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Os blogues dos outros
Há duas palavras que dominam o discurso político por estes dias em Macau - democracia e harmonia. De repente, todas as listas passaram a ser muito democratas. Não sei se já pensaram nisso, mas acho que não se é pouco ou muito democrata, assim como se não é muito ou pouco honesto. São das tais coisas que ou se é, ou se não é.
Ponto final que não há aqui lugar a intensidades. Mas, para além de democratas, as listas concorrentes são também todas muito harmoniosas. A harmonia vem sendo utilizada correntemente pela oficialidade, em Pequim e em Macau, em doses cada vez maiores. Agora são as listas concorrentes à AL que recorrem, com inusitada frequência, à harmonia nos seus programas. Mas ainda ninguém explicou o que é que quer dizer com harmonia. Vai daí, resolvi ir ao dicionário para ver se ficava mais esclarecido. E o que é que descobri? No Dicionário da Língua Portuguesa, 6ª edição, Porto Editora, harmonia vem definida como "combinação de sons agradável ao ouvido".
Pois, há um músico que é cabeça de lista (ou um cabeça de lista que é músico?) Não interessa...) e há agora aquele outro senhor, que também é cabeça de lista e que aparece nos tempos de antena a cantar, de auscultadores nos ouvidos, assim ao melhor estilo "We are the World". E as outras listas, volta que não vai, também cantam.
Mas não deve ser disso que se trata....Como tal, todas as definições que têm a ver com música devem ser postas de lado. Será então "disposição bem ordenada das partes de um todo"? "Paz e amizade entre as pessoas"? "Qualidades que tornam a frase ou o discurso agradável ao ouvido"? Cada vez estou mais confuso. Elucidem-me por favor. É que, depois de ler estas definições e de ouvir os candidatos e a oficialidade, estou a ficar com vontade de voltar atrás e ligar harmonia a música. Será que é isso mesmo?
Se é, o Miro ganha de caras! E se ele convencer os irmãos Acconci a apoiarem a lista, aí então é maioria absoluta garantida!!João Coimbra, Devaneios a OrientePelo que vou acompanhando, a campanha eleitoral para a Assembleia Legislativa tem um pouco de tudo. Oferta de jantares e outros brindes, vírus informáticos, promessas surreais, mensagens xenófobas, cartazes colocados em locais irregulares etc. Perante isto, interrogo-me como seria se fosse implantado o sufrágio universal.El Comandante, Hotel MacauHá muitos anos, contam-me, o Imperador fazia-se transportar numa cadeira mais ou menos deste género quando se tratava de subir montanhas. Hoje mantém-se umas tradições estranhas e há quem nos pergunte - quer subir a montanha de cadeira? Sorrimos e dizemos - "não, obrigada" - como que a tentar explicar que hoje já não se usa. Maria João Belchior, China em ReportagemFaz hoje 8 anos que o mundo estremeceu e dois emblemas da liberdade foram atingidos pelos instrumentos de ódio de um punhado de fanáticos e extremistas. Quase 4000 pessoas pagaram, com a vida, este acto de perfídia e indole assassina. 8 anos depois, as razões são estapafúrdias e, desde então, há quem nos queira convencer que temos que aceitar quem nos queira liquidar e volatilizar da superfície da Terra. Há tolerância para quem é intolerante é a questão filosófica de fundo que importa reflectir. Como Voltaire ou Isaiah Berlin o fizeram. Por mim basto-me no Antigo Testamento e na sua enorme sabedoria.
Job 29:14
I put on righteousness as my clothing;
justice was my robe and my turban.
Repetem-se os actos de terror, um pouco por todo o mundo, sem falar no Afeganistão ou no Iraque. Ainda, esta semana, as autoridades inglesas desvendaram um complot que levaria à morte de milhares de pessoas. Três paquistaneses envolvidos na preparação e orquestração do complot. Mas será que seremos sempre tão afortunados?
Hoje é o dia de relembrar os que cairam e morreram e a dor das famílias; gente de todas as nacionalidades, credos, lealdades, raças. Há que continuar a Guerra contra o Terror, mesmo que politicamente não o queiramos chamar, assim. E continuar a respeitar o Outro, porque é diferente e não pensa ou reza como nós. Mas não vamos criar sofismas e mentiras para justificar o injustificável: um acto de terror contra gente inocente. Espalhar o medo pelo medo, destilar ódio pelo ódio.
Glória aos que cairam! Morte aos bandidos! Arnaldo Gonçalves, Exílio de AndarilhoA História abordada nas possibilidades de futuríveis que jamais se realizaram constitui vasto e sedutor horizonte especulativo que não ofende nem o rigor nem a ética dos historiadores. Não se tratando de gratuito empréstimo da ficção, possibilita incorporar no labor historiográfico a metodologia das chamadas "ciências militares" - geo-política, geo-estratégia - que trabalham com cenários, colocando aqueles que a exercitam perante a imprevisibilidade dos factores subjectivos implícitos nos acontecimentos, sobretudo aqueles factores ditos "intangíveis" e "psicológicos" que são inerentes a qualquer acção humana. O What If ?, que conheceu um primeiro volume em 2001 e, logo depois uma segunda série de ensaios de grande interesse em 2004, apresenta um vasto elenco de acontecimentos submetidos a inversão. Se os Confederados tivessem vencido, se Lutero tivesse sido julgado e sentenciado, se Roosevelt não tivesse chegado à Casa Branca, se Churchill tivesse sido preterido por Halifax, se Wallace tivesse conseguido a eleição, se os chineses tivessem perseverado na expansão marítima no século XV... Seria curioso reunir alguns historiadores caseiros e desafiá-los para trabalho análogo sobre os acontecimentos axiais da história portuguesa. Se D. João I não se tivese decidido pela tomada de Ceuta, se os portuguseses em 1640-50 não se tivessem interessado pelo Brasil e dessem uma guerra de longa duração aos holandeses na Ásia, se Pombal não tivesse ascendido ao poder, se D. Miguel tivesse vencido a guerra civil, se João Franco tivesse ficado com a presidência do ministério após o regicídio, se o 25 de Abril se tivesse gorado...Miguel Castelo-Branco, CombustõesDiz o povo que se apanha mais depressa um mentiroso que um coxo. Neste caso, uma mentirosa. Carolina Patrocínio é a mandatária do PS para a juventude. Em entrevista ao 'i' afirma com todos os dentinhos que já tem na boca, que "sempre votou PS nas Legislativas". Como? Então, a menina nasceu em 27/05/87 e as últimas eleições Legislativas foram em 20/02/05, quando a menina tinha 17 anos e ainda não podia votar e vem dizer que sempre votou? Assim o nariz cresce igualzinho ao chefe... João Severino, Pau Para Toda a ObraOntem à noite, o debate entre Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite. Eu sabia que não ia assistir, por ter de ficar até tarde em Lisboa por questões de trabalho. Mas um imprevisto obrigou-me por volta das oito e meia ir a uma estação de correios e quando lá cheguei tinha não uma, não duas, não três, mas quarenta e cinco pessoas à frente. Liguei a avisar que ia demorar a voltar ao trabalho. E fui para o carro fazer tempo. No rádio, o debate. Se no dia anterior tinha visto imagens sem o som a acompanhar, agora tinha som mas imagens nada. Quarenta e cinco pessoas à minha frente, pelo menos a julgar pelo que estava no ecrã dos números das senhas. E lá fui ouvindo o debate. Fiz contas... Por cada afirmação de Paulo Portas talvez se despachasse uma pessoa. E por cada asneira de Manuela Ferreira Leite outra. Tentei contar as afirmações de um e as asneiras de outra. Quando cheguei a quarenta (vinte afirmações e vinte asneiras, porque a moderadora impunha a disciplina no debate), saí do carro e voltei para a estação de correios. Apenas três pessoas à minha frente. Talvez durante o percurso do carro até à estação se tivessem despachado duas pessoas. Vinte, mais vinte, mais duas, mais três, igual a quarenta e cinco pessoas. Como dizia o outro, é fazer as contas. Daí a vinte minutos estava de volta ao trabalho, e daí a umas sete horas de volta a casa.António Manuel Venda, Delito de OpiniãoÉ próprio da nossa gente o deslumbramento e curiosidade indómita em relação à vida privada de quem quer que seja. Elevam-se a expoentes próximos do infinito, tanto o deslumbramento como a curiosidade, quando quem-quer-que-seja é «político». O que come o Sócrates ao pequeno-almoço, que histórias contam a Manuela e o Jerónimo aos petizes netos, que sítios frequenta Louçã ou que nacionalidade é a da empregada de Paulo Portas: tudo é do maior interesse para as gentes interessadas na «política» portuguesa. Claro que as televisões, com olho para o negócio, dão à plebe o que a plebe pede. E então surgem, sempre, antes das eleições as «reportagens especiais» nas quais uma jornalista atrevida passa um dia inteiro, pobrezinha, com cada um dos líderes dos principais partidos. Com a plebe deleitada por ver, com os personagens deliciados por serem vistos, sobro eu que, tonto, me pergunto se é tudo parvo.Tiago Moreira Ramalho, Corta-FitasEu estou espantado! Nunca esperei ouvir do Francisco Louça aquilo que disse sobre os direitos dos pobres e de alguma média burguesia, esta já muito pouca. Então se nós, os pobres, não tivermos direito ao reembolso do pouco de IRS que a Entidade Patronal nos retira da folha do salário, que vamos fazer: vamos roubar os livros escolares para os nossos filhos frequentarem as escolas e pagar a dobrar o IRS? Ou melhor; vamos pagar livros e IRS? Que País, meu Deus, que País! Francisco, Francisco! Os meus anos já não serão muitos, mas cada dia que passa sinto mais que a esquerda anda atrás de votos e de classificações. Não foi para isto que a verdadeira esquerda nasceu. Também gostaria de falar acerca de Alberto Jardim, fascista e bandido sem cura, mas estou cansado. Estou a ver alguma esquerda muito confusa e capaz de dar o poder à direita por uns votos ou por um lugar a meio da "tabela". QUE VERGONHA! Estou indignado. Não andem a fazer fretes: Jardim é fascista com todas as letras. É um bandido, tal como Sá Carneiro e outros, que apoiaram as guerras ditas ultramarinas. Nunca gostei de esquerda envergonhada nem de esquerda que goste de fazer uma "perninha" com a direita. Que trinta diabos me levem, pois já vou tendo idade para ir caminhando, mas que não me deixem continuar a ver o que estas esquerdas, a troco de mais uns votos ao na tentativa de apanhar a medalha de bronze, tudo fazem, menos entrar em actividades a que se possam chamar de esquerda. Quem foi e quem é o PSD? O PSD foi um grupo político nascido dentro do parlamento fascista e que apoiou as guerras ditas do Ultramar. Guerras essas onde ficaram milhares de jovens portugueses. O PSD é uma seita de malfeitores: Dias Loureiro e...Tantos que nunca mais param. Muitos até são oriundos do exército cobarde e fascista que deixou milhares para trás, sem apoio de ninguém e entregues ao seu destino: A MORTE. Nunca fui homem de obediência a qualquer partido. Penso ser muito feio e deitar-se fora parte da nossa liberdade, como nas religiões ou credos. Contudo, eu votei sempre em partidos de esquerda. Quanto mais pequeno era o partido, mais garantidamente, tinha o meu voto. Desta vez não. Desta vez vou pôr toda a minha força e os meus parcos meios a fazer com que a direita não chegue ao poder. Eu ainda sou dos que tem medo da direita.David Santos, Voz do PovoO regresso às aulas é um verdadeiro pesadelo para muitas das famílias portuguesas. Os manuais escolares estão mais caros do que nunca. Os seus preços aumentaram mesmo muito mais do que a inflação. Os portugueses ganham salários de miséria, muitas das escolas dispõem de instalações obsoletas, mas os manuais que os alunos são obrigados a comprar – esses são de luxo. Só em livros, cada criança ou jovem pode ter de dispender mais de duzentos euros. As editoras impõem os preços, o governo cede e os pais pagam.Paulo Morais, BlasfémiasJoão César das Neves (JCN) deve andar envenenado por alguma encíclica e extenuado com orações. A homilia da última segunda-feira, no DN, é uma incongruente peça que vacila entre a indigência mental e o humor negro. JCN está para as encíclicas, cartas pastorais e outros textos pios da Igreja católica como os mullahs estão para o Corão. Só não prescreve para os hereges os métodos com que o fundamentalismo islâmico rivaliza com o Santo Ofício. JCN leu no Levítico que a homossexualidade é uma abominação e tem a noção de que os livros sagrados obrigam a matar os homossexuais mas os hábitos cristãos sofreram um revés tão grande com o Iluminismo e a Revolução Francesa que o próprio Papa já substitui o churrasco purificador por uma excomunhão sem publicidade. Numa sociedade onde a liberdade individual merece mais respeito do que a vontade divina, JCN recorre a sinuosas argumentações para contrariar a adaptação das normas jurídicas à evolução dos costumes e ao respeito pela diferença entre cidadãos. Se houvesse um prémio para a hipocrisia, não teria concorrência e ainda ganhava as indulgências que busca para a remissão dos pecados. JCN afirma esta enormidade: «Mas não existe aqui [na legislação portuguesa] nenhuma desigualdade. Os homossexuais podem casar exactamente nas mesmas condições de todas as pessoas: todos podem unir-se a pessoas do sexo oposto, ninguém pode casar com pessoas do mesmo sexo». Depois deste dislate perde importância a afirmação: «A tese do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem graves falhas lógicas. O Estado institui o contrato de casamento não por razões emocionais mas cívicas: porque ele é a base da sociedade, origem da sua reprodução». Quando leio JCN, não sei porquê, lembro-me sempre de Frei Gaspar da Encarnação, a quem Camilo chamava «uma santa besta», epíteto que eu jamais atribuiria ao devoto João César das Neves, além do mais, porque lhe desconheço a santidade.Carlos Esperança, Diário AteístaDiz que o problema da Argentina é não encontrar linhas de passe. Não se percebe. Maradona é um perito em linhas.João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária
4 comentários:
Obrigado Leocardo. Abraço
Cuidado, El Comandante, que os fundamentalistas democratas ainda te começam para aí a desancar.
Estou espantado com o blogue de Arnaldo Gonçalves, pois não sabia que a Bíblia tinha sido escrita em inglês !!!
Um dislate deste tipo, que se calhar o autor ignorantemente não se dá conta, classifica-o intelectualmente num segundo.
Samuel
Pobre do Pedro Coimbra. Passou a João.
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