quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Uma manta de retalhos


Cerca de 400 mil catalães formaram na terça-feira uma corrente humana de quase 500 quilómetros apoiando a independência da sua região em relação à Espanha. A acção foi inspirada na mesma levada a cabo pelas ex-repúblicas sovietes da Estónia, Letónia e Lituânia, em 1989, quando reclamavam a autonomia em relação a Moscovo. Há anos que a Catalunha, cuja principal cidade é Barcelona, reclama a independência do governo central de Castela, com capital em Madrid. A causa divide os próprios catalães, e apenas 50% deles apoiam a autonomia total, mas os que insistem na independência fazem questão de manifestar as suas intenções em cada oportunidade para o efeito. A Catalunha tem a sua história, a sua cultura, e até a sua própria lingua, curiosamente mais próxima do português que o próprio castelhano. A rivalidade entre catalães e castelhanos fica bem vincada nas partidas da Liga entre o Real Madrid e o Barcelona, uma querela que vai muito além das quatro linhas. Para Madrid até seria conveniente “livrarem-se” destes catalães desnaturados, mas isso poderia originar uma bola de neve separatista, com a Galiza e o País Basco, um autêntico barril de pólvora, na linha da frente. Não surpreenderia que a seguir fossem a Andaluzia e as Astúrias a fazer o mesmo, ditando o fim da Espanha como a conhecemos, que é uma verdadeira manta de retalhos. E quem se pode assumir hoje em dia como “espanhol”? No mínimo é ou castelhano, ou unionista.

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