quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Jovens em risco


Milhares de jovens do sexo feminino em França preparam-se para regressar às aulas, mas muitas não vão aparecer na escola este ano. Razão? Casaram, e contra a sua vontade. Todos os anos durante as férias de Verão adolescentes são obrigadas a casar. A maioria das vítimas é originária de países islâmicos da Ásia, Médio Oriente ou África.

Países como o Reino Unido já criaram unidades especiais que procuram e trazem de volta as jovens, o problema só agora começa a ser abordado na França, onde existe a maior comunidade islâmica da Europa. Fatima Lalem, responsável pelo departamento de igualdade entre os géneros da Câmara Municipal de Paris, diz que "O problema foi considerado durante muito tempo cultural. É algo que acontece, mas as pessoas não prestam muita atenção".

Durante o ano passado as autoridades francesas começaram a tratar o problema com mais atenção. Em Novembro de 2008 a Câmara de Paris publicou um guia de orientação para ser utilizado pelas autoridades para detectar casamentos forçados. Mas para vítimas e activistas, isto é muito pouco, pois não resolve o problema dos imigrantes que contraiem casamento no seu país de origem, ou no país do pais.

Zeliha Alkis, que trabalhapara a Elele, uma organização que ajuda mulheres turcas, conta o caso de uma mulher de origem turca que foi obrigada a casar com um homem turco. Na noite do casamento, foi trancada no seu quarto a chorar e gritar, e a sua própria avó amarrou-a à cama para que o casamento fosse consumado.

Nos casos em que as mulheres casam no seu país de origem, os seus pais querem garantir que conseguem um bom marido, e que mais tarde consigam-lhe um visto para trazê-lo para França. Ao contrário dos casamentos arranjados, onde existe consentimento, estes são realizados contra a vontade da mulher.

"Entre Junho e Setembro é o período mais crítico. Depois do casamento se realizar, as mulheres telefonam-nos a perguntar o que devem fazer agora, pois não querem aquele marido", disse Alkis, que tem recebido ameaças de morte de famílias zangadas.

Ninguém sabe ao certo quantas mulheres francesas são obrigadas a casar nestas condições. Um relatório do conselho para a integração datado de 2003 aponta para cerca 70 mil mulheres em situação de risco.

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