quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Não se brinca com a comida


A polícia de Hong Kong está à procura de três homens e uma mulher acusados de crueldade contra animais, depois de terem publicado no YouTube um vídeo que chocou activistas da causa e opinião pública em geral. As imagens subaquáticas foram recolhidas em Julho em Hoi Wa Wan, uma conhecida reserva natural da RAEHK, e nelas vemos os três amigos a torturar um pequeno polvo que encontraram debaixo de uma rocha. Os mergulhadores tratam o pobre animal como se fosse um brinquedo de borracha, apertando-o, beliscando-o e espremendo-o durante pelo menos os 84 segundos que nos são permitidos assistir. O polvo ainda larga alguma tinta para se defender, mas nada pode fazer contra um adversário muitas vezes maior em dimensão e número. No fim os palermas ainda fazem o sinal “V” de vitória com os dedos, como se tivessem dado um belíssimo contributo para a ciência ou para a humanidade. O vídeo causou a revolta a quem o assistiu e tenha dois palmos de testa, e foi apresentada uma queixa judicial contra os autores da “brincadeira”. Não se sabe se o polvo sobreviveu ao ataque dos humanos, mas um biólogo marinho entrevistado a este propósito garante: “o polvo não sangra, mas sente dor, e neste caso estava aterrorizado, temendo pela sua vida”. Se o tivessem apanhado e cozinhado numa caldeirada, numa salada com cebola, vinagre e coentros, ou à Lagareiro, ainda vá lá, mas assim não.Ninguém se importa muito que os restaurantes coreanos sirvam um aperitivo que consiste num polvo bebé ainda vivo, temperado com molhos intragáveis, que depois são mastigados, repito, ainda vivos e a mexer. Mas isso é “cultura”, e ninguém brinca com os cefalópedes recém-nascidos antes de os comer. E não se deve brincar com a comida, meus amigos.

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