O tufão Ketsana passou bem longe de Macau, mas deixou um rasto de chuva que tem molhado toda a gente desde segunda-feira, e que ameaça estragar a festa do 60º aniversário da Implantação da R.P. China. É duro ter que trabalhar quando chove todo o santo dia, principalmente porque esta chuva não é normal: não há guarda-chuva, botas ou capa que resistam, a malta fica toda molhada, e não é no bom sentido. Os nossos cidadãos continuam a provar que não se adaptam à pluviosidade, que são um povo seco.
Em primeiro lugar, o pior que se pode fazer quando chove é levar o carro. Os automobilistas, especialmente os domingueiros, acordam de manhã, olham pela janela e decidem levar o utilitário, mesmo que trabalhem a dois quarteirões de casa. Como sempre, o "gridlock" dá-se entre as 8:00 e as 8:30 da manhã, quando mais dois ou três carros se juntam em cada cruzamento à marcha lenta dos transportes públicos. "É p'rá desgraça", pensam eles. Outra particularidade é o completo desprezo pelas passadeiras de peões, como se o pópó apanhasse gripe por andar à chuva, coitadinho.
Se sair de carro é má ideia, sair de motociclo é ainda pior. O pobre motociclista molha-se na mesma, enfrenta mais "curvas" (a vantagem de ter mota é poder passar pelo meio dos carros) e arrisca mais. Ainda hoje de manhã ia eu no autocarro com os putos (sim, não sou hipócrita, quando digo que é mau que os outros levem carro quando chove, eu próprio não levo) vi um pobre diabo que se espalhou ao comprido em frente ao Hotel Sintra, e foi "secar" para o Hospital Conde S. Januário.
Os peões não são completamente inocentes. Mesmo com chuva, andam por aí a correr nos sinais vermelhos, de calças arregaçadas e sandálias de plástico, a espetar varetas de guarda-chuva nos olhos dos peões mais altos (eu) e a andar aos "s", num autêntico "salve-se quem puder" típico destes dias de chuva. Se agora os recém-licenciados vão fazer estágios na China continental, recomendo que passem também uma temporada em Londres para aprender como andar à chuva.
E aparentemente a chuva veio para ficar, pelo menos até sexta-feira. Uma óptima oportunidade de encher o frigorífico de comes e bebes e ficar sossegadinho em casa, e deixar a malta festejar à vontade o Dia Nacional. Segunda-feira é o regresso à labuta diária, e com Outubro já em todo o seu esplendor, aproxima-se o tempo seco e frio, o meu canto do cisne.
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