Foi com interesse que li durante esta semana, à margem da rubrica leituras, as análise aos resultados eleitorais do último Domingo. Como sempre, foi com interesse redobrado que li a análise sempre circunspecta de Carlos Morais José, administrador do Hoje Macau, na edição de sexta-feira daquele diário. Concordo em quase tudo, aliás as análises em geral não variam muito daquela que eu próprio fiz na segunda-feira, mesmo a de Gilberto Lopes na rubrica “Olhadela”.
Com o que eu esbarrei mesmo foi com a opinião de CMJ no que diz respeito ao sector democrata, o grande vencedor destas eleições, com mais de 27 mil votos expressos e três deputados eleitos. Com que então “tosquices”, “falta de sensibilidade” e “xonofobia hereditária”, e logo em comparação a Agnes Lam, essa sim, uma lufada de ar fresco, cheia de ideias e não sei que mais. Pois bem, permita-me discordar. Se existe algo que mantem tudo isto numa peça só é o Novo Macau Democrático, doravante referido pela sua sigla, NMD. O NMD é que vai lá, o NMD é que mete o pé à bola, o NMD é que chateia.
Fosse a estória contada de outra maneira, e a votação do NMD ultrapassava os 50 ou 60 mil. Infelizmente existem cidadãos que são obrigados a votar no patrão com medo de perder o emprego. Quando Agnes Lam se dirigiu “à classe media”, insultou-a. A classe media existe, e já se expressa, sim. Quem é da classe média, não é operário e não trabalha nos casinos vota no NMD. Até alguns funcionários públicos. Agnes Lam obteve cinco mil votos, o que é um bom resultado, mas não para ela, que não conseguiu o que queria: ser eleita. Por outro lado o “plano” resultou, pois caso os cinco mil votos do Observatório Cívico tivesse ido para a lista 15, de Au Kam San, o NMD concretizava a formula mágica 1+1=4.
Mais de cinco mil estudantes universitários e “pensadores livres” resolveram por a cruzinha na novidade, que no fim não era novidade nenhuma. É preciso parar para pensar e analisar porque será que as pessoas não participam das actividades organizadas pelo NMD e algumas até fogem deles na rua. É porque para quem o voto é realmente secreto, não é preciso andar aí com bandeirinhas ou em jantaradas faustosas pagas pela sua lista de eleição. Com o NMD, que é a coisa que mais se assemelha a um partido politico em Macau, o eleitor independente sabe que tem lá alguém para fiscalizar na AL. O NMD não emprega ninguém, não se faz lobbies por nenhum grupo, e só se faz aquilo, que é chatear, pronto. E fá-lo muito bem.
5 comentários:
Ó Leocardo, largue as drogas que são poucas e nós somos muitos...
Como dizia(m) a(s) minha(s) professora(s): justifique a resposta dada. A não ser que isto seja apenas mais um daqueles argumentos desprovidos de sentido, do tipo "o Leocardo droga-se" ou "o Leocardo não gosta de gajas". Nesse caso, não se incomode.
Cumprimentos.
É mentira que o NMD é um partido xenófobo? Não me parece...
Pois, mas porquê xenófobo? Porque não tem portugueses nas suas fileiras? Só isso? Então a NE do Pereira Coutinho é um partido xenófobo: só tem macaenses.
Se é pela questão dos trabalhadores não-residentes, então todos os partidos são xenófobos. Com a diferença do NMD apenas querer que os grandes empresários do território (leia-se os da construção e afins) cumpram as regras, e contratem trbalhadores locais primeiro, e só no caso de não serem suficientes contratar no-residentes. O que fazem em alguns casos é contratar apenas mão-de-obra não residente (e muitas vezes ilegal) ao preço da uva mijona. E fazem bem?
Cumprimentos.
O NMD tem um discurso xenófobo, sim, e várias outras listas também. Nesse aspecto, a lista de Agnes Lam era das poucas que se safava.
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