quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A terceira casa-de-banho


É um dos temas quentes de discussão na colónia vizinha: que casa-de-banho deve um travesti ou um transsexual usar? Em Maio de 2008 um travesti foi detido em Hong Kong devido a uma briga à porta de uma casa-de-banho destinada a mulheres. Em 2007 um travesti vestido de enfermeira (!) foi apanhado a usar a retrete feminina. Mais recentemente um travesti funcionário do HKSBC ganhou o direito à sua própria privada, uma vez que os seus colegas, tanto do sexo feminino como do masculino negavam-lhe acesso à sua. Uma escola do norte da Tailândia resolveu o problema criando um terceiro lavabo para os alunos mais "confusos".

É curioso. Imagine o leitor que está na casa-de-banho a satisfazer as suas necessidades fisiológicas, quando chega lá uma senhora de saia, meias de renda, saltos altos e mamocas firmes e saca do calhau mesmo ali ao seu lado. Deveras desagradável. A leitora também não imagina ver a sua privacidade invadida por outra senhora que por acaso tem aquele pedaço de chicha extra. O que fazer quando o terceiro sexo - como é agora chamado - precisa de fazer uma mijinha? A ideia dos tailandeses é não só pioneira como também genial. Quem é do sexo masculino usa a toilete masculina, do sexo feminino usa a feminina, quem não é nem uma coisa nem outra usa a terceira. Problema resolvido.

Esta é uma situação com que curiosamente já me deparei em Macau. A antiga discoteca na ala nova do Hotel Mundial (que saudades...) era bastante frequentada por travestis e transsexuais oriundos da Tailândia. E quando chegava a hora de dar vazão às cervejinhas? Usavam a casa-de-banho das senhoras. E não havia nenhum problema com isso. Penso que nestas questões de transformismo e afins as mulheres são menos conservadoras que os homens. Talvez pelo facto dos trans-qualquer-coisa serem tão produzidos que na hora de retocar o baton e o rimel as senhoras que se contentaram com o que Deus lhes deu pediam conselhos ao "terceiro sexo". E viveram felizes para sempre.

No caso do banco em Hong Kong o problema tomou outros contornos. As colegas do indivíduo questionaram as suas reais intenções. E se o gajo afinal se estava a aproveitar da sua condição para espreitar a intimidade das senhoras? Não sei se o banco estava equipado com uma casa-de-banho para deficientes, que poderia ter sido usada para resolver a desnecessária e embaraçosa disputa, mas julgo que não. Se o problema é a mentalidade do transsexual, penso que esse problema terá sido posto de parte muito antes de pensar em efectuar a tal operação de cosmética. Só que o problema é que o funcionário do HSBC ainda não fez a operação, parece um homem, e claro que isto incomoda as meninas.

É disso mesmo que se trata: cosmética. Um homem que decide fazer uma vaginoplastia (assim se chama a tal operação) não passa a ter uma vagina propriamente dita. É a mesma coisa quando uma senhora pinta os olhos de azul ou os lábios de preto. Os olhos não são realmente azuis nem os lábios efectivamente pretos. Em todo o caso é uma decisão difícil e irreversível que mete respeito. O facto de pensar em cortar o nosso amigo do meio e nunca mais o voltar a ver dá-me arrepios na espinha. Não que me orgulhe dele por nenhum motivo especial, mas esta atitude de desespero devia estar incluída na categoria de "amputações".

Como já disse, as senhoras devem ser mesmo mais tolerantes que os homens, a julgar pelo pequeno inquérito que fiz entre colegas e amigas sobre este assunto: 100% responderam que não se importariam de partilhar o lavabo com um transsexual ou travesti, desde que as aparências (as mulheres pelam-se pelas aparências) o justificassem. Nada de mulheres peludas ou de barba. Mas e o contrário, que apesar de mais raro também acontece? Será que os homens aceitariam ter uma Martina Navratilova ou uma KD Lang qualquer ao seu lado no urinol? Chamem-me antiquado se quiserem, mas eu não gostava. É um dos meus maiores pesadelos.

3 comentários:

Anónimo disse...

por acaso nunca pensei nisso,aqui em portugal ha muitas travestis brasileiras,sera que elas(eles) vao a casa de banho das mulheres??loool

Anónimo disse...

todos os lugares tem cas de banho para deficientes, sao esses os lavabos que as pessoas confusas da cabeca devem utilizar e fica resolvido, pq tanta conversa?!

Anónimo disse...

A mim não me incomodava nada que uma mulher com pila mijasse na mesma casa de banho que eu. Aliás, até as que já nasceram mulheres seriam bem-vindas à minha casa de banho.