sábado, 7 de setembro de 2013

Campanhas negras


Como é hábito aos fins-de-semana, deixo-vos com o artigo de quinta-feira do jornal Hoje Macau. Tenham um óptimo Domingo.

I

Estamos desde sexta-feira em período de campanha eleitoral, com as 20 listas candidatas aos 14 lugares no hemiciclo pela via directa a tentar captar os votos do eleitorado, mudando o sentido de uns, convencendo os indecisos e aborrecendo toda a gente. A caça ao voto teve início à meia-noite da última sexta-feira – pelo menos oficialmente – e prolonga-se até à meia-noite de sexta-feira 13, e sabendo o que a casa gasta, deverá ainda “mexer” até ao encerramento das urnas, no final da tarde do Domingo seguinte. O comportamento de grande parte das listas, dos seus candidatos e elementos da sua estrutura é lamentável. Nem parece que são gente crescida. Mais parecem pré-adolescentes em campanha para a eleição de presidente do recreio. Sem ofensa para os mais jovens, pois uma campanha para eleição de uma associação de estudantes numa escola secundária da Bobadela ou da Cova da Piedade decorreria de forma mais ordeira. Já não chegou terem começado a campanha antes da data, aproveitando-se descaradamente das “zonas cinzentas” da lei e da displicência da Comissão Eleitoral, como ainda se comportaram como vândalos na hora de começar a colar os cartazes na Praça do Tap Seac. Algumas listas nem conseguiram aguardar pela meia-noite, e começaram o chinfrim eleitoral quinze minutos antes da hora marcada, não sei se por despeito, ou apenas por mera falta de educação. Alguns destes infractores são figures da nossa praça, com experiência nestas andanças e supostamente gente “fina”. Não sei se esta estratégia do safanão, do empurrão e da pisadela produz algum resultado na angariação de votos, ou se comportar-se como duas sopeiras que andam ao estalo pelo último conjunto de talheres de cozinha na feira lhes traz dois ou três votos que podem fazer toda a diferença. Confesso a minha completa ignorância sobre esta estranha arte, muito própria das pseudo-democracias, como é o caso de Macau. Mas ao ver a “fina flor” da política local a agir como uma cambada de rufias armados em espertalhões, dá-me vontade de os mandar todos à fava, e ficar em casa no dia 15. Pode ser que haja tufão nesse dia. Isso seria ouro sobre azul.

II

A Associação de Patinagem de Macau (APM) comemora os seus 30 anos com a realização de um torneio quadrangular de hóquei em patins, e que se inicia hoje, com a participação da selecção local, o Japão, Taiwan e a equipa de sub-17 de Macau, que se estreia no próximo mês no mundial de sub-20 da modalidade. Os atletas formados pela APM são na sua grande maioria portugueses nascidos no território, e viajam no final do mês até Cartagena, na Colômbia, onde entre 6 e 12 de Outubro vão medir forças com a elite mais jovem do hóquei patinado. Neste braço-de-ferro a formação de Macau leva desvantagem, quer pela sua juventude (o jogador mais velho tem 17 anos), quer pela sua inexperiência, pelo que é pouco recomendável alimentar expectativas ou falar de vitórias – vão sobretudo para aprender. São conhecidas as dificuldades com que se debatem os praticantes do hóquei, que se queixam há anos da falta de recintos para treinar e de uma certa ostracização a que são vetados, talvez por se tratar do desporto “dos portugueses”. Portugueses ou não, a verdade é que o hóquei em patins é a única modalidade desportiva em que Macau apresenta resultados acima da fasquia do humilhante, e em que o nome do território sobe ao lugar mais alto do pódio a nível asiático. Só depois de oito campeonatos asiáticos conquistados e uma participação num mundial “A” em 2005, tiveram o seu mérito reconhecido pelo governo da RAEM, que apenas o ano passado os distinguiu com uma medalha de mérito desportivo. Se isto não é má vontade, é pelo menos “amnésia selectiva”. Não obstante tudo isto, há ainda que ache imensa piada quando a selecção é goleada frente a outras com muito mais condições, experiência e ritmo competitivo, oriundas de países onde se leva a sério o desporto de competição – em geral, não apenas este. Fico a torcer para que os “benjamins” de Alberto Lisboa dêm o seu melhor, e seja qual for a sua prestação, valeu sempre a pena investir. Ficar de braços cruzados a mandar bocas é que não leva ninguém nem à Colômbia, nem a lado nenhum.

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