O filme "Grace of Monaco", que conta a vida da actriz norte-americana Grace Kelly, foi o filme de abertura do Festival de Cinema de Cannes este ano, e apesar da enorme expectativa, deixou um cheiro a podre no ar. O filme é realizado por Olivier Dahan, que em 2007 foi aclamado pelo seu trabalho "La Vie en Rose", sobre a vida de Edith Piaf, e que valeu a Marion Cottillard o Oscar para melhor actriz, e conta com Nicole Kidman no papel de Grace, e Tim Roth como o príncipe Rainier III. A acção decorre em 1962, seis anos depois do casamento do soberano monegasco com a actriz, e é carregado de uma forte componente política, e logo em Janeiro a casa real do Monaco criticou o realizador e a produção por não ter sido consultada quanto ao projecto. Num comunicado divulgado há duas semanas, a família de Grace e Rainier deixou claro que o filme "nunca poderá ser considerado um biópico". Na quarta-feira, após a estreia em Cannes, "Grace of Monaco" a crítica juntou-se a indignação da realeza do principado, considerando o filme "um autêntico desastre". O príncipe Alberto II, regente do Monaco desde a morte de Rainier em 2005, foi mais longe ao chamá-lo de "uma farsa".
Por falar em "desastres", recordo que Grace Kelly faleceu num acidente de automóvel em 1982, por culpa de uma avaria na direcção do seu carro - pelo menos esta é a versão oficial. Outra vítima de acidente rodoviário e aparentemente figura imaculada e de mérito inquestionável foi a princesa de Gales, Diana, que no ano passado foi alvo de outro biópico com Naomi Watts no papel principal. A mim parece-me que é complicado mexer com estas "jarras", e qualquer coisa que se afaste minimamente da imagem de mártires e de santidade é imediatamente estrangulada à nascença. Qualquer dia temos a Santa Diana e a Santa Grace a fazerem companhia ao Santo João Paulo II nessa "twilight zone" do reino dos Céus. E como se vão todos divertir, rindo dos vivos, que vão por cá andando ao estalo por caso de um simples filme.
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