Passo a explicar: como a filha já está mais crescida e já sabe ir para a escola sozinha, aproveita e leva também o irmão. Desta forma vendemos um dos carros, passando a ter apenas um utilitário. Como eu e a mulher saimos de casa juntos e trabalhamos perto da zona do NAPE, contribuímos assim não só para um Macau mais verde mas também com menos trânsito. E capitalizamos um pouco, tanto na gasolina como no dinheiro da venda do outro carro, que apesar de não ser uma fortuna, sempre ajudou às férias e mais alguma coisinha.
Contudo ontem de manhã tivemos uma desgradável surpresa. O utilitário que resolvemos manter em deterimento do outro cometeu uma pequena traição, e fez greve. Parecia engasgado, coitado. Qualquer coisa com a direcção e o motor de arranque e mais não sei o quê que estes mecânicos da treta inventam para aspirar o bolso ao pobre carro-dependente. Provavelmente cansado das compras de segunda-feira que encheram o frigorífico que se encontrava depleto de víveres depois das férias. Vou buscá-lo amanhã. Com pouco tempo para pensar, resolvemos apanhar um táxi, que a chuva que caía não dava para autocarros.
Apanhámos um taxista simpático, que neste caso era uma taxista. A senhora engraçou connosco e resolveu meter conversa. A meio do habitual "isto anda muito mal para todos" e afins, a senhora confessa que "não percebe como há taxistas que cobram 300 e 400 patacas em dias de tufão". Segundo ela, "dão mau nome à profissão". De acordo. Depois acrescentou ainda que "se quisermos trabalhar em dia de tufão,
temos todo o direito de cobrar mais 10 ou 20 patacas, mas 300 é um exagero". Foi aí que a patroa e eu torcemos as sobrancelhas e ficámos a olhar um para o outro.
Com o meu limitado cantonense - que dá para perceber mas não dá para entrar em discussões desta tez - deixei a minha mulher fazer as honras da casa. Aí a minha cara metade explicou à sra. taxista que não está certo cobrar mais uma pataca que seja, uma vez que as pessoas pagam pelo mesmo serviço, faça chuva ou faça sol. A taxista retorquiu que trabalhar com tufão era uma chatice, e que se pudesse ficava em casa. Aí a minha mulher respondeu que os taxistas não dão desconto quando faz bom tempo, e a discussão ficou por aí, até porque já tinhamos chegado ao destino. Os taxistas que temos, realmente.
Hoje como fazia sol apanhei o autocarro. Pimba, três lecas e vinte avos. É a primeira vez que apanho o transporte público desde que a tarifa aumentou ainda o ano passado. Parece justo, como será o serviço? A merda de sempre, e outra coisa não seria de esperar. Autocarro a abarrotar de gente, velhos e estudantes à paisana (nunca mais acabam as férias) que continuavam a entrar a rodos apesar da lotação estar já completamente esgotada, e um motorista que dava guinadas com o volante como se estivesse a conduzir um camião de porcos. Pelo menos pelo cheiro até parecia. A propósito,
ninguém usava máscara. Gente corajosa, esta.
Amanhã vou buscar o bólide, e vem mesmo a calhar. Senão ficava em casa no fim-de-semana ou andava a pé. Ia ser complicado, uma vez que no Domingo preciso de ir à ilha da Taipa (não me perguntem porquê; destesto ir à Taipa) e para exercício não se recomenda. Quando voltar à garagem, o meu bólide que carinhosamente chamo de "truta" (longa história de um outro dia de tufão, fica para depois) vai ouvir um raspanete. Isto não se faz.
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