domingo, 2 de fevereiro de 2014

Com os livros pelos cabelos


O sistema de ensino chinês é, como se sabe, bastante exigente, e um dos aspectos que mais se encoraja desde cedo é a competitividade. Assim é praticamente desde o primeiro dia do jardim de infância que os chineses começam a competir pelos melhores resultados, que lhe possam valer mais tarde uma vaga numa instituição de ensino superior conceituada, e por inerência um bom emprego na vida adulta, que lhes permitam "ser alguém" - e dar alguma "cara" aos pais, que tanto investiram (ou pelo menos deviam) neles. Não surpreende portanto que o exame de acesso à universidade seja um dos momentos chave de todo este processo da selecção das espécies, da "lei do mais forte", e a ordem é estudar, estudar, estudar, até as pestanas queimar. Talvez assim se explique porque é que os chineses têm as pestanas tão curtas e as sobrancelhas tão ralas.

Bom, e para ficar preparado é preciso deixar para mais tarde outros compromissos, como dormir, por exemplo. Quando já nada resulta para manter os olhos abertos e apontados na direcção dos livros, nem litros de café, nem o ar-condicionado ligado no máximo, nem substâncias ilícitas como as anfetaminas ou o xarope para a tosse, é preciso improvisar, e foi isso que os jovens estudantes chineses fizeram. Quem é que disse que eles só sabem memorizar a material, ou "empinar", e não raciocinam? O novo método, inspirado nas míticas técnicas milenares da tortura chinesa, passa por prender o cabelo com molas a uma roda de pendurar a roupa instalada no tecto, e sempre que se atrevam a adormecer antes de completar o mínimo de 16 horas de estudo diárias, o escalpe funciona como "despertador". A ideia foi desenvolvida por Chen Tang, uma estudante de 20 anos de Fujian, com a ajuda da sua companheira de quarto Huang Lu, de 21 anos. Partilharam o método na rede social Weibo e pimba! a moda dos cabelos presos com molas da roupa tem já milhares de seguidores. Uma solução genial - e bastante estética também - para combater o sono e juntar mais horas aos estudos. Mas outra coisa não seria de esperar em termos de criatividade do povo que nos deu a pólvora, o papel e a Grande Muralha.

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