Aí está! Enquanto o resto da Europa ainda digeria os excessos da noite de Consoada, em Inglaterra cumpriu-se a tradição, com a realização da habitual jornada do dia depois do Natal- o Boxing Day. E em boa hora, digo eu; alguma coisa melhor para fazer do que ir ao futebol no último feriado do ano depois de dois dias inteirinhos a "levar" com a família? E para além disso, vocês sabem quanto ganham estes "artistas" da bola? Não estou a falar dos números propriamente ditos, mas de
quanto, em termos práticos? Ora bem, na Inglaterra paga-se à semana, e o jogador inglês mais bem pago, o avançado do Manchester United e da selecção inglesa, Wayne Rooney, é pago 300 mil libras por semana para andar aos chutos na bola - 3,7 milhões de patacas, repito,
por semana! O capitão do Chelsea, John Terry, apesar dos seus 34 anos, ganha metade desse montante, enquanto o avançado brasileiro Diego Costa ganha 250 mil libras por semana de "trabalho", o que parecendo que não, ainda são mais de 3 milhões de patacas (aposto que no Penafiel, onde chegou a jogar, não lhe pagavam tanto). Portanto aqui estão razões mais que suficientes - milhões delas - para os meninos irem lá para o frio andar às caneladas uns aos outros, para diversão do povo, como no antigo circo romano. Dada a solenidade da ocasião, hoje a página dedicada à Premier League inglesa é mais extensa.
E a jornada do Boxing Day arrancou em Londres, capital do antigo império onde dizem que o sol nunca se punha, quando faltavam quinze minutos para as duas da tarde. Já com um leve "brunch" no papo, entravam em campo as equipas do Chelsea e do West Ham - um "derby" londrino, logo como entrada. E o encontro prometia, pois as eram duas formações num pique de forma excepcional, com destaque para os visitantes; os "hammers", treinados pelo mítico Sam Allardyce, conhecido também por "Fat Sam", vinha de quatro vitórias e um empate nos últimops cinco encontros, mas contra oposição acessível - vitórias caseiras sobre Swansea, Newcastle e Leicester e na deslocação ao reduto do West Bromwich, deixando pontos apenas no Stadium of Light, em Sunderland, onde empatou a uma bola. Seja como for, o desempenho valeu a ascensão ao quarto lugar, que como se sabe dá acesso a um "play-off" da Champions League, e a onze pontos do líder, com quem iam medir forças nessa tarde. Allardyce não pode contar com o central James Tomkins, a braços com uma lesão num tendão do braço direito, fazendo entrar para o seu lugar o galês James Collins, para fazer dupla com Reid no centro da defesa, no habitual esquema de 4-3-3. Do outro lado, o Chelsea de José Mourinho estava na sua força máxima, e após a primeira derrota para a liga frente ao Newcastle no início do mês, seguiu-se uma moralizadora série de quatro vitórias: duas para o campeonato frente ao Hull em casa, e Stoke City fora, em Stamford Bridge contra para a Liga dos Campões e fora contra o Derby County a contar para a Taça da Liga. Para manter a distância para os perseguidores, o Manchester City, Mourinho alinhou num 4-2-3-1, com um "tridente" composto pelo jovem belga Eden Hazard e os brasileiros Oscar e Willian que tentavam municiar lá na frente o seu compatriota Diego Costa. Mas seria Diego Costa a servir antes o capitão John Terry para o primeiro, aos 31 minutos, e no segundo tempo foi o avançado brasileiro a ser servido por Hazard para fazer o 2-0 final, para alegria dos adeptos locais, que compuseram parte dos 41500 espectadores que estiveram em Stamford Bridge.
Agora vamos até ao norte, até Lancashire, onde o recém-promovido Burnley, que como se previa luta para escapar aos lugares da cauda da tabela recebia o "gigante" Liverpool, também a atravessar um momento difícil. A equipa da casa só tinha vencido um dos últimos cinco encontros, e ocupava o 18º lugar, logo abaixo da linha de água, mas apenas 7 pontos acima, em décimo, estava a equipa de Brendan Rodgers, que não vencia há três jogos. Para encurtar as distâncias o treinador Sean Dyche não podia contar com dois elementos chaves no eixo da defesa, o veterano Michael Duff e o irlandês Stephen Ward, ambos de fora por lesão, e no Liverpool o avançado Fabio Borini encontrava-se suspenso, mas Rodgers certamente que tem suspirado por Dean Sturridge, a braços com uma lesão complicada durante a maior parte da temporada. O avançado inglês tinha feito na época passada uma dupla mortífera com o uruguaio Luis Suárez, mas com este transferido para o Barcelona e o italiano Balotelli ainda "em branco" depois de vestir dez vezes a camisola dos "reds", a finalização tem sido um problema. Mas nessa tarde, num Turff Moor a abarrotar de espectadores, valeu o adolescente Raheem Sterling, que correspondeu da melhor forma a um passe do médio brasileiro Phillipe Coutinho para marcar o único golo do encontro aos 62 minutos, e assim os adeptos do Liverpool tiveram no sapatinho uma vitória.
Voltamos a Londres, onde em Selhurst Park o Southampton aproveitou da melhor forma a derrota do West Ham algumas horas antes em Stamford Bridge para regressar a um lugar de acesso à Champions, na circunstância o 4º lugar. A equipa do nosso conhecido Ronald Koeman, que foi a grande sensação do primeiro terço da prova, chegando a "morder os calcanhares" ao líder Chelsea, passou depois por uma tormenta de cinco derrotas consecutivas, mas beneficiou ontem da apatia do Crystal Palace. A equipa da casa não contava com o avançado marroquino Marouane Chamakh, lesionado, mas nem isso explica a derrota por 1-3 e o sexto jogo sem vencer, com o treinador Neil Warnock a passar de uma posição perto do meio da tabela para um 18º posto, já abaixo da linha de água. Os "saints" não contaram com o central português José Fonte, que tem sido titular indiscutível mas foi "limpar" os cartões amarelos, mas marcou logo aos 17 minutos pelo senegalês Sadio Mané. O intervalo devia ser bom conselheiro para a equipa da casa, mas os visitantes resolveram o encontro nos primeiros dez minutos da etapa complementar, com o central Ryan Bertrand e o lateral belga Toby Alderweireld a marcarem aos 48 e aos 53 minutos, respectivamente. Valeu aos adeptos dos Glaziers o golo de Scott Dann para ainda festejar um pouco, mas faltavam apenas cinco minutos para os 90.
Se o Liverpool foi ao noroeste vencer o Burnley pela margem mínima, sorte oposta teve a outra equipa da cidade dos Beatles, o Everton, que foi surpreendido em casa pelo Stoke City, também por uma bola a zero. Os "toffees" podem queixar-se da ausência de Leon Osman, pedra importante no meio-campo, mas do lado do Stoke haviam ainda mais baixas de destaque, casos de Steve Sidwell e Stephen Ireland. Numa partida pouco interessante para os quase 40 mil espectadores que ocorreram ao Goodison Park, a diferença fez-se através de um lance protagonizado pelo espanhol de origem sérvia Bojan Krkic, que depois de ultrapassar Jamie McCarthy, é derrubado por este no lado esquerdo do ataque do Stoke, e é o próprio Krkic que se encarrega de transformar o castigo máximo. No segundo tempo o treinador Roberto Martinez ainda lançou na partida o avançado camaronês Samuel Eto'o, mas não foi suficiente para evitar a terceira derrota caseira para o Everton, que desce uma posição, do 11º para o 12º lugar, por troca exactamente com o seu adversário desta ronda.
Agora voltamos ao norte, mais precisamente para Leicestershire, onde o lanterna-vermelha Leicester City recebia o Tottenham, que caso vencesse esta partida ascendia provisoriamente ao 6º lugar, ficando à espera do resultado do Arsenal-Queen's Park Rangers, o outro "derby" londrino que encerrava a 18ª jornada. O Leicester tem feito uma campanha desastrosa, com a última vitória da equipa de Nigel Pearson reporta-se a 21 de Setembro, e foi neste mesmo King Power Stadium frente ao Manchester United por 5-3! Outros tempos, pois a partir daí os "foxes" conseguiram apenas dois pontos em doze jogos (!), e a malapata continuou ontem, ficando agora o penúltimo lugar a cinco pontos de distância. Mas não foi fácil, a tarefa do Tottenham, e ao golo logo no primeiro minuto da autoria do jovem avançado Harry Kane, respondeu o argentino Leonardo Ulloa aos 48 minutos, ficando a partida decidida aos 71 pelo médio internacional dinamarquês Cristian Eriksen. Foi a terceira vitória consecutiva da formação treinada pelo argentino Mauricio Pochettino.
E chegamos ao "teatro dos sonhos", casa do Manchester United, onde mora o tal Wayne Rooney. E desta vez o rapaz justificou o seu elevado salário, apontando dois golos da vitória da sua equipa por 3-1 frente ao Newcastle. O ponta-de-lança marcou aos 23 e aos 36 minutos, primeiro assistido por Radamel Falcão, e depois por Juan Mata, levando ao delírio os 75 mil espectadores em Old Trafford. No segundo tempo o holandês Robbie van Persie ainda fez o 3-0, a passe de um Rooney especialmente inspirado, e o melhor que os visitantes conseguiram foi reduzir de grande penalidade a três minutos do fim, por Papi Cissé de grande penalidade. O ManU de Van Gaal ainda não é o mesmo dos tempos gloriosos de Alex Ferguson, mas anda lá perto; mesmo a dez pontos da liderança do Chelsea, os "red devils" ocupam um confortável 3º lugar, e levam sete vitórias nos últimos oito encontros. O Newcastle de Alan Pardew continua a fazer um campeonato sofrível, ocupando agora o 10º lugar.
E vamos agora para o nordeste inglês, perto das terras altas da Escócia, até ao Stadium of Light, onde o Sunderland recebeu o Hull City, um jogo entre "aflitos". E parece que o natal fez maravilhas para os visitantes, orientados pela antiga glória do Manchester United, Steve Bruce, que obtem finalmente uma vitória após 11 jogos de "seca" e conseguiu até sair da zona de despromoção. E se poucos contavam com uma surpresa, mais cépticos ficavam quando Adam Johnson inaugurou o marcador para o Sunderland logo na primeira jogada do encontro. O Hull City, que até tem uma equipa decente para a segunda metade da tabela, não se intimidou, e aproveitou o relaxamento da equipa da casa para empatar aos 32 minutos pelo uruguaio Gaston Ramirez, que assim se estreou a marcar na liga, traindo o seu compatriota e treinador do Sunderland, o ex-internacional Gustavo Poyet. Veio o intervalo, e se os 45 mil espactores do Stadium of Light estavam preocupados, mais ficariam quando James Chester fez o segundo para o Hull, obrigando o treinador da casa a "meter a carne toda no assador", fazendo entrar os avançados Josie Altidore e o médio ofensivo Emanuelle Giaccherini, e foi com os "black cats" em cima do adversário que o Hull fez o terceiro golo, no sexto minuto de descontos dado pelo árbitro! O egípcio Ahmed El Mohamady "rouba" uma bola ao ataque do Sunderland e encontra lá na frente o sérvio Jelavic, que tinha entrado em cima dos 90 para queimar tempo, mas ainda foi a tempo de fazer o gosto ao pé. O Sunderland mantém-se no 14º lugar enquanto o Hull sobe para 17º, e empurra o Crystal Palace para a zona de despromoção.
E saimos agora da velha Albion para a terra dos pastores, o País de Gales, e vamos até ao Liberty Stadium, onde o Swansea City, uma das melhores defesas do campeonato, recebeu o Aston Villa, equipa que tem o pior ataque da prova, com apenas 11 golos apontados em 18 partidas. Os galeses, que estão pelo quarto ano consecutivo na Premier, resolveram a questão do vencedor com um golo do islandês Gylfi Sigurdsson aos 13 minutos, mantendo-se no 8º lugar, bem longe da zona perigosa e até a "espreitar" os lugares europeus. Os "villains" do escocês Paul Lambert cairam para o 13º lugar, cinco pontos acima da linha de água, e mesmo apesar da onda de lesões e da ausência de Kieran Richardson por castigo para este encontro, há que trabalhar mais o capítulo da finalização.
E voltamos agora a território inglês, e antes de terminar onde começámos, na capital Londres, passemos pelas West Midlands e visitemos o mítico The Hawthorn, casa do West Bromwich Albion, que neste Boxing Day recebia um visitante ilustre: os milionários do Manchester City. Sabedores da vitória do Chelsea, os comandados de Manuel Pellegrini estavam obrigados a vencer para não deixar fugir os londrinos, e de facto estavam com pressa para deixar as contas como estavam antes do início desta ronda. Mesmo sem Kompany, Džeko e Agüero, todos de fora por lesão, os "citizens" tiveram argumentos de sobra para resolver o jogo num ápice; primeiro foi o ex-portista Fernando a marcar aos oito minutos, e cinco minutos depois Yaya Toure fez de "penalty" 2-0, para o espanhol David Silva fazer o terceiro aos 34, levando o jogo já resolvido para o descanso. Os "baggies" marcaram o ponto de honra por Brown Ideke a três minutos do fim, e somaram a quinta derrota caseira, estando agora em 15º lugar, dois pontos acima da linha de água.
Finalmente de volta a Londres, onde encerramos esta volta à Premier League no novo e sofisticado Emirates Stadium, onde 60 mil espactadores assistiram ao "derby" da capital, entre o Arsenal e o Queen's Park Rangers. Os visitantes queriam quebrar o enguiço dos jogos fora, onde ainda não tinham pontuado em oito tentativas, mas voltaram a não ter arte - e o adversário era de respeito. O chileno Alexis Sanchez, que se vem assumindo como a estrela maior dos "gunners" esteve em destaque pelas melhores e pelas piores razões; primeiro desperdiçou uma grande penalidade logo aos 9 minutos, permitindo a defesa a Robert Green, mas redimiu-se aos 37, ao inaugurar o "placard", correspondendo da melhor forma a uma assistência de Kieran Gibbs. Já no segundo tempo o Arsenal ficou reduzido a dez elementos por expulsão de Olivier Giroud aos 53 minutos, mas isso não os impediu de fazerem o 2-0 quinze minutos depois, cortesia do internacional checo Thomas Rosicky. Os visitantes, orientados pelo ex-selecionador inglês Harry Redknapp reduziram aos 79 minutos de "penalty" por Charlie Austin, que assim apontou o seu 12º golo na prova, mas foi muito pouco, tarde demais.
Deixo-vos agora com a classificação completa da Premier League, bem como o programa da 19ª jornada, que se realiza já amanhã.
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