E que tal este título que vai fazer meio mundo aqui ter, hein?
"The interview" era a comédia do Natal deste ano, passou a drama e esteve quase a não ser exibido para não acabar em tragédia, e acabou por ir para o ar, mas como farsa. O filme conta a história de dois repórteres norte-americanos de um programa de TV sensacionalista que são enviados para a Coreia do Norte com duas missões: primeiro a de entrevistar o líder do país mais isolado do mundo, e depois para matá-lo. Este argumento que tanto prima pelo atrevimento como pela originalidade (há que lhes dar esse mérito, se algum) acabou por dar origem a uma crise diplomática, com os norte-coreanos a não acharem mesmo graça nenhuma - e poucos países achariam, fosse o seu chefe de estado o "alvo" de uma tentativa de assassinato, mesmo tratando-se aqui de um tão "especial" como Kim Jong-Un. Só que o regime de Pyongyang quis demonstrar que não está para brincadeiras, especialmente vindas do seu inimigo predilecto (e fazem sempre questão de deixar isso bem claro), e de ameaça em ameaça, fizeram "hacking" da página da Sony na internet, revelando informação confidencial e deixando alguns filmes ainda por estrear ao alcance dos piratas, causando muitos milhões de dólares de prejuízo à companhia (coitados...). Mas foi só quando ameaçaram realizar ataques terroristas "semelhantes aos do 11 de Setembro" contra as salas de cinema que exibissem o filme que o Tio Sam, ou neste caso o Tio Obama, sentiu a "cauda pisada".
Os americanos podem achar piada à desgraça alheia, ou tratar de ânimo leve algo como "limpar o sarampo" ao líder de outra nação, mas 11 de Setembro, alto lá. E por isso mesmo as salas que iam exibir o filme resolveram não fazê-lo, indiferentes a se era uma ameaça séria ou outra daquelas maluquices do regime dos Kim, como quando ameaçam explodir com a Lua ou algo do género. Foi então que o presidente Barack Obama fez algo em que a sua presidência não tem sido nada fértil: arregaçou as mangas e passou à acção. Não exibir o filme significaria ceder perante as exigências dos terroristas, o que não só demonstra falta de firmeza como ainda abre um mau precedente - e excusado será dizer que aqui nem é a Coreia do Norte que está no topo na lista de preocupações de Obama. Daí a ligar para o "fedelho" Kim foi um passo, e depois de fazê-lo ver que se não acaba com a brincadeira, dá-lhe razões de sobra para falar mal dos americanos, só que arrisca-se é a ficar a falar para uma parede. Dito e feito, e Pyongyang até diz que não é a autora do ataque informático à Sony, e até oferece apoio para encontrar os verdadeiros culpados! Está bem, está. E enquanto o presidente sacudia o pó das mãos após cumprida esta missão, os americanos encheram as salas de cinema para ver "The Interview", que no final acharam "assim-assim". Os actores Seth Rogen e James Franco, que desempenharam no filme os papéis principais, tinham trabalhado juntos em "Pineapple Express", onde interpretavam dois tipos que davam o dia inteiro "na passa", até que se esquecessem do próprio nome, do planeta onde estão, e que nesse planeta há uma Coreia do Norte, que não é propriamente uma Disneylândia. Lá com toda a certeza que arranjavam entrevista...um tiro mesmo entre as direita e a esquerda. Um puxãozinho nas orelhas de leve para cada um vá lá, mas só por não terem tido assim tanta piada. (A sério, modéstia à parte, eu fazia uma coisa que me tornaria o Salmon Rushdie das comédias de mau-gosto).
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