segunda-feira, 18 de março de 2013

Macau sabe tão bem!


O programa “Ui di Sabroso”, produzido pela TDM e apresentado pela sumptuosa Ana Isabel Dias é um caso de sucesso. Pela primeira vez dou por mim a olhar para o relógio ao Domingo à noite à espera de um programa de produção local. É claro que existem outros programas de qualidade “made in Macau”, mas perder um episódio desta série dedicada à culinária macaense é uma perda que não se recupera. O que seria de mim se não seguisse com atenção o programa a anotasse as receitas destes tesouros de uma das gastronomias mais ricas e originais do mundo? Como é que criava a minha própria versão do Bafassá ou da Galinha di Tempo di Caça? Ah, bem.

Além das duas receitas acima mencionadas, ficámos ainda a saber como se faz o “minchi”, a capela, e um prato que confesso que não conhecia, o Sambalo Margoso – esta é outra vantagem do programa, ficamos a conhecer outros pratos além dos mais curriqueiros que já tivemos oportunidade de provar no Riquexó, no Litoral, ou na casa de um amigo macaense. Volto a repetir, é um mundo imenso a descobrir, este da Gastronomia macaense. Macau devia constar do Guiness como “local com a gastronomia mais variada por metro quadrado”. E isto só a contar com os pratos macaenses! Não sou apreciador do tal "margoso" (vulgo fu-kwa), mas mal posso esperar por experimentar a receita.

Quanto ao programa propriamente dito, só tenho uma coisa a apontar: é demasiado curto! Quinze minutos dedicados a pratos deste calibre e ainda por cima à hora do jantar sabe a pouco. Vamos para a cama com fome. Não sei se já se está a preparar uma segunda série (espero que sim), mas no futuro podia-se incluír um pouco mais da História do prato em questão, onde se pode encontrar, versões alternativas do mesmo prato, enfim, qualquer coisinha mais demorada. Eu sei que é complicado falar da culinária maquista, uma vez que muitos dos seus especialistas guardam as receitas e os seus segredos a sete chaves. Até podemos aprender a fazer um prato seguindo a receita, mas nunca fica tão bom como outro que provámos antes, porque nos falta o “segredo”. Ui di tanto misterio, sân nunca? A tal Confraria da Gastronomia Macaense que o diga, que vê o seu esforço em compilar receitas da culinária macaense esbarrar neste secretismo – eu diria mesmo teimosia.

Faltam sete programas para o fim da série, que como já referi, espero ser apenas a primeira, e ainda temos muitos motivos de interesse. Vamos ter o Tacho (vulgo “chau-chau pele”, gosto mais de lhe chamar assim), o Ade Cabidela, a Casquinha de Caranguejo e muito mais. Tenho pena que ninguém se tenha disposto a fazer um Diabo para ensinar à malta, e mais grave ainda, o Porco Balichão Tamarinho! O prato mais delicioso de todos ficou de fora! Pecatto! Pode ser que consigam convencer a dona Aida a dar-nos pelo menos uma pista de como se faz. Enquanto isso fiquem atentos a “Ui di Sabroso”, e mais uma vez parabéns à TDM. São mais ideias deste tipo, de programas sobre Macau e para Macau que queremos ver.

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