Ai a opinião, a opinião...como é linda a opinião, especialmente na forma de um direito exercido em plena democracia, onde é permitido a todos ter a sua "opinião" - mesmo os idiotas, pobres patetas que em geral não dizem ou escrevem nada que se aproveite, ou seja, não "mandam uma para a caixa" e ainda ficam meio confusos a olhar à sua volta para tentar encontrar a tal "caixa" de que estamos a falar. Desde que apareceram essas malditas redes sociais, todos têm a sua opinião, e isto tem sido um ver-se-te-avias, opiniões umas atrás das outras, de todos os géneros e feitios, mil e uma, valha-me Deus, é um "gangbang" de opiniões. De uma pergunta tão simples como "acha que amanhã vai fazer chover ou fazer sol?", podemos recolher centenas de opiniões, tão díspares que podem variar entre a previsão do tempo para os próximos três meses, os números da próxima chave do "mark-six" ou uma crítica ao desempenho de um governo qualquer, sei lá, quer chova ou faça calor há sempre alguém que não gosta, e o que faz o Governo quanto a isto?
Belos tempos, em que a opinião era privilégio dos poucos que sabiam escrever, e mesmo que lhes dissessem que "escreviam mal", eles retorquiam que o autor da crítica "interpretou mal", ou encontravam outra forma de insinuar que o resto do mundo era composto de analfabetos e iliterados, e que eles não só escreviam maravilhosamente bem, como a percepção das ideias que colocavam no papel só poderiam estar ao alcance deles próprios ou de outros génios do seu calibre, naquilo que se pode designar de "onanismo literário" e mesmo esses estão cheios de cócó e ranhoca, mas alto lá! têm direito à opinião porque estão habilitados a emiti-la! Estão dotados de visão raio-X e têm uma parabólica na testa. Se uma avózinha qualquer deixar uma receita de pudim de ovos na net, certifiquem-se primeiro que ela tem um curso de hotelaria obtido numa instituição reconhecida, ou caso contrário podem morrer! "Ovos e açúcar" não é a mesma coisa que ovos e açúcar, se estão a ver onde quero chegar. Não estão? Pudera, sou um génio. Sou da nova geração de opinadores não-oficiais que se julga melhor que os resto da minha espécie.
Isto tudo a propósito do quê, deixa lá ver, que às vezes perco-me neste oceano de genialidade em que me encontro constantemente submerso...ah, já sei! Era a propósito do
artigo de opinião da Sandra Lobo Pimentel na edição de hoje do Ponto Final. Primeiro gostava de vos contar como foi a minha experiência homossexual com o General Custer. Perdão, o meu contacto com a Sandra Lobo Pimentel. Na noite de 27 de Agosto último contactei-a através do Facebook a propósito
deste artigo que a jornalista tinha assinado nas páginas do Ponto Final desse dia, e que continha uma passagem que à primeira vista entendi como sendo um lapso de ortografia, pois transmitia uma ideia que na altura me pareceu não corresponder à intenção da sua autora. Acontece que me enganei, e a Sandra Lobo Pimentel escreve correctamente português, numa ortografia imaculada. Menos imaculada, contudo, é a sua lógica, e só não digo o que penso (e juro que não é nada de vulgar ou obsceno) porque não me apetece andar a reduzir o que considero serem firmes convicções a uma mera opinião pessoal - ao contrário da Sandra, que se escuda no sacrossanto refúgio da opinião para defender o indefensável, e justificar o injustificável. Causou-me uma certa estranheza a agressividade com que a minha abordagem foi recebida, pois nunca a havia contactado antes nem a conhecia pessoalmente (e não conheço), e posso garantir que fui para lá do diplomático através dos bosques do cavalheirismo, mesmo após detectar a evidente animosidade. Mais tarde, e acidentalmente, vim a entender porquê, mas já lá vamos.
O artigo era sobre o referendo civil, o sabor deste Verão aqui no território, e o que me fez interpelar a Sandra Lobo Pimentel foi muito simples: a autora do artigo chega a certo ponto a insinuar que o referendo havia sido "criminalizado pelas autoridades", que é o que pode depreender da passagem "Quer queiramos, quer não, as autoridades encontraram uma forma de criminalizar a iniciativa...". Como já referi, julguei que se tratava de um lapso, porque na verdade, e como toda a gente sabe, o promotor do referendo foi acusado do crime de desobediência civil qualificada, algo que muito delicadamente expus à autora do artigo. Não vou aqui revelar o conteúdo da conversa, primeiro porque não me ficava bem e depois porque não tem qualquer valor além daquele que dele retirei, pois passei a conhecer um novo sub-género da espécie humana - sem ofensa, eu próprio tenho o meu sub-género, que é um antípoda deste outro. Daquilo que se pode considerar relevante para este caso particular, a autora reafirma que o referendo foi "de uma certa forma" criminalizado, uma vez que o seu promotor "acabaria por ser acusado de um crime" - é a lógica do bilhar aplicada ao Código Penal: o que não é crime passa a ser, se a sua prática levar a que eventualmente se cometa um crime previsto na lei. Entenderam? Deixem lá, eu também não. Não está ao alcance de qualquer um, como já referi mais acima neste artigo.
Mesmo assim, e sem elaborar quem tem ou não razão, a Sandra defende-se alegando que se trata de "uma opinião", a sua, e como tal não se acha na obrigação de explicar nada. É apenas uma opinião, portanto, sem quaisquer segundas, terceiras ou quartas intenções. O facto dessa opinião aparecer na quarta-feira, dia 27 de Agosto, e o referendo realizar-se entre 24 e 31 desse mesmo mês, bem como poder eventualmente influenciar um ou outro leitor que gostava de participar mas que se encontrava indeciso por receio de infringir de alguma maneira a lei, é completamente irrelevante. Quem ficava a ganhar com uma maior participação no referendo? O Jason Chao, que assim poderia "tentar usar isso com peso na discussão política". Quem ficaria a perder? Gostava de saber, pois "discussão política" não me parece assim tão mau, e convém recordar ainda o que existia de "discussão política" antes de aparecer o Jason Chao. Também não vou ainda revelar porque é que a Sandra Lobo Pimentel diz que o Jason Chao "perdeu as eleições", e assim "não formou Governo". Em Macau. Estão a ver onde quero chegar? Prefiro guardar esta argumentação para o fim.
A ideia que fica é que se trata de "opinião", e aqui, assim como no casamento para a religião islâmica, "tudo é permitido". Se eu chamar A. de ladrão e ele me vier pedir para provar essa afirmação ou caso contrário assumir as consequências, basta dizer qualquer coisa do tipo "acho que você é um patife e um gatuno, e prefiro evitar aproximar-me de V. Exa., assim como lhe peço que se mantenha a uma distância segura de mim, mas esta é apenas
a minha opinião, e os outros que pensem o que entenderem, seu pulha pedófilo; sim, chamei-lhe pedófilo porque
na minha opinião V. Exa. tem cara de pedófilo". Vêem como é simples? Agora existe aquilo que se chama de "contra-opinião", que é o que a Sandra Lobo Pimentel fez hoje. Andava ela ali pelas redes sociais para confirmar a porcaria que por ali se dizia, e resolveu num tom paternalista que nem conseguiu sequer camuflar de "recomendação amigável", o que não deixaria de ser pateta na mesma, dizer-nos como devemos pensar.
Ah, ah, Leocardo mau, a menina não diz nada disso, não senhor, ai ai o menino, querem lá ver? Tau tau no rabo, e já. Pois é, que maldade a minha, e que ingenuidade, Deus meu. É que nem eu nem mais ninguém viu que a autora do artigo recorre a uma técnica milenar, ultra-secreta, passada apenas da boca de um jornalista-druída para o ouvido de outro, de deixar-me de cu no chão como se o Messi tivesse tirado da manga uma finta dedicada a "moi". Que pateta que eu sou, pá. Reparem neste "show de bola" que é como fazer um "descubra as diferenças", só que tão difícil que é preciso estar dotado de um super-microscópio que só a NASA possui:
Afinal "
o que parece indesmentível é que quase todos têm algo a dizer sobre o novo Governo", e "
quer-me parecer que o descrédito será sempre a bitola de quem já se habituou a ver o copo meio vazio". É que "uma renovação como aquela que Chui Sai On liderou no Executivo é sempre motivo para renovar também expectativas,
creio. As de todos." - de todos???? Tem mesmo a certeza??? Na, isso é você que está a afirmar; eu apenas
creio. Mas pensando bem, "não
devemos, todos, esperar para ver? Ou
estaremos ávidos de que o novo elenco governativo integre erros de casting" do passado, e que persistem? "
Podemos sempre embandeirar pelo discurso de que Lionel Leong é um empresário bem sucedido, um capitalista, portanto, que vai desprezar as classes desfavorecidas", bem como podemos também pensar que "Sónia Chan só foi escolhida para secretária porque teve responsabilidades na
“repressão” do referendo civil promovido por Jason Chao e companhia…". Reparem como na apresentação do novo elenco Alexis Tam surpreendeu ao elevar fasquia, e "logo na área da saúde pública, que,
para mim, numa terra tão abastada, confirma-se como um dos maiores mistérios de Macau". E perdoem-me os que insistem em ver o copo meio vazio, pois eu prefiro vê-lo meio cheio, porque "
para mim, Macau tem oportunidade de viver um admirável mundo novo. E
estou a torcer para que este seja melhor do que o anterior." - e aqui é a porca torce o rabo, neste "melhor que o anterior".
Ora bem, já que se deu ao trabalho de "comentar o comentário", algo que lhe provoca um tremendo asco, como percebi pela nossa curta mas esclarecedora conversa, permita-me que lhe responda na mesma moeda, "analisando as análises", de forma a poder "opinar sobre a opinião". Para tal vou-me socorrer ao mesmo tempo dessa patética "reserva do direito de opinião", em que no fundo "não afirma nada", pois é apenas "aquilo que pensa". No seu caso uma página em branco produzia o mesmo efeito, mas deixe-me "dinamizar" o conceito, como diria um dos meus alter-egos, o Leocas. Vamos a isto.
O que me
parece seguro ao ponto de apostar ambos os testículos é que todos temos o direito de dizer o que muito bem nos apetecer sobre o novo elenco governativo, mesmo os maiores disparates, desde que seja à luz da lei -
faço fé nisso.
De voo rasante em asa delta denoto um número significativo de pessoas a comentar nas redes sociais, pelo que
um exame de ADN determinaria que se trata de uma plataforma legal, caso contrário
faço versos improvisados e inconsequentes que devidamente interpretados nos levariam a deduzir que essas plataformas já teriam sido encerradas, e os eventuais administradores levados à justiça e acusados de um crime que pode ser crime, ou
não, nem pensar, nada disso, está mas é tudo maluco. Não sei se estou a ver bem ou f
ui subitamente acometido de cataratas, mas a Sandra Lobo Pimentel tem um olho tão clínico que viu o que mais ninguém viu - Lionel Leong é empresário e
poderá considerar depois de cuidada ponderação e um mês de meditação num mosteiro de monges trapistas, ignorar as classes mais baixas, apenas por ser um empresário?!?! É que
mesmo na eventualidade tão provável como encontrar uma agulha num palheiro de alguém ter produzido semelhante afirmação, fico estupefacto,
qual criança de 4 anos que surpreende pela primeira vez os pais na prática do coito, que a Sandra tenha selecionado essa entre os muitos milhares de milhões de entradas que viu nas redes sociais -
não me recordo se sonhei ou se estava acordado para garantir se foi mesmo assim. Em relação à nomeação de Sónia Chan,
posso estar tão enganado como uma das teorias, criacionista ou evolucionista, mas além do deputado José Pereira Coutinho, até agora só você fez a ligação entre o referendo civil e o facto da agora indigitada Secretária ter
"reprimido" a iniciativa -
creio. Eu não só
prefiro ver cinco copos completamente cheios até acima de tintol como já os acabei de beber e agora completamente embriagado, apercebo-me de que afinal a Sandra Lobo Pimentel
não morre de amores por Jason Chao ao ponto de querer casar com ele, e tem tanta autoridade para falar deste ou daquele elenco governativo, do que foi feito ou ficou por fazer, ou de quem é quem, de quem diz o quê como tem um caracol para participar no campeonato da NASCAR - e não me leve a mal, mas isto é o álcool a falar, pois sempre são cinco copos de tintol contra "meio copo cheio" de certezas absolutas...de arenque.
Chegou a hora então de desvendar esse "mistério" ainda maior do que a solução de Alexis Tam para o problema da saúde: onde é que a Sandra foi buscar aquele anti-Leocardismo latente? Diria que ao mesmo sítio onde foi buscar a sua antipatia completamente injustificada pelo Jason Chao, mas aí estaria a ser injusto. É que se com este último dá a entender que existe algum "seguidismo", no meu caso foi "auto-aprendizagem". Em 3 de Outubro de 2013, semanas após as eleições para a Assembleia Legislativa, a Sandra Lobo Pimentel assina no Jornal Tribuna de Macau
este artigo de opinião, onde analisa aos resultados daquelas que foram "as primeiras eleições para a AL a que assistiu em Macau". Gostei da humildade com que admitiu esse facto, pois ao contrário de algumas das suas colegas, não cometeu a desfaçatez de falar do que não viu, mas por outro lado não se inibiu de falar do que não sabe nem imagina, e para o efeito acaba por meter os pés pelas mãos: começa por muito pragmaticamente
e na minha opinião branquear a corrupção eleitoral, defendendo que os eleitores de Macau, e passo a citar, "escolhem aquilo que gostam e que lhes dá mais jeito, porque isso da democracia e dos altos valores morais não põe comida na mesa" para no parágrafo falar da "vontade da maioria" como "princípio básico da democracia", e ainda vai ao ponto de mandar uma farpa a quem ficou descontente com os resultados, acusando-os de gostaram da democracia "só quando ganham". Reparem ainda na insistência deste "ganhar e perder" quando fala das eleições para a AL; primeiro foi Jason Chao que "perdeu", e aqui foi Chan Meng Kam que "ganhou".
Confesso que me tinha esquecido completamente deste episódio quando abordei a Sandra Lobo Pimentel a propósito do artigo que assinou a propósito do referendo civil - tivesse isso em mente e nunca o faria. Agora regressa a um sítio onde nunca tinha estado, e sai de lá sem alguma vez ter lá ido. Parece complicado, mas isto somos nós que gostamos de complicar, pois para a Sandra Lobo Pimentel é tudo muito fácil. Bora lá, eleições em Macau, é? É grupo, até podiam ser nas ilhas Caimão. Cumé qué? Ganhou aquele? Lógico, andou lá pela lama num dia de chuva...bruxo. Perdeu aquele tipo que me disseram que é bera mas que eu nunca tinha visto mais gordo? É porque só me rodeio de gente bonita e inteligente, como eu. Foi o quê? O outro ganhou votos a pagar lanchinhos aos eleitores? É normal, é disto que o meu povo gosta, portanto toca a respeitar a democracia mesmo quando perdem, ouviram? Agora é o quê, nomeação do elenco governativo. Pois é, este, este e este, "check". O que é que foi, não gostam desse, é? E do outro, também não? Pfff...como é que sabem, se eles ainda não fizeram nada? Sorte a minha que tive aulas com o professor Karamba que me deu uma tabela de minutas para artigos super-espectaculares adaptados a cada local e a cada caso. Nem estes tótós sabem a sorte que têm em eu ter caído aqui de pára-quedas.
Estou em Macau há 22 anos, e nunca na minha vida atirei na cara de ninguém esse facto como decisivo para fazer valer a minha opinião sobre a de qualquer pessoa, pois não sei nem da missa a metade. Nunca o fiz, nem o vou fazer agora porque não vale a pena, e "pena" é a palavra que me ocorre para descrever o que sinto por esta pobre infeliz, que transborda de petulância e vaidade sem idade. Antes dela não existiam expectativas, e apesar de não ter estado cá durante a maior parte do tempo que durou o mandato dos governantes que agora saem, "está optimista", até porque os elementos que compõem este novo Executivo foram criados por geração espontânea para servir de reis magos à comemoração do ano zero da RAEM, mesmo que tardia. Antes não existiam redes sociais, que apareceram agora só para aborrecer a princesa, que mesmo assim tem uma paciência de santa para nos indicar o caminho com a sua lanterna da humildade, do "quer-me parecer que sois umas bestas, e para mim deviam era ficar caladinhos, e isso parece indesmentível, creio". Foi a Sandra Lobo Pimentel que trouxe a grande traineira das postas de pescada, lá da terra onde a vida é um arraial em sua homenagem, onde se dança ao som da chula e do malhão e os copos estão sempre meio cheios. Não será de chá, com toda a certeza.
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