sábado, 13 de julho de 2013

O correio, a queca e o tiro



Maria Morgado (na imagem), uma mulher de Alvarães, Viana do Castelo, foi condenada pelo tribunal de S. João Novo no Porto a 17 anos de prisão pelo homicídio do seu marido, em Maio de 2012. Um crime ocorrido em circunstâncias estranhas que nem as provas e os testemunhos apresentados no julgamento conseguiram esclarecer. Maria Morgado e o marido Elísio Ribeiro, um empreiteiro de 52 anos, foram ao apartamento de um primo deste na altura ausente no exterior para levantar o correio, e aproveitaram para ter relações sexuais (!). Após terminado o coito com o "twist" de se ter efectuado em residência alheia, Elísio adormeceu, Maria Morgado cobriu-lhe a cara com um travesseiro ao qual encostaria uma arma de fogo que depois disparou, provocando-lhe a morte instantânea. Depois disto saíu, deixando o corpo da vítima na cama, trancou a porta e voltou para casa em Viana do Castelo, e durante cinco dias afirmou desconhecer o paradeiro do marido. A arguida tentou provar que disparou acidentalmente a arma, e que a fuga do local se deveu ao medo da reacção da vítima, que diz "pensar estar ainda viva, mas apenas ferida". O argumento não convenceu o colectivo de juízes presidido pelo Mmo. Mário Silva, que perante os fortes elementos de prova e os relatórios da perícia que descartam a tese de acidente, não teve outra escolha senão decidir pela condenação de Maria Morgado por homicídio premiditado. A família da vítima achou 17 anos uma pena "demasiado leve".

O mais estranho de toda esta triste história é a motivação do crime, ou neste caso, a ausência dela. O casal não possuía bens que justificassem o homicídio, ainda mais efectuado de forma tão flagrante e amadora que chamá-lo de "premiditado" é atribuir à autora méritos que não possui. Não existiam indícios de maus tratos ou de infedilidade por parte da vítima, e pelo contrário, a acusação tentou estabelecer como móbil do crime uma alegada relação extra-conjugal da arguida, que teria pensado que com o marido fora de cena, poderia sair da clandestinidade. Contudo ficou provado que o suposto amante era apenas um amigo íntimo com que Maria Morgado desabafava com frequência, sem que alguma vez essa "intimidade" se traduzisse em adultério. Portanto, o que levou Maria Morgado a rebentar os miolos ao marido? Passou-se? Levou a mal que Elísio tivesse adormecido depois da queca na cama do primo, e por acaso nesse dia levava consigo na mala a sua Magnum de estimação? Um mistério que a insistência da autora do crime na sua inocência fará com que guarde segredo durante o tempo de sobra que terá para ficar a reflectir sobre o acto. Entretanto, preciso de começar a escolher com cuidado a quem vou pedir para me recolher a correspondência quando me ausentar do território por algum tempo. Livra!

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