Falta exactamente um mês para as eleições legislativas em Macau. Começou a contagem decrescente, e a campanha eleitoral não tarda aí. Vão ser apresentadas as ideias, feitas as promessas, colados os cartazes. Estas eleições revestem-se de especial importância; muito aconteceu nos últimos quarto anos, e sera interessante observar como vão os eleitores reagir aos escândalos de compra de votos, aos casos envolvendo membros do Governo, e o próprio desempenho da AL, que como se sabe não é propriamente o espelho reluzente da representação da vontade popular. Vão "castigar" o executivo votando nas "forças de bloqueio"? Ou vai ser mais ou menos a mesma coisa?
Hoje os democratas acusaram os kai-fong de fazer campanha apoiada pela Fundação Macau. Entretanto já há muito que Chan Meng Kam e a sua malta de Fujian começaram a campanha, ora através da publicação daqueles cartazes que afinal “não são campanha”, ora pela distribuição de panfletos que, bem, também “não são campanha”, nesse sentido. Isto demonstra que a luta pelos 12 lugares no hemiciclo não vão conhecer tréguas, e espera-se que poucos minutos antes da meia-noite do dia do arranque da campanha em si, os candidatos estejam no Largo do Senado mais preparados para começar a colar os cartazes do que os atletas do mundiais de atletismo na linha de partida para os 100 metros.
Uma notícia curiosa publicada pelo Ponto Final na terça-feira chamou-me a atenção. Agnes Lam precisou de renunciar aos cargos de docente na UMAC, colunista no Jornal Ou Mun e participante no programa do canal chinês da TDM onde fazia análise política. A candidata ficou supreendida, mas parece que é tudo em nome da transparência. A comissão eleitoral não vê problema nenhum com as actividades normais de Agnes Lam, desde que não as aproveite para fazer campanha, mas aparentemente tanto a UMAC, o Ou Mun e a TDM preferem não arriscar. Mas não faz mal, pois ou estou mesmo muito, muito, mas muito enganado, Agnes Lam poderá regressar às suas lides educativas e opinativas depois de 20 de Setembro.
Outro caso interessante tem a ver com o tempo de antena das listas na TDM. Três minutos para o canal português, cinco minutos para o canal chinês. Isto significa duas coisas: 1) os candidatos têm que falar mais depressa no Canal 1 e 2) parece que existe uma espécie de descriminação. Ou será mesmo assim? Quem parece estar mais preocupado com o assunto são Casimiro Pinto e Pereira Coutinho, a quem a mensagem em português atinge um público mais vasto. Algumas listas chegam a renunciar ao tempo de antena no canal português, o que também demonstra alguma arrogância e ao mesmo tempo indiferença pela malta que (só) fala português e também vota. Por outro lado duvido muito que os tempos de antena façam alguma diferença no sentido de voto dos eleitores. Muitos provavelmente mudarão de canal e vão antes ver a novela num dos canais de Hong Kong.
Este ano os eleitores vão poder votar com um carimbo. Desta forma a comissão eleitoral espera uma redução no número de votos nulos. É que há ainda eleitores que, não habituados a estas coisas da democracia, não atinam com o quadrado onde devem colocar a cruz, ou assinam o nome nos boletins. Outros mais malandrecos desenham barbas, mamocas e outras parvoíces, ou ainda escrevem mensagens insultuosas às mães dos candidatos. Sem caneta isto torna-se bem mais difícil. Além do mais o carimbo é uma ideia gira, nova, modernaça. Uma alteração muito bem vinda.
Resta então esperar pelos próximos dias, onde certamente não faltará a polémica das tais “campanhas antecipadas”, e depois pela própria campanha em si. Tenho a certeza que vai ser uma luta feroz nas ruas de Macau na caça aos patos, que é como quem diz, aos eleitores que no dia 20 vão depositar o voto na tal urna. E por favor não me levem a mal. É que isto das eleições é mesmo uma coisa muito séria.
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