sábado, 8 de fevereiro de 2014

Estão fartos do -istão


Nursultan Nazarbayev, 73 anos, é presidente do Cazaquistão desde a independência daquela ex-república soviética em 1991, e antes exercia as funções de primeiro secretário do Partido Comunista na RSS cazaque desde 1989. Muito popular no seu país, Nazarbayev tem sido sucessivamente eleito presidente, indo já no seu quinto mandato. O líder daquela nação da Ásia central, o nono maior país do mundo em área mas com uma população de pouco mais de 17 milhões, é especialmente cuidadoso com a imagem que o Cazaquistão dá ao mundo; quando chegou à presidência mudou o nome da capital de Alma Ata para Almaty, e em 97 mudou a sede do Governo para a cidade de Akmola, no interior, e rebaptizou-a de Astana. Em 2012, durante o debate do estado da nação, apresentou o projecto "Cazaquistão 2050", que tem por meta tornar o país numa das 30 maiores economias do planeta em menos de 40 anos.

Com uma vasta área de estepes e montanhas, a economia do Cazaquistão assenta sobretudo na exploração dos seus ricos recursos naturais, nomeadamente os minérios, tornando-o na economia mais próspera de uma região que inclui o Uzebequistão, o Tadjiquistão, o Quirguistão e o Turcomenistão. Mas para Nazarbayev, o problema está mesmo aí: o facto do país terminar no sufixo "istão" tem prejudicado a sua imagem aos olhos dos investidores estrangeiros, que pensam que se trata de uma região "problemática", como o Afeganistão ou o Paquistão. O líder cazaque usa mesmo um exemplo concreto: a Mongólia, com apenas dois milhões de habitantes, parece merecer mais a confiança dos ocidentais.

O sufixo -istão é de origem persa, e significa "o território dos", neste caso, a terra dos cazaques. A sua origem remonta ao tempo em que o território estava debaixo da alçada do império da Pérsia. O presidente sugere que o país mude de nome para Kazakh Eli, sendo que "eli" significa também "território dos", só que na língua cazaque, mas diz que não toma nenhuma decisão sem consultar primeiro o povo. De recordar que há alguns anos o comediante britânico Sasha Baron Cohen criou o personagem Borat Sagdiyev, um repórter do Cazaquistão que fez rir o Ocidente com o seu estéreotipo de eurosiático simplório, racista e chauvinista, mas que deixou os cazaques furiosos.

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