O combate à corrupção no seio do Partido Comunista Chinês chegou ao Festival do Bolo Lunar, que se comemora esta semana, com um feriado público nas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong na sexta-feira. O regime chinês alertou os seus quadros superiores que estará atento às prendas e outras ofertas que são habitualmente distribuídas neste período, que assinala o fim da época estival. Tradicionalmente são oferecidas caixas com o bolo lunar, um bolo do tamanho de uma chavena de chá, recheado de pasta de semente de lotus e feijão vermelho, com uma gema de ovo salgada no centro, simbolizando a Lua. Esta pastelaria super-calórica – diz-se que comer um bolo destes equivale a duas refeições no McDonald’s – não é do gosto de todos, e na maior parte dos casos a oferta tem apenas um valor simbólico. No entanto os detentores de altos cargos no país do meio costumam habitualmente receber um ou mais “brindes” extras juntamente com os bolos, e num passedo recente foram denunciadas ofertas de chorudos “lai-sis”, moedas de ouro, anéis de diamante, vinhos caros, barbatanas de tubarão e até ninhos de andorinha. Nestes casos os bolos servem apenas de cobertura. O vice-primeiro ministro Wang Qishan apelou à contenção dos dirigentes do partido, alertando para as extravagâncias que desvirtuam o sentido da comemoração de uma data tão importante para o povo chinês: “O estilo de vida decadente poluíu os nossos valores, e fez-nos esquecer a nossa natureza frugal, com a oferenda de prendas luxuosas”. Ficam avisados os senhores do partido, que são cada vez mais vistos pelo povo como homens de negócios do que funcionários ao serviço do estado e da população. O próprio negócio dos bolos lunares já não é o que era, e das 280 mil toneladas vendidas da China no ano passado, espera-se uma quebra nos lucros este ano, e muito por culpa destas medidas de contenção impostas por Pequim.
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