Manuel Luís Goucha, conhecida bicha da televisão portuguesa, não gostou de uma brincadeira feita sobre ele no programa “5 para a meia-noite” em 2009, onde foi eleito “apresentadora do ano” (!). Em vez de ir receber o prémio com uma lágrima no canto do olho e fazer os agradecimentos da prache, Goucha resolveu processar Carlos Moura, produtor do “Cinco”, por se ter sentido ofendido na sua dignidade. De facto, não se faz isto com uma senhora, então? O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa não deu razão a Goucha, mas o conteúdo do acordão é de tal forma pitoresco que é caso para se dizer que “foi pior a emenda que o soneto”.
A sentença começa por lembrar que o apresentador “é uma figura pública”, e como tal “está sujeito que os humoristas usem a sua imagem ou captem uma característica sua para fazer humor”. Até aqui tudo bem, mas a certa altura lê-se que «sendo que todos lhe reconhecem características comportamentais que refletem atitudes atribuídas ao sexo feminino, tal como a sua forma de se expressar, as roupas femininas próprias do universo feminino, tendo sempre vivido num mundo de mulheres, veja-se os programas que sempre apresentou na TV». O acórdão menciona ainda que “apesar de Goucha ter assumido recentemente ser homossexual, o programa não faz qualquer referência a esse facto”. Claro que não faz, que ideia. Foi nomeado para “apresentadora do ano” porque na verdade se trata de uma mulher completa, e não de um homossexual. Há cada um...
Se Goucha já não tinha ficado contente com a chalaça de que foi alvo no programa, ficou ainda pior depois desta decisão judicial, e recorreu ao Tribunal Europeus dos Direitos Humanos, em Haia. Uma vez que estes tipos lá na Holanda e ainda mais sendo defensores dos direitos de qualquer lambisgóia ofendida são particularmente sensíveis a este tipo de paneleirices, é bem possível que dêm razão a Goucha, e o estado português pode ser condenado a indemnizar o apresentador, e com dinheiro vindo do bolso dos contribuintes, Goucha diz que é tudo uma questão de dignidade, e adianta que caso vença, doará o dinheiro a instituições de caridade. Depois vira-se para os juízes que o chamaram de bicha louca, e com o punho direito fechado dá três selinhos na palma da mão esquerda enquanto diz “bem feita, bem feita, bem feita!”
Recordo-me de Manuel Luís Goucha nos tempos em que era ainda uma novidade, nos idos anos 80, quando ainda era um homem. Os mais velhos certamente lembram-se da sua “persona” de cozinheiro, de bigode, um rapaz simpático e meio tímido, mas muito telegénico, e que chegou mesmo a lançar o livro de receitas “Coisas doces sem açúcar”. Depois fez uma parceria de sucesso com Teresa Guilherme, que era também uma meia-novidade, e já na segunda metade dos anos 90, passou a apresentar a Praça da Alegria, onde apareceu completamente transfigurado, sem bigode, bronzeado e com tiques de mariconço. Não foi surpresa para ninguém quando se assumiu como “gay”, e actualmente apresenta na SIC o programa “Você na TV”, onde esporadicamente se fazem referências à sua inclinação sexual, como prova
este vídeo. Pronto, vá lá, bicha tudo bem, mas mulher? Que horror! Só porque se comporta como uma mulher, usa indumentária ambígua, usa óculos unissexo e dorme com homens? Não há paciência...
Sem comentários:
Enviar um comentário