e legumes? E os alcóois e restantes entorpecedores? A inflação é tão galopante que já seria uma aposta segura nas corridas de cavalo a trote, e o que vai fazer o Governo em nome do poder de compra e da qualidade de vida dos seus cidadãos. Nada! Olha, talvez mais cheques, porque não? As empresas de distribuição de alimentos já garantiram que para o ano aumenta tudo outra vez, e é melhor começar tudo a apertar o cinto. Ou como diz o Pedro Fernandes naquele vídeo "Gamar com Style", publicado aqui ontem, em vez de vaca "comam soja". E mesmo assim essa também vai encarecer.

Não sou habitual frequentador de mercados municipais e o seu sortido de cheiros e de peixes a abanar a cauda e dar-nos um banho que não pedimos, nem do nauseabundo cheiro a penas e cocó de aves, ou daquela carne de vaca (búfalo?) rija como os cornos de quem a vende. Nem daquelas lojas de vegetais que parece que se viram gregos para aqui chegar - ainda no outro dia paguei 14 patacas por dois pés de bróculos meio moribundos, e à hora que saio do trabalho toda a alface que resta é assim muito murchinha, deprimida, acompanhada com uns bak chois pisados e cebolas que já têm aquelas mosquinhas pequeninas à volta. Ainda não compreendo que justificação dão estas pessoas para aumentar os preços. Melhorou a qualidade? Nada disso. É tudo mais caro agora, freguesa.

Para mim é mais supermercado, com a galinha congelada (do Brasil, sempre mais tenrinha e fiável que esta dos mercados), o peixe congelado de Portugal, mais uma ou outra costeleta de vitela, ou joelho de porco, ou mesmo camarão congelado, que pelo menos não sabe a água de aquário, como aquele dos mercados. Mas até aí a lei da selva disfarçada de "mercado livre" dita as suas regras; as rendas estão cada vez mais caras, e ai Jesus, qualquer dia alguém que não seja proprietário de uma moradia mais um estabelecimento comercial torna-se escravo desse tal capitalismo vigente em Macau. Segundo algumas cabecinhas pensadoras, "produto do segundo sistema". Se isto é o segundo sistema, que bela bosta de sistema que é. Escusado será dizer que os restaurantes, tascas e vendedores ambulantes de arroz frito com chouriço chinês vão usar este argumento para aumentar cada vez mais os preços.

Esta léria do "mercado livre" serve para justificar tudo e mais alguma coisa. É certo que qualquer um pode obter lucro através de outros menos sortudos, e é tudo uma questão de oportunidade. Quem foi "espertalhão" e se abifou ao comércio ou ao imobiliário na altura em que estava "baixo" é hoje um grande "empresário", e pode mesmo viver das rendas, como fazem os seus maninhos de Hong Kong, onde pelo menos os salários garantem aos cidadãos uma melhor qualidade vida. Uma família em Macau em que ambos os cônjuges ganhem dez mil patacas por mês e tenham dois filhos precisa de uma ginástica orçamental para comportar rendas, despesas escolares, com alimentação, vestuário e tudo mais. É uma realidade dura, e não me surpreende que cada vez mais pedidos de ajuda cheguem à Cáritas e outras instituições de caridade.

Nesta corrida louca pelo enriquecimento não se olha para o vizinho que se despistou. O deserto de ideias é imenso, e para perceber isto é interessante olhar para a entrevista ao deputado Paul Chan Wai Chi, da ala democrática, no Hoje Macau de hoje. A Assembleia Legislativa, orgão máximo legislador da RAEM, é composto por uma maioria de indivíduos que estão lá para "ganhar o seu", defender interesses e não deixar que a "parva" da democracia se intrometa nos seus negócios. Fazem falta políticos profissionais, que se interessem por isso da "coisa pública'". As leis são praticamente todas elaboradas por jusristas cabeçudos- s tais que todos conhecemos - que operam nos bastidores, e aos deputados apenas compete aprovar e reprovar - conforme as suas conveniências.

A forma como funciona este "sistema" resume-se basciamente a um "pode quem quer". Quem tem uma massa de 10 mil alminhas votantes com os empregos dependentes deles, ganha um lugar no hemiciclo com facilidade, mesmo tendo apenas a quarta classe - basta ter dinheiro. O lobbyismo ganha um novo significado nesta mescla de eleições directas e indirectas, tudo serve para marcar o golo. Assim vamos vivendo nesta RAEM sem regras nem limites. A couve vai estar mais cara amanhã, mas ó amigo, é assim que funciona o mercado livre. Não é isso que quereis? E se não gostam dos preços, olha, comam merda!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Gamar com Style


Todos já conhecemos a moda deste Verão, o vídeo coreano "Gangnam Style", que já teve mais de 250 milhões de visualizações no YouTube. Agora Pedro Fernandes, humorista do Cinco para a Meia-Noite, apresenta este "Gamar com Style", um pequeno hino à austeridade que se vive lá por Portugal. Bem, pelo menos o sentido de humor ainda não paga imposto - por enquanto.

domingo, 23 de setembro de 2012

Preguiça


...É que hoje não me apetece fazer mesmo nada.

sábado, 22 de setembro de 2012

Prémios ignóbeis


Foram entregues na última quarta-feira à noite os prémios IG-nóbeis, um reconhecimento à investigação científica que não interessa nem ao menino Jesus. Ou será que interessa? Estes prémios são uma crueldade, na minha opinião, e quem sabe se os cientistas (que como se sabe, são naturalmente meio loucos) tinham a melhor das intenções, e estariam a pensar que estavam a contribuir para o bem da humanidade?

Assim na psicologia o prémio ig-nóbel foi entregue aos holandeses Anita Eerland e Rolf Zwaan, e ao peruano Tulio Guadalupe pela investigação de como se inclinando para o lado esquerdo quando se observa a Torre Eiffel, esta parece mais pequena. Ora, isto não é uma descoberta tão disparatada quanto isso. Aposto que a maioria desconhecia este precioso detalhe.

O Prémio ignóbil da paz foi entregue à empresa russa SKN, por transformar armamento do tempo da Guerra Fria em diamantes. Aí está uma coisa muito útil. Muitas vidas na Serra Leoa ou no Burundi foram poupadas com a conversão deste velho armamento em diamantes.

O prémio ignóbil para a acústica - eis uma categoria que os Prémios Nobel propriamente ditos não contempla - foram para os japoneses Kazutaka Kurihara e Koji Tsukada, ao criarem um aparelho que atrapalha o discurso de um orador, fazendo-o repetir-se com um pequeno "lag" de alguns segundos.

No campo da neurociência ganharam os americanos Craig Bennett, Abigail Baird, Michael Miller e George Wolford, por terem conseguido provar, através de aparelhos complicados, que existe actividade cerebral em quase tudo - mesmo em salmões mortos. Na Química o sueco Johan Pettersson descobriu porque é que algumas casas de Anderslöv, na Suécia, o cabelo das pessoas adquririu uma cor verde.

Outros prémios assim absurdos foram entregues, e a sua maioria recebidos em pessoa pelos autores destas elaboradas pesquisas. O maior destaque vai para a holandesa Frans de Waal e a americana Jennifer Pokorny, que provaram que os chimpanzés conseguem identificar outros chimpanzés através de fotografias dos seus rabos. E digam lá se isto não merecia um Prémio Nobel a sério?

Veja aqui a lista completa dos vencedores deste ano e dos anos anteriores.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O luxo e o lixo

Texto publicado na edição de ontem do Hoje Macau. Pode ser visto aqui.

À medida que vai chegando o mês de Outubro, Macau torna-se uma cidade bem mais agradável para se passear. Temperaturas amenas, sol agradável, alguns feriados. Depois da travessia do deserto que é o Verão (três meses sem um único feriado!), uma delícia. Temos ainda o festival de Música, a Lusofonia, seguidos do Festival da Gastronomia e depois o Grande Prémio, já em Novembro. É mais animação em dois meses que no resto do ano.

Quando viajo aqui na região conheço imensa gente, e faço algumas amizades. Quando digo que sou de Macau desperta-se alguma curiosidade, talvez por causa dos resultados espectaculares da nossa economia e da ideia feita que Macau é algum tipo de paraíso no meio desta crise mundial que nos apoquenta. Recomendo sempre que visitem a RAEM durante estes dois meses, que certamente ficarão com uma boa impressão do território. O problema mesmo é onde ficar. Na minha casa não será de certeza e Macau sofre de um enorme défice de alojamento económico, mesmo para a classe média, que constitui a maioria dos visitantes do território.

Basicamente quem não está disposto a gastar perto de duas mil patacas por noite – na melhor das hipóteses – num dos resorts da moda, arrisca-se a ficar numa espelunca imunda. Existem muito poucas pensões ou vilas em condições, ou como noutros países e territórios, os chamados hostels, onde se pode pernoitar por uma módica quantia. Quem procura alojamento por menos de 500 patacas – o preço de uma noite num resort no Vietname ou nas Filipinas – arrisca-se a ficar num antro infecto e imundo, que prima pelo cheiro a bafio e a urina, onde convive de perto com prostitutas e outros elementos marginais da sociedade. Os “quartos” são muitas vezes cabines de madeira, com uma ventoinha no tecto em andares com casa-de-banho comum. E dessas casas-de-banho é melhor nem falar. O serviço também deixa muito a desejar; na “recepção” de alguns destes “alojamentos” estão normalmente os seus proprietários ou exploradores, muitas vezes sem camisola ou com os pés em cima do sofá, a beber chá e jogar mahjong, uma cena digna de taberna chinesa.

Um bom exemplo disso é o Hotel Central, localizado mesmo no centro de Macau, na Avenida Almeida Ribeiro, destino de turistas de algumas excursões “budget” da China Continental. Por cerca de 400 patacas por noite pode-se alugar um quarto, numa recepção a lembrar os anos 80, onde se encontram relógios de parede que mostram as horas de Tóquio e de Genebra, como se isso tivesse alguma importância para os seus suspeitos hóspedes. Os quartos propriamente ditos são semi-condenados, localizados em andares onde primam as carpetes vermelhas manchadas por borrões de cigarro, com papel de parede caído e uma sensação de segurança digna de um bordel tailandês, daqueles mais baratuchos. Só falta mesmo um daqueles desenhos no chão que marcam o local onde foi encontrado o cadáver, como nas séries policiais americanas.

Outro exemplo do desleixo a que ficou vetada a indústria hoteleira em Macau é o Hotel Internacional, localizado perto da Ponte 16. Um local onde chegou a ser filmado um filme da série de James Bond (“The Man With The Golden Gun”) é hoje uma ruína de vidros partidos e tapumes obscuros, como se ali tivesse ocorrido algum atentado terrorista. Ainda sou do tempo em que este hotel funcionava, e já nessa altura era uma pobre desculpa para o proxenetismo controlado pelas seitas, um travesti de hotel. O mesmo se passa com o histórico e elegante Hotel Estoril, há vários anos abandonado. Será que não existem em Macau individualidades que recuperem estes edifícios históricos e não os deixem ali apenas a ser feios e cheirar mal, mesmo no centro da cidade?

É importante para Macau que exista mais oferta turística para visitantes que não estejam apenas interessados em frequentar os casinos e as lojas de produtos de luxo. Já se sabe que dependendo dos agentes do jogo bastava apanhar os turistas das Portas dos Cerco, levá-los aos casinos, abanar-lhes os bolsos e levá-los de volta pelo mesmo sítio de onde chegaram. Mas será isso o que queremos para o futuro de Macau? Afinal temos um património reconhecido pela UNESCO, um centro histórico que se quer fotografado e perpetuado, imensos motivos de interesse, uma mescla de ruas, edifícios, becos e pátios ímpares, o produto de um encontro de culturas milenares que é único no mundo. Mostrar apenas a Macau do luxo, das lojas de marca, dos negócios milionários e da ostentação (e onde muitas vezes impera o mau gosto) é menosprezar o seu passado, e a sua rica oferta cultural.

É decepcionante que não exista uma opção de alojamento para quem procure Macau pela sua cultura, e não pela promiscuidade e pelo engodo do jogo. É vergonhoso que encontremos turistas (o)acidentais a pernoitar nos cubículos de algumas caixas multibanco, onde sempre se encontram meia dúzia de metros quadrados gratuitos com ar-condicionado. Alguns turistas de Hong Kong e da China continental aproveitam para dormir em algumas casas de massagens na zona do Porto Exterior, onde pelo menos existe uma oferta de camas a preços acessíveis e que se podem negociar. A questão das pensões ilegais, que vastas se vezes se discute, é um “problema”, mas um daqueles problemas em que não é apresentada uma solução condigna. Querem ficar em Macau? Paguem, e bem. Não podem? Olha, pudessem. Seus sovinas…

Seca na Europa


Foi bastante fraquinha a participação das equipa portuguesas nas competições europeias esta semana. Ontem na Liga Europa tanto Sporting, como Marítimo, como Académica não conseguiram uma vitória para as contas nacionais no ranking da UEFA. O Sporting voltou a desiludir, não indo além de um empate a zero em Alvalade frente aos suíços do Basel. Sá Pinto foi assobiado no final da partida, pelo que poderá~não continuar no banco caso os leões não vençam o Gil Vicente em caaa no próximo Domingo. O Marítimo também empatou a zero no Funchal, mas frente ao Newecastle, um clube com um orçamento muito superior aos madeirenses. Entretanto a Académica, de regresso às competições europeias 42 anos depois, perdeu em Plzen, na Rep. Checa, por 1-3, isto apesar de se ter colocado em vantagem ainda na primeira parte com um golo de Wilson Eduardo - fica aqui a imagem desse golo histórico dos estudantes. Portugal ocupa um modesto 8º lugar no ranking deste ano, atrás da Bielorrússia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

As barbas do profeta e a mulher de Jesus


A religião e os seus divertidos intérpretes estão aí outra vez a dar o brado. Agora um jornal satírico francês, o Charlie Hebdo (desconhecido até ontem) decidiu publicar mais uma leva de cartoons do profeta Maomé, o Jesus dos muçulmanos. Alguns dos desenhos incluem um Maomé completamente nu. Deve ser alguma moda outono-inverno deste ano, chatear os maometanos. Há alguns dias foi a polémica do "filme" (entre parentesis porque é um insulto aos filmes) sobre o profeta, "Innocence of Muslims", agora são os desenhos num jornaleco francês qualquer. Achei engraçado que o editor deste mesmo jornal aparecesse na imprensa a exibir a capa, onde insultava directamente o profeta barbudo, como se isto fosse uma obra muito pia e santa. Das duas uma: ou está a procura de publicidade, ou tem tendências suicidas. O resultado foi o que se esperava. A França colocou todas a suas embaixadas e consulados nos países islâmicos em alerta, e garantiu protecção (o quê???) aos autores do insulto. Parece que esta moda de insultar o Islão, iniciada em 2005 (curiosamente também em Setembro) pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten tornou-se numa espécie de novo desporto radical. É assim como besuntar-se de mel e entrar numa floresta cheia de ursos famintos, ou fazer golpes nos dedos e entrar num tanque de tubarões. Olha, pode ser que tenham o que merecem.

Do lado dos "tolerantes" cristãos há uma notícia que mereece destaque: segundo um papiro do século IV, Jesus teria sido casado, e com uma mulher, imagine-se! Que blasfémia...Jesus Cristo, o profeta judeu dos católicos casado com uma mulher. Que nojo. Ora, achei piada que na última página do JTM se tenha dito que esta descoberta "pode mudar a Igreja Católica". Meus meninos, nada muda os dogmas da IC. Quer dizer, já se disse que Jesus teve filhos, que fumava marijuana ou que não tinha testículos, mas agora, será que os idólatras cristãos apoiariam uma eventual mulher de Cristo? Quer dizer, se ainda fosse o S. Pedro, o S. Paulo ou o Santo António, ainda vá lá, mas agora uma mulher que não seja a virgem (!) mãe de Jesus, nem pensar. É claro que os cristãos em todo o mundo não vão sair à rua e partir tudo, como os muçulmanos do Paquistão ou do Afeganistão, mas apenas porque os estados de direito em que estão integrados não lhes permite tal ousadia! Fosse isto há 400 anos, nos tempos da inquisição, e qualquer desgraçado que insinuasse que Jesus fosse casado era queimado na fogueira. Se Jesus fosse vivo hoje e aparecesse por aí num BMW descapotável, num fato D&G, com Rayban's caros, brinco de diamante e a falar no último modelo do iPhone, era mandado de volta à cruz de onde nunca devia ter saído. O Cristo a sério é o Cristo ensaguentado, perfurado, martirizado e sofredor. Qual mulher, qual carapuça.

Benfica e Braga em branco na Champions


O Benfica deu o pontapé de saída no Grupo G da Liga dos Campeões com um empate sem golos em Glasgow, frente ao campeão escocês, o Celtic. Os encarnados tiveram as melhores oportunidades do encontro mas não conseguiram bater o guarda-redes Fraser Forster. A grande novidade no 11 inicial de Jorge Jesus foi a inclusão de um jogador português: o jovem médio André Almeida. Na outra partida do grupo o Barcelona encontrou enormes dificuldades em bater o Spartak Moscovo, por três bolas a duas. Foi preciso Messi puxar dos galões e marcar dois golos nos últimos vinte minutos, quando os catalães perdiam por 1-2.


No Grupo H o Braga foi surpreendido no estádio AXA pelo CFR Cluj, o campeão romeno, por duas bolas a zero. Curiosamente foi um ex-jogador dos "guerreiros do Minho", o brasileiro Rafael Bastos, o carrasco dos orientados por José Peseiro, que deixa muito a desejar como substituto de Leonardo Jardim. No outro jogo desteg grupoo super-favorito Manchester United bateu em Old Trafford os turcos do Galatasaray por 1-0, valendo o golo de Mchael Carrick logo aos 7 minutos. O português Nani desperdiçou uma grande penalidade.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

...e hoje na imprensa


1) Uma reportagem do Hoje Macau fala das lojas de alimentos de luxo, onde uma bexiga de peixe, utilizada numa deliciosa sopa, pode custar até 600 mil patacas o quilo! Isto é tão surpreendente como esquisito. Na lista das comidas mais caras do mundo continua a liderar o caviar da Beluga, que custa a "módica" quantia de 50 mil patacas o quilo. Mas não vale a pena discutir com os chineses quando se trata de ninhos de andorinha, barbatanas de tubarão, escalopes, pepinos do mar, chifres de veado ou pilas de tigre. Isto é um negócio muito local, muito cosanostra, e as "propriedades medicinais" são deveras reconhecidas. Ai vocês não sabiam? Quem tem dinheiro para comprar estas coisas e papá-las torna-se imortal, e tem a potência sexual de um cavalo garanhão. E nem duvidem da cultura milenar chinesa, nem dos seus milionários que se dispõem a pagar pequenas fortunas pela banha da cobra. Olha, banha de cobra, aqui está um produto que ia ter muita procura nessas lojas de alimentos de luxo...

2) Ainda no Hoje, ficamos a saber que um dos deputados mais ausentes da AL é Victor Cheung Lap Kwan, eleito pela obscura via indirecta, uma coisa que ninguém entende muito bem como funciona. Acontece que o sr. deputado tem mais que fazer, não lhe apetece aparecer na Assembleia para exercer essa coisa que lhe causa asco, que é o "serviço público". Também para quê? Para ele isto é "aturar os democratas", como uma vez disse, e quem sabe se os negócios dão mais dinheiro? Se aparece na AL é porque se calhar se vai votar qualquer coisa que lhe aperta os calos, então ele vai lá e vota contra. Mesmo assim é bom que não apareça. Assim diz menos disparates. Aliás a ele deviam juntar-se os deputados Fong Chi Keong, Tsui Wai Kwan e Chan Chak Mo - todos eleitos indirectamente - e poupavam-nos ao seu chorrilho de disparates. Se calhar deviam formar um barbershop quartet, um ou tecto vocal, e assim dedicavam-se a outra coisa que não fosse política.

3) No Ponto Final - e a isto achei imensa graça - um grupo de carolas de câmera de vídeo na mão vai filmar "mansões fantasma" em Macau. Ora, para isto nem era preciso fazer um filme. Os chineses pelam-se de medo por mansões ou castelos. Aliás, os gajos só devem aceitar viver em prédios de 40 andares em apartamentos completamente novos, pois qualquer casa que "pertenceu a alguém há muito tempo", está, ora pois, "assombrada". Já se sabe que os chineses não compram casas onde alguém tenha morrido (mesmo de causas naturais), e o mercado tem mesmo um tabelamento para este tipo de moradias. Mas olha, se quiserem mesmo fazer um filme de terror com isso das "casa fantasmas", basta filmar algumas moradias abandonadas (normalmente lojas), onde se acumula o lixo e as contas da luz e da água nas caixas de correio. E se querem "fantasmas" como protagonistas, vão atrás do proprietários destas porcarias, que são piores que vampiros.

PS: Ums nota final para o tal Conselho das Comunidades Portuguesas, que não vai realizar não-sei-o-quê por falta de verba. Ó meus amigos, se em Portugal não há dinheiro nem para fazer cantar um ceguinho, vocês queriam massa para reuniões e bolinhos? Tenham juízo, pá!

Porto entra com o pé direito


O FC Porto entrou com o pé direito na Liga dos Campeões, ao bater na Croácia o Dinamo Zagreb por duas bolas a zero. Os dragões ainda passaram por alguns sustos, mas inauguraram o marcador a meio da segunda parte por Lucho Gonzalez, que tinha perdido o pai essa tarde, mas mesmo assim alinhou pelos azuis e brancos. O Dinamo ainda tentou reagir, mas o Porto matou o jogo já no último minuto, com um golo do belga Defour. No o outro jogo do Grupo A o PSG goleou o Dinamo Kiev por 4-1. Os franceses vão visitar o Estádio do Dragão na próxima jornada.


Noutras partidas destaque óbvio para a vitória do Real Madrid no Bernabéu sobre o Manchester City. O campeão espanhol viu-se e desejou-se para bater o campeão inglês, e só um golo de C. Ronaldo no último minuto garantiu a vitória aos "merengues". José Mourinho consegue mais uma "lifeline" depois do terrível início de época. Entretanto e também em Espanha, o Málaga, dos portugueses Duda e Eliseu, goleou os milionários russos do Zenit, por três bolas a zero. O ex-benfiquista Javier Saviola voltou a marcar pelos malaguenhos.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Macau: o tubo de ensaio


Macau pode mesmo vir a ser um tubo de ensaio para as experiências da RP China no grande plano para a integração das regiões administrativas especiais no grande regaço da pátria-mãe. Esta manhã o politólogo Martin Chung defendia que uma vez que a ideia da educação patriótica não foi bem recebida em Hong Kong, poderá ser implementada em Macau, para dar a entender à RAE viinha "que não é assim tão má", como já tinha acontecido com a legislação do artº 23 da Lei Básica, que como se sabe originou protestos em Hong Kong, mas foi acolhida quase sem oposição na RAEM. Até hoje ninguém foi indiciado por crimes de lesa-pátria no território, pelo que custa a entender a urgência em legislar nesse sentido, para "proteger" os interesses da nação.

Ainda ontem cerca de 30 estudantes do ensino superior da RAEM juntaram-se aos seus coleguinhas de Hong Kong e manifestaram o seu apoio à oposição àquilo a que chamam "lavagem cerebral". Tarde e a más horas, diria eu. Se Hong Kong é mesmo aqui ao lado e as aulas no ensino superior tiveram início há mais de 3 semanas, porque demoraram tanto tempo estes jovens a reagir? E o que pensam alunos e encarregados de educação sobre esta ideia da educação patriótica? Inquiri alguns dos meus colegas, que se opõem veemente a esta iniciativa, mas será isto suficiente para impedir que chegue às nossas escolas? Terá esta educação patriótica alguma oposição, por exemplo, na Assembleia Legislativa? Duvido e faço pouco.

Pode-se esperar que as inúmeras associações de "patriotas" do território venham buscar estórias da carochinha de que "é importante defender a nação", e ir buscar mais uma meia dúzia de inimigos invisíveis, e vasculhar o passado alegando que "muitas mulheres chinesas foram violadas", e que "bebés foram mortos", ou ainda que "faltou água, luz e gás" para deixar o pobre povo ignorante e deprimido simpatético com noções de que é preciso "dar a vida pela pátria", ou que é preciso apoiar a nação "mesmo que não tenha razão". É como um clube de futebol: mesmo que faça merda, não se muda. Muda-se de mulher, de casa, de cidade, de sexo, mas nunca se muda de clube...ou de pátria.

Não surpreende que em Macau exista tanta boa vontade, portanto. Basta perceber como a China nos presenteia com o maná dos vistos individuais que produzem os resultados do jogo e enchem os cofres do erário público, e é quase verbotten irritar os meninos, senão temos que desmontar estas tendas todas que tanto trabalho deram a montar. Por isso toca a aceitar tudo o que seja "integração" e miscigenação, seja na forma de incentivos para obter residência através do investimento ou de casamentos falsos, ou na forma o artº 23, ora na forma de educação patriótica. É que nós em Macau somos os bons meninos,e tudo o que vem de cima são bons exemplos. E já gora, as Diaoyu vão ser nossas outra vez! Shi lai!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Tensões


1) O fim-de-semana foi marcado por uma onda de protestos por várias cidades da China contra a aquisição pelo Japão das ilhas Diaoyu, uma espécie de novo desígnio patriótico. Curioso observar alguns manifestantes que muito provavelmente nunca tinham ouvidoo falar daquelas ilhas até há meia dúzia de anos, e agora dizem que "são parte inalienável da China", como se se estivesse aqui a falar do Tibete ou de Taiwan. A mesma bitola serve para qualquer um dos casos. A intensidade com que as manifestações decorreram em algumas cidades tem uma leitura muito ampla. Entre os manifestantes que estavam mesmo preocupados com aquilo das ilhas misturaram-se outros que aproveitaram ora para protestar contra outra coisa qualquer, ora para cometer saques. Algumas das lojas alegadamente vítimas desta animosidade anti-nipónica foram "limpinhas" sem que se tivesse arrombado uma única porta ou partido uma única janela. Em Macau contudo no pasa nada, com os restaurantes de sushi e as lojas da Daiso completamente cheias, como sempre, enquanto os Hondas e os Toyotas circulavam pacificamente nas ruas. Brandos costumes, dirão alguns, mas eu pessoalmente acho que é antes um exemplo de civismo. Ao governo chinês pode-lhe até agradar este furor com que o seu povo defende a integridade do território nacional, mas continua a torcer o nariz a turbas, reuniões e levantamentos populares. Quem sabe se com razão. Quem tem telhados de vidro...

2) Também em Portugal o povo saíu à rua, mas manifestações mais concorridas desde o 25 de Abril, imagine-se. Em causa estão as medidas de austeridade que fazem com que os nossos compatriotas apertem cada vez mais o cinto. Só em Lisboa terão sido perto de meio milhão de portugueses a manifestarem-se contra a troika e contra o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Num dos serviços noticiosos de ontem assisiti a uma cena triste: um senhor já com bastante idade para ter juízo gritva "O povo unido jamais será vencido" (imbecil, néscio, demagogo), e acrescentava um bem audível "Passos Coelho vai pró c...". Isto é deveras lamentável. Tenho a certeza que o chefe do governo - apesar de estar a fazer um trabalho que deixa muito a desejar numa altura de crise como esta - não tira nenhum prazer sádico da situação de caristia em que os portugueses vivem. Não merece ser assim insultado. E os insultos não se ficam pelo primeiro-ministro, e estendem-se a toda a sua família. Quer dizer, somos um povo divertido, com um humor revisteiro e tal, mas o que seria da nossa "democracia" se toda a gente com quem discordamos fosse mandada para o c...? Haja um pouco de bom senso, e tentemos ser mais construtivos e menos ordinários. Ah sim, e para o próximo fim-de-semana estão marcadas novas manifestações para as principais cidades do país. Isto de certeza que será um óptimo negócio para os vendedores de febras, coiratos, pão com chouriço e imperiais. E viva a liberdade!

3) O mundo muçulmano anda agitado com um filme que insulta o Islão e o profeta Maomé. O filme em questão, "Innocence of Muslims" (veja aqui um pequeno excerto de menos de dois minutos, por sua conta e risco) é pura e simplesmente um insulto a uma religião que é conhecida pela sua pouca tolerância a este tipo de coisas. O único objectivo deste "filme", que está entre aspas porque é mal representado, mal produzido e mal todo-o-resto, é chatear os maometanos. E pegou! E ninguém assume a autoria do filme, e mesmo os actores são virtuais desconhecidos. As embaixadas americanas um pouco por todo o mundo árabe têm sentido a ira dos radicais, que como se sabe facilmente mobilizam os fiéis para queimar bandeiras americanas ou assassinar diplomatas. E nem é preciso uma grande desculpa: "Ó Abdul, queres ir incendiar uma embaixada americana?" - "Bora lá, Ahmed! Eu levo a gasolina e os fósforos".

domingo, 16 de setembro de 2012

200 milhões de euros em campo


Estava eu ontem à noite num bar da Taipa a despachar umas cervejas e uns "minuins" com a família e amigos, enquanto ao mesmo tempo ia deitando um olhinho ao jogo entre o Stoke City e o Manchester City, da Preimier League inglesa, que passava no ecrã gigante. Tenho sempre curiosidade em assistir aos jogos do Manchester City, uma vez que tento sempre perceber como funciona isso de ter mais de 200 milhões de euros dentro de campo. Como se sabe o City foi comprado há alguns anos pelo xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, meio-irmão do actual presidente dos Emirados Árabes Unidos, que injectou uma dose massiva de capital no clube, que até andava pelas ruas da amrgura, estando apenas há cinco anos no Championship, a segunda divisão inglesa. O ano passado os "citizens" conquistaram a Premier League no último minuto do campeonato, batendo o QPR em casa por 3-2, com o golo da vitória a ser obtido já nos descontos. Custou mas foi...200 e tal milhões de euros depois.

Ontem o Stoke City - com um orçamento bnem mais modesto - obrigou os campeões a deixar lá dois pontos, o jogo acabou empatado a uma bola. Um verdadeiro David a bater o pé aos Golias de Manchester. Eu até gosto de futebol, como leitor sabe, apesar da componente homo-erótica da coisa (gajos de calções a caírem suados uns em cima dos outros, etc.), mas considero que isto é um verdadeiro insulto aos pobres. "Compram-se" jogadores por 30, 40 ou 50 milhões de euros, e depois estes recebem salários astronómicos - ganham mais num mês do que eu e o simpático e trabalhador leitor em anos. E não lhes chega! Alguns reclamam mais dinheiro, melhores contratos e sacrificam a (pouca) dignidade que têm e prostituem-se em campeonatos novos-ricos, como são os da China ou da Rússia, em clubes obscuros com nomes completamente impronunciáveis, como aquele tal Anzhi Makhachkala, onde alinha o camaronês Samuel Eto'o.

O Manchester City é um exemplo acabado de como os títulos são comprados. Bastou ir "ao mercado" buscar os argentinos, marfinenses, espanhóis e brasileiros da moda, aparecer-lhes com um camião de dinheiro à porta e eles vêm. Duvido que exista no plantel deste Manchester City um único jogador nascido em Manchester ou formado no clube (e não existe mesmo, fui verificar). E para gerir toda esta caldeirada, ainda foram buscar um mafiosi italiano que dá pelo nome de Roberto Mancini, que por acaso desprezo (lembram-se do golo que marcou nas Antas pela Sampdoria e que nos custoua Taça das Taças em 95? Eu também não...). Com aquele dinheiro todo até eu ganhava. Se não ganhasse, era só pedir mais.

Basta que exista um bilionário qualquer, seja ele árabe, americano ou russo para levantar a moral de um clube quase falido. Basta apenas investir. Isto desvirtua a verdade desportiva, não incentiva a formação (os bons saem para os clubes que lhes pagam mais ou são ostracizados perante jogadores mais caros, dependendo do caso), e enfim, o futebol deixa de ser o desporto das massas e passa a ser o desporto da massa. Os títulos passam a ser comprados, pura e simplesmente. No caso dos árabes, acho-lhes imensa graça. Compram clubes de futebol, constroem Disneylândias inteiras, hotéis, aeroportos e sanitas de ouro, diamantes, platina e marfim, tudo serve de desculpa para desbaratar os petro-dólares. Olha, que lhes faça bom proveito, e que não lhes venha a fazer falta.

Seis segundos

Jordi Bargalló (ao centro), o galego que tramou Portugal

Portugal voltou a falhar mais um título de hóquei em patins para a Espanha, o que já começa a ser um inevitável fado. A selecção lusa disputou o Europeu da modalidade em casa, em Paredes, e a conjugação de resultados permitia que se chegasse ao último jogo bastando empatar com os eternos rivais para conquistar o ceptro que já foge há 14 anos. E as coisas até corriam bem; Portugal esteve a vencer por 2-0, chegou ao intervalo a vencer por 3-2, e o encontro estava empatado a quatro bolas a poucos segundos do fim. Foi aí que surgiu o anti-herói, um tal Jordi Bargalló, capitão do Liceo da Corunha, que a seis segundos do apito final marcou o quinto golo, que nos deixou mais uma vez a ver os espanhós a fazerem a festa. Festa esta a que já estão habituados; a Espanha venceu os últimos sete europeus e os últimos quatro mundiais, e não há equipa que resista. Portugal esteve perto...faltaram seis segundos.

Todos contra a troika


Os portugueses manifestaram-se ontem contra a política do actual governo, e das imposições da troika. Em várias cidades do país milhares de cidadãos saíram à rua para demonstrar que vivem com uns poucos trocos, e não percebem muito bem onde está a saída para esta crise, que tem um plano de "anos" para a recuperação. E quem tem anos para gastar numa recuperação de uma crise? Em Macau algumas dezenas de portugueses manifestaram-se em frente ao Consulado Geral de Portugal, na Rua Pedro Nolasco da Silva, em solidariedade com os nossos irmãos que sofrem com as medidas de austeridade em Portugal - não que tenhamos muitas razões de queixa, sinceramente, mas portugueses que somos, devemos aderir ao protesto. Estão tristes, os nossos compatriotas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O meu país também se engana


Como alguns leitores devem ter percebido, começoua colaboração deste vosso humilde servo com o diário Hoje Macau, com uma coluna que (espero) vir assinar regularmente às quintas. Gostava de agradecer ao director Carlos Morais José a oportunidade de levar o Bairro do Oriente a um público mais vasto, e ao editor Nuno G. Pereira pelo "cantinho" que me arranjou no jornal. Já agora um grande abraço à restante malta do Hoje, e uma festinha ao gato Pu Yi. O artigo pode ser visto aqui, e para memória futura vou ainda reproduzi-lo na sua íntegra aqui no blogue.


Os protestos de milhares de estudantes e pais na vizinha RAEHK contra a implementação da disciplina de Educação Patriótica nas escolas foi talvez o grande “happening” deste Verão aqui na região.

Uma tentativa frustrada do Governo central de impor uma ideologia nacionalista no seu aluno menos aplicado. O famigerado artigo 23 não pegou em Hong Kong, e daí partia uma tentativa de moldar as mentes mais frágeis e preparar a próxima geração. Alguns dos conceitos presentes no tal manual de Educação Patriótica podem parecer-nos estranhos, absurdos até, e o livrinho impunha uma série de ideias como “devemos dar a vida pelo nosso país” ou “devemos apoiar o nosso país mesmo quando está errado”.

Quando era pequeno o meu pai contava-me histórias de quando esteve na Guiné, nos tempos da Guerra Colonial. Dizia-me que o seu sargento apelava a que os seus soldados “lutassem até à última gota de sangue”. Eles sussurravam entre eles: “até à última não, até à penúltima; a última é para fugir”. E é assim mesmo, não há ideia de “pátria” ou “nação” que valha uma vida humana. Estes são conceitos ultrapassados, coisa que vigorava há uns cem anos, quando a vida humana valia menos que um saco de amendoins. Depois sempre veio a convenção de Genebra, saímos do século dos ideais e entrámos no século do indivíduo. Todos nós queremos viver mais e melhor e ninguém quer saber de conflitos armados e guerras.

Sou português dos quatro costados e orgulho-me de todos os méritos da minha nação, mas isso não significa que considere que o meu país “tem sempre razão”, mesmo quando não tem razão – e ultimamente tenho cada vez menos motivos para pensar assim, muito devido a quem anda a (des)governar o país há décadas. Orgulho-me dos feitos da minha nação, dos seus méritos, mas tenho sentido crítico e sei que o meu país também erra. Todos os países erram, e o conceito de que existe uma nação omnisciente e perfeita é risível. Somos acima de tudo cidadãos do mundo, e a nossa pátria e os seus interesses (os de poucos) não se sobrepõe ao nosso bem-estar.

É curioso que o regime chinês tente incutir este tipo de “amor” patriótico nos seus jovens. Afinal são eles os primeiros que criticam as tentativas japonesas de branquear o seu passado belicista e imperialista, e condenam as romagens de políticos japoneses ao santuário de Yasukuni, onde estão sepultados criminosos de guerra japoneses do tempo da Segunda Guerra – criminosos para as suas vítimas, claro, mas heróis para os nacionalistas japoneses. Que autoridade tem um país que quer incutir na sua juventude valores semelhantes para declarar errado que outra nação tente fazer exactamente a mesma coisa?

Numa altura em que os ânimos se exaltam no Sudeste Asiático devido à disputa de ilhotas que possuem recursos naturais importantes, parece estranho que se dê tanta importância à Educação Patriótica. É uma mistura explosiva aliar conceitos nacionalistas e disputas territoriais, e em nada ajuda a manter o frágil equilíbrio que existe nesta região nas últimas décadas. A Ásia não é exactamente conhecida por ser o continente “da paz”, e sem querer ser pessimista, pode bastar um acender de um rastilho para espoletar uma crise sem precedentes. É mesmo assim, tão frágil, esta suposta paz trazida pelos resultados da economia, quando misturados com conceitos patrioteiros.

O facto do actual Chefe do Executivo honconguense C.Y. Leung ter deixado “cair” a ideia da Educação Patriótica não significa que os cidadãos da região vizinha se tenham visto livres deste “problema”. A disciplina passou a ser facultativa, e espera-se que num futuro próximo existam incentivos (financeiros, entenda-se) para que as escolas da RAEHK incluam a cadeira nos seus currículos. Um problema que fica portanto apenas adiado. Resta aos resistentes contar as armas e prepararem-se para futuras batalhas. É preciso contudo não esquecer que provavelmente os cidadãos de Hong Kong se sentem chineses como quaisquer outros, só que não estão para deixar que os ditames do partido único da China se imiscua nas suas liberdades garantidas
pela Lei Básica. E só por isso há que lhes tirar o chapéu.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O homem que mordeu o polícia


Li uma notícia na página do “crime” no Jornal Tribuna de Macau que me deixou de cabelos em pé. Um idoso de 72 anos foi autuado por fiscais do IACM – e bem – por andar a remexer nas latas de lixo à procura de cartão. Depois de se ter recusado a identificar-se, os fiscais chamaram as autoridades. Confrontado pela polícia, o velho tornou-se violento, agrediu um agente com uma bengala e mordeu-lhe uma mão, ao ponto do polícia precisar de tratamento hospitalar. De certeza que a dentada foi feita com vontade, caso contrário o sr. agente não precisaria de recorrer aos Serviços de Urgência – a não ser que seja feito de tao fu. O idoso incorre agora de uma acusação de ofensa à integridade física.

Estes senhores e senhoras que andam “ao cartão” julgam-se os reis de Macau. Revolvem as latas de lixo, deixando o entulho espalhado pelo passeio até encontrarem algo que lhes sirva (e ainda refilam quando alguém se queixa por não poder passar pela via, que é pública), invadem os supermercados durante as horas de funcionamento para levar as caixas de cartão, pisam latas na rua, enfiam a cabeça nos latões, parecem ratos gigantes sempre prontos a poluir a rua que é de todos. Há quem sinta pena desta gente, que muitas vezes nem tem necessidade de fazer isto para sobreviver, ao contrário do que acontece noutros locais onde existe gente que tem mesmo necessidade disto para comer. O idoso alegou a seu favor que “é reformado”, e que anda ao cartão “para melhorar a sua qualidade de vida”. Ora eu também estou a pensar em começar a assaltar bancos para “melhorar a minha qualidade de vida”. Apetece-me comer lagosta, beber champanhe e contratar prostitutas de luxo todos os dias, mas infelizmente o meu rendimento não chega para tal.

É tudo mesmo uma questão de dignidade. Isto são normalmente velhos desocupados que têm uma pensão que lhes chega para viver, mas como não têm nada para fazer, então entretêm-se com actividades que “dêem dinheiro”, mesmo que isso implique enfiar a cachola no lixo dos outros e ver o que se aproveita e que possa vender, nem que seja por cinquenta avos ao quilo. Chegam mesmo a andar ao estalo uns com os outros por causa de algum latão de lixo mais recheado. São o arquétipo da avareza e da sujidade. E faz favor de sair do caminho, ou arriscam-se a actos de semi-canibalismo, como aconteceu com o sr. polícia, coitado, que provavelmente precisou de levar uma vacina contra a raiva.

É interessante que independente da quantidade de cheques, subsídios, auxílios e outras vantagens que são dados a quem tenha um BIR – mesmo que seja velho, sujo, carunchoso ou moribundo – não chegue para satisfazer a ambição de alguns. Como podemos ter uma cidade limpa e decente se pela calada da noite temos estes agentes da reciclagem que deixam merda por todo o lado, quando alguns dos nossos simpáticos cidadãos até se dão ao trabalho de acertar nas latas do lixo quando despejam os sacos? Não há narinas que resistam, nem sapatos que não se arrisquem a dar um pontapé na porcaria que estes gajos deixam pelo caminho.

Lulas fritas


Aprendi uma expessão local muito curiosa hoje. Diz-se quando alguém é despedido que vai chao yao yu (炒魷魚), ou "fritar lulas". Mas porquê fritar lulas? O que tem isto a ver com o facto de se perder o emprego? As origens desta expressão são profundas e obscuras.

Há muitos anos chegavam à região trabalhadores originários do norte da província de Cantão para fazerr os trabalhos mais duros, os conhecidos coolies. Eram indivíduos mesmo muito pobres, e todas as suas posses resumiam-sea uma pequena esteira, que desenrolavam onde se instalavam a trabalhar. Quando eram despedidos, enrolavam a esteira e iam embora. A esteira enrolava-se da mesma forma que as lulas se enrolam quando são fritas!

Fantástica alegoria, e aposto que nem imaginavam a origem desta expressão. Mas já agora deixo uma recomendação: quando fritar lulas, corte-as às rodelas. Assim não se enrolam e não se arrisca a perder o emprego. Por falar em lulas fritas, agora até marchavam...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Deficiências


1) Terminaram no último Domingo os 14ºs Jogos Paralímpicos, realizados em Londres, onde algumas semanas antes se tinham realizado os jogos "normais". Tenho escutado e lido algumas críticas à pouca cobertura que é dada a esta competição, com uma transmissão televisiva internacional que se cifra apenas numa mísera fracção dos Jogos de Verão. Permitam-me fazer aqui de advogado do Diabo, mas não faz lá muito sentido que se dê uma cobertura mais mediática aos Paralímpicos. Talvez um pouco mais que o nada com o que somos brindados, certo, mas dificilmente se poderia entender se o destaque fosse o mesmo. Não tem nada de comercial ou sequer de competitivo ou emocionante ver nadadores sem braços, corredores cegos ou sem pernas, ou desportos adaptados a indivíduos que sofrem de deficiência mental profunda evidente. É preciso estômago para assistir a tudo isto. Existe ainda uma grande dose de comiseração que impede que estes jogos sejam levados a sério. Ninguém conhece os atletas Paralímpicos, talvez com excepção dos mais mediáticos (Pistorius, Zanardi), e os verdadeiroa heróis, os que batem recordes, os que vendem sapatilhas, camisolas e bebidas isotónicas, estão nos outros Jogos. Mas o que se retira destes Jogos Paralímpicos? Uma grande dose de esperança, sem dúvida. Olhemos para o exemplo de Macau, que levou dois atletas. Fosse Macau membro de pleno direito do COI, e dificilmente levaria um atleta que fosse aos Jogos Olímpicos (talvez a Paula Carion, apenas). Foram dois atletas, e outros há em Macau que trabalham no duro para atingir os mínimos que os permitam levar à competição mais importante para os deficientes (eu próprio conheço alguns). E é bom que haja quem leve o desporto em Macau a sério e de uma forma pelo menos semi-profissional. A mensagem que estes jogos transmitem é que existe esperança apesar de todas as adversidades, e é bom que as pessoas com deficiência se dediquem ao desporto, e que queiram competir e obter resultados. De nada adianta o tom paternalista de quem diz que "os resultados são o que menos importa". De certeza que os resultados importam para quem compete nestes jogos, mesmo que os outros considerem-nos apenas os "jogos dos coitadinhos".

2) Outra "deficiência" prende-se com a capacidade do regime chinês comunicar com o resto do mundo. O vice-presidente chinês Xi Jinping não é visto em público há 11 dias, e muito se especula sobre o que se passa com o homem que supostamente tomará as rédeas do país depois do 18º congresso do PC chinês a realizar no próximo mês. A passagem de testemunho de Hu Jintao para Xi parecia mais que certa há alguns dias, mas o desaparecimento do vice levanta uma onda de especulação preocupante. Alguma imprensa regional fala de um eventual problema de saúde, enquanto a imprensa ocidental especula sobre um volte-face súbito nos bastidores dos jogos de poder em Pequim, que terão virado a mesa contra Xi Jinping. Não são despiciendas as teorias da conspiração, uma vez que o cargo de líder máximo da RP China tem muito mais importância hoje do que tinha há 20 ou 30 anos. É claro que se estivesse tudo bem com o senhor ele já tinha dado a cara, até para acabar com este "diz-que-disse" que tem enchido a imprensa um pouco por todo o mundo. O planeta quer mesmo saber com quem negociar nos próximos dez anos, no que toca a uma das maiores potências económicas e militares do mundo. Em qualquer grande potência a informação corre a milhares de quilómetros por segundo, e neste aspecto a China ainda está a dar os primeiros passos. Ou quem sabe somos nós que estamos enganados, com esta nossa mania da "mentalidade ocidental"...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Educação precisa-se


1) Arrancou mais um ano lectivo na Escola Portuguesa de Macau, e ao contrário da tendência dos últimos dez anos, o número de alunos aumentou. E o número de professores também. São agora perto de 500 os jovens que adquirem a sua educação no edifício da antiga Escola Comercial, alguns originários de sítios tão díspares como o Reino Unido, Colômbia, Filipinas ou Guatemala. O ano preparatório - introduzido há 3 anos para ambientar alunos cuja língua materna não é o português - tem sido um caso de sucesso, e a EPM ganha vantagem em relação às escolas internacionais do território pelos preços bastante mais acessíveis - e pela qualidade do ensino, porque não? É de salutar que a EPM esteja em alta, e talvez aqueles que tenham previsto o seu fatídico encerrar possam agora arrumar a viola no saco e ir pregar para outra freguesia.

2) A mão-de-obra em Macau não tem formação superior, e existem 78 chefias na Administração que não têm um curso universitário. Há quem diga que a competência está acima de tudo, mas isso é conversa para boi dormir. Quem exerce cargos de chefia na RAEM e não tem formação superior só se pode ter encostado à figueira, uma vez que os níveis de exigência actuais são (ou deviam ser) muito maiores. Já que os empregos na administração são agora os mais apetecíveis, é apenas normal que sejam reservados aos melhores, aos mais bem preparados, àqueles que estudaram, e não aos preguiçosos e aos nepotes. Quem não quer investir na sua própria educação não pode esperar um futuro equiparável a quem passa mais anos na escola e adquire mais elasticidade mental. Esta é uma diferença que se nota nos pequenos detalhes, e não vamos querer ter sapateiros a fazer-noa operações à vesícula, pois não? E este exemplo serve para qualquer outro caso.

3) Um estudo da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) revela que a população de Macau não está preparada para lidar com incêndios, revela o Hoje Macau na sua edição de hoje. Isto não é nenhuma novidade, a meu ver, e tem a ver com a natureza egoísta da nossa população. Basta ver a reacção dos indígenas cada vez que um elevador encrava, ou quando qualquer coisa rebenta: é um salve-se quem puder. Não existe preparação para casos de emergência, é claro, pois Macau não é conhecido por um local onde as tragédias são normais. Mesmo os exercícios de incêndio são autênticas pakhaçadas onde a maior parte dos intervenientes se diverte em vez de tomar consciência de que uma tragédia deste tipo pode mesmo acontecer. Enfim, mais educação é mesmo necessária.

sábado, 8 de setembro de 2012

Burriquito


Lembrei-me disto, de quando era pequenino. É bom recordar.

Dar o braço a torcer


1) O Gabinete para as Infra-Estruturas e Transportes (GIT) está debaixo de fogo, depois de relatórios que apontam graves falhas e derrapagens nas obras do metro-ligeiro, o tal que qualquer dia vai aparecer aqui pela RAEM. As derrapagens são apontadas pelo Comissariado de Auditoria (CA), que só não e percebe porque fica tão quietinho noutras situações que talvem mereçam um olhar mais atento, enquanto que as irregularidades, lá está, são apontadas pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). O aspecto mais mediático desta notícia prende-se com a putativa passagem do metro ligeiro pela Rua de Londres, no NAPE, onde há anos que os moradores se queixam: não querem ter o metro a passar perto da sua janela. Surpreendem-me os conhecimentos técnicos do CCAC, que basicamente dizem que o GIT "fez mal" em alterar o percurso original da Av. Dr. Sun Yat-Sen, alegando "critérios pouco claros e falta de rigor científico". Isto vale por dizer que os agentes do CCAC percebem mais disto que os engenheiros do GIT. Uma vitória para os moradores da Rua e Londres e Rua da Cidade do Porto, que assim poderão dormir mais descansados. O GIT coça a nuca, e muito provavelmente acatará as recomendações do Comissariado.

2) Quem também deu o braço a torcer foi o Executivo da RAE de Hong Kong, aqui ao lado, que depois de semanas de protestos não vai avançar com a ideia da Educação Patriótica nas escolas. Apenas seis escolas da RAEHK incluíram esta disciplina nos seus currículos, algumas aproveitaram o adiamento de um ano inicialmente proposto pelo Governo, enquanto as escolas baptistas deixaram bem claro: "nem daqui a um ano, nem nunca". A esmagadora maioria da população da RAEHK está contra esta iniciativa, que consideram uma intromissão nas liberdades garantidas pela Basic Law honconguense e uma tentativa de "lavagem cerebral" por parte do continente aos jovens da ex-colónia britânica. O chefe do executivo da RAEHK, CY Leung, cancelou mesmo uma reunião da APEC em Vladivostok, na Rússia, temendo uma escalada dos protestos, que incluiram greves de fome por parte de alguns estudantes. Assim a Educação Patriótica fica para as calendas gregas, e o executivo da RAEHK terá de encontrar outras formas de agradar aos patrões em Pequim. Parece que ao contrário do que aconteceu em Macau, os britânicos deixaram a lição bem estudada em Hong Kong. Sejam vós próprios e não aquilo que vos impõem. Uma bofetada de luva branca para aqueles que são mais papistas que o papa.

Portugal sofre para vencer no Luxemburgo


Luxembourg 1-2 Portugal 发布人 simaotvgolo12
Portugal entrou a ganhar no Grupo F da zona de qualificação europeia para o mundial de 2014, no Brasil, ao vencer no Luxemburgo por duas bolas a uma. Uma vitória arrancada a ferros e uma exibição pobre, falta do tal empenho que Paulo Bento prometeu. Portugal esteve mesmo em desvantagem, quando David da Mota colocou a equipa da casa a ganhar, aos 13 minutos. Um grande remate do jogador de origem portuguesa. Portugal reagiu, e C. Ronaldo empataria aos 27, num lance precedido de falta sobre um jogador luxemburguês, e Postiga deu a vitória aos lusos no início da segunda parte, com um belo gesto técnico e remate, isolado em frente à baliza do Luxemburgo. Nos outros jogos do Grupo F a Rússia bateu a Irlanda do Norte em casa por 2-0, enquanto Israel não foi além de um empate a uma bola no Azerbeijão. Portugal defornta os azeris na próxina terça-feira, em Bragança.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Anda comigo ver os aviões

É provavelmente o maior escândalo no ramo do imobliário desde a criação da RAEM: o governo anulou a revisão da concessão dos oito lotes de terreno onde ia ser construído o La Scala, mais um projecto de habitação de luxo, localizado perto do aeroporto internacional de Macau. A primeira concessão, de cinco lotes, tinha sido feita pelo ex-secretário Ao Man Long, que como se sabe apanhou anos de cadeia suficientes para contar todos os seus (poucos) cabelos várias vezes, a para tal recebeu subornos de dois empresários de Hong Kong, ainda a contas com a justiça. O despacho agora anulado foi assinado pelo actual secretário, Lau Sio Io. Se os primeiros cinco lotes eram "sujos", é natural que estes três que o actual responsável das OP validou fossem também "arrastados pela lama" em que tudo isto se transformou.

O La Scala, que retirou o nome da sala de ópera de Milão, é um projecto ambicioso; 26 edifícios que incluem apartamentos, áreas de lazer, espaços comerciais e uma área ajardinada. A concessionária responsável pela obra chama-se "Moon Ocean", outro nome cativante. Parece bonito, sem dúvida. Escusado será dizer que cada "tirinha" do La Scala ficaria à volta de dez milhões de patacas, ou mais. Chama-se em chinês Hoi Nam, ou seja, "mar do sul". Ali não se vê praticamente nenhum mar, quanto muito aterros, fica localizado mesmo junto do aeroporto, pelo que será possível ouvir o barulho dos aviões, e próximo da central de incineração da Taipa. Se fosse habitação económica que estivesse ali a ser construída, toda a gente lhe cuspia em cima, mas como é caro, só pode ser bom.

Este é mais uma daquelas coisas difíceis de perceber. Apesar de estar muito longe de concluído, o La Scala já tem compradores, que já fizeram entrar nos cofres da RAEM as avultadas quantias respeitantes ao imposto de selo, que agora pensam em ver devolvidas. Quem compra algo que custa milhões e nunca sequer viu? Mais um negócio "à Macau", o local que lava mais branco. Mas pronto, olha, se no futuro tivessem algum problema com a justiça, pelo menos sempre têm o aeroporto ali à mão.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Toni é o meu treinador! Hic!


Imagens que nos chegam do país dos ayatolas, onde Toni, o irredutível do bigode, treina agora um tal de Tractor Sazi, de Tabriz. O ex-treinador do Benfica "passou-se" durante uma conferência de imprensa e mandou os jornalistas todos para o c... . Não sei se eles perceberam, mas de certeza que ficaram esclarecidos sobre com quem se metiam. Já dizia o Manel Viva-o-vinho, ex-presidente da agremiação do bairro de Benfica: "O Todi é o beu treinador!". E a propósito, que pomadinha têm eles lá no Irão?

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A ditadura das telecomunicações


Queria hoje falar da CTM, mas isto depois de lá ter ido esta tarde, ter sido bem atendido e em menos de meia-hora, e ter saído satisfeito. Só assim posso falar da Companhia de Telecomunicações de Macau sem recorrer ao uso de palavrões. Quer dizer, num dia em que tenha sido mal-tratado, não é nada conveniente escrever, uma vez que se está de cabeça quente. Assim, de cabeça fresquinha, continuo a dizer que estamos a cair num grande engodo. O monopólio das telecomunicações exercido pela CTM foi longe demais, e é preciso encontrar alternativas. Em mais nenhum lugar civilizado no mundo existe uma (1) companhia de telecomunicações em regime de monopólio. E aqui aplica-se aquela máxima que nos deixa sempre lixados: não gosta, não coma.

Já fui feliz sem a CTM. nos primórdios da internet em Macau. Não sei se estão lembrados, mas por volta de 1996 era grátis entrar na internet ao fim-de-semana, e era quase impossível obter ligação. Quando se conseguia, deixava-se ligada o fim-de-semana todo, e era uma sorte quando não "caía". Fui cliente daquela companhia meio pirata que exisitia por trás do Leal Senado, e cujo nom não me recordo (seria Unitel?), que era mais barata e oferecia "unlimited usage", que era um conceito estrangeiro para a CTM naquele tempo. Mesmo agora uma ligação sem tempo de usagem limitado custa por volta de 300 patacas mensais, que digas-se de passagem, é um roubo - pelo menos pela qualidade de serviço que oferece.

Mas helas, a tal companhia pisgou-se, a CTM reforçou o seu monopólio e lá acabei por aderir. Antes de casar vivia sozinho, e cheguei a ter rede fixa, internet e telemóvel, todos a pagar na CTM. Uma vez atrasei-me no pagamento da rede fixa (puro desleixo), e cortaram-me tudo! Aí está uma belíssima estratégia ara obrigar as pessoas a pagar as contas: isolá-las do mundo. Afinal tinha as contas do telemóvel e da internet pagas a tempo e horas, e é difícil aceitar que nos cortem serviços que estão pagos. Este monopólio é perigoso e não resulta. É um "1984" ao contrário, em que os cidadãos se deixam escravizar pelo "Big Brother", que nem precisa de impôr a sua força: não tem concorrência. É preciso aceitar, ou então mudar para a rede de telemóveis da Hutchinson ou da SamrTone, ambas subsidiárias da CTM. É ser tratado abaixo de cão na mesma, só por outros gajos "novos" e mais "giros".

E do serviço, é melhor nem falar. Não percebo porque é que as lojas da CTM misturam clientes que querem comprar um aparelho de telemóvel com outros que apenas querem mudar de pacote ou pedir informações. Os que vão comprar telemóveis são normalmente chineses, compram os aparelhos mais caros, e como é um "grande investimento", um "momento especial", é preciso levar a família toda. Claro que como é uma compra cara, os senhores não saem de lá sem aprender como trabalhar com o telemóvel: é um curso instantâneo, às vezes de "apenas" uma hora e meia. Quem se desloca a uma das lojas da CTM e tira, digamos, o nº 40 e estão a atender o nº 33, são pelo menos duas horas de espera. Para quem deseja mesmo comprar um telemóvel é uma maravilha. Fica ali a tarde toda a conversar com o simpático rapaz/rapariga do balcão, que lhe vai passando os recibos e abrindo os pacotes, oferecendo isto e aquilo, que depois vai-se a ver e é uma autêntica bosta.

Claro que muita gente não está satisfeita com a CTM, há os apagões, a velocidade (ou falta dela) e tudo mais, mas fazer o quê? É a única opção! Não adianta os plankings ou os abaixo-assinados e demais protestos. Vós tendes o que a senhora vos dá. E vamos não esquecer que isto é Macau, um misto de escolas de economia, desde os negócios do tipo familiar ao liberalismo e capitalismo desenfreados. E é preciso não esquecer que a CTM é uma empresa "tradicional" do território (tal como a CEM, SAAM, etc.), emprega muita gente (mesmo muita), e "lixar-lhes"a vida era mandar gente para o desemprego, e isso ia causar "instabilidade social". que vai contra a "harmonia", que como se sabe é essencial para que contiemos aqui, uns a encher os bolsos, e outros vivendo como podem. Porque acreditem, a vida lá fora também não anda nada fácil. Mesmo com muitas mais opções e preços mais convidativos nas telecomunicações.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Primeiras notas de Setembro


- Leio na página do "crime" do JTM que Macau está cada vez menos seguro. Depois de na sexta-feira passada ter lido sobre o pai que esfaqueou acidentalmente a filha por causa de uma discussão sobre dinheiro do jogo, hoje foi um carro arrombado e uma casa assaltada, com prejuízos significativos para as vítimas. A taxa de suicídios é também "preocupante", segundo o presidente da Cáritas, Paulo Pun. Isto está cada vez pior, e não devia ser assim. Então não é macau um oásis de segurança e de prosperidade? Então porquê tanta gente desesperada e tantos amigos do alehio? Ah sim, e há cada vez mais condutores bêbados também.

- Com a chegada de Setembro, dá-ae o regresso às aulas, e com este a confusão do costume, especialmente durante os primeiros dias. A DSAT esteve debaixo de fogo devido a problemas tão díspares como sejam o escoamento do trânsito ou a falta de autocarros - como se isso fosse inteiramente da responsabilidade deles. Outro problema de Macau que se agrava cada vez mais. Há mais alunos, há mais famílias, há mais carros, e há cada vez mais condutores irresponsáveis e incompetentes. Mais das tais cartas "tiradas na farinha Amparo". E como Macau é, como se sabe, muito apertadinho, este novo fluxo rodoviário vai eventualmente entupir o ralo do trânsito. E como tarda o metro-ligeiro, não se espera que apareça uma solução milagrosa para aliviar a asfixia. Adaptando aqui as doutas palavras daquele pequeno gigante evisionário, Deng Xiaoping: "ter carro é glorioso".

- Foi com alguma surpresa que li a entrevista de Ivo Carneiro de Sousa ao Ponto FInal. O agora ex-vice-reitor da Universidade de São José (USJ), dá com a boca no trombone, e admite que existiam mesmo alunos daquela instituição de ensino que não tinham qualidade para passar, e passavam na mesma. De recordar que a USJ esteve debaixo de fogo há uns anos quando recaíram sobre ela suspeitas de facilitismo. Recordo-me também nesta altura este mesmo senhor (ou seria outro?) explicar que isto era normal, e que havia alunos que apesar de serem fraqunhos davam o litro e tal. Ora agora ficamos completamente esclarecidos.

- Três estudantes que protestavam contra a cadeira de Educação Patriótica em Hong Kong interromperam uma greve de fome depois de três dias "por motivos de saúde". Ora, não se pense mal destes pequenos Gandhis, nem duvidem da força das suas convicções. Foram só fazer uma pausa para almoçar...

Como é importante o contexto...


Sem dúvida que fora de contexto, dá azo a mal-entendidos. Leia aqui do que se trara.