Helena Costa é uma mulher entre os homens, pelo menos a partir de agora, que se tornou treinadora principal da equipa profissional masculina do Clermont Foot, da Ligue 2 de França, o segundo nível do futebol francês. Helena Margarida dos Santos e Costa nasceu em Alhandra, Vila Franca de Xira, em Abril de 1978, e desde nova é uma apaixonada por aquilo que parece por preconceito ser proibitivo para as mulheres: futebol. Estudou Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana, e ainda antes de terminar o curso já tinha iniciado outro: o de treinadora de futebol, levado a cabo pela AF Lisboa. A seguir o Mestrado em Análise de Jogo com louvor e distinção e os cursos de treinadores UEFA nível 2 e nível 3 pela Federação Portuguesa de Futebol, e pelo meio estagiou em 2005 com outros treinadores na Academia de Futebol do Chelsea, durante a primeira passagem de José Mourinho pelo clube inglês. Foi então fazer parte da equipa técnica dos escalões de formação do Benfica - em futebol masculino, entenda-se - e a primeira vez que trabalhou com homens foi nos amadores do Cheleirense, com quem conquistou o campeonato regional da 3ª divisão da AF Lisboa. Aí passou a trabalhar nos escalões principais do futebol feminino, passando pelas campeoníssimas 1º de Dezembro e depois pelo Odivelas. Em 2007/2008 e 2008/2009 foi campeã nacional pelas primeiras, a que juntou ainda a Taça de Portugal na segunda época, ao mesmo tempo que levava o Odivelas ao primeiro escalão. Como é difícil para uma mulher convencer os homens que mandam no futebol de que está mesmo a falar a sério, conduziu diversos seminários e congressos, e foi distinguida com vários prémios, entre eles o de Melhor Treinadora pela Associação de Nacional de Treinadores de Futebol (Prémio Mulheres de Mérito) 2008/2009. Seduzida pelos petro-dólares, aceitou o cargo de selecionadora feminina do Qatar entre 2010 e 2012, e depois do Irão até este ano, isto apesar das naturais limitações que a lei islâmica impõe, não permitindo que as atletas compitam de manga curta ou de calções. A contratação pela equipa francesa faz história como sendo a primeira vez que uma mulher se torna treinadora principal de uma equipa profissional masculina, e agora tudo o que pede é que "a tratem como outro treinador qualquer". O Clermont terminou a Ligue 2 no 14º lugar, depois de uma época a lutar pela manutenção, e pode ser que agora com uma mulher a mandar, a "casa" fique mais bem arrumada.
Sem comentários:
Enviar um comentário