quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ayrton Senna: 20 anos de saudade


Passam hoje exactamente vinte anos desde a morte de Ayrton Senna, piloto brasileiro de Fórmula Um que perdeu a vida em San Marino, Imola, no dia 1 de Maio de 1994. Nascido a 21 de Março de 1960 em S. Paulo, iniciou-se nos karting, como todos os pilotos iniciados, passando para a Fórmula 3 em 1981, vencendo o campeonato britânico da categoria em 1983, e o Grande Prémio de Macau nesse mesmo ano - o primeiro oficial de F3 realizado no circuito da Guia. Era inevitável a sua ascensão à disciplina máxima, a F1, e em 1984 fez a sua estreia no seu país natal, o Brasil, ao volante de um Toleman-Hart. Em Jacarepaguá não foi feliz, abandonando logo na oitava volta, mas pontuou logo nas provas seguintes, na África do Sul e na Bélgica, e na sexta corrida foi 2º classificado no Mónaco, numa prova que não chegou a terminar por causa da chuva. Conseguiu dois terceiros lugares, em Silverstone e no Estoril, e os 13 pontos obtidos no final da temporada valeram-lhe a saída para a Lotus, onde podia ter maiores ambições. E o jovem Ayrton não desiludiu, vencendo a primeira corrida da sua carreira logo na segunda etapa, no Estoril, numa prova realizada à chuva. Obteve vários pódios nesse ano, mais uma vitória na Bélgica e terminou o mundial de pilotos em 4º lugar com 38 pontos. Em 1986, ainda na Lotus, voltou a vencer duas corridas, em Espanha e em Detroit, e repetiu o quarto lugar do ano anterior, e em 1987, ainda na Lotus, voltou a somar mais duas vitórias, no Mónaco e outra vez em Detroit, e foi 3º no mundial, à frente do bi-campeão mundial Alain Prost.


As suas prestações levaram-no então à McLaren, que a partir de 1988 passou a correr com os imbatíveis motores Honda. Logo no seu primeiro ano na nova escuderia foi campeão do mundo, vencendo oito das 16 provas desse anos, e terminando três pontos à frente de Prost, que era seu companheiro de equipa, e tinha início uma das maiores rivalidades de sempre no desporto automóvel. O francês voltaria a reclamar o título em 89, e sairia para a Ferrari, deixando Senna rei e senhor na McLaren, com quem voltaria a conquistar o título em 1990 e 1991, neste último com uma confortável vantagem de 24 pontos sobre o segundo, o inglês Nigel Mansell, em Williams. Em 1992 a Williams foi mais forte, e Mansell levou a melhor, com Senna a terminar em quarto, assinalando assim o fim da supremacia da McLaren. Em 1993 o brasileiro terminaria em segundo atrás do seu rival de sempre, Prost, entretanto regressado às vitórias ao volante da Williams, mas a retirada do francês das competições deixou o seu lugar na marca britânica vago, e Frank Williams ia buscar Senna, com a perspectiva de que o brasileiro não iria defraudar as expectativas.


Em 1994 a FIA decide proibir algumas das ajudas tecnológicas de que os pilotos beneficiavam, como as suspensões activas, o sistema ABS de travagem ou o controlo à tracção, o que por um lado reduziu os custos às equipas, mas por outro lado tornou a condução mais perigosa. Senna era um dos favoritos ao título mundial, mas abandonaria nas duas primeiras provas, primeiro no Brasil, após um despiste, e depois no Japão, colidindo com Nicola Larini e Mark Blundell logo na largafa. Em San Marino o fim-de-semana da edição desse ano da mítica prova de Imola já tinha ficado assombrada pela morte do austríaco Roland Ratzenberger nos treinos de qualificação, e no dia da corrida deu-se a tragédia: saindo da "pole-position", como era seu timbre, liderava à quinta volta, quando para choque de todos os que assistiam, quer em Imola, quer pela televisão, foi a direito na curva Tamburello e bateu com violência num muro; dava para perceber que o acidente tinha sido grave, e no momento que o piloto foi retirado do carro, tinha lesões cerebrais provocadas por uma peça de metal que perfuraram o capacete, e que lhe ditaram a morte. A corrida teve uma segunda largada, e Michael Schumacher, que foi campeão mundial pela primeira vez nesse ano ao volante de um Benneton, seria o vencedor. A curva foi retirada do traçado do circuito logo no ano seguinte. Desaparecia aos 34 anos aquele que muitos ainda consideram o maior piloto de sempre, um "ás" do volante, destemido e ambicioso, sempre com a vitória no horizonte, algo que na sua vida despertou quer paixões, quer ódios. A morte de Ayrton Senna levou a que fossem tomadas medidas de segurança que permitiram que até hoje não se tivesse registado mais nenhuma fatalidade na Fórmula 1. E já lá vão vinte anos.

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