terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Temos equipa



Chui Sai On anunciou ontem a lista dos 11 elementos que o acompanharão nos proximos cinco anos, lista essa que havia sido adiantada há duas semanas pelo jornal Ou Mun e que agora é confirmada pelo Chefe do Executivo. A hesitação em divulgar os nomes logo após a reeleição em finais de Agosto deu azo a alguma especulação, falando-se de uma eventual interferência de Pequim, que teria mesmo rejeitado duas listas com nomes propostos por Chui. Não existindo forma de comprovar ou negar aquilo que se entende apenas por boato, pessoalmente não acredito na tese da "rejeição", pelo menos de forma sumária. Contudo, não ponho de parte a possibilidade de ter havido um escrutínio mais rigoroso dos elementos do novo elenco, nomeadamente no que ao seu "background" concerne - com os acontecimentos dos últimos meses em Hong Kong, o Governo Central não se pode dar ao luxo de incluir no Executivo nomes que não garantam fidelidade a toda a prova. Vejamos entao quem são os eleitos do CE:

Secretária para a Administração e Justiça: Chan Hoi Fan - A escolha de uma juíza para o lugar que Florinda Chan ocupou durante 15 anos poderá significar uma viragem nesta pasta, que é entendida como uma "extensão" do próprio Executivo. A opção por uma pessoa da área do Direito dá a entender que a justiça vai ser a prioridade.

Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura: Alexis Tam - O antigo porta-voz do Executivo teve a sua dose de protagonismo este ano durante a reeleição de Chui Sai On, depois de um período discreto no cargo que ocupou nos últimos cinco anos. Foi "recompensado" com uma das pastas mais complicadas, que tem na saúde o seu "calcanhar de Aquiles". Na tomada de posse ontem Alexis Tam falou de "um período brilhante para a saúde" durante o seu consulado, mas a construção do segundo hospital público e a contratação dos tão necessários profissionais de medicina de que a RAEM tão urgentemente necessita já lhe garantiriam certamente um lugar na história.

Secretário para as Obras Públicas e Transportes: Raimundo Arrais do Rosário - Se a saúde é o elo mais fraco da pasta anterior, esta é (ou tem sido) a pasta "maldita" do Executivo nos últimos dez anos. Desconhece-se se os dois ou três meses que o engenheiro e ex-representante da RAEM na UE passou em Macau depois de década e meia em Bruxelas foram suficientes para se inteirar das dificuldades que vai ter pela frente, mas as três hérculeas tarefas que vai ter pela frente não são segredo nenhum: trânsito, habitação pública e metro ligeiro. Uma prova de fogo à sua competência, garantida por quem o conhece de longa data.

Secretário para a Economia e Finanças: Lionel Leong - A escolha de um "delfim" de Edmund Ho para este lugar pode dar a entender que não vão existir grandes diferenças em relação ao seu antecessor, Francis Tam. Numa pasta que funciona praticamente em auto-gestão, a eventual diminuição das receitas do jogo poderão colocar-se como um desafio.

Secretário para a Segurança: Wong Sio Chak - Uma escolha que me agrada, pois sempre nutri simpatia pelo antigo director da PJ. Resta agora saber se conseguirá tão bem como Cheong Kuok Va manter o tão necessário entrosamento entre os diferentes ramos das Forças de Segurança.

Procurador do Ministério Público: Ip Son Sang - Passa do TUI para o MP, e os democratas dizem que "lhes vai fazer a vida difícil". Não entendo bem porquê, e se as diferenças com Ho Chio Meng serão assim tantas, pelo que resta esperar para ver.

Comissário para a Corrupção: Cheong Weng Chon - A pessoa certa no lugar certo, é o que posso dizer do ex-director da DSAJ, o único elemento deste elenco que posso dizer que conheço pessoalmente e com quem já trabalhei. Em todo o caso, fazer melhor que Vasco Fong não deverá ser difícil.

Comissário para a Auditoria: Ho Veng On: O unico que se mantem do anterior elenco, talvez devido a sua juventude. Chegou a ser apontado para uma das secretarias.

De resto temos Lai Man Wa como Directora dos Serviços de Alfândega, e Ma Io Kun como chefe dos Serviços de Polícia Unitários, ambas promoções mais ou menos aguardadas. Uma reforma completa no Executivo, mesmo sem surpresas de maior. Agora é deitar mãos à obra.


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