terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mulheres, animais e violência


A violência contra as mulheres e os animais tem sido usado como um trunfo nesta campanha eleitoral. Não é lá muito "equalitário" da minha parte usar "mulheres" e "animais" na mesma frase, mas a verdade é esta: as frágeis criaturas são um boa forma de derreter os corações mais moles. Os cães e os gatos não votam, mas as mulheres que levam cargas dos maridos sim, bem como os mais "PC", que consideram a violência doméstica "uma coisa horrível", até ao dia em que se passam dos carretos e atiram uma garrafa à tola da esposa, que lhes passou o dia a encher o saco.

A questão da violência doméstica é um maná. Ninguém compreendeu muito bem porque é que o Executivo é tão hesitante em considerar agressões a mulheres indefesas uma ofensa grave, passível de se tornar crime público, e com isso dependesse do Ministério Público, e não dependesse apenas da queixa da vítima. Das vinte listas concorrentes às eleições de dia 15, 19 propõem defender a criminalização da violência doméstica - menos uma. Mas a essa já lá vamos. Menos para quem não saiba as implicações totais de tornar a violência doméstica crime público, é dos livros que alguém com juízo considera que isso de bater nas mulheres é mau, mesmo que com reservas.

Quanto aos direitos dos animais, uma causa a que cada mais vale dar todo o apoio ou apenas ficar calado, é suicídio politico considerar "normal" provocar sofrimento e dôr a outros seres vivos. O Executivo tem tido "preguiça" em legislar sobre o problema do abandono, tortura e desprezo pelos animais sem que se seja pelo menos multado de modo a que se pense duas vezes da próxima vez. Ainda hoje à tarde o candidato da Nova Esperança, Pereira Coutinho, distribuía uns panfletos muito divertidos a defender a revisão da legislação sobre os animais. Agnes Lam é também uma das pioneiras na defesa dos animais de quatro patas, como forma de cativar os donos mais dedicados.

O único que não quer saber dos animais e das mulheres é Lee Sio Kuan, este indivíduo na imagem com cara de maluco. Lee, que aparenta sofrer de algum distúrbio mental, tornou-se numa celebridade como líder daquela associação que "apoiava" os operários da construção civil, exigindo que o Governo lhes desse tudo sem que fosse preciso trabalhar em troca. Um bruto com um carranca que diz tudo, e que cada vez que abre a boca só diz merda. Agora candidata-se finalmente às legislativas com a plataforma "Supervisão pela Classe Baixa", a lista 16, que com este ternurento norme até dá a entender que se trata de uma candidatura com intenções caridosas, e não um bando e arruaceiros analfabrutos e preguiçosos.

Lee diz "estar contra" a criminalização da violência doméstica porque "não entende nada dos problemas das mulheres". Se calhar Lee pensa os "problemas das mulheres" se resumes à menstruação ou à menopausa. Sobre os direitos dos animais, Lee diz que "não conhece nenhum cão e gato que precise de casa", estabelecendo uma relação descabida com a falta de habitação e a forma como alguns animais são maltratadas. No seu programa eleitoral foi obrigado a retirar um ponto onde defendia a proibição de contratar trabalhadores de etnia filipina, e mais tarde explicou-se com o facto de considerar os filipinos "muito barulhentos". E logo ele, que é um rapaz discreto e subtil como uma borboleta a pousar numa flor. É uma candidatura interessante em termos de prevenção da demência e da insanidade. Quantos votos este senhor tiver, são tantos eleitores a requerer auxílio psiquiátrico urgente. Afinal é um bom serviço que está a prestar, este Lee Sio Kun.

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