Praça da Maratona, Cruz Quebrada, Oeiras, Estremadura, Portugal, Terra, Sistema Solar, Via Láctea, 18 de Maio de 2014. A polícia tenta controlar um grupo de adeptos que tentam entrar no Estádio Nacional para assistir ao jogo entre o Benfica e o Rio Ave, a contar para a final da Taça de Portugal. Dá-se a confusão, as pessoas empurram-se, a polícia faz o que pode, está calor, António Costa está sentado na confortavelmente instalado na bancada de honra do mítico recinto do Jamor, usado uma vez por ano para se realizar a final da taça, e meia dúzia de provas de atletismo sem importância que ninguém vai ver. Um adepto entrevistado pela televisão questiona a logística do local, incapaz de lidar com a turba ululante que quer ver os seus heróis - há reminiscências do Coliseu Romano; o povo quer o seu
circenses, uma vez que nem sempre tem
panis. O mesmo adepto lamenta-se pelo facto de sermos um país do terceiro mundo, "do terceiro não, do quarto", corrige. Pertencer "não ao terceiro mundo, mas ao quarto" é o equivalente a "bater no fundo não, abaixo do fundo", ou "matar-se com dois tiros na cabeça". O jornalista que comenta as imagens deixa-nos a par da situação no terreno: "há pessoas que não conseguem respirar", e "a polícia não deixa os adeptos passarem pelo cordão de segurança", ou ainda "se a estrutura ceder, muita gente ficará esmagada". Esqueçam a tragédia do Hillsborough Stadium em Sheffield, esqueçam Heyzel Park, esqueçam Tiananmen, o 11 de Setembro, tudo isso são cócegas. É na Cruz Quebrada que o caldo está finalmente entornado. É a festa da Taça.
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