quinta-feira, 11 de julho de 2013

Zero álcool, o mesmo prazer (é mesmo?)


Paul Gascoigne, antiga estrela inglesa de futebol, foi detido um dia destes por ter causado distúrbios devido ao seu estado de embriaguez. Nada de novo, uma vez que o alcoolismo do “Gazza” é público, e ainda no ano passado o ex-atleta decadente confessou já ter estado “perto da morte” por mais que uma vez, e são inúmeras as vezes que prometeu tentar “endireitar-se” – tantas como as cura de desintoxicação a que foi submetido, sem efeito. Gascoigne foi a grande revelação do mundial de futebol de 1990 em Itália, onde a Inglaterra chegou às meias-finais, a melhor classificação de sempre desde a vitória em casa no longíquo ano de 1966. O jovem talento não seu deu bem com as luzes da ribalta, e apesar do evidente potencial, foi mais notícia pelos escândalos provocados pelo consumo de álcool e drogas do que pelo desempenho nos relvados. O facto de ser no fundo uma “boa pessoa” leva a que a opinião pública no Reino Unido sinta por ele alguma simpatia, apesar de algumas das suas bebedeiras o levem a agredir as suas companheiras. O alcoolismo de Gascoigne abre um debate sobre quão difícil é deixar a dependência de uma substância, e de como quem sempre esteve sóbrio dificilmente entende um dependente, e apressa-se a condená-lo.


O britânico John Risby, 41 anos, é um ex-alcoólico que compreende Gascoigne como ninguém. Dependente do álcool desde a juventude e sóbrio há já nove anos, abriu em Janeiro de 2012 em Manchester a “Alcohol-Free Shop”, uma loja especializada em bebidas alcoólicas…sem álcool. Na “Alcohol-Free Shop”, que realiza entregas ao domicílio, estão disponíveis cervejas, vinhos desde o branco ao tinto e rosé, espumantes, cidras, cocktails, tudo sem álcool, para que se mate o bichinho sem consequências nem complexos. E a clientela alvo vai além dos que querem largar a pinga mas não passam sem um copo na mão: a “Alcohol Free-Shop” serve ainda sumos de fruta. Pode ser apenas um “placebo”, e a eficácia da ideia como cura para o alcoolismo não é comprovada, mas é um bom começo. Vamos a Manchester beber um copo sem fazer um figurão, sr. Gascoigne?

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