sábado, 28 de setembro de 2013

No bolso é onde dói mais


Ontem dei conta do repúdio da comunidade "gay" às afirmações de Guido Barilla, patrão da marca de massas Barilla, que numa entrevista a um canal de rádio afirmou que nunca iria apelar aos consumidores homossexuais, e que para ele o conceito de família era o "tradicional, com uma mulher e um homem". Ora depois da chuva de críticas da comunidade "gay" e dos seus amigos, Barilla voltou atrás nas palavras, e pediu desculpa por aquilo a que chama "um mal entendido". O proprietário de uma das marcas de massa mais conhecidas em Itália e no mundo, fundada há 130 anos pelo seu bisavô, veio agora dizer que as suas palavras foram "mal interpretadas", e que as suas convicções não têm nada a ver com o esparguete. Portanto, Guido Barilla é um homem com H, não é homossexual nem sequer um "curioso", mas isto não significa que quem é não tenha direito a um prato de Bolognese, fettucini com salmão, papardella com molho Alfredo ou simplesmente almôndegas com spaghetti. Barilla diz-se mesmo disposto a ter um encontro com o representante ou representantes dos grupos ofendidos para explicar que não tem nada contra ninguém ou nenhuma opção de vida, e volta a reiterar o pedido de desculpas a quem tenha ficado ofendido pelas suas afirmações.

A entrevista de quinta-feira na Radio 24, uma estação italiana mais ou menos conhecida escutada por perto de dois milhões de ouvintes, espalhou-se como fogo na palha nas redes sociais, com as comunidades LGBT a apelarem ao boicote da marca Barilla. Analistas financeiros e especialistas em vendas falam de "desastre em termos de relações públicas", e dizem que as afirmações de Barilla podem ter impacto nas vendas "nas próximas semanas", e com prejuízo para a empresa. Quem se apressou a capitalizar no incidente foi uma das marcas rivais, a Buitoni, que logo na sexta-feira lançou um anúncio televisivo, onde se via a porta de um restaurante italiano típico escancarada e onde se dizia: "na Buitoni há lugar para todos". São sinais dos tempos, meus amigos. Os "gays", quer se goste ou não deles, se simpatize ou se odeie, são também consumidores, comem massa, gastam dinheiro, e esse dinheiro é igual aos outros. Quem tem um negócio para gerir e não nutre qualquer sentimento positivo pela malta homo, o melhor mesmo é guardar para si a sua opinião, e abster-se de comentar as suas opções. O sr. Barilla aprendeu isto da pior forma: foram-lhe ao bolso, e doeu.

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