Tenho-me abstido de comentar as eleições em Portugal no próximo Domingo, talvez para evitar dizer disparates. Ainda me lembro quando era puto como me divertia a ver os tempos de antena, principalmente os menos bem produzidos, os dos partidos mais pequenos. Recordo com saudade o PCTP/MRPP de Arnaldo Matos (e não é que o gajo tinha sempre razão?), ou o PPM de Miguel Esteves Cardoso, que era sempre uma barrigada de riso. Lembro-me da veia latejante do Major Tomé da UDP, e dos slogans do PSR (agora BE) “Não lhes dê Cavaco. Vota PSR” ou “Não enfies o Capucho. Vota PSR". O PSR tinha muito mais piada que o BE. Ainda me lembro das divertidíssimas acções de rua, das ovelhas negras, da bosta atirada ao carro de Jean Marie Le Pen em Sesimbra. Ou ainda o aparecimento a dado momento de grupos na altura novos como a Opus Gay ou a ILGA Portugal.
Não sei bem porquê mas os tempos de antena dos partidos sem representação parlamentar piorou ao longo dos tempos. Tornaram-se chatarrões e vazios de discurso. Realisticamente, apenas cinco partidos têm possibilidades de ser eleitos para a Assembleia da República, e todos tentam ganhar maiorias, derrubar maiorias ou têm ideias muito próprias para resolver as grandes questões do país, ou ambicionam a coligações que os faça segurar a cadeira do poder. Amanhã é dia de reflexão, e não tenho nada a dizer antes disso senão uma coisa: não elegam o Zé Trocas. Quer dizer, já chega. Foram quatro anos e meio deprimentes do primeiro-ministro da história do Universo que menos mereceu ganhar uma maioria absoluta num país minimamente democrático.
Votem noutro qualquer, mesmo que não gostem dele. Não se abstenham, votem antes na Nova Democracia do frango do Manuel Monteiro, ou no PNR da malta das carecadas. Precisamos mais que nunca de uma voz maoísta de pacotilha na Assembleia, na forma de Garcia Pereira. Ponham a cruz em qualquer outro sítio. Não no Trocas. A alternativa mais provável é a sra. Manuela Ferreira Leite, uma opção um tanto ou quanto medíocre. Se puderem repartam os votos o mais possível. Não se deixem iludir pelas sondagens ou pelos cenários apocalípticos de que qualquer coisa que não o Bloco Central ou um dos dois a governar sozinhos será o caos.
O ideal mesmo era que repartissem responsabilidades, que governassem todos por falta de coisinha melhor. Gostava de ver o Portas com a pasta da administração interna, o Louçã com a pasta da economia, o Jerónimo de Sousa com a pasta do emprego e segurança social. Para a Manuela Ferreira Leite sobravam as finanças, que é a única coisa para que a senhora parece ter jeito. Agora chegou foi a altura de tirar dali o sr. engenheiro, que é muito pouco democrático, algo hipócrita, e deveras incompetente. E isto é o melhor que posso dizer dele.
2 comentários:
Por muito que concorde com algumas opiniões do Leocardo, acho que nunca concordei tanto como desta vez.
Revejo-me sobretudo nesta frase: "Não se deixem iludir (...) pelos cenários apocalípticos de que qualquer coisa que não o Bloco Central ou um dos dois a governar sozinhos será o caos". Diria mais: o caos está instalado há 30 anos (e cada vez pior), precisamente por causa desses dois. E não se pense que estou a tentar puxar a brasa à minha sardinha, que não tenho sardinha nenhuma. Estou como o Leocardo, votem à direita ou à esquerda, desde que não seja na canalha do costume. Aquele país está a precisar de um abanão, embora a maioria ainda não o tenha percebido. E a história recente mostra-nos claramente uma coisa: ainda pior que um bloco central, só mesmo uma maioria absoluta.
Revejo-me a 100% no texto deste artigo. Este sim, mereccia ser publicado num jornal de grande tiragem e ser lido pelo maior número de pessoas possível.
Um grande Bem Haja!
NBJ, Fukuoka, Japão.
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