sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Maria Cascagrossa


Do artigo do Hoje Macau desta semana ("link (ainda) indisponível), só tenho a dizer o seguinte: cada um tem o que merece, e a carapuça só serve a quem a enfiar. Boa noite e obrigado por preferir o Bairro do Oriente. Bom fim-de-semana!

Apresento-vos Maria Cascagrossa, alfacinha de gema de ovo de pata choca. Maria era uma mulher simples, semi-alfabetizada, divorciada com filhos e pinga-amor militante, uma aficionada da astrologia, do sobrenatural, do olho do oculto e outras sandes místicas, mas desinteressada da literatura clássica ou de qualquer outra coisa terrena e mundana que seja preciso puxar muito pela cabeça. Um dia, já às portas da meia-idade, vem parar a Macau, inícios da década de 1990, decidida a aproveitar os últimos ventos de um Império que nunca lhe deu nada a não ser aborrecimentos e desilusões, além da celulite e das varizes, para não falar de uma descomunal rectaguarda, um desafio à resistência de qualquer par de calças.
Chegada à Macau dos últimos seis ou sete anos da administração portuguesa, encontrou um mundo completamente diferente do seu, ela que o mais longe que tinha ido foi à Benidorme de “nuestros hermanos”, e que teimosamente pronunciava “bebe e dorme”. Ao fim de duas semanas estava completamente esclarecida, e já conhecia Macau “de ginjeira” – pelo menos conhecia melhor do que quem cá nunca tinha estado, ou de quem não leu muito sobre o assunto. Ficava encantada com tudo o que via, e ficava estarrecida de bocarra aberta a contemplar os templos, os leões de pedra, tudo o que lhe parecia remotamente diferente do país que tinha deixado a milhares de quilómetros de distância – facto que não se cansava de referir, como quem se dá conta de uma disparidade gográfica que nunca imaginou ser possível para ela. Adorava perder-se no meio das tendinhas do Mercado Vermelho, onde impunha a sua imperial lusitanidade no meio dos chineses, que eram “muito giros”. Quando perguntava o preço de um trapo qualquer, e a vendedora lhe respondia “deiz pataca”, num esforço para se dar a entender e evitar uma conversa de surdos, berrava-lhe na cara: “ahhhhh...fa-la por-tu-guês”, com os olhos muito abertos, como quem se tinha acabado de dar conta dos séculos de presença portuguesa em terras do Oriente, condensados numa simples transação de um pano para limpar o chão.
Tal como todos os portugueses chegados a Macau nos anos 90, conseguiu emprego numa repartição pública, quase por inerência. Quando ia ao “yum-cha” com os colegas chineses, delirava com a mesa giratória, com a variedade e o colorido dos pratos, e improvisava um ar desconfiado, de quem sente a necessidade de perpetuar os velhos tabus da gastronomia ocidental, que presume que os asiáticos comem animais exóticos ao almoço e ao jantar. Quando perguntava “que bicho estranho é este?”, com um ar alarmado, e respondiam-lhe “isso é galinha...”, exclamava: “espantoso!”. Incapaz de juntar duas palavras em cantonês, voltava aos mesmos restaurantes a que tinha ido com os colegas bilingues, e quando tentava repetir o mesmo pedido do dia anterior e lhe traziam outra coisa, reclamava com os empregados, acusando-os de se terem enganado. Berrava e gesticulava, à beira da apoplexia, e pouco ou nada se importava de ser o centro das atenções. Poucos meses depois de chegar foi a Gongbei, do outro lado das Portas do Cerco, onde passou a tarde inteira a comprar porcelanas e pechisbeque. Tirou fotografias de tudo o que via que servisse de prova de que esteve “na China”, e mandava cópias para os amigos em Portugal, como testemunho da sua presença nos confins da Terra, para lá da última fronteira conhecida do mundo civilizado.
Pessoa mundana, relaciona-se com todos, mas gosta especialmente de se dar com a “gente bem”. Inicialmente observava-as, estudanto as falas, os gestos e os maneirismos, que depois imitava – lá por ser difícil livrar-se da casca grossa, podia pelo menos dar-lhe um revestimento de caxemira. Entre o “jet-set”, onde faz questão de se misturar, é denunciada pela postura “maior que o mundo”, assim como pela forma como chupa os dedos lambusados dos croquetes ou de como sorve a bica a escaldar. Humilde por natureza, nunca se acanhou na hora de se meter de joelhos e esfregar com um pano uma nódoa que encontrava no chão, mas desde que tem uma empregada filipina acha-se uma “madama” e arrepia-se quando é chamada de “patroa”. Ela que nunca teve ninguém para lhe abrir a porta, quanto mais para lhe passar a roupa a ferro. A sua simplicidade impede-a de ser cruel com alguém apenas “porque sim”, mas por influência das tais amigas berra com a empregada por tudo e por nada, mas no fim deixa-a levar as sobras do jantar para casa, julgando assim estar a contribuir para o alívio da pobreza no arquipélago das Filipinas inteiro.
Adora que os outros lhe peçam ajuda, nomeadamente financeira; fá-la sentir grande, rebenta-lhe as costuras do enorme complexo de inferioridade de que sofria (e sofre), dá-lhe a provar a doce sensação que os outros endinheirados tinham quando no passado lhe diziam “não“, do tempo em que ela própria andava à míngua. Para ela ninguém é perfeito – porque ela própria sabe que está muito longe de o ser, e por isso mais ninguém se pode achar nesse direito. As mulheres jovens e bonitas são todas levianas, e se têm mais que um companheiro, “abrem as pernas a qualquer um”. No seu caso pessoal – e tem uma contabilidade respeitável nesse departamento – foi tudo em nome “do amor”, da busca incessante pelo ideal romântico, e quando fracassou foi por culpa dos outros, e se as outras são apenas “fáceis”, ela é “uma sonhadora”, que “se apaixona”.
Em Macau sente-se mais intimidada pelas estrangeiras, a que se refere não pelos nomes próprios (alguns dos quais não consegue pronunciar), mas pela nacionalidade. Assim é “a chinesa”, “a filipina”, “a russa”, etc. Isto não indicia necessariamente que Maria seja racista, pois o seu parco domínio de línguas - até da própria – a juntar ao facto de ter vivido dois terços da sua vida rodeada da sua espécie, a “sopeira lusitana”, não lhe permitem entender que existem outros hábitos, culturas ou formas de encarar o mundo diferentes da sua. Do pouco que sabe é que essas asiáticas são umas velhacas, umas destruidoras de lares, e mesmo assim isto depende da “vítima”; se for alguém próximo, sim, a tipa é uma “usurpadora, sempre de olho no homem alheio”. Se é alguém com quem não simpatiza, “a moça não é má rapariga, coitadinha, a outra é que é uma histérica”.
Mas tudo vai mudando, a seu tempo. Maria Cascagrossa aproveita o Outono da vida para viajar, alargar os seus horizontes, chegar onde só ela milhões de outros turistas chegaram. Depois relata tudo ao mais ínfimo detalhe, com o suporte de fotografias banais ilustradas com comentários risíveis, às vezes de uma prosa poética de bradar aos céus. Convencida que está a fazer um favor ao mundo relatando a sua epopeia, fica a pensar que até se podia dedicar à literatura de viagens, tivesse o engenho de conseguir juntar o número suficiente de palavras que dessem frases com sentido. Mas pronto, tiremos o chapéu à “Maria C.”, como gosta de ser chamada. Ou “Sra. Dra. Maria C.”, depois de um daqueles cursos tirados “à pressão” que quase toda a gente tem em Macau. O melhor é não discutir, que é perigoso acordar os sonâmbulos, e no meio daquela mímica toda ainda salta dali um daqueles dedos gorduchos e vaza-nos um olho. Convém dizer-lhe que sim, sim a tudo. Como se faz com os malucos.

Os sons dos 80: os neo-românticos (a new wave)


O neo-romanticismo foi um movimento social da cultura pop que surgiu no Reino Unido em finais da década de 70 e inícios de 80, tendo o seu pique no ano de 1981. Com a decadência do "punk" (ou a decadência da decadência, portanto), e uma Grã-Bretanha de cara lavada com o sabão do Thatcherismo, deixou de estar na moda andar roto, sujo e esgadelhado, e passou a ser "in" andar bem vestido, limpinho, com o cabelo penteado com "gel" - ou seja, surgiu o grupo que em Portugal designámos por "betinhos". Como sempre foram os clubes nocturnos londrinos a mostrarem o caminho que o mundo devia seguir, e a música que lá se ouvia era a "new wave", um som também ele limpinho, onde se dava primazia ao uso de sintetizadores, com letras mais conformistas que falavam sobretudo de amor - não fossem eles "neo-românticos", como o nome indica. Quer se goste ou não de "betinhos", alguns destes grupos foram bastante inovadores, trazendo à "pop-rock" a sonoridade que tem hoje. Entre alguns que foram pioneiros no género e passaram a gozar de um maior sucesso com a moda "new wave", e outros novatos que também apanharam a "wave" (eh, eh), tivemos momentos muito interessantes da parte de grupos com muita qualidade. É de alguns destes que vou falar hoje. Portanto amarrem a vossa camisolinha da Benetton à cintura, passem um "coche" de gel no cabelo e calçem os vossos sapatinhos de vela. Vamos a isto.


Pode-se dizer que os pioneiros do género foram David Bowie (que anda mesmo a pedir que eu fale dele, o rabeta) e os Roxy Music, liderados pelo inconfundível, incomparável, irrestível Bryan Ferry, que era um tipo que acordava todas as manhãs com o penteado que viria a estar na moda na semana seguinte, e não saía de casa com roupa que tivesse um vinco fora do sítio. Ferry fundou os Roxy Music em 1971 com um tal Brian Eno, que não canta mas tem o nome inscrito em alguns dos mais célebres (e lucrativos) projectos musicais da década de 80 e seguintes. Inicialmente eram vistos como uma contra-corrente ao aparecimento do movimento "punk" - para quê combater o sistema quando se pode ficar em casa a ler Baudelaire ao som dos Roxy Music, e da voz melosa de Bryan Ferry? E de facto este "frontman" tinha uma voz que fazia encaracolar as unhas dos pés das senhoras. Quando apareceu o "new wave", os Roxy Music rapidamente deixaram o mundo saber: "era isto que nós estávamos a tocar há anos, pá!", e quando chegaram dúzias de grupos a fazer o mesmo, decidiram retirar-se, como quem diz "assim já não brincamos mais". Oito discos de originais, e o último dele em 1982, "Avalon". Deste registo, um dos mais bem sucedidos do grupo (nº 1 no Reino Unido durante três semanas) destacam-se o homónimo "Avalon" e o mui charmoso "More Than This", com Bryan Ferry no seu melhor.


Um dos grupos a que se atribui o sucesso inicial da "new wave" são os pouco conhecidos ou quase esquecidos Visage, cujo vocalista era um tal Steve Strange (?!), que vendo bem, o nome assenta-lhe que nem uma luva. Contudo, e enquanto Strange reforçava a ambiguidade sexual da banda em particular e da "new wave" em geral, a força criativa por detrás dos Visage era um tal Midge ure, que fez parte de bandas como os Misfits e Thin Lizzy, acabaria por formar mais tarde os Ultravox, e ainda idealizou o Band Aid, o Live Aid e o Live 8 ao lado de Bob Geldof. O tema mais conhecido dos Visage é este "Fade to Grey", do seu álbum homónimo de 1980, e que chegou a nº 8 no Reino Unido, mas liderou a tabela de discos mais vendidos em países como a Alemanha e a Suíça.


Agora falemos de quem fez realmente muito dinheiro com esta brincadeira. Os Duran Duran, por exemplo, uma banda de que já falei quando a propósito de uma videoclip malandreco que fizeram no início de carreira. Este grupo fundado em 1978 em Birmingham, e que estendeu a sua popularidade até meados dos anos 90 - são os "dinossauros" da "new wave", por assim dizer - tinha na voz o carismático Simon Le Bon, um daqueles tipos que apesar de nos dar vontade de o sujar de lama, temos que reconhecer nele algum, ahem, "encanto". Nick Rhodes era o parceiro de Le Bon no departamento da escrita e composição das canções, que resultaram em 14 singles no top-10 do Reino Unido, e 21 no top-100 da Billboard. Um dos temas mais conhecidos é este "Rio", do álbum de 1982 com o mesmo nome. Os Duran Duran foram convidados para fazer o tema original do filme "A View to a Kill", da série James Bond, 007, e gozaram de alguma simpatia nos anos 90 graças ao album "The Wedding", onde renovaram o seu reportório, adaptando a "new wave" para o fim do século. No entanto fizeram em 1995 um disco composto inteiramente de "covers" de canções de outros artistas, intitulado "Thank You", que lhes valeu a entrada na infame lista de "piores albums de todos os tempos". Não há Le Bon sem senão.


Outro grupo que se fartou de facturar foram os Spandau Ballet, que ficaram com este nome depois de um amigo da banda, o DJ Robert Elms, tê-lo visto escrito na parede de uma casa-de-banho de um bar (as coisas que se aprendem ali...) - Spandau era o nome de uma famosa prisão em Berlim onde os condenados à morte eram enforcados, ficando depois a balançar na corda, como se estivessem a fançar ballet. Tétrico. Menos intimidadora era a música dos Spandau Ballet, liderados por Phil Oakes, que tem uma cara que me deixa incomodado - parece que Keanu Reeves e Nicholas Cage se juntaram e tiveram um filho juntos, só que mais bonito? Bem, o seu single mais conhecido é "True", de 1983, que chegou a nº 1 no Reino Unido, e nº 4 da Billboard. Quem pensa que não conhece este tema oiça-o aqui, e ao fim de 20 segundos vai dizer: "ah...está bem". Os Spandau Ballet duraram até 1989 e tentaram sem êxito regressar vinte anos depois.


E chegamos a um grupo que escolheu um nome tão estúpido - Orchestral Manouvres in the Dark - que ficou para sempre conhecido simplesmente pelas inicias OMD, que é também o nome de um gene proteíco do corpo humano. Enfim, os OMD eram (e são) liderados por Andy McCluskey, que baptizou a banda com uma ideia para uma canção que teve enquanto ainda era estudante. Ora vejam só como isto é uma informação importante cumó caraças. O single mais famoso do grupo foi "Enola Gay", do seu álbum "Organisation", de 1980. "Enola Gay" era o nome do avião que largou a primeira bomba atómica em Hiroshima, e portanto a canção contém uma mensagem anti-Guerra. Faz sentido. Se eu quisesse fazer uma canção a condenar a violência perpretada por vigilantes anónimos contra prostitutas, chamava-lhe "Jack, o Estripador". Este single foi nº 8 no Reino Unido e nº 1 ba França, Itália,e, imaginem, Portugal! Por acaso lembro-me da versão portuguesa não-oficial deste tema: "Enola Gay...fui-te ao cu e não te paguei...".


Os Human League, grupo originário de Sheffield e fundado em 1977, sob a liderança de Phil Oakey. Em 1981, época alta da "new wave", venderam milhões de cópias com "Don't You Want Me", quem sabe um dos temas mais representativos desta variante da pop. O single foi nº1 quer no Reino Unido, onde foi o disco mais vendido do ano quer na Billboard, e ainda na Noruega, Nova Zelândia, Irlanda e Canadá. Foram gravadas versões por parte da "starlette" Mandy Smith, pelo grupo sueco de Eurodance Alcazar, e pelo elenco de "Glee". O melhor que conseguiram depois disso foi em 1986 com o single "Human", que foi nº 8 no Reino Unido e nº 1 na Billboard. Phil Oakey é também conhecido por ser o intérprete da canção de 1984 "(Together in) Eletric Dreams", composto por Giorgio Moroder para o filme "Electric Dreams". Os Human League continuam no activo passados quase 37 anos, mas com o peso da idade a cobrar a sua factura, e o último álbum da banda não passou do nº 44 na tabela de álbums do Reino Unido. É caso para perguntar: alguém os viu por aí?


Finalmente o meu figurino favorito nesta coisa do "new wave" - só para acabar em beleza. Os Soft Cell eram um duo de new-wave-synthpop-electrónico-positivo-absoluto-analítico composto por Marc Almond e Davis Ball. Há uma lenda urbana que diz que o único sucesso deste grupo foi "Tainted Love", que foi nº 1 no Reino Unido e nº 8 na Billboard, e que em 2001 seria gravado noutra versão pelo esquisitóide Marilyn Manson. "Tainted Love" ele próprio já havia sido gravado em 1964 por Gloria Jones, mas não é isso que interessa, pois os Soft Cell tiveram outros singles nos tops, como "Torch" (nº 2 no Reino Unido), "What!" (nº 3), "Bedsitter" (nº 4) e este "Say Hello, Wave Goodbye", que foi também nº 3 do top-40 UK, que é o meu tema preferido dos Soft Cell, e onde o seu vocalista exemplifica em todo o seu esplendor a orientação do projecto. Este Marc Almond, que partiu de seguida para uma respeitável carreira a solo é um daqueles ingleses muito ingleses, "very british", que era "gay" apenas "porque sim", porque "ficava-lhe bem", e também ouvi dizer que é satanista. Um cromo raro nesta colecção.

Porto heróico, Benfica tardio


Fantástico! Depois de um empate a duas bolas no Dragão frente ao Eintracht Frankfurt na semana passada, o FC Porto estava praticamente obrigado a ganhar na Alemanha para aspirar à passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa. Contudo a equipa de Paulo Fonseca, que tem andado na corda bamba, fez um dos resultados que podiam dar a qualificação além da vitória: um empate 3-3. As coisas ficaram mal paradas para os azuis-e-brancos quando Stefan Aigner levou a equipa da casa para o intervalo em vantagem, com um golo aos 37 minutos. O cenário ficou negro quando Alexander Maier fez o 2-0 aos 52 minutos, mas foi aí que o dragão acordou, e chegou ao empate com golos aos 58 e 71 minutos, autoria do central francês Eliaquim Mangala, que tem sido apontado como um dos maiores responsáveis pelos erros defensivos que têm deixado o Porto numa crise pouco habitual. O Frankfurt voltaria à carga cinco minutos depois, com mais um golo de Maier, mas a cinco minutos do fim o argelino Nabil Ghilas voltou a provar ser uma arma secreta, e apontou o tento que fez a equipa portuguesa vencer a eliminatória através do desempate pela diferença de golos marcados fora de casa. Paulo Fonseca ganha alguma margem de manobra, e Pinto da Costa, com a sua habitual irreverência, terá pensado qualquer coisa como: "Mesmo quando não ganha, o Porto ganha, carago". Nos oitavos os dragões encontram o Nápoles, actual 3º classificado da Serie A italiana, um desafio mais complicado que este Eintracht, que luta pela manutenção na Bundesliga. Os napolitanos desenvencilharam-se dos galeses do Swansea por 3-1, depois de um empate fora a uma bola na primeira mão.


Na Luz o Benfica recebia os gregos do PAOK, e trazia da Grécia uma vantagem de 1-0, aspirando a ampliá-la no "inferno" da Luz. As águias dominaram os acontecimentos, apesar de um grande susto aos 14 minutos, quando o brasileiro Lucas, ao serviço dos gregos, remata a 30 metros da baliza, Artur deixa escapar a bola, e evita o "frango" quase em cima da linha de golo. A resistência helénica só seria quebrada nos últimos vinte minutos, e depois da expulsão do ex-benfiquista Kostas Katsouranis, actualmente ao serviço do PAOK - golos de Nicolas Gaitán aos 70, Lima aos 78 de "penalty", e no minuto seguinte Lazar Markovic davam contornos de goleada a uma partida que feitas as contas não foi nada fácil. O Benfica defronta nos oitavos-de-final os ingleses do Tottenham, que venceram em White Hart Lane o Dnipro por 3-1, depois de uma derrota por 0-1 na Ucrânia. Com estes resultados positivos (duas vitórias do Benfica e dois empates do Porto), Portugal encontra-se no 12º lugar do ranking da UEFA, atrás da Roménia e da Turquia. Caso Porto e Benfica somem mais dois pontos (basta uma vitória), ultrapassam os romenos, que já não têm qualquer equipa em prova, enquanto os turcos dependem apenas do Galatasaray. Uma época mediocre na Europa que pode mesmo assim acabar num top-10, que mantém Portugal com três lugares de acesso à Champions, e outros tantos à Liga Europa, pelo menos nas próximas duas épocas.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Requiem por um amigo de quatro patas (eterna saudade)


Era uma vez um amigo...

Amigo é alguém que está sempre do nosso lado, que nunca nos atraiçoa, que nos escuta e nunca nos julga. Um amigo de verdade nunca nos evita, quer estar sempre connosco e inventa sempre desculpas para nos ver de novo. A um amigo custa ver-nos pelas costas, encontra sempre um motivo de conversa, "empata-nos" sempre mais um bocadinho. Com um amigo os momentos de silêncio nunca são de desconforto, e nunca falta um motivo para mais uma rodada de conversa. Os amigos nunca se cansam das mesmas histórias, riem do que parece não ter graça mas só eles sabem porque riem, partilham de uma cumplicidade que deixam bem guardada entre eles, longe dos não-amigos, que nunca os vão conseguir separar. Ontem perdi um amigo, o Bo Chi, ou em ingles "BB", mas para mim era o meu melhor amigo de quatro patas - quando não se colocava nas duas de trás ou de barriga para cima.


Desculpa "darling", é que acabei de acordar...

Conheci-o numa loja de roupa aqui perto de casa, onde trabalha a minha amiga Melinda, e cuja proprietária é a minha também amiga Amy, que só depois viria a conhecer - tal como o Bo, também a minha relação com a Amy assenta na base da cordialidade, muito por culpa da barreira linguística. A primeira vez que lá entrei ladrou que se desunhou, desconfiado do intruso que entrava ali tão à vontade no seu domínio, sem sequer lhe pedir licença, a ele, o "homem da casa". Fiz-lhe umas festinhas que não o deixaram convencido: continuava a ladrar como quem chamava a polícia. Mudei de estratégia, afagei-lhe o lombo e apertei-lhe o focinho com a firmeza de uma mão masculina, mas sem magoar. O que os meus gestos em forma de afectos lhe queriam transmitir era isto: "olha lá pequenote, não tenho medo de ti mas gosto da tua pinta; amigos ou quê?". Rosnou, olhou-me de soslaio, meio desconfiado, e acedeu: "'tá bem, mas da próxima vez quero colo".


Sempre na moda, "very fashionable indeed".

Quando visitava as amigas e o meu novo parceiro canino, que festa fazia ele. Virava-se logo de barriga para cima, e antes que lhe desse o tratamento de cachorro mariconço que me pedia, fechava os olhinhos e começava a rosnar, como se já estivesse a sentir os meus dedos a passarem-lhe pelo papinho de raposa, apenas por sugestão. Quando passava um pouco mais à pressa pela loja, evitava passar à porta, e optava pelo outro lado do passeio, junto à fábrica de oleo de porco aqui ao lado na Rua do Tarrafeiro. Se estava amarrado pela trela à porta, via-me e levantava as orelhas, olhava para trás e depois para mim outra vez, como se estivesse a pedir às donas: "olha vai ali o coiso...não o vão chamar?"


Em flagrante com uma amiga felpuda.

Um dia a Melinda, a Amy, e o Bo jantaram lá em casa. Para nós comida de humanos, tão banal que nem me lembro o que foi. Para ele um manjar de um rei: pedaços de salsicha, chouriço português e duas fatias de bacon. Enquanto nós, animais racionais, ainda nos preparávamos para começar a comer, já ele tinha limpado a prato - e depois? Como o nome indica, nada precisa de ser racionalizado, e a gente está aqui para comer ou para dançar o vira? Muitas das vezes quando o visitava ladrava-me queixinhas das donas. Ele, um macho ali à mercê do mulherame, precisava de um camarada de armas para desabafar. Pegava-o ao colo e enquanto lhe fazia umas cócegas perguntava-lhe: "o que foi, as malandras fizeram-te mal, foi?". E ele ladrava, incessantemente, como se estivesse a contar tudo, tim-tim por tim-tim. Só parava para tomar mais fôlego para voltar a ladrar. "Só tu é que me entendes, ó Leo".


Mesmo já sem respirar, transpirava classe.

Já não o via ia para umas três semanas, e ignorava o facto de se encontrar doente. A Melinda disse que foi tudo muito repentino, uma infecção súbita, e teve a gentileza de partilhar esta última imagem do Bo, já para lá das fronteiras do desconhecido, onde para sempre ficará em paz. Descansa agora, amigo, que as saudades só doem aos que por cá ficaram. E sabes o que mais? Tu só vieste reforçar aquela máxima que cada vez mais acredito ser uma verdade mais que verdadeira: "quanto mais conheço os homens, mais gosto do meu cão".

Benfica de Macau despede Dani


É a notícia do momento no futebol do território: a direcção do Benfica de Macau dispensou os serviços do treinador Daniel Pinto, mais conhecido por "Dani", aparentemente devido aos resultados desportivos das equipa de futebol de 11 sénior, que na Liga de Elite soma uma vitória, um empate e uma derrota nos três jogos disputados até ao momento. Dani assumiu o comando técnico dos encarnados a 15 de Janeiro, substituíndo então Paulo Bento, que tinha regressado no final do ano passado para substituir Bruno Álvares, o técnico que na temporada passada levou o emblem da águia ao 2º lugar do campeonato. Dani, com um currículo que o precede, tanto como jogador e como treinador, orientou a equipa do FC Porto de Macau na Liga de Elite durante três épocas, obtendo um meritoso 2º lugar em 2011, apesar de um orçamento de contenção. Esta "chicotada psicológica" - fenómeno raro em Macau, quer pela dimensão da divisão principal, quer pelas evidentes diferenças que existem entre os plantéis do topo e os restantes - aparece depois do Benfica ter vencido a Polícia por 1-0, empatado a zero com o Ka I, e perdendo 1-2 com o Monte Carlo na jornada passada. Apesar da exibição pouco convincente frente à formação da PSP na ronda inaugural, os homens de Dani conquistaram os três pontos, e nos jogos seguintes defrontaram outros dois candidatos ao título - em teoria, pelo menos. Um empate com o Ka I e o resultado negativo frente aos actuais campeões por apenas um golo são resultados facilmente rectificáveis na segunda volta, e o próprio Monte Carlo desperdiçou também cinco pontos na jornada inaugural. Em retrospectiva, uma decisão um tanto ou quanto precipitada dos responsáveis da filial do clube da Luz em Macau.

Muito se tem falado de um certo mal-estar interno no Benfica de Macau, de dirigentes sem experiência, e e de egos inflamados. O clube insere-se num projecto ambicioso, e que em apenas poucos anos desde o seu arranque conseguiu ser vice-campeão da divisão principal, ficando apenas um ponto do título, e fazendo uma segunda parte do campeonato totalmente vitoriosa. Faltou apenas uma escorregadela do Monte Carlo. Este ano com uma liga mais equilibrada, não seriam de esperar as mesmas facilidades, pois apareçeram outras equipas que investiram no seu plantel, como é o caso do Sporting, e até agora do Chao Pak Kei, que até ver, são as duas equipas sensação da prova, ocupando os dois primeiros lugares da tabela classificativa. Os numeros não mentem. Despedir alguém do calibre de Dani, uma das maiores autoridades do futebol de Macau, e que o conhece por dentro e por fora, só pode ser entendido como uma arrogância de quem anda a brincar aos futebóis e aos presidentes de clubes de futebol. O pior é que os próprios adeptos do Benfica, do original, o da Luz, voltam as costas a este "júnior" macaense, e quando é assim, o propósito deste projecto perde muito do seu sentido. Benfica, Sporting e o extinto FC Porto de Macau tinham sobre equipas como o Lam Pak (também extinto), Monte Carlo, Ka I e outros a vantagem de ostentarem na camisola um emblema querido de muita gente, e que apenas por isso fica a torcer para que ganhe. Separar a instituição Benfica, com uma capacidade agremiadora histórica de um projecto chamado "Benfica" é deitar a perder uma excelente oportunidade, até de elevar a qualidade da liga do território, onde a fracas assistências são um dos motivos que a impedem de evoluir. Talvez seja a hora dos tais "dirigentes" abrirem os olhos, e como dizia um certo presidente da sede lisboeta (por acaso este de má memória para os adeptos): "Com o Benfica ninguém brinca".

Real esmagador, Chelsea pragmático


O Real Madrid protagonizou a maior goleada da primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, ao golear o Schalke 04 em Gelsenkirchen por 6-1. Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e Gareth Bale, os jogadores mais concretizadores dos "merengues" marcaram por duas vezes cada, mas ironicamente o melhor golo foi o dos alemães, obtido já nos descontos por Huntelaar. Só uma verdadeira hecatombe impederia agora os madrilistas de chegar aos quartos-de-final.

Em Istambul o Chelsea obteve um empate a um golo frente ao Galatasaray, um resultado que deixa os londrinos em vantagem para o jogo da segunda mão em casa. Fernando Torres marcou para os visitantes logo aos 9 minutos, enquanto Chedjou igualava para os turcos aos 65.

Os sons dos 80: Madness


A loucura original...

Os anos 70 trouxeram à Grã-Bretanha uma série de novidades vindas do império britânico, que se ia desagregando aos poucos, até à falência total no anos 80. O melhor que ia chegando vinha das Caraíbas, dos ritmos africanizados do "reggae", do "rocksteady" e do "ska", os sons urbanos das grandes metrópoles em alternativa ao "punk-rock", mais optimistas e mais dançáveis. Para os grupos e artistas jamaicanos, quer os nativos, quer os expatriados, entreter o público inglês era mais fácil que pescar peixe num barril. Influenciados pelo som dos trópicos (e atraídos pela fama, e pelo dinheiro, porque não?) surgiam ainda na velha Albion grupos dedicados ao "reggae", como os UB40, de que já falei aqui, ou ainda os Madness, um grupo inglês, formado em Inglaterra por ingleses, todos eles nascidos e criados em terras de Sua Majestade, e ainda por cima todos brancos (sim, e isso tem importância) que tocava música...ska! Isso mesmo, e como ska se fazem, cá se pagam (desculpem, foi fraquinha eu sei), os Madness obtiveram um enorme êxito, pelo menos enquanto a moda durou e não faltaram ideias. Adaptar a sonoridade do "ska" aos temas do quotidiano britânico foi talvez o seu maior triunfo, mas os Madness conseguiram ainda, e apenas através da música, chegar aos ouvidos de todos, como vamos ver de seguida.


Os Madness formaram-se no ano de 1976 em Camden Town, Londres, com o nome de The North London Invaders. Do alinhamento inicial constavam Mike Barson nas teclas e nas vozes, Chris Foreman na guitarra, Lee Thompson no saxofone e nas vozes, John Hasler na bateria, Chas Smash no baixo, e Dikron Tulane como vocalista principal. Este último sairia no ano seguinte para prosseguir a carreira de actor (pelos vistos não teve muita sorte) e foi substituído por Graham McPherson, ou Suggs, que seria o "frontman" dos Madness como os conhecemos. Em 1979, já com o nome de Madness, gravaram o primeiro single, "The Prince", uma homenagem a um dos seus ídolos, o músico jamaicano de "rocksteady" Prince Buster. A interpretação deste tema no programa "Top of the Pops" chamou a atenção do grande público para os Madness, que foram convidados mais tarde nesse ano a gravar o seu LP de estreia.


E assim surge "One Step Beyond...", considerado um dos melhores albums de estreia de uma banda, e um dos discos mais influentes de todos os tempos. A sonoridade "ska" e de outros ritmos caribenhos era mais que evidente, e foram vários os singles que sairam do álbum: "Night Boat to Cairo", "My Girl", e o próprio "One Step Beyond...", a faixa de abertura, que é um tema praticamente instrumental. Isso não os impediu e chegar ao nº 7 no Reino Unido e nº 76 da Billboard - nada mau, para um grupo britânico de "ska". Curiosamente em França foi nº 1 (por ser instrumental, apesar de inglês?). "One Step Beyond..." incluía ainda "The Prince" e o lado B desse single, "Madness", além de uma rendição muito mexida de "Swan Lake" - O Lago dos Cisnes. Para estreia não foi nada mau, chegando a atingir o nº 2 da tabela de álbums do Reino Unido.


Ainda no ano de 1979 lançam o EP "Work Rest and Play", que incluiu uma versão "maxi" do single "Night Boat to Cairo", que chega a nº 6 do top. Em Novembro dá-se um incidente durante um concerto, pois o grupo que fazia a primeira parte dos Madness tinha um vocalista negro, que começou a ser insultado por um grupo de "skinheads", ou "cabeça-rapadas", com ligações à National Front (NF), um partido de extrema-direita. Suggs saíu em defesa do cantor, mas no final tudo acabou com um grupo deles a fazer uma saudação nazista. O baixista Smash disse mais tarde numa entrevista que "pouco importava que os fãs fossem da NF ou de outra dnominação qualquer, desde que se divertissem". Isto foi entendido pela imprensa como uma ligação da banda ao partido extremist, que os seus elementos depois negariam. Este incidente daria origem ao tema "Don't quote me on that". Em 1980 sai o segundo album "Absolutely", que apesar de não ter o impacto da estreia, repetiu o 2º lugar no top britânico. De "Absolutely" sairam os singles "Embarassment" e este "Baggy Trousers", que foi nº 3 no top de singles. Uma canção muita "nutty", ou "maluquinha", como os próprios diriam.


Em 1981 sai o álbum "7", que não vai além do nº 5 da tabela de vendas do Reino Unido, e dele saem mais três singles: "Grey Day" (nº 4), "Shut Up" (nº 7) e "Cardiac Arrest" (nº 14). No ano seguinte sai a primeira colectânea dos Madness, "Complete Madness", que lhe vale finalmente o primeiro lugar da tabela de albums do Reino Unido, e não só: o seu novo single "House of Fun", incluído nessa colectânea, chega ao primeiro lugar do top de singles - o primeiro e único single dos Madness a conseguir esse feito. Um tema que ilustra bem a natureza do grupo; um ritmo "ska" com uma toada pop, muitos instrumentos de sopro e teclados, e um video bem divertido para apoiar a "loucura" colectiva.


Ainda em 1982, mais um disco de originais, "The Rise & Fall", onde encontramos este "Our House", que para mim é a melhor canção da banda - foi nº 5 no Reino Unido e nº 7 do Billboard. O album, que foi nº 10 no Reino Unido, inclui ainda o single "Tomorrow's (Just Another Day)". A popularidade dos Madness ia decrescendo, e os elementos do grupo iam pensando em projectos diferentes, e em 1984 sai o penúltimo album de originais antes do regresso definitivo da banda em 1999 - "Keep Moving". Foram lançadas duas versões diferentes para a Inglaterra e para os Estados Unidos, e so no primeiro caso chegaram ao nº 6 do top, na Billboard não conseguiram sequer entrar no top-100. O single "Wings of a Dove", de influência gospel, foi nº 2 no Reino Unido, "The Sun and the Rain" foi nº 5, "Michael Caine" nº 11 e "One Better Day" nº 17. Em 1985 "Mad not Mad" é o primeiro disco depois da saída de Mike Barson. Deste disco, que numa entrevista em 1993 Suggs descreveu como "uma bosta polida", sairam os singles "Uncle Sam", "Yesterday's Men" e "Sweetest Girl"


E a loucura "vintage"

Os Madness anunciaram o seu fim em 1986, depois de mais uma compilação, "Utter Madness". O grupo continuaria a explorar a mina das compilações até ao ano de 1993, quando faz o primeiro de muitos regressos, até ao regress definitivo em 1999, com o álbum "Wonderful". Mais envelhecidos e com um novo alinhamento, entraram no século XXI decididos a deixar a sua marca, e o disco de 2009, "The Liberty of Norton Folgate", foi nº 5 no Reino Unido, e assinalou o retorno da banda à grande forma. O registo mais recente é "Oui, Oui, Si, Si, Ja, Ja, Da, Da", de 2012. Da formação original só Hasler não faz parte dos Madness originais. E a loucura continua...

Paco de Lucia (1947-2014)

O amor (é prá veia)


Aqui há uns anos, nos primórdios do Bairro do Oriente, tinha uma rubrica intitulado "Conversas com o meu filho", onde partilhava alguns curtos diálogos mantinha com o meu filho, com o humor próprio da sua inocência, tão típica dos seus sete ou oito anos de então. O tempo foi passando e a criança tornou-se num adolescente de 13 anos, e como o tempo é implacável, em breve tornar-se-á num jovem adulto. Ter 13 anos é complicado, e quem se lembra sabe do que falo. Aliás qualquer idade é complicada de uma maneira ou outra, mas se até no final da adolescência ninguém nos leva a sério (a não ser que sejamos como o Justin Bieber), muito pior se torna quando o nosso corpo entra naquela fase em que se dão transformações incómodas e por vezes dolorosas. Se a vertente física é já por si um corropio, ao nível da mentalidade dão-se também alterações significativas, que alguns adultos teimam em designar por "idade da estupidez". Do ponto de vista de uma adulto, não me resta senão concordar que se trata de uma idade sensível, onde os jovens começam a tomar consciência de certos factos que lhes eram alheios ou pelos quais sentiam indiferença poucos anos antes, mas tendo eu próprio passado por isso, recuso-me a fazer essa auto-análise partindo do princípio de que era "estúpido". Falo por mim, é claro, cada um sabe as linhas com que se cose.

Quando temos 11 ou 12 anos - vá lá, depois dos 10, mais cedo para uns do que para outros - ainda no Ciclo Preparatório, começamos a reparar no sexo oposto. Peço desculpa se este artigo não é politicamente correcto q.b. e não abrange o universo LGBT. Tenho a maior das simpatias pelas sexualidades alternativas, mas prefiro falar do meu caso particular, e o do meu filho, já agora. Portanto é nesta idade que achamos engraçado trocar uns beijinhos e uns "amassos" com as meninas da nossa idade, e elas, matreironas e selectivas, com a vantagem do amadurecimento precoce (depois são apanhadas e eventualmente ultrapassadas, coitadas) olham para os rapazes mas fazem-nos suar, suspirar, entrar em parafuso - são as primeiras dores de cabeça das relações sentimentais, uma amostra daquilo que está para vir em doses mil vezes superiores no futuro. Encanta-nos olhar para as meninas nas aulas de Educação Física, com os seus maiôs de licra, meias felpudas até ao joelho, fato que começa a evidenciar uma clivagem nos seios, e tudo isto nos dá uma sensação "esquisita". Mais uma vez excluo deste disserção a sexualidade, que nestas tenras idades se praticam em alguns países mais "quentes". Com 11 ou 12 anos a minha geração não sabia o que fazer com o sexo a não ser executar a função urinária.

Apaixonei-me pela primeira vez quando tinha 12 anos. Pelo menos essa foi a primeira vez "a doer". E que parvinho era eu, meu Deus. Aparentemente era correspondido, mas a minha imaturidade levava-me a rejeitar os meus impulsos, e tomava as investidas da jovem pela qual suspirava como um "desaforo". Para mim a tipa queria fazer porcarias comigo, era uma badalhoca. Mal sabia eu que estava naquele momento a rejeitar o que pouco depois passou a ser o meu prato favorito. Mas pronto, o que foi não volta a ser, e não se deve chorar sobre o leite derramado. E é de "leite derramado" - se entendem onde quero chegar - que se fazem os 13 anos, essa idade onde a adolescência bate como uma locomotiva num rebanho de ovelhas que teimosamente se deixou ficar pela linha do caminho-de-ferro. Com 13 anos, e isto nas palavras de uma vizinha minha, "não se pensa noutra coisa", e é com a cara cheia de borbulhas, uma penugem ridícula no lábio superior que teimosamente chamamos de "bigode", e uma cabecinha cheia de pouca-vergonha, que caso fosse projectada em imagem, seria interdita a quem a projectava.

Nessa travessia do deserto que nos leva à idade adulta, os 13 anos, depois os 14, até aos 18 e às vezes depois disso (sem falar dos que nunca aprendem), os jovens precisam de aconselhamento para lidar com alguns "apertos" causados pela erupção das hormonas. A Educação Sexual, onde existe, desempenha um papel importante, mas é no seio da família que se devem esclarecer as dúvidas mais "picantes", ou partilhar os problemas mais "pessoais". O trabalho de educar os rapazes fica a cargo do pai, e das meninas é um dever da mãe - isto para que fique cada macaco no seu galho, portanto. Tive pena de não poder contar com a ajuda do meu pai em alguns dos "apertos" pelos quais passei. Quer dizer, ele ouvia-me, era capaz de me dar umas luzes, mas perdia-se muito em exemplos sobre ele próprio, que naturalmente não me diziam respeito. Outros problemas eram complicados de falar com os pais, pois eles "nunca iriam entender". Para um jovem de 13, 14 ou 15 anos, os pais nunca tiveram aquela idade - já nasceram adultos. Caso alguma paixoneta mal resolvida me apoquentasse e quisesse partilhar a angústia com o meu pai, temia que ele me respondesse "tem juízo, rapaz!" ou "que parvoíce". Só ia piorar as coisas, enfim.

Com o meu filho procuro não repetir o mesmo erro. Claro que os tempos mudaram, mas o virus da paixonite circula por aí mais forte que nunca, e em maior quantidade, com uma possibilidade de contágio alarmante. Na era do digital, das redes sociais e da quebra de muitos dos tabus de antigamente, os miúdos vão ficando cada vez mais espertos, e como contra-reação as miúdas cada vez mais matreiras. Quem se atrasa morre, como as tartarugas menos expeditas quando saem da casca e correm precipitadas para o mar. Os rapazes ficam à mercê de qualquer rabo-de-saia, e as meninas dão um novo sentido à expressão "sexo fraco", com ênfase no "sexo", e não tanto "fraco" quannto "fácil". Digo-lhe sempre que nunca me esconda um problema desta natureza, seja ele qual for. Por muito pateta que pareça, mas que lhe esteja a baralhar os circuitos, que me conte, que desabafe, nem que seja por telefone. Mesmo assim vai haver muita coisa que não me conta - quase tudo, ouso arriscar. É que para ele e para os outros da sua idade, os pais não entendem, não percebem, não atingem o que é "morrer de amores". Hmmm..."morrer"? Isto parece sério.

"Morrer de amores" é diferente de morrer, não envolve morte física, a não ser que se dê uma tragédia e a vítima seja um jovem profundamente transtornado, e apesar de parecer que implica morte espiritual, tudo não passa de uma fase. Quando se apaixona, ou melhor dizendo, quando sente uma atração persistente pelo sexo oposto, um jovem nesta idade não consegue racionalizar o que lhe está a acontecer a nível emocional. É nesta fase da vida que se começa a acreditar nesse conceito abstracto e imaterializável que é o amor. O acne ainda se pode identificar através das erupções na pele, e as transformações físicas expressam-se no aparecimento de pêlos na pubis e nas axilas, além da mudança de voz. Agora o amor é um caso bicudo. Não se entende nem é suposto entender - é esta a idade ideal para ensinar Platão e Petrarca aos jovens. O amor é como a heroína: tê-lo e disfrutá-lo é a maior das êxtases, perdê-lo ou não ter acesso a ele provoca sintomas como inquietude, suores frios, desorientação, sensação de dor física, é em tudo semelhante à desabituação da maioria das drogas duras - porque o amor é isso mesmo: uma droga.

O pior é que o tal amor não se entende nem na adolescência nem em qualquer outra idade. O amor é uma merda, pá. Não acreditam no amor? Fiem-se que ela é virgem e não corram. E é pior quando se deixa de se acreditar nele, mesmo. Quando se injecta na veia e pensamos que já não nos vai dar "moca" nenhuma. É aí que ele "bate" como mil terramotos. Os que pensam ser superiors aos caprichos do amor e que disso se orgulham, tomando os outros como descartáveis, convencidos do seu pragmatismo, têm a sorte de viver num bairro onde não entram os "traficantes" do amor. Se por acaso se cruzam com um e têm curiosidade em exprimentar, ficam "agarrados" ainda antes de acabar de "chutar" pela primeira vez, e daí à "overdose" é um sopro. São os que menos se espera que "caiam" que acabam por cair. Viram aquele filme, "Trainspotting"? É o mais certinho daqueles rapazes escoceses quem acaba no fim por se desgraçar.

Quando temos miúdos adolescentes em casa, é preciso ter dois cuidados especiais: primeiro lavar a roupa da cama e os pijamas deles em separado, e depois orientá-los (ou pelo menos tentar) nessa viagem pelo mundo da droga do amor. Temos que ensiná-los a usá-lo como uma droga recreativa, e nada como começar por explicar que a miúda pela qual eles sentem "ponta" quando têm 14 anos não é "a mulher da sua vida", e que é bastante improvável que casem com a namorada que têm aos 15 ou 16 anos. O mais engraçado é vê-los encarar a relação como uma coisa muito séria, a falarem de "confiança", de "respeito", de "carinho e compreensão". Ah, ah, ah. Se soubessem o que isso significa realmente, remetiam-se a um convento "super-mix" qualquer e faziam votos de castidade, silêncio, pobreza e jejum, todos de uma vez só. O mais importante são as credenciais - e agora isto para os pais que me ouvem (as mães tentem não ficar muito escandalizadas) - pois temos que mostrar aos filhos que entendemos do assunto como o caraças, e que já fomos para a cama com 500 ou mais gajas. É com as pipocas a saltar do braseiro das hormonas, essa é a única maneira de convencer um adolescente a dar-nos ouvidos. E ganhar o seu respeito, já agora.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Dortmund passeia, ManU afunda-se


Disputaram-se mais duas partidas da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, que esta noite fica completa com as partidas Galatasaray-Chelsea e Schalke 04-Real Madrid. Ontem na Rússia o Borussia Dortmund confirmou a tendência para as vitórias das equipas que jogam na condição de visitante, os vencedores dos grupos, ao derrotar o Zenit de S. Petersburgo por esclarecedores 4-2. Os alemães entraram "a matar", e marcaram aos 4 e aos 5 minutos por Henrik Mkhitaryan e Marco Reus, deixando os russos "de calças na mão". Contudo os homens do gelo reagiram, reduzindo por Oleg Shatov aos 57 minutos, mas quatro minutos depois os visitantes restabeleceram a vantagem por intermédio de Lewandowski. O Zenit fazia pela vida, e aos 69 o nosso conhecido Hulk voltava a dar esperanças aos adeptos da equipa da casa, mais dois minutos depois Lewandowski voltava a fazer das suas, estabelecendo o resultado final. O Dortmund, finalista derrotado na final da edição 2012/2013, tem ficado na sombra do gigante Bayern na Bundesliga, mas parece apostar em chegar longe novamente na Champions.


Em Atenas deu-se a primeira vitória das equipas da casa, com o Olympiakos a capitalizar da crise do Manchester United, batendo os ingleses por duas bolas a zero. Alejandro Dominguez aos 38 minutos e Joel Campbell aos 55 marcaram os golos que acentuam a crise da equipa de David Moyes, que vê assim em risco a única competição onde ainda acalenta algumas esperanças para salvar a época, que tem sido desastrosa. Será necessário um verdadeiro "abanão" na partida de retorno em Old Trafford, caso o ManU não queira ficar a ver a Champions do próximo ano pela televisão, sentada no sofá.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Morreu Mário Coluna


Quase dois meses depois de chorar a perda sua maior glória, Eusébio, a nação benfiquista vê agora desaparecer mais uma das suas lendas, o antigo médio Mário Coluna. O homem que envergou a braçadeira de capitão do Benfica e da selecção durante vários anos, não resistiu a uma infecção pulmonar grave e faleceu hoje aos 78 anos, em Maputo. O mesmo pulmão que agora o traíu foi o mesmo que em 1966 carregou o meio-campo dos "magriços" naquela campanha de tão boa memória para Portugal, em terras de Inglaterra. Paz à sua alma, e que descanse em paz.

Ah! Ah! Morreu...LOL


Reparem que casal feliz, este, depois de terem assaltado e espancado brutalmente um idoso de 86 anos na sua própria casa. DeAngelo Terrell Smith, de 21 anos e Yasmine Munnerlyn, de 19, apareceram assim, todos bem dispostos, após a sua detenção a 27 de Janeiro, acusados de entrar na casa de Carroll Jordan, um veterano de guerra, e lhe terem roubado uma TV de ecrã LCD, o seu anel de casamento e outros objectos de valor. As agressões que infligiram ao idoso deixaram-no em estado crítico, vindo a falecer dias depois no hospital. Um terceiro suspeito, Carlos Nottingham (à direita), não parece assim tão feliz - ou tomou uma droga diferente, ou nenhuma, pois não conseguiu achar graça a isto:


Foi este o estado em que ficou a vítima, que ficou aos cuidados do hospital de Chickensaw, no Alabama, onde ocorreu o crime. No entanto o trio da vida airada vai livrar-se da pena capital e ficar pela acusação de tentativa de homicídio, assalto e agressão em segundo grau, pois de acordo com os médicos, a causa da morte de Jordan foi "um aneurisma, ao qual vinha sendo tratado desde o ano passado". Ora está, sem dúvida que foi esse o motivo do óbito. O que os três rapazes, o casalinho alegre e o hispânico deprimido lhe fizeram é daquelas coisas terapêuticas, que fazem um bem danado à saúde.

Dormir no ponto morto


Um necrófilo cambodjano foi detido após ser encontrado a dormir em cima do cadáver de que devia supostamente ter abusado. Parece confuso mas conta-se em poucas palavras: Chin Chean, de 47 anos, foi às 22 horas de sexta-feira ao cemitério de Kompong Trabek Prey Veng com o intuito de desenterrar o corpo de uma adolescente de 17 anos cujo funeral se havia realizado no dia antes - além de necrófilo, é também pedófilo. Não se sabe bem o que aconteceu, mas Chean não levou adiante os seus macabros intentos e adormeceu em cima do caixão aberto, sendo encontrado na manhã seguinte pelos funcionários do cemitério. Os moradores da zona foram alertar as autoridades e avisar a família da falecida. A polícia não consegue estabelecer se Chean conhecia a jovem falecida em vida, mas sabe que esteve presente nas cerimónias fúnebres da quinta-feira. Isto é não só doentio como é ainda um caso gritante de incompetência. Quer dizer, o que leva alguém a "apaixonar-se" pelo cadáver, ir desenterrá-lo no dia seguinte e depois de não conseguir levar o hediondo acto em frente deixa-se adormecer no local do crime? Se por acaso lhe deu o arrependimento - o que só lhe ficava bem - fugia, pelo menos. Agora...adormecer? Terá ficado cansado de escavar e resolveu tirar uma pequena sesta antes de proceder ao acto barbárico, e "pegou no sono"? Nos tempos que correm, até as parafilias andam em crise.

Benfica mais favorito


O Benfica venceu ontem na Luz o V. Guimarães por uma bola a zero, e reforçou a liderança na Liga ZON Sagres, aproveitando bem a derrota do FC Porto no Domingo frente ao Estoril. O único golo do encontro chegou aos 40 minutos por Markovic, numa partida sem muita história. A meio de uma elimanatória europeia, o conjunto encarnado geriu o esforço e fez pelo menos o mínimo necessário para levar os três pontos, que lhe garantem agora uma vantagem de cinco pontos sobre o Sporting e sete sobre o Porto. Com dez jogos por realizar e trinta pontos em discussão, os encarnados dependem apenas de si mesmos para conquistar o título, pois já jogaram duas vezes com os leões, e visitam o Dragão na última ronda. É um facto que festejar antes da hora já causou amargos de boca aos adeptos benfiquistas, mas basta fazer uma gestão ligeiramente melhor que a do ano passado para soltar os fogos na Luz.

Morreu Harold Ramis


Morreu o actor, realizador e produtor Harold Ramis, mais conhecido por ser um dos "Ghostbusters" originais, ao lado de Bill Murray e Dan Aykroyd. Além do papel no clássico dos anos 80, escreveu e realizou filmes como "Stripes", "Caddyshack", "Groundhog Day" ou "Analyze This", todas comédias de sucesso, entre outros projectos. Segundo a sua mulher, Ramis faleceu de complicações derivadas da vasculite inflamatória de que padecia desde 2010. Tinha 69 anos.

Os sons dos 80: Jim Steinman


Jim Steinman, a maior estrela dos bastidores do rock'n'roll.

Sabem quem é Jim Steinman? Não? Se calhar até sabem, e daqui pouco vão ver que sempre souberam. Jim Steinman é um génio, muito ao seu próprio estilo, mas isto é discutível. Sobre ele tudo é discutível. Nasceu em Nova Iorque em 1947, estou no Armhest College em Massaschusets, e em 1969 escreveu o seu primeiro musical, "The Dream Engine". Na universidade já tinha desenhado o esboço ou contribuído para outros três - o jovem Steinman pensava música. Em 1971 fez a música para um "show" de marionetas chamado "Ubu", e em 1973 conheceu uma das suas primeiras divas, Yvonne Elliman, a Maria Madalena original do musical "Jesus Cristo Superstar", e escreveu uma canção para o seu novo álbum "Food for Love", intitulada "Happy Endings" - foi o primeiro registo discográfico de Steinman. No mesmo ano escreveu e compôs para outro musical, "More than you deserve", que contava a estranha história de um coronel do exército que era impotente, e a sua mulher ninfomaníaca enganava-o com o regimento inteiro...ao mesmo tempo (?). Um dos cantores deste louco espectáculo era um tal Marvin Lee Aday, já nesta altura conhecido pelo nome artístico de "Meat Loaf", com quem viria a trabalhar durante mais de quatro décadas, com momentos óptimos e momentos terríveis.


Steinman com a sua "diva", Meat Loaf

Em 1975 os dois começam a trabalhar juntos num épico que reunia algumas ideias que Steinman vinha guardando há alguns anos. Em inícios de 1977 tinham quatro faixas prontas, e durante uma "workshop" onde compunham para o musical "Neverland", Steinman escreveu três temas que Meat Loaf considerou "excepcionais", e preferiram usá-lo no LP. O resultado foi "Bat Out of Hell", uma peça em sete actos com a duração de 46 minutos de "rock" progressivo, onde o compositor e letrista vai buscar inspiração a musas tão diferentes como o compositor clássico alemão Richard Wagner, o "brit-pop" dos The Who, e o norte-americano Bruce Springsteen - Steinman invejava a liberdade criativa que era dada ao "boss". Depois de muitas tentativas em encontrar uma editora que o distribuísse, acaba por sair em 1977 pela Cleveland Internacional Records, e vende 34 milhões de cópias em todo o mundo, 14 milhões nos Estados Unidos, onde é 21x disco de platina, 24x platina na Austrália, 17x platina na Nova Zelândia, 7x platina no Reino Unido e duplo disco de diamante no Canada, e é ainda hoje o 10º disco mais vendido de todos os tempos. Um executivo da CBS que o tinha rejeitado afirmara que "Steinman não percebia nada de música". Pois não coração. Foram ele e o Meat Loaf que compraram os 34 milhões de discos entre eles e nos cinco países que referi em cima.


Um sucesso desta dimensão custa a digerir, e enquanto Meat Loaf e Steinman nadavam em piscinas cheias de notas, este último trabalhava noutros pequenos projectos, para não se acomodar demasiado. Em 1980 faz o "score" original para o filme "Circle of Friends", e apesar dos temas serem todos instrumentais, vai mais tarde buscar partes que usa em temas que se tornariam grandes êxitos comerciais. Assim em 1981 Steinman escreve oito novos temas para o sucessor de "Bat out of Hell", a que chamaria "Bad for Good". Meat Loaf volta a ser convidado para dar voz ao projecto, mas uma infecção nas cordas vocais não lhe permite. Jim Steinman recusa-se a adiar as gravações, resolve assumir ele próprio a parte vocal. A recepção a "Bad for Good" varia entre o misto e o negativo, com a maior parte da crítica a considerar que Jim Steinman não tem o poderio vocal para levar a cabo algo tão ambicioso. Steinman concorda, tanto que até à data este é o único disco em que participou como vocalista. Mesmo assim o álbum chega ao top-10 no Reino Unido, e mais tarde Meat Loaf gravaria a maior parte dos temas. Entre eles encontra-se este "Rock'n'Roll Dreams Come Trough", que alegadamente foi interpretado em "Bad for Good" pelo canadiano Rory Dodd, apesar dos créditos serem atribuídos a Steinman. Este Rory Dodd apareceria mais tarde noutro projecto mais bem sucedido do compositor.


Jim Steinman buscava inspiração na extravagância operática de Wagner, em filmes de terror, sagas escandinavas, ou filmes dos anos 60 dedicados à temática do "rock'n'roll". Amores impossíveis e amantes malditos, motos rápidas, mulheres fatais e a noite, tudo acontecia de noite. Para ele o filme ideal seria uma ópera-rock onde um vampiro igual a James Dean montado numa Harley e com um capacete viking que se apaixonava por um Lucrécia Borgia com baton preto, saia curta de ganga e meias pretas, que o traía com vários outros homens. Meat Loaf não tinha participado no seu delírio "Bad for Good", mas no mesmo ano de 1981 gravava "Dead Ringer", outro álbum com temas inteiramente da autoria de Steinman. O mais conhecido será sem dúvida este "Dead Ringer for Love", um dueto com Cher muito semelhante ao épico de dez minutos "Paradise by the Dashboard Light", outro dueto com Ellen Folley, que fez parte de "Bat Out of Hell". Outra faixa era nada mais nada menos que "More than you Deserve", a tal que conta a história do oficial traído pela mulher ninfomaníaca, que fez parte do musical onde Meatloaf e Steinman se conheceram. "Dead Ringer" não teve o mesmo impacto de "Bat out of Hell" mas foi nº 1 da tabela de álbums no Reino Unido.


Meat Loaf não é nada que valha pena olhar durante muito tempo, mas a sua voz é sem dúvida qualquer coisa de fantástico, e o veículo ideal para transmitir a visão de Jim Steinman. No entanto depois de "Dead Ringer" os dois decidem fazer uma pausa na sua sociedade, que tanto sucesso tinha obtido, mas não sem uma polémica de que falarei daqui a pouco. Assim Steinman procura outros artistas que dessem voz às suas extravagantes composições, e em 1983 conhece a cantor galesa Bonnie Tyler, e produz o seu álbum "Faster than the Speed of Night", que chega a nº 1 no Reino Unido e nº 4 da Billboard. Além de produzir, Steinman contribui com dois temas, um que deu o nome ao álbum, e este "Total Eclipse of the Heart", que dispensa apresentações. O épico de sete minutos é suportado por um vídeo que é hoje considerado um dos mais "foleiros" de todos os tempos, mas o single vendeu nove milhões de cópias, chega ao nº 1 em vários países, incluíndo Reino Unido e Estados Unidos, e numa pesquisa realizada o ano passado em Inglaterra foi eleita "a melhor canção para se cantar no chuveiro" (?). E lembram-se de Rory Dodd, o tal cantor canadiano a que se atribuíu a interpretação de "Rock'n'Roll Dreams Come Trough"? Pois é, é dele a voz que diz "turn around" neste "Total Eclipse of the Heart".


E isto não é tudo. Ainda em 1983 Steinman "oferece" aos australianos Air Supply o tema "Making Love (Out of Nothing at All)", que abre o lado B da colectânea da banda "Greatest Hits". É o tema mais conhecido dos Air Supply e foi gravado por inúmeras outras bandas e artistas, e apesar de não ter feito melhor que um modesto nº 80 no top do Reino Unido, foi nº 2 do Billboard norte-americano. E porque não foi nº 1? Porque aí estava "Total Eclipse of the Heart", o que deu a Steinman uma saborosa "dobradinha", algo de que poucos músicos de podem orgulhar. Agora a polémica: por esta altura Meat Loaf tinha um contrato com a editora Epic Records que o obrigava a gravar mais um disco com a sua etiqueta, e o cantor alegava que Steinman lhe tinha oferecido "Total Eclipse of the Heart" e "Making Love (Out of Nothing at All)", e a disputa chegou mesmo à barra dos tribunais, com a justiça a dar razão ao autor dos temas, em nome da protecção dos direitos de autor. Meat Loaf acabou por gravar "Midnight at the Lost and Found" para cumprir o contrato com a Epic, e a sua relação com Steinman ficou "gelada" até à década seguinte.


Steinman somava e seguia, e 1983 seria sem dúvida o seu ano mais produtivo (e lucrativo). Outra das suas colaborações seria com o cantor Barry Manilow, que gravava para a sua colectânea "Greatest Hits, vol. II" o tema "Read'em and Weep", que tinha feito parte do alinhamento de "Dead Ringer", gravado com Meat Loaf dois anos antes. A versão de Manilow, que continha uma letra ligeiramenete diferente, chegou ao nº 18 do Billboard, e seria a única colaboração do cantor de "Copacabana" com Steinman.


Outra artista de renome que viria a trabalhar com Steinman seria Barbra Streisand, que gravou o tema "Left in the Dark", que fez parte de "Bad for Good" para o seu álbum de 1984 "Emotions". O single passa praticamente despercebido nos "charts", e Meat Loaf gravaria o tema para o seu disco de 1995 "Welcome to the Neighbourhood", e que é reconhecidamente a melhor versão das três. Também por esta altura o cantor Ian Hunter lança o seu álbum "All the Good Ones are Taken", que é supostamente da autoria de Steinman, se bem que o seu nome aparece apenas nos créditos como "colaborador". Também em 1984 sai o filme musical "Footloose", onde Steinman contribui com "Holding out for a Heroe", interpretado por Bonnie Tyler, que não vai além do nº 34 da Billboard mas chega a nº 2 no Reino Unido, e a nº 1 na Irlanda. Steinman é contratado para trabalhar com a banda de "hard-rock" britânica no seu álbum "Hysteria", mas é despedido antes que possa fazer o que seja.


Ainda em 1984 Steinman compõe dois temas para o filme "Streets of Fire", do realizador Walter Hill, e que conta com as participações de Diane Lane, Willem Defoe e Rick Moranis. O filme passava-se de noite, tinha gangues de "rockabillies" dos anos 60 montados em motas, o ambiente perfeito para que Steinman se inspirasse para compôr. Estes temas são "Tonight Is What It Means to Be Young" e este "Nowhere Fast", e os créditos no departamento da interpretação vão para a banda Fire Incorporated, criada apenas para este efeito, e que conta com Laurie Sargent na voz. "Nowhere Fast" seria gravado logo de seguida por Meat Loaf e incluído no seu álbum "Bad Attitude", de 1985, onde estava também a faixa "Surf's Up", que Steinman compôs para "Bad for Good". A natureza eclética de Steinman leva-o a trabalhar em 1985 com Hulk Hogan, a estrela da luta livre norte-americana, vulgo "wrestling", que juntamente com os seus colegas da WWF grava "The Wrestling Album", que conta com as participações de Cyndi Lauper, Rick Derringer e Meat Loaf. A contribuição de Jim Steinman, que aqui ficaria com o título de "Hulk Hogan's theme", interpretada pelo próprio, viria a receber um novo tratamento para o album "Secret Dreams and Forbidden Fire", de Bonnie Tyler, com o título "The Ravishing"


E seria com Bonnie Tyler que Steinman obteria em 1986 mais um registo notável. O sexto álbum da cantora, "Secret Dreams and Forbidden Fire" é segundo com a co-produção de Steinman, que contribuí com quatro temas da sua autoria. Além dos já referidos "The Ravishing", que é a faixa de abertura, e "Holding out for a Hero", que é a última, há ainda "Rebel without a Clue" e este "Loving You's a Dirty Job but Somebody's Gotta Do It", um dueto com Todd Rundgren, onde se nota bem que há o dedo de Steinman. Inconfundível, e ao mesmo tempo espantoso. O videoclip tem uma curiosidade interessante: o cavalheiro que aparece a fazer o dueto com Tyler é o actor Hywel Bennett, que tal como ela é natural do País do Gales, mas que não canta de todo, limitando-se a fazer a mímica da voz de Rundgren. Isto deve-se ao facto de Rundgren, apesar da excelente voz, ser tão feio que metia dó, e não preenchia os requisitos estéticos do vídeo. O single não teve grande impacto em termos de vendas, e foi em Portugal que mais longe chegou nos tops, ficando pelo nº 3. Aqui está um caso em que tivemos bom gosto. Para trabalhar no novo projecto de Bonnie Tyler, Steinman declinou o convite de Andrew Lloyd Webber para compôr temas para o seu novo musical, "The Phantom of the Opera". Leram bem: Jim Steinman recusou escrever "The Phantom of the Opera" para produzir quatro faixas para um álbum de Bonnie Tyler. Uma pena, dirão alguns, em boa hora, dirão outros - depende dos gostos de cada um.


Em 1989 Steinman aparece com um novo projecto, novas canções e novas vozes. "Original Sin" é um disco com 14 faixas: 9 canções, 3 temas instrumentais e 2 monólogos. As canções são escritas por Steinman para um conjunto de vozes femininas que ficou baptizado de Pandora's Box, compostas por Ellen Foley, Gina Taylor, Holly Sherwood e Elaine Caswell. Esta última fica encarregada da interpretação do tema "It's All Coming Back To Me", que seria celebrizado por Celine Dion no album de 1997, "Falling Into You". Steinman, na altura de costas voltadas com Meat Loaf, chega ao ponto de interpor uma ordem judicial para impedir o cantor de graver "It's All Coming Back To Me", nas isso viria a acontecer em 2006, e ainda antes disso...


Recuperado de problemas com álcool e drogas, Meat Loaf recupera a forma e volta a trabalhar com Jim Steinman já na década de 90, e os dois vão para estúdio gravar a tantas vezes adiada sequela de "Bat Out Hell", que fica com o título "Bat Out Of Hell II: Back into Hell". O alinhamento é composto por temas de "Bad for Good", "Original Sin", e três "originais", que na realidade são apenas passagens da opera-rock "Tanz der vampire", que Steinman viria finalmente a produzir como musical em 1997. Um destes temas, "I Would Do Anything for Love (But I Won't do That)" foi um estrondoso sucesso, chegando ao primeiro lugar em 28 países e valendo a Meat Loaf o "grammy" para melhor intérprete masculino. O reportório de Meat Loaf confunde-se com o trabalho de Steinman; o primeiro dá a voz aos sonhos do outro, e o segundo é a força que alimenta o primeiro. Uma parceria bem sucedida ao longo destes últimos 40 anos, e que em 2006 daria origem ao terceiro "Bat Out of Hell", chamado "The Monster is Loose". O compositor tem trabalhado menos nos últimos anos devido a problemas de saúde, coisas da idade, mas em 2012 foi anunciado que estaria a trabalhar com Terry Jones (Monthy Python) numa versão "heavy-metal" do bailado "O Quebra-Nozes" (?), e o ano passado soube-se que vai contribuir com três temas inéditos para o novo álbum de Meat Loaf "Brave and Crazy", a sair em Setembro deste ano.


Volta à Europa


Osasuna 3 Atlético de Madrid 0 发布人 acosart
Fim-de-semana muito proveitoso para o Real Madrid, que se isolou na liderança da Liga espanhola, após as derrotas dos rivais Barcelona e Atletico. Depois do Barça ter perdido em San Sebastian no Sábado, foi a vez do Atletico sair goleado de Pamplona frente ao Osasuna por 3-0. O resultado foi feito logo na primeira parte, com golos de Cejudo, Armenteros e Roberto Torres. O Real Madrid chegou a distar cinco pontos da concorrência, mas agora encontra-se com mais três pontos do duo que reparte o 2º lugar.


Em França o Paris SG manteve os cinco pontos de vantagem sobre o Monaco ao ir vencer em Toulouse por 4-2, com um "hat-trick" do inevitável Zlatan Ibrahimovic. Os parisienses continuam com a veia goleadora, e o internacional sueco leva já 22 golos marcados na Ligue 1.


Na Alemanha o Bayern continua imparável, goleando o Hannover fora por expressivos 4-0. Os bávaros somam 20 vitórias e 2 empates nas 22 partidas realizadas, e ampliaram a vantagem para 19 pontos sobre o Bayer Leverkusen e 20 para o Borussia Dortmund, que sairam ambos derrotados nesta ronda.


Um golo de Carlos Tevez à passagem da meia-hora foi quanto bastou para a Juventus derrotar o rival de Turim, o Torino, num dos "derbies" com mais tradição do futebol italiano. Os "bianconeri" lideram com mais nove pontos que o Roma, se bem que a equipa da capital tem menos um jogo disputado.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Quatro ases na Premier League


Mais um fim-de-semana de Premier League em Inglaterra, com a realização da 27ª jornada. Os quatro da frente sairam vencedores, com mais ou menos dificuldade, e o Chelsea continua a preservar a liderança, com mais um ponto que o Arsenal e mais três que o Manchester City, que tem menos uma partida realizada. A equipa de José Mourinho viu-se e desejou-se para vencer o Everton, que realizou um início de época brilhante, mas que agora se encontra num sétimo lugar que mais se coaduna com as suas pretensões. Frank Lampard fez o único golo da partida em cima da hora, quando já se jogava o terceiro minuto de descontos, e fez Mourinho respirar de alívio.


No Emirates o Arsenal goleou o Sunderland por 4-1, e fez as pazes com o seu público, depois de uma série de resultados menos positivos. Olivier Giroud esteve de pontaria afinada no primeiro tempo, apontado os dois primeiros dos "gunners" aos 5 e aos 31 minutos, e ainda antes do intervalo o checo Thomas Rosicky fez o 3-0, para Koscielny dar mais expressão à goleada aos 57. O ponto de honra dos visitantes foi apontado por Emanuele Giacherini aos 81.


No City Ground o Manchester City também sofreu para levar de vencido o Stoke, com um único golo de Yaya Touré aos 70 minutos. A equipa de Manuel Pellegrini foi ultrapassada pelo Liverpool no número de golos marcados. Noutras partidas de Sábado o West Ham confirmou o bom momento ao vencer em casa o Southampton por 3-1, e o Hull City foi a Cardiff vencer por 4-0, afundando ainda mais os galeses na classificação. O lanterna-vermelha, o Fulham, foi empatar ao reduto do West Bromwich a um golo.

Já no Domingo o Liverpool e o Swansea protagonizaram em Anfield Road um belo espectáculo com muitos golos, e com a equipa da casa a levar a melhor por 4-3. Daniel Sturridge confirmou o seu bom momento de forma ao apontar mais dois golos, somando agora 18, menos 4 que o seu companheiro de equipa, o uruguaio Luis Suarez. O Manchester United subiu ao 6º lugar ao vencer fora o Crystal Palace por 2-0, enquanto o Newcastle regressou às vitórias ao vencer o Aston Villa por 1-0. Na conclusão da ronda o Tottenham perdeu no terreno do aflito Norwich também por uma bola a zero.

Classificação (dez primeiros):

1 Chelsea 27 60
2 Arsenal 27 59
3 Manchester City 26 57
4 Liverpool 27 56
5 Tottenham Hotspur 27 50
6 Manchester United 27 45
7 Everton 26 45
8 Newcastle United 27 40
9 Southampton 27 39
10 West Ham United 27 31

Porto em crise


O FC Porto perdeu ontem em casa por 0-1 com o Estoril para a 20ª jornada da Liga ZON Sagres, e terá comprometido seriamente as ambições em renovar o título de campeão nacional. Mais uma exibição descolorida dos azuis-e-brancos, perante um adversário que justificou o 4º lugar que ocupa, e que agora após esta vitória encurotou para seis os pontos que os separam do pódio, onde o 3º lugar é precisamente ocupado pelo seu adversário de ontem. O único golo foi marcado por Evandro na transformação de uma grande penalidade a castigar uma falta de Mangala. O defesa francês tem sido um dos responsáveis por erros individuais que têm custado pontos à sua equipa. Foi a primeira derrota no Dragão para a liga em cinco anos, 82 jogos depois, e a contestação ao treinador Paulo Fonseca sobe de tom. A época não começou mal para o ex-treinador do P. Ferreira, que nos primeiros dez jogos conseguiu um excelente registo de 8 vitórias e 2 empates, mas que nas dez seguintes ganhou apenas cinco jogos, empatou um, e perdeu 4. O presidente Pinto da Costa reiterou a confiança em Paulo Fonseca, ma s o desconforto na Invicta é evidente. Os dragões estão a dois pontos do Sporting, e podem ficar hoje a sete do Benfica, caso os encarnados vençam na Luz o V. Guimarães.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Liga de Elite - 3ª jornada


Mais um fim-de-semana, mais uma jornada da Liga de Elite de Macau, desta feita a 3ª. A ronda foi inaugurada pela partida Ka I-Lai Chi; os primeiros foram tri-campeões do território entre 2010 e 2012, terceiros na época passada atrás de Monte Carlo e Benfica, e depois de folgarem na jornada inaugural empataram sem golos na segunda ronda precisamente frente às águias. O Lai Chi, promovido esta época da II Divisão, goleou a frágil formação do Kei Luen na 1ª jornada por 4-0, e folgou no fim-de-semana passado, pelo que partia em vantagem pontual para este jogo contra uma equipa teoricamente superior. E até começou bem, o Lai Chi, adiantando-se no marcador logo aos 3 minutos por intermédio de Kong Hou Chi, mas o golo fez despertar o Ka I, que empataria cinco minutos depois por Gustavo Oliveira. A equipa patrocinada pelo empreendimento urbanístico Windsor Arch puxou dos galões e marcaria por mais duas vezes antes do descanso, golos da autoria do contingente chinês: Ho Man Hou daria vantagem ao Ka I aos 30 minutos, e em cima do intervalo Lee Keng Pan fazia o 3-1. Na segunda parte foram os africanos a fazer o gosto ao pé, primeiro o nigeriano Christopher Nwarou, e já nos descontos o cabo-verdiano Alison Brito fazia o 5-1 final. Um resultado que espelha a realidade das duas equipas, e diz tudo das suas ambições.

A seguir deu-se uma surpresa, com os Sub-23 a vencerem a Polícia por 1-0, obtendo a primeira vitória para o campeonato desde 2012. A formação da PSP, orientada por Ka Li Man, vinha dando boa conta de si, perdendo para o Benfica pela margem minima na ronda inaugural, e conseguindo um surpreendente empate frente ao campeão Monte Carlo no fim-de-semana passado. Os jovens patrocinados pela Associação de Futebol de Macau perderam todas as partidas realizadas na Liga de Elite de 2013, vindo a ser repescados devido às desistências de três equipas antes do arranque desta temporada. Posto isto, os policiais eram amplamente favoritos, mas deixaram-se surpreender pelos jovens da AFM, com um golo da autoria de Ho Ka Seng, estava decorrido o minuto 38 da partida.

Esta tarde jogo grande entre o Benfica e o Monte Carlo, vice-campeão e campeão de 2013. O Benfica teve um início de época positivo mas pouco convincente, batendo a PSP pela margem minima e empatando a zero com outro candidato ao título, o Ka I. O Monte Carlo, que veio para esta partida com apenas um ponto em dois jogos, estava obrigado a vencer, caso não quisesse perder o contacto com os lugares de topo da tabela. E foi isso que fez: os "canarinhos" venceram as águias por 2-1 num jogo muito rijo, disputado, com algumas quezílias e vários cartões. Rodrigo adiantou o Monte Carlo de "penalty" aos 31 minutos, mas Nicholas Torrão restabelecia a igualdade dois minutos depois, e Falcão (tantas aves...) dava o golpe final nas pretensões da equipa de Dani, dando os três pontos à equipa de Firmino Mendonça. Ambas as formações terminaram a partida reduzidas a dez elementos, com Nicholas Torrão e Paulo Cheang a serem expulsos por acumulação de amarelos, já nos últimos dez minutos do encontro.

Finalmente o Sporting-Kei Lun, que encerrou a jornada. Os leões tinham a oportunidade de se isolarem na liderança do campeonato, mercê do facto do Chao Pak Kei ter folgado nesta ronda, e perante aquela que é provavelmente a equipa mais fraca desta Liga de Elite, não desperdiçaram esse ensejo, vencendo por 3-0. Contudo o Kei Lun complicou a vida à equipa de João Maria Pegado, que só marcou na etapa complementar, mas com os três golos a chegar em sete minutos. Bruno Lobo duas vezes e Jardel foram os autores dos tentos leoninos. O Sporting subiu da II Divisão o ano passado, mas lidera só com vitórias e sem qualquer golo consentido.

Classificação:

Sporting-3 3 0 0 7-0 9
Chao Pak Kei-2 2 0 0 11-2 6
Monte Carlo-3 1 1 1 3-4 4
Ka I-2 1 1 0 5-1 4
Benfica-3 1 1 1 2-2 4
Lai Chi-2 1 0 1 5-5 3
Sub-23-3 1 0 2 1-6 3
Polícia-3 0 1 2 1-3 1
Kei Lun-3 0 0 3 2-14 0

Euro 2016: Portugal em grupo difícil


Decorreu esta noite em Nice, na França, o sorteio da fase de qualificação para o Euro 2016, que se vai disputar em terras gualesas e terá pela primeira vez a participação de 24 selecções. Portugal ficou incluído no Grupo I, juntamente com Dinamarca, Sérvia, Arménia e Albânia. Um grupo que se pode considerar bastante complicado - eu diria mesmo o mais complicado de todos os cabeças de série. A Dinamarca é um velho rival da selecção das quinas, que nos complicou muito as contas do último Euro, vencendo o grupo de Portugal, que foi obrigado a jogar um "play-off" com a Bósnia. Os sérvios têm falhado as fases finais dos torneios internacionais num passado recente, mas tem uma talentosa nova geração de novos jogadores, enquanto a Arménia e a Albânia são adversários inferiores, mas podem ser um osso duro de roer nos jogos fora. Qualificam-se directamente para o Euro os dois primeiros de cada um dos nove grupos e o melhor terceiro, enquanto os restantes oito terceiros classificados jogam entre eles um "play-off". A França está qualificada como equipa da casa. Eis os grupos completos:

Grupo A

Holanda
Cazaquistão
Islândia
Letónia
Turquia
República Checa


Grupo B

Bósnia e Herzegovina
Andorra
Chipre
País de Gales
Israel
Bélgica


Grupo C

Espanha
Luxemburgo
Macedónia
Bielorrússia
Eslováquia
Ucrânia


Grupo D

Alemanha
Gibraltar
Geórgia
Escócia
Polónia
República da Irlanda


Grupo E

Inglaterra
San Marino
Lituânia
Estónia
Eslovénia
Suíça


Grupo F

Grécia
Ilhas Faroé
Irlanda do Norte
Finlândia
Roménia
Hungria


Grupo G

Rússia
Liechtenstein
Moldávia
Montenegro
Áustria
Suécia


Grupo H

Itália
Azerbeijão
Malta
Bulgária
Noruega
Croácia


Grupo I

Portugal
Albânia
Arménia
Sérvia
Dinamarca

Peido Agrunhoso


Esteve por cá o músico português Pedro Abrunhosa, que foi na sexta-feira ao Instituto Politécnico falar não sei do quê. Sim, o Pedro Abrunhosa esteve em Macau, é verdade, pois apesar de eu ter estado doente não tive febre, e por isso tenho a certeza que não se tratou de nenhum delírio. O cantor portuense (que na realidade é natural da Moimenta da Beira, distrito de Viseu) voltou ao território quase 19 anos depois do concerto que deu no Fórum, numa altura em que gozava do estatuto de "Salvador da Pátria" da música portuguesa, muito por culpa do seu disco de estreia "Viagens", que incluía os temas "Não Posso Mais", "Socorro", "É Preciso ter Calma", trá-lá-lá pimba para gente sofisticada, mas pimba na mesma. Nada contra o pimba, mas quem andou a eleger Pedro Abrunhosa como o supra-sumo do bom gusto e "Viagens" o disco que marcou o ano-zero da modernidade, enganou-se, e isto hoje está mais que provado.

Quem se recorda do concerto no Fórum, deve-se recordar também de uma tirada de Abrunhosa que ficou tristemente famosa, tal foi o ridículo a que o músico se sujeitou. Estávamos portanto em 1995, e na semana que antecedeu o Sábado em que se realizou o concerto, as autoridades chinesas detiveram Wang Dan, um dos estudantes que liderou o movimento estudantil da Praça Tiananmen em Junho de 1989, que viria a ser esmagado pelo exército. A certo ponto do concerto, Abrunhosa vira-se para o público e grita alto e bom som: "Eles agora prenderam o Wang Dan...amanhã podem ser vocês!". Fiquei sem perceber se este "amanhã podem ser vocês" significava que também nós podiamos ser presos - apesar de, e falo por mim, não ter estado em Pequim naquele dia de triste memória - ou se também nós podiamos prender o Wang Dan. Na falta de uma ponte com portagens em Macau para andar a berrar "não pagamos", Abrunhosa percebeu que estava na China e apelou aos estudantes do Liceu que se encontravam nas filas da frente para tomar de assalto o Gabinete de Ligação com o Governo Central e exigir direitos, liberdades, garantias, blá blá blá paguem-me mas é o caché que eu quero "boltar para o Puerto e comer uma francesinha, carago".

Nunca considerei "Viagens" um disco excepcional, apesar de ter achado que se tratava de uma surpresa agradável, e que a partir daqui o seu autor poderia partir para algo de genial, mas enganei-me. Em 1996 saíu "Tempo", que é mais ou menos a mesma coisa, mas com uma produção mais ambiciosa, e onde o cantor assume ser a versão portuguesa de Prince, o que se torna um paradox foleiro, uma vez que se fosse para nos aparecer um Prince, teria mais impacto uma meia dúzia de anos antes, pelo menos. Depois disso nem sei bem o que anda a fazer o Abrunhosa, que de vez em quando se presta a figuras tristes, e profere afirmações que levam a questionar a sua tão apregoada "acutilância". Quem é que se convenceu um dia que aquilo que o Pedro Abrunhosa tem para dizer vai mexer uma espiga que seja num milheiral? A verdade é que depois de ser elevado ao pedestal de "agitador das massas", hoje é apenas mais um daqueles tipos que vai fazendo pela vidinha. Tivesse ele mantido o crescendo de popularidade que adquiriu em 1994, e hoje estava em Belém no lugar de Cavaco Silva - e ainda bem que não está, digo eu. Mal por mal...

Mas desta vez veio cá, e não foi para cantar. Foi para falar no IPM sobre não sei do quê, como já fiz referência no primeiro parágrafo. De certeza que estavam lá muitos dos nossos orfãos da mãe pátria a escutá-lo, com um sorrisinho de orelha a orelha, e pouco importa o que ele dizia, pois nas cabecinhas saloias ecoavam as badaladas que soavam a "está ali o Pedro Abrunhosa...está ali o Pedro Abrunhosa". Pronto, pronto, calma lá com a ressaca, que já só faltam cinco ou seis mesinhos para irem injectar na veia o vosso Portugalinho. É que este Pedro Abrunhosa, actualmente com 53 anos, é demasiado infantil para ser levado a sério pela malta da idade dele, e muito "cota" para ser o "opinion leader" da geração mais jovem - ou qualquer outra. Nem estilo tem para tal pretensão, com aquele aspecto de Tio Fester mais magrinho. E que parvoíce é essa de usar sempre aqueles óculos escuros ridículos? O "segredo" (?) dos olhos dele é um segredo de polichinelo. Quem os quiser ver basta abrir o livro do CD de "Viagens" (quem o tiver) e lá está ele sentado no estúdio, e...esperem lá, não têm o CD ou não estão para se chatear em ir procurar? Então tomem lá:

Pronto, aí está. Uiiii...que medo. Espero que não tenham ficado hipnotizados. É que essa treta dos óculos já não tem piada nenhuma, e quem dera por exemplo ao José Cid ou ao Stevie Wonder não serem obrigados a usá-los. Artistas com carreiras longas foram sempre reinventando a sua imagem, e entre eles muitos que até sabiam cantar, quanto mais o Abrunhosa. Quando abre a boca sem ser para cantar, mais valia cantar, e o pior é que ultimamente quando abre a boca para cantar, mais valia ficar calado. A julgar pelo que leio das polémicas com que volta e meia se envolve com jornalistas e outras personalidades que, bem ou mal, pensam com uma cabeça cheia de cabelo e dentro dela alguma massa cinzenta, dá-me a entender que o Abrunhosa anda há muito com os neurónios constipados do frio. Mas pronto rapaz, não te aborreças, nem me atires os teus Globos de Ouro à cachola, que desconfio que não vais ganhar mais nenhum e depois vais ter saudades desses. E posto isto, o que é que eu vou fazer? Talvez F... .

Os sons dos 80: a papel químico


Muito se tem dito do que ainda está por fazer em matéria de música, e se ainda resta algo de original, único, novo ou especial. Nos últimos anos são vários os exemplos de artistas que obtêm reconhecimento interpretando temas da autoria de outros, na maior parte das vezes dando-lhes um "corte" mais adequado à época que vivemos. Mas já nos anos 80, década profícua em novos grupos, cantores, géneros e tendências eram comuns as "covers", versões de canções dos outros, a que era dado um novo revestimento noutra sonoridade. Algumas conseguiram ser melhores que o original, outras nem por isso, muitas passaram despercebidas e há ainda aquelas que são simplesmente "diferentes". Já falei aqui de alguns destes "remakes", especialidade de grupos como os UB40 que fizeram versões bem sucedidas de "Red Red Wine", de Neil Diamond, e de "I Got U Babe", de Sonny & Cher, ou ainda dos Pet Shop Boys com o tema "Always on My Mind", de Elvis Presley, entre outros. Da lista que vos apresento ficam de fora muitos outros exemplos, alguns do quais falarei mais tarde quando vier a propósito, mas espero que a minha selecção vos agrade.


A caça ao copianço da canção alheia na década de 80 começou bem, com os Blondie a chegarem a nº 1 dos dois lados do Atlântico com "The Tide is High" - é caso para dizer que a maré-alta chegou às duas costas dos principais países anglo-saxónicos, ah, ah! (desculpem). Bem, este "The Tide is High" é um original dos The Paragons, um grupo jamaicano (isso explica o ritmo "ska"), que o compôs e gravou em 1967. Os Blondie e a sua inconfundível Debbie Harry incluíram este tema no seu álbum "Autoamerican".


Os Flying Pickets são um grupo de cantores "a cappella" que já teve vinte e cinco elementos desde a sua fundação em 1982, e apesar de serem poucos conhecidos, obtiveram um sucesso instantâneo no ano seguinte com "Only You", um original dos Yazoo, que o gravaram originalmente exactamente em 1982. O mérito de gravar uma canção que se ouve bastante bem sem recurso a qualquer instrumento deu aos Flying Pickets a honra de se tornarem o primeiro grupo "a cappella" a chegar ao primeiro lugar do top de singles do Reino Unido. Os rapazes tentaram repetir a gracinha com outros temas de outros artistas, mas sem sucesso. Enrique Iglesias gravou uma versão em espanhol do tema em 1997 com o título "Solo En Ti". Pessoalmente prefiro a versão original dos Yazoo, com os sintetizadores de Vince Clarke e a lindíssima voz de Alison Moyet - de quem vou falar nesta rubrica um dia destes - mas não tenho nada contra os Flying Pickets, apesar das suíças assustadoras do seu vocalista principal.


"Everytime You Go Away" é o maior êxito do cantor britânico Paul Young, e podíamos dizer que é o único, mas isso seria uma maldade, e além do mais uma inverdade. É um facto que é o tema que nos vem à cabeça quando falamos de Paul Young, mas antes de sair este single, em 1985, tinha obtido tripla-platina com o seu álbum de estreia "No Parlez", e teve um bom desempenho nos "charts" até início dos anos 90 com os seus registos posteriors, até se eclipsar pouco depois. E mal dele se "Everytime You Go Away" fosse a única coisa que fez - o tema foi escrito por Darryl Hall, que o gravou originalmente com John Oates em 1980 para o album "Voices". A versão de Paul Young chegou a nº 4 no top de singles do Reino Unido e ao 1º lugar da Billboard.


Ora aqui está uma que tem dado bom dinheiro a ganhar a muita gente. "Spirit in the Sky" é um original de Norman Greenbaum, um músico do chamado "rock psicodélico" gravado em 1969 em pleno "Summer of Love" Escrito durante uma "trip" de ácido (digo eu...é possível) durante a qual
Greenbaum falou com Jesus (outra vez, porque não? usem a imaginação), que lhe disse que esperava por ele quando chegasse "lá a cima" em espírito. A verdade é que Greenbaum ainda cá andam, apesar dos 71 anos a pairar sobre a Terra, e o tema com um sabor "gospel" garantiu-lhe o 1º lugar no Reino Unido e o nº 3 da Billboard. Os Bauhaus gravaram a primeira "cover" 14 anos depois, mas seriam os Doctor and the Medics a chamar a si a versão mais conhecida, em 1986, que voltaria a ser nº 1 em Terras de Sua Majestade. E não seria essa a última vez, e depois de mais algumas tentativas menos bem sucedidas, "Spirit in the Sky" valia a Gareth Gates o seu quarto 1º lugar na tabela de singles britânica. E a canção é bem gira, e deixa-nos num estado de..."spirit in the sky"?


Quem se lembra dos anos 80, lembra-se com toda a certeza dos Communards, o grupo liderado pelo carismático Jimmy Sommerville. Este rapaz escocês de Glasgow formou em 1980, com apenas 19 anos, os Bronski Beat, "o primeiro grupo britânico assumidamente homossexual", e numa altura em que isso estava muito longe de ser considerado "normal". Em 1985 baralhou e voltou a dar com os The Communards, que existiram apenas durante três anos, mas deixou uma marca nos anos 80 com este "Don't Leave Me This Way", um original de Harold Melvin & The Blue Notes, de 1975, que liderou a tabela de singles do Reino Unido durante quatro semanas em Setembro de 1986, mas que não passou do nº 40 na Billboard. A indiferença dos norte-americanos talvez se ficasse a dever ao facto do mesmo tema ter já sido gravado em 1976 pela cantora de R&B Thelma Houston, que lhe imprimiu um ritmo "soul", e ao mesmo tempo dançável. Contudo nesta versão dos Communards, o "falsetto" de Sommerville acrescentado da espiritualidade da cantora "jazz" Sarah Jane Morris valem ouro, e faz desta - pelo menos na minha opinião - a melhor rendição de "Don't Leave me This Way".


Se os Flying Pickets foram lestos em pegar no tema dos Yazoo e dar-lhe um tratamento "a cappella" e os Doctor and the Medics reavivaram um hino religioso, os Housemartins combinaram as duas coisas com este "Caravan of Love", um tema gravado em 1985 pelo grupo Isley-Jasper-Isley. Os quatro rapazes de Hull levaram a sua versão vocal ao nº 1 do Reino Unido em 16 de Dezembro de 1986, e só não passaram o Natal no topo porque foram destronados na semana seguinte por "Reet Petite", um clássico de Jackie Wilson, um dos "grandes" do R&B e da "soul", falecido três anos antes depois de nove anos em coma. Os Housemartins foram um grupo com uma breve mas interessante carreira em meados dos anos 80, e de onde constavam Paul Heaton, que formaria logo a seguir os Beautiful South, e Norman Cook, que se tornaria mundialmente famoso como "Fatboy Slim".



Os Everything But The Girl eram um duo britânico composto por Tracey Thorn na voz e guitarra, e Ben Watt na outra guitarra e restantes instrumentos. Tal como os Housemartins, eram originários de Hull, e juntaram-se em 1982, e que deve o seu curioso nome a uma vez que entraram numa loja de instrumentos musicais, e ao perguntarem se tudo o que se encontrava no expositor estava à venda, responderam-lhes "tudo menos a rapariga" (everything but the girl), referindo-se concertezaa uma das empregadas do estabelecimento. Em 1988 gravaram esta versão de "I Don't Wanna Talk About It", um original de Danny Whitten, que escreveu o temaem 1971, que seis anos depois seria um dos maiores êxitos de Rod Stewart. Para os Everything But The Girl esta (linda) interpretação value-lhes o 3º lugar na tabela de singles do Reino Unido, feito que repetiriam em 1994 com o single "Missing".


E para acabar em beleza, chegamos a 1989 e aos Simply Red, um grupo de que falarei também quando chegar a oportunidade (os anos 80 são sem dúvida um tema que dá pano para mangas). A banda de Mick Hucknall tem uma folha de service respeitável no que diz respeito a material original durante os 25 anos que levaram de carreira, mas para o álbum "A New Flame" cometeram um pequeno "roubo" e gravaram "If You Don't Know Me By Now", um original de 1972 de Harold Melvin & The Blue Notes - os mesmos de "Don't Leave Me This Way". Foi o segundo single dos Simply Red a chegar ao nº 1 da Billboard, depois de "Holding Back the Years", e nº 2 no Reino Unido. A cantora "soul" norte- Americana Patti Labelle incluíu uma versão de "If You Don't Know Me By Now" no seu álbum "Patti", de 1985.