A cimeira da APEC, Fórum de Cooperação da Ásia-Pacífico, teve na segunda-feira o seu início em Bali, na Indonésia, e logo com uma polémica, envolvendo o presidente filipino Benigno Aquino e um grupo de jornalistas de Hong Kong. Aquino chegou ao fórum e foi abordado por um grupo de jornalistas da RAEHK, que lhe perguntaram quando ia pedir desculpa pela morte de oito turistas de Hong Kong em Agosto de 2010 num autocarro de turismo em Manila, sequestrado por um polícia tresloucado. Aquino tentou ignorar os jornalistas, que insistiram, e começaram a gritar com o president filipino, ao ponto de serem expulsos do local.
Já ontem a Associação de Profissionais da Imprensa de Hong Kong entregou no consulado das Filipinas da RAEHK uma carta de protesto, deixando saber que "são jornalistas, e não terroristas". Faria muito mais sentido entregar a missiva no consulado da Indonésia, uma vez que foram expulsos do forum pelos seguranças indonésios, que inclusivamente lhes retiraram as credenciais. Segundo um responsável da organização, Gatot S. Dewabroto, os jornalistas honconguenses tiveram um comportamento "errático, rude, e que colocou em causa a segurança do evento". O Coronel Bernardus Robert, porta-voz da força conjunta responsável pela segurança, afirmou que "foi exercida tolerância zero perante qualquer tipo de ameaça", e que o incidente "não tem nada a ver com liberdade de imprensa".
E de facto não posso deixar de concordar com as medidas disciplinares aplicadas aos jornalistas. O que pensavam que iam conseguir ao berrar com o chefe de estado filipino? Será que pensavam que estavam a lidar com a empregada doméstica lá de casa, e que os filipinos só entendem a linguagem da gritaria? O presidente Benigno Aquino já lamentou a tragédia de há três anos, e deixou cair o assunto, mas os jornalistas, não sei se com procuração das famílias das vítimas, insistem num "pedido de desculpas oficial", além de uma indemnização pecuniária. Na cultura chinesa, onde a face é tudo, ouvir desculpas da parte de alguém é o supra-sumo da tesão. Arrepiam-se-lhes os pêlos do bujão cada vez que lhes pedem desculpas, e quanto mais vezes melhor.
O que aconteceu naquele fatídico dia em Manila podia muito bem ter acontecido em qualquer outro sítio, e apesar da incompetência evidente da polícia filipina, duvido que o grosso das responsabilidades possa ser atribuído ao presidente Aquino. Quer dizer, nunca o vi de capa a fato elástico a voar sobre os arranha-céus como o Super-Homem. Curiosamente Pequim apoia a iniciativa de Hong Kong em manter contactos com o governo das Filipinas no sentido de exigir um pedido de desculpas e a devida compensação pelo incidente. Já que falamos de desculpas, há ainda famílias que esperam uma reacção do regime chinês a propósito de certos incidents ocorridos na sua capital vai para 25 anos. E são muito mais que oito, essas famílias. Quem tem telhados de vidro...
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