terça-feira, 26 de março de 2013

Sete anos de Leocardo


Passam hoje exactamente sete anos desde o nascimento virtual do Leocardo. O dia 26 de Março de 2006 marca o aparecimento do blogue “Leocardo em Macau”, antecessor do Bairro do Oriente, e extinto em Dezembro de 2007. Fazendo agora o balanço, foram um ano e oito meses de “Leocardo em Macau”, mais cinco anos e quatro meses de Bairro do Oriente. Com excepção do meu “lost weekend”, entre Agosto de 2011 e Maio de 2012, os blogues foram actualizados com uma frequência bem acima do que seria de esperar de apenas um autor. A minha amiga Xata (Leocardina) fez uma curta aparição no início deste ano, mas os seus afazeres profissionais e sociais de “tia” não lhe permitem uma participação mais frequente. Também nunca lhe estabeleci quaisquer limites ou quotas, e fica ao critério dela, desde que não “abandalhe” o blogue, claro.

Já me perguntaram numa das simpáticas entrevistas que me foram feitas para a imprensa local o porquê de criar um blogue de Macau e sobre Macau. Boa pergunta. E porquê o dia 26 de Março, já agora? Por ser dia da independência do Bangladesh? Dia dos mártires no Mali? Aniversário de Zoroastro? Podia ser, mas não é. Na verdade estava de férias nesse dia e não tinha nada que fazer. Já vinha pensando num blogue há um bom par de anos, e cheguei mesmo a esboçar um ou outro, mas sem que lhes desse continuidade. O “Leocardo” foi um pseudónimo que criei das iniciais do meu primeiro e último nomes (Luis Crespo – LC – Leo Cardo – Leocardo). De nada valeu tentarem descobrir a minha verdadeira identidade, que permaneceu secreta até eu próprio a revelar voluntariamente. Se o senhor Leonel Cardoso me estiver a ler, endereço desde já as mais sinceras desculpas por algum qualquer dissabor. Desculpe qualquer coisinha.

O primeiro post foi uma pequena introdução, seguido de um artigo de opinião (o primeiro, e tenho pena de não o ter guardado) sobre a Casa de Portugal. Nesses primeiros tempos a actualização era feita na ordem dos 3/4 posts semanais, mas depois do Verão começou a ser mais frequente. O blogue foi ganhando alguma notoriedade, apesar de nunca o ter publicitado, e a jornalista Patrícia Lemos, então no Ponto Final, começou a publicar algumas passagens, artigos e fotografias da minha autoria na edição de sexta-feira daquele jornal. Com mais visibilidade e um crescente número de visitas, apareceram as primeiras controvérsias. O “Leocardo em Macau” servia muitas vezes para o autor tomar posições menos ortodoxas ou descarregar males de fígado – afinal tratava-se apenas de uma blogue pessoal – e certas atitudes não cairam bem entre alguns leitores, que não se inibiam de deixar bem patente a sua discordância na secção de comentários, que nunca foi moderada até ao ano passado. Começaram também a surgir as primeiras ameaças, e aí pensei: “f…-se, sou um gajo mesmo importante”. A sério, quem é que se incomoda com ameaças a alguém sem importância? Obrigado por me adubarem o ego.

A forma amadora e descomprometida com que fazia o “Leocardo em Macau” e a quantidade crescente de ataques a terceiros e de ameaças (que nunca se chegaram a concretizar, apesar de tal como previ, algumas pessoas virarem-me a cara na rua) levaram-me a repensar o formato do blogue, e assim em finais de Novembro de 2007 decidi terminar o “Leocardo em Macau”. Não o fiz sem antes produzir o “esqueleto” do blogue actual, e ainda antes de anunciar à blogosfera macaense que o blogue anterior ia terminar, já existia um novo, que viria a ser anunciado poucos dias depois. A 1 de Dezembro desse ano de 2007 deu-se a restauração do Leocardo, e nasceu o Bairro do Oriente, uma versão mais cuidada e generalista do seu antecessor.O Bairro do Oriente foi um sucesso, e chegou a ter uma média de mais de 600 visitas diárias. O blogue foi frequentemente referido na imprensa escrita em português de Macau (menos no JTM, mas isso não importa, adoro-os na mesma), e muitos artigos foram traduzidos para várias línguas na página do “Global Voices” – desde inglês, chinês e até japonês. A polémica, nomeadamente quanto à identidade do autor, persistiu, e foi apenas há pouco mais de um ano que resolvi dar a cara, e com isso terminar com todas as dúvidas. Só tenho pena que as mesmas pessoas que me confrontavam tão energicamente na secção de comentários do blogue não o façam pessoalmente, agora que sabem quem sou. Tenho o maior prazer em discutir qualquer tema ou esclarecer qualquer dúvida.

O Bairro do Oriente produziu mais de 7000 artigos desde a sua criação até Agosto de 2011, altura em que motivos de ordem pessoal me levaram a interromper o blogue. O regresso foi-se dando em Maio de 2012 de forma menos assídua que o habitual, e com a secção de comentários moderada. Foi uma decisão difícil de tomar, e que custou mesmo uma redução drástica no número de comentários, mas se já não faço o blogue debaixo da capa do anonimato, é apenas normal que me reserve ao direito de estabelecer certos limites. Nunca me importei com ataques dirigidos à minha pessoa, mesmo os mais grosseiros, mas não admito que se insultem terceiros ou pessoas que não têm nada a ver com o que escrevo ou com o que faço na minha vida privada.

Apesar de tudo, o Leocardo tem uma conta no Facebook onde divulga o Bairro do Oriente, e a recepção tem sido bastante positiva. Em Dezembro último foi restabelecida a normalidade anterior, e actualmente são publicados mais de uma centena de artigos mensais, como nos bons velhos tempos. Tenho pena que o blogue não tenha o mesmo impacto que antes, muito provavelmente devido à falta do “factor mistério” quanto ao seu autor, mas mesmo assim mantém uma popularidade q.b. que me deixa orgulhoso. Volto a afirmar: se estivesse a escrever para apenas uma pessoa, continuava a fazê-lo. E assim se passaram sete anos, ainda parece que foi ontem. Um brinde à blogosfera. Um brinde a mim. Chim-chim!

3 comentários:

Anónimo disse...

Sinceros parabéns Leocardo!
Obrigado pela companhia diária.

Pedro Coimbra disse...

Venham mais sete!!
Aquele abraço!

Unknown disse...

Muitos parabéns.
Julgo que este blogue tem a qualidade de não deixar ninguém indiferente, e penso que essa foi a grande conquista.