Chandre Oram trabalha na colheita do chá que vive em Alipurduar, distrito de Jalpaiguri, no estado indiano de Bengala Ocidental. Desde 2006 que Chandre é objecto de devoção na sua aldeia, e tudo se deve a uma cauda de 33 cm que ostenta, situada junto da região lombar, e toda coberta de pêlos. A medicina explica a "cauda" com uma condição chamada "espinha bífida", que provoca um prolongamento da coluna vertebral, e que não é tão rara quanto isso; o caso de Chandre só difere dos restantes quanto à localização e ao tamanho, uma vez que nos casos conhecidos, essa extensão acontece no cóccix e não costuma ter mais de entre dez quinze centímetros, enquanto que neste encontra-se um pouco mais acima e é consideravelmente maior. Mas estes gajos da medicina que "só" têm a ciência para suportar a sua tese não entendem nada disto. Para os habitantes de Alipurduar isto só pode significar uma coisa: Chandre é a reencarnação do deus Hanuman, um "vanara" (meio homem, meio macaco) devoto de Rama e uma das divindades do panteão hinduísta. Para complicar ainda mais as coisas, vários textos indicam que o próprio Hanuman é também ele uma reencarnação de Shiva, um dos elementos da santíssima trindade hindu. Se ser uma reencarnação já é o que é, então ser a reencarnação de uma reencarnação é obra. É o duplo-jackpot da crendice pagã do politeísmo. Mas querem mais provas? O tal Chandre nasceu num dos dez dias do Rama Nahvani, quando se comemora o aniversário do deus Rama, uma espécie de Ano Novo Indiano. Acham coincidência? Seus ingénuos...
A sua condição causou-lhe problemas de ordem sentimental no passado, e foi rejeitado por mais de vinte mulheres que ficaram assustadas com a sua enorme "cauda" (porque era atrás, pois caso fosse à frente...), e acabou por casar em 2007 com uma jovem ainda menor, que "não teve escolha, pois os seus pais morreram e não tinha ninguém que cuidasse dela". Mal ia imaginar que se ia tornar numa princesa, esposa do deus-macaco. O casal tem um filho, que nasceu sem a "cauda" do pai. Os deuses não atendiam chamadas nesse dia, aparentemente. Chandre já teve a oportunidade de remover a sua "cauda", mas para quê? Assim juntava-se a esse mundo aborrecido das pessoas normais, e assim tem carne e fruta fresca de borla todos os dias, e no precisa de ficar na fila na padaria quando for comprar as parotas e os chapatis. Se me perguntam o que penso, duvido que Chandra seja um "deus", mas de "macaco" tem mais do que as aparências que todos temos, no fundo. Foi chato que os deuses não tivessem anunciado a Chandra a sua ascendência divina, mas pronto, mais vale a pena ser realeza entre os macacos do que plebeu entre os homens. E reparem o entusiasmo com que sobre àquela árvore, onde fica o seu trono.
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