quarta-feira, 28 de junho de 2017

E a igreja estava toda iluminada...


Hoje foi dia de S. Pedro, feriado municipal no Montijo, cidade de que é padroeiro. Saudades.


Porque é que chamamos de "bifes" aos ingleses?



Em conversa informal, a maioria dos portugueses refere-se aos ingleses pela (carinhosa) alcunha de "bifes". Ainda há quem pense que isto se deve ao facto dos nossos aliados serem ávidos consumidores de carne bovina, mas isso é um mito - a dieta desses bárbaros do Mar do Norte, "vikings" de fraque, consiste mais em entranhas de ovelha moídas e pudins salgados.

Na origem do nome dos "bifes" estão aqueles "hooligans" que invadem o Algarve no Verão, e por culpa da sua falta de melanina que lhes dá aquela tonalidade de pele fantasmagórica, apanham escaldões como aquele que vemos na imagem - ficam vermelhuscos como os bifes ainda crus. Tudo tem uma razão de ser, e esta é das mais divertidas. Um abraço, ó bifes. "Hugs, you beefsteaks"!


Payday (e bom apetite)



Dia 27 de Junho passou a ser conhecido em Portugal como "o dia do peido do Salvador Sobral". O quê, o Salvador Sobral soltou gás, num concerto solidário na MEO Arena, e cujas receitas revertem para as vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande na semana passada? Não, não soltou gás nenhum, nem nada que se pareça. Vejam o vídeo e confirmem. O Salvador Sobral é basicamente culpado de ter dito a palavra "peido". E nisso de coisas que se dizem em concertos...



...vem-me sempre à memória Axl Rose, líder da banda de "hard-rock" Guns N'Roses, que por mais fãs que mande para o c..., nunca deixa de encher estádios. Recordo-me ainda da passagem de Pedro Abrunhosa por Macau em 94, quando sem saber sequer do que estava a falar, pediu aos jovens no público que "não lhes deixasse acontecer o mesmo que a Wang Dan", um conhecido activista do movimento estudantil de 1989, que culminou com o massacre da Praça Tiananmen a 4 de Junho, e que havia sido (novamente) detido. Em suma, os tipos vão ali para cantar, e não para conversar com a malta - ou cometer um desabafo de 10 segundos, como neste caso do Salvador.

Se o leitor tem o direito de ficar indignado pela "falta de respeito" demonstrada pelo Salvador? Sem dúvida, e eu próprio considero que não foi oportuno (nem bonito) o que o cantor disse, mas deixemos-nos de merdas, pá. Ai foi num concerto solidário com as vítimas dos incêndios? Pode-se dizer mesmo que o Salvador "peidou-se" nelas? Não, isso é parvoíce, até porque...



...o Salvador fez mais pelas vítimas dos incêndios que todos os ratos de sacristia que o saíram a criticar. Muito mais. Infinitamente mais. Aliás, criticar o Salvador por este incidente, morder e não largar o osso cheira mal, e não é do peido do rapaz. As motivações que levam a que este "fait-divers" tenha mais destaque que o concerto propriamente dito são suspeitas; estiveram na MEO Arena cerca de 18 mil pessoas e passaram pelo palco 25 artistas, e pode-se dizer que a iniciativa foi um sucesso, só que o "peido" do Salvador "estragou tudo". Estragou mesmo? Balelas. Quem agradece são as vítimas daquela tragédia que assolou o país e juntou a boa parte dele (os outros continuam a ladrar, que é só o que sabem fazer). Quantos aos ofendidos, se gostam tanto assim de "respeitinho", comam-no hoje ao jantar. E bom apetite.


Inflamáveis infames



Depois de um par de semanas sem postar nada (outras frentes exigiram o semi-abandono a que o blogue foi vetado), nada como começar com o artigo de quinta-feira do Hoje Macau - amanhã há mais. Pena que tenha sido sobre um tema tão desagradável.

Portugal esteve três dias de luto nacional, decretados no Domingo após o terrível incêndio que lavrou (e lavrava, até terça-feira à noite) nos distritos de Leiria e Coimbra. Esta figura do “luto nacional” não implica mais que colocar a bandeira a meia-haste, ou observar um minuto de silêncio no início de alguma cerimónia nacional ou evento desportivo. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa veio de imediato apelar à união e à contenção, pedindo a todos que se combatesse aquele foco de incêndio, em vez de “se acenderem novos focos”, referindo-se à imprensa e redes sociais, onde se começou imediatamente a montar o circo. O prof. Marcelo é óptima pessoa e tem sido um presidente de consensos, mas por vezes dá a entender que conhece mal o povo que o elegeu. Não há tempo seco nem temperaturas de mais de 40º que impeçam o bom povo de sair à rua de tocha acesa, pronto para acender mais uma ou várias piras inquisitoriais.

O país e mundo acordaram em sobressalto no Domingo ao deparar com as notícias que davam conta de quase setenta mortos nos concelhos de Pedrógão Grande e Castanheira de Pêra, mortes essas em circunstâncias macabras e aterradoras, que deixaram para segundo plano as perdas materiais próprias desta estação. Em termos de área florestal ardida todos os anos nos incêndios de Verão, pode-se dizer que este foi só um “aperitivo”. As imagens de devastação e de morte falavam por si, e dispensavam qualquer tipo de comentário. Isto não impediu que uma escola muito “avant-garde” de jornalismo mandasse uma das suas mais celebradas profissionais fazer uma reportagem ao vivo junto de um cadáver que se encontrava na floresta, dentro de um saco próprio para o efeito. “Onde já se viu?”, bradava aos céus o povo incrédulo. Na CMTV, respondo eu, quando aqui há uns tempos transmitiram ao vivo o velório de uma criança que havia sido assassinada pela mãe. Foi aí que ficou a barra da decência.

Mas não vamos abrir só um foco de incêndio nos valores de ética jornalística, não. Sabiam que a companhia que gere as contribuições telefónicas para a ajuda das vítimas fica com 1/6 do valor das doações? Ah pois, isto é indecente, “fazer dinheiro com os mortos”, desta vez houve mortos à brava para poder fazer valer qualquer um destes argumentos. Mas alto e pára o baile, que a ministra da Administração Interna impediu a entrada de bombeiros espanhóis, carregadinhos de água, e nós ali sem saber fazer a dança da chuva. Ai alegou questões de logística? Incompetente! Demita-se e já! Ai a notícia “não foi bem verdade”? Demita-se na mesma – demitam-se todos! O que nos vai levar ao principal foco de incêndio, esse ainda maior que o de Pedrógão: de quem é a culpa? Agora é que o lixaram, ó sr. presidente Marcelo.

O incêndio foi causado por um raio de trovoada seca que, por culpa das temperaturas altas e dos ventos, se espalhou rapidamente pela floresta. Houve inicialmente quem tivesse colocado a possibilidade de fogo posto mas, havendo mão criminosa, era mais complicado aos ordenadores do território feitos à pressão nas redes sociais darem o inevitável veredicto: a culpa é do Governo. De qual? De todos, e ainda se estava longe de saber ao perto a dimensão real da tragédia, e já “xuxas” e “pafiosos” apareciam de fósforo em riste, prontinhos a acender fogo na palhota da culpa alheia. Isto é tudo sem dúvida de uma relevância assombrosa. Com toda a certeza que a última coisa que passou pela cabeça das pobres pessoas que se viram subitamente rodeadas pelo fogo da morte não foi arrependimente de ter votado ou deixado de votar em A ou em B.

Talvez eu não esteja a abordar a situação da forma mais apropriada, sem a sensibilidade necessária. É que aqui em Macau (que já contribuiu para o alívio da tragédia, sem fazer perguntas ou tecer comentários, o que é de louvar) tem chovido todos os dias desde o fim-de-semana, e o calor é húmido e não há incêndios florestais – torna-se mais difícil relacionar-se com o drama. Ou talvez porque na China dá-se o abatimento de uma mina e morrem 200 operários, ou uma cheia custa a vida e as casas a milhares de pessoas de uma assentada, e não se faz da notícia um vendaval especulativo, não “vale tudo” para vender papel ou ter audiências, e não se atira a carniça aos abutres para que estes desatem a fazer campanha eleitoral. Em Portugal o luto terminou ontem (terça-feira), e agora já não fica mal falar-se à vontade de responsabilidades, de culpas e de todo o resto. Mas será que ainda ficou alguma coisa por dizer, bem ou mal?

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Obrigado, pá!


Recebi hoje um e-mail deste "Blogs Portugal", e sinceramente não me lembro de me ter inscrito em qualquer medidor de "rankings" de seja lá o que for, mas epá, esta notícia fez bem ao ego - o Bairro do Oriente subiu 93 lugares na categoria de "outro". Bestial! Obrigado a todos que ainda vão visitando este cantinho, apesar do Blogger já ser mais ou menos uma coisa do passado.

É verdade que não tenho actualizado aqui a tasca com a regularidade que desejaria, mas a também é um facto que me tem faltado tempo, tenho andado embrenhado noutras lutas, e enfim, este projecto tem andado um bocado entregue ao vento. Mas quem me tem acompanhado desde o início sabe que não me rendo, e é apenas uma questão de tempo - e disponibilidade - para que o blogue mais lido de Macau volte a bombar. Mais uma vez obrigado, e um grande abraço.


Um vermute e um sorriso


Sabe tão bem chegar a casa, e encontrar o nosso Vermute a sorrir para nós, sem pedir nada, sem nos chatear, sem se queixar da vida...ai...


Não, não é uma família - são bonecos


O Partido Nacional Renovador (PNR, vulgo "partido hilariante") publicou na sua página do Facebook esta imagem, com a legenda "Isto sim, é uma família". Não, isto são bonecos, e não uma família, da mesma forma...



...que isto é não é um pedófilo a tentar agarrar uma criança. Trata-se apenas do sinal de trânsito de "Atenção, escola". 

A propósito, os paladinos da anti-censura do PNR (ah ah ah ah!) impediram-me de comentar na sua página, apesar de eu o ter feito, sei lá, uma vez? E nunca escrevi nada que fosse mentira, ou que se possa considerar de mau tom. São uns cromos, em suma.


Um exemplo de desportivismo


Enquanto que pela maior parte da Europa as competições de futebol atravessam já o período do defesa, em Espanha ainda se jogam os "play-offs" de acesso à promoção a divisões superiores. Na Terceira divisão as meias-finais da qualificação para o "ascenso" à II Divisão colocou frente a frente o CD Castellón, da comunidade valenciana, e os navarros do Peña Sport, da cidade de Tafalla. Na primeira mão, em Castellón de la Plana, os locais venceram por 4-2, e no jogo do retorno um grupo de adeptos que se deslocou a Navarra ficou retido na região da Saragoça, quando o seu autocarro avariou. Sabendo disto, e num gesto de desportivismo que é de louvar, o Peña Sport mandou um dos seus autocarros para ir buscar a "afición" adversária. E em boa hora...


...pois aqui estão eles, os adeptos do Castellón, a vibrar com a sua equipa no campo de San Francisco, em Tafalla. Dentro das quatro linhas é que as coisas não correram assim tão bem para os visitantes, que perderam por 2-0 e foram eliminados, com o golo decisivo do Peña Sport a ser obtido já nos descontos. Os navarros vão agora discutir a promoção à divisão de bronze do futebol espanhol frente ao Náxara, de La Rioja.


sábado, 10 de junho de 2017

Loucura, santa loucura



Para concluir mais uma semana (de laxismo), eis o artigo da última quinta-feira do Hoje Macau. Um bom fim-de-semana e um feliz 10 de Junho para todos os portugueses espalhados pelo mundo, e para os amigos da Lusofonia.

Viva! Reside em Macau, e não é maluco? Bipolar? Esquizofrénico? É normal, portanto. Ora, nem sabe o que está a perder, pois em Macau vale a pena ser louco. Nem que seja um bocadinho, mas quanto mais melhor. Garantidamente ninguém se mete consigo, enquanto que se der o caso de ser uma pessoa normal, arrisca-se a ter que prestar contas à Polícia, ao Ministério Público, à Auditoria, ao CCAC, tudo! Macau é “no country for sane men”. Lembram-se daquele idoso sem abrigo que costumava ficar especado no meio do Largo do Senado a emanar um intenso odor a urina? Muitos anos passaram, e o senhor muito provavelmente já terá ido ter com o criador, mas na altura em que era um enfado para residentes e turistas, chegou a haver quem tivesse interpelado as autoridades e chamado a atenção para o caso. Resposta da polícia? “O senhor tem o direito de estar ali, se quiser”. Viva o segundo sistema, onde se consagra o direito de se revelar o que vai quer na alma, quer na bexiga.

Atendamos ao exemplo do “estranho amarelo”, como é conhecido entre locais e turistas aquele indivíduo que quase diariamente pontifica na Avenida da Praia Grande, e debitar altos decibéis de poluição sonora através de uma grafonola rachada, e a exibir danças tribais entre no meio da estrada, entre os sinais vermelhos para o trânsito. Experimente o leitor desatar a berrar a meio do dia naquela artéria da cidade, e em menos de cinco minutos tem a polícia à perna. Um dia destes alguém partilhou nas redes sociais uma imagem do referido indivíduo a viajar num transporte público com todo o aparato que o acompanha – cartazes, megafone, roupagem estúpida, tudo a que tem direito. Tente o leitor entrar num autocarro com duas malas de viagem, e vai ver como é dali escorraçado em menos que nada.

O pior mesmo é quando a loucura parte de onde menos se espera, ou de onde nunca deveria partir. Ainda esta semana os Serviços de Saúde (SS, e nem por acaso) anunciaram um sistema de delação, onde se encoraja os residentes a denunciar quem estiver a fumar em espaços proibidos para o efeito. Ora isto de fumar não é bem a mesma coisa que montar uma barraca de farturas, e já consigo imaginar a situação:

– “Ah ah! O senhor está a fumar aqui, onde não é permitido?”

– “Sim…olhe não sabia”.

– “Ai não? Então olhe, fume devagarinho que eu vou ali chamar o fiscal!”

– “E se entretanto eu acabar o cigarro?”

– “Acenda outro!”

Claro que a excepção seria sempre para o estranho amarelo. Esse bem podia estar a fumar numa maternidade ou no Macau Dome, e ninguém dizia nada.

E do que me estou eu a queixar? Ora essa, de coisa nenhuma. A loucura é que está a dar, garanto-vos, ou não me chame eu Napoleão Bonaparte.

PS: Realizam-se as eleições no Reino Unido, numa altura em que o país está mergulhado numa onda de insegurança devido a mais um atentado levado a cabo em Londres no último sábado, e uma outra de incerteza devido ao Brexit. Fico a torcer para que a partir de hoje a sra. Theresa May passe a uma (infeliz) nota de rodapé da História. E não, agora não é loucura.



Grande galo




10/6



Saudações a todos neste dia de Portugal. Dos portugueses. De todos os portugueses. Da Lusofonia. De quem fala a nossa língua por esses quatro cantos do mundo. Não só para quem é, mas para quem se sente português. É este o nosso fado. Viva Portugal!


Como ousais?



Faz-me uma confusão tremenda como é possível que haja quem não goste do Cristiano Ronaldo, e mais ainda quando se trata de um português. Quem não liga ao futebol e quiser permanecer indiferente, tudo bem, mas...não gostar? Dizer mal? Ontem durante o jogo com a Letónia deu uma prova de humildade, de saber estar, ao lidar da forma que vemos na imagem com aquele pequeno "invasor de campo", que mais não queria do que abraçar o seu ídolo.

Há pessoas que levam a rivalidade clubística ao limiar do ridículo; o Cristiano foi formado no Sporting, eles são adeptos da agremiação do outro lado da circular, OK, podia dizer que "entendo", mas estaria a mentir.

O Cristiano pode ter adquirido na Academia de Alvalade os fundamentos básicos sem o qual nunca teria sido um grande jogador - e parabéns ao Sporting, por isso - mas quem acompanhou a sua carreira e a sua evolução como atleta, sabe que o mérito não é todo dos leões.

Deixem-se lá de coisas pá, que o homem levou-nos a uns píncaros onde nunca imaginámos chegar. Temos o melhor do mundo, e quem sabe o melhor de todos os tempos, e isto como português e adepto de futebol, deixa-me simplesmente extático.

Quanto aos que desprezam o homem por ter "comprado um filho" (patético...), ou por outros motivos que se prendem com a sua vida pessoal, a esses só posso recomendar uma boa dose de psicoterapia. Curem-se, e vão ver que serão mais felizes.

Obrigado mais uma vez, CR7.


quinta-feira, 8 de junho de 2017

Eu, vodu



Tenho os melhores fãs, a sério. "I have the best ratings, the best", e "I know words, I know the best words".

Obrigado, Cláudia Ramos 😉


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Dia do adulto (com birra)


E mais uma vez, nunca é tarde nem é cedo para o artigo de quinta-feira do Hoje Macau. Tenham uma semana fresquinha, que aqui o calor é f..a.


Eis-nos em Junho! Chegou o Verão, e com ele chega o calor insuportável, a chuva das monções, os tufões, e o período em que começamos a contar os dias até desopilar daqui para fora por um mês ou menos, para “arrefecer o radiador”. Espero ainda que tenham aproveitado bem o feriado do Barco Dragão, da última terça-feira, que agora o próximo é só em Outubro. Sim, e para quem está no rectângulo, lembre-se de nós, “os sortudos de Macau”, quando estiver a levar a cabo as sardinhadas, os arraiais, os concertos pimba e tudo mais que arranca em Junho e só acaba em Setembro – e depois ainda se arranja mais qualquer coisinha, aposto.

Enquanto isso, é Macau porta-fora, porta-dentro. Ainda na segunda-feira de manhã saí de casa todo bem disposto, com aquela sensação de “falsa sexta-feira”, pois no dia a seguir era feriado. Eram oito e meia da manhã, uma hora perfeitamente razoável para percorrer 1200 metros a pé até ao buliço. Ou seria, não fossem os percalços começar logo à saída da porta. Um vizinho meu partiu recentemente uma perna (coitado) e resolveu nesse mesmo dia sair de casa à mesma hora que eu, acompanhado da anda de metal, proporcional à sua larga moldura, uma perna no chão e a outra pendurada (outra vez, coitado), a mulher a dar-lhe o braço, e atrás vinha o seu pai, com a cadeira de rodas. Isto tudo para caber dentro de um elevador com uma área de seis metros quadrados.

Saindo dez ou quinze minutos depois para ir passar a manhã toda a apanhar o tão necessário solinho, não me deixava a rogar-lhe pragas o dia todo. Até porque depois o elevador pára noutros andares, e lá vão as mui-muis e os pi-pis, acompanhados das avós e das empregadas, e normalmente nunca falta aquele senhor obeso que entra no quarto andar para sair na garagem dois pisos abaixo. É por isso que é gordo. Curiosamente em matéria de civismo ganha o meu vizinho do sétimo andar, um taxista dono de um cão daquelas raças tipo “mastim”, e que nunca entra no elevador se estiver acompanhado do animal. Trata-se aqui de uma muito honrosa excepção.

Depois na rua é outra aventura. A desvantagem de trabalhar quinze minutos a pé de casa é não se poder alegar um atraso por “greve dos transportes”, porque aqui também não há (greves, pois os transportes “vão havendo”). Mas andar na rua já foi mais fácil. Ainda nessa tal segunda-feira passada, evitei um individuo que vinha na minha direcção direito que nem um foguetão norte-coreano, enquanto olhava para o infinito, certamente à espera de ver a deusa A-Má montada num dragão. Enquanto noutros pontos podíamos sensibilizar o indivíduo no sentido de “olhar para onde anda”, nestas situações o melhor mesmo é ligar o escudo anti-míssil, e irmos à nossa vida, para evitar conversas de surdos.

Finalmente o último terço do percurso, mais sinal ou menos sinal vermelho lá se vai chegando a horas, por entre uma multidão de gente com a cara espetada no telemóvel a ler os comentários às fotografias pirosas que partilharam no fim-de-semana, ou a jogar ao “Bubble-qualquer-coisa” no Facebook. É tudo gente muito ocupada, a quem ainda foram dar essa enorme chatice que é ter que ir de manhã para o emprego. É a esses heróis que dedico este artigo, e não é com este discurso de tosse de catarro que estou a tentar educar ninguém. Sabe bem desabafar, e ainda por cima hoje tenho um desconto; se é o dia mundial da criança, porque não também do adulto com birra?


Morreu Manuel Noriega


E já foi há uma semana - deram por isso? Noriega foi o presidente do Panamá que o presidente George Bush (pai) detestava por exigir que os americanos devolvessem ao Panamá o...canal do Panamá. Era também o maior desafio a um dermatologista, com aquela cara toda furada. Tinha 83 anos. O actual presidente panamaniano, José Carlos Varela, afirmou por ocasião da morte de Noriega que "se encerrou um capítulo da história do país". E a América ali tão perto...


O melhor de sempre


Este gajo publica um vídeo, e em meia hora tem mais de dois milhões de visualizações, mais de 175 mil "likes", e mais de 12 mil partilhas. Este não é o melhor jogador da actualidade - é o melhor de sempre! Obrigado, Cristiano.


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Prezidente Maria Vieira


Muito se tem falado de Maria Vieira estes dias, e outra coisa não seria de esperar. Era tão certo o caso "rebentar" como duas latas de insecticida no micro-ondas. O rastilho acendeu-se quando a pessoa que escreve na sua conta do Facebook teceu comentários inoportunos e descabidos a propósito de Salvador Sobral, chamando-o de "idiota encartado que não diz o que sabe e não sabe o que diz". Houve reacções que seriam de esperar, outras nem por isso, e ainda quem tenha saído em defesa das declarações da actriz através da sua conta do FB. Estes últimos, os mesmos de sempre, foram pegar nos argumentos do costume: a censura, "marxismo cultural", e a liberdade de expressão à cabeça. Entre os (muito) ingénuos que se acham capazes de ficar do lado da "Maria Vieira", existe uma maioria de cúmplices. Que raio de "liberdade de expressão" é esta que V. Exas. protelam, quando é mais que sabido que quem escreve não é a Maria Vieira, mas sim o marido dela. Um gajo de cinquenta e tal anos que usa a conta da mulher, uma semi-celebridade do mundo do espectáculo de variedades, para pensar mensagens de teor político. Podiam ser as melhores, e estar coberto das melhores intenções, que continuaria a ser condenável. Tenham dó. Vá lá, falemos a sério.

Posto isto de lado, estou em condições de confirmar as notícias que davam conta da possibilidade de Maria Vieira concorrer às próximas eleições presidenciais com o apoio do Partido Nacional Renovador (PNR). O convite foi feito na conta da actriz por um militante do referido partido, e parece ter sido bem recebido. Onde é que eu vi isto, e do que é que eu estou a falar? Disto, aqui:


Como aqui se trata de gente muito "séria", que se preocupa "a sério" com os problemas "sérios", suponho que isto oficializa a coisa: Maria Vieira é o trunfo (?!) do PNR na próxima corrida a Belém. Tremei, Marcelo Rebelo de Sousa. Não vale a pena, portanto, tirarem do ar os cartazes. Quais cartazes? Estes:


Nada como começar mais cedo, para ganhar avanço, pois não? Quanto a tudo mais que tenho lido sobre este novo "affair" do Monte dos Vendavais (Estoril), posso dizer que a esmagadora maioria dos "cidadãos comuns" da República, que estão "fora" da intriga relacionada com o autor dos textos da Maria Vieira, estão revoltados com a atitude da actriz. Boa sorte em encontrar "patriotas" que cheguem entre tantos "comunas atrasados mentais", ó chefe.


quinta-feira, 1 de junho de 2017