Conhecem aquela anedota do maluco que vai a levar a escova de dentes pela trela no manicómio? E quando o médico lhe pergunta: "com que então, a passear o cãozinho, ah?", e o maluco retorque: "qual cãozinho, não vê que isto é uma escova de dentes", e depois do médico ir embora, envergonhado o maluco diz para a escova "anda Bóbi, enganamos mais um"? Sim, eu sei que tem barbas, ou neste caso, pêlos de escova, mas esta notícia que em tudo se assemelha é fresquinha quem nem uma couve: adolescentes no interior na China adoptaram couves e alfaces como animais de estimação, e até os levam a passear pela trela! O problema da solidão destes jovens é tal, que adoptaram como animal de estimação, ou neste caso "vegetal de estimação", algo que não se queixe, que não os contrarie, que não seja preciso alimentar, fazer festinhas ou limpar os cocós - em suma, que não chateie. Lui Jai Chen, um jovem de 17 anos, diz que "consegue passar as vibrações negativas para a sua couve" (que maldade...), e que "se sente melhor", depois de levar a hortaliça a passear. Já Da Xia Sung, também de 17 anos, está um patamar acima na escala da insanidade, e diz que "se interessa mais pela couve do que pelos seus pais", porque sente que o vegetal "o compreende". Sim, pelo menos não o manda arrumar o quarto ou tirar o rabo da cama para ir para a escola. Sei que isto pode parecer deprimente, mas segundo o psiquiatra Wen Chao, de 56 anos, as couves "podem servir de escapatória para exprimir as frustrações". Bem, penso que falar sozinho ou para uma parede, que tal como os vegetais não é dotada do sentido da audição, produz o mesmo resultado, ou seja, nenhum. Mas o especialista avisa que "as couves confidentes não são um substituto para o contacto humano". De facto, isto já eu me tinha apercebido no momento em que mordi uma folha de rúcula e esta não gritou. Enfim, nunca se sabe, pois talvez um dia destes esta juventude solitária garanta que as couves falaram mesmo com eles, e que lhes ordenaram que fossem para a escola armados e massacrassem os colegas, professores e funcionários. E duvidam? Olhem que foi um molho de grelos que me disse.
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