O Sporting jogou no Estádio do Bessa pela primeira vez em seis anos, depois dos axedrezados cairem nas divisões inferiores na sequência do processo "Apito Final", que os julgou culpados dos crimes de corrupção desportiva, isto num clube que foi campeão nacional em 2000/2001, ganhou cinco edições da Taça de Portugal e três supertaças, além de duas participações na Liga dos Campeões e uma presença nas meias-finais da Taça UEFA em 2003/2004 - aparentemente o maior problema era o Boavista não ter a mesma dimensão dos dois grandes de Lisboa, o Benfica e o Sporting, ou dos seus rivais da invicta, o FC Porto. Com o orçamento mais baixo da Liga ZON Sagres e vários jogadores que transitaram da época passada, em que disputaram o terceiro escalão (actualmente designado por "Campeonato Nacional de Séniores"), a meta é a manutenção, e se os pontos obtidos em número suficiente vierem todos de vitórias por 1-0 ou de empates sem golos, tanto melhor, e as derrotas até podem ser por dez golos que não vai ser por isso que zero pontos valem menos que isso mesmo, zero pontos. Talvez por ser esta a filosofia seguida pelo clube presidido pelo reabilitado João Loureiro e pelo plantel às ordens do ex-jogador Petit, o actual 13º lugar na classificação entre 18 clubes não traduza o diferencial entre golos marcados (8) e os golos sofridos (25). Nas horas de aperto, o Boavista re-interpreta a velha máxima do "perdido por um, perdido por mil" - se estão a perder por dois ou três golos ao intervalo contra uma formação nitidamente superior que não lhes dá qualquer indício de desaprender a jogar durante o descanso, para quê desperdiçar energias que podem ser usadas contra uma equipa mais acessível para vencer pela margem mínima ou pelo menos empatar e somar um ponto?
Mas os do Bessa têm mesmo assim o seu orgulho, e apesar das goleadas consentidas contra equipas do meio da tabela, deram luta aos chamados "três grandes", que colocaram em sentido e os obrigaram a correr, em nome do passado glorioso que não é ainda uma memória distante. Perderam em casa com o Benfica na segunda jornada "apenas" por 1-0, com golo de Eliseu, e empataram sem golos no Dragão contra o Porto na quinta ronda, um empate com um sabor muito especial mesmo com uma arbitragem "esquisita" de Jorge Ferreira, que expulsou Maicon aos 25 minutos por um empurrão junto da linha de lançamento perto do meio campo, e o jogo se tenha iniciado com quase uma hora de atraso devido ao mau tempo, e disputado num verdadeiro pantanal. Com o habitual realismo que os caracteriza, os boavisteiros somaram duas vitórias e quatro derrotas até esta recepção ao Sporting, e aguentaram o nulo até ao intervalo, conseguido inclusivé travar o elemento mais perigoso do adversário, o extremo Nani, e a qualquer custo, ao ponto do internacional português ter sido substituído devido a lesão decorriam 31 minutos. Ironicamente, e a isto chama-se "justiça poética", seria o substituto de Nani a resolver o encontro, marcando o golo inaugural aos 54 minutos e assistindo Carlos Mané para o 2-0 dois minutos depois. Com os pontos no bornel, o Sporting foi gerindo a vantagem, que ampliaria aos 86 minutos pelo médio João Mário, com o agradecimento pela boa hospitalidade a ser entregue no minuto seguinte por Jonathan Silva, defesa argentino que fez de auto-golo o ponto de honra dos locais. Com esta vitória os leões ascendem temporariamente ao 4º lugar da liga, ainda a cinco pontos do Porto, a seisdo V. Guimarães e a oito do líder Benfica, que ainda não cumpriram os seus compromissos da 12ª jornada.
Sem comentários:
Enviar um comentário