sábado, 15 de fevereiro de 2014

Pelo direito de ser Macau


A Associação do Novo Macau (ANM) obteve esta semana uma vitória num terreno onde poucos pensariam que eles fossem "jogar" com a "equipa na máxima força": o Facebook. Os pró-democratas encabeçados por Jason Chao recolheram 1600 assinaturas numa petição dirigida àquela rede social pedindo que a localização "Macau" passasse a ser conhecida por...Macau. E conseguiram. O problema é que o território era conhecido no Facebook como "Aomen", e indicado como sendo "um país". Como muita gente deve saber, "Ao men" é a romanização do nome de Macau em Mandarim, e nem faz sequer sentido que a rede social esteja sequer preocupada em agradar às autoridades do continente, onde como se sabe, o Facebook está bloqueado. É verdade que em Taiwan o território é também conhecido por "Ao men",mas aí toda a gente com os conhecimentos mínimos de inglês sabe que esse "Ao Men" é também conhecido por "Macau" no resto do mundo, ou na sua variante inglesa e francesa, "Macao". Confesso que nunca dei muita importância a este assunto, mas fazia-me alguma confusão ver a indicação de locais como "Ao Men, Ilhas", ou que alguns utilizadores da RAEM tivessem no perfil a informação de que eram de "Mação" (concelho do distrito de Santarém, Portugal), ou de um tal "Macao, Setúbal", na falta da escolha correcta. Pode ser apenas um pormenor, mas às vezes é nos pequenos detalhes que se ganham as grandes batalhas.


Posto isto, tenho visto por aí muito boa gente a desvalorizar a iniciativa da ANM, ora porque sim, é o que fazem sempre, por "hobby" ou por desporto, outros ainda aproveitam para apontar o dedo aos democratas por agora usarem a "herança cultural portuguesa" de Macau em seu proveito, quando antes de 1999 eram uns dos maiores críticos da Administração Portuguesa. Ora, ora, sendo que o ANM é o que de mais próximo temos de "oposição", e desse lado ficarão sempre, com uma grande dose de certeza, estavam à espera que fizessem o quê? Não vejo ninguém muito ralado em criticar o PS e o PSD, os intérpretes da nossa salutar "alternância democrática" por um atacar o outro cada vez que se vê na oposição, e por vezes por decisões que eles próprios tomariam, ou por problemas de que têm também uma quota parte da responsabilidade. Já agora gostava de recordar um incidente que se passou na AL em finais de 2008, quando o deputado da ANM, Au Kam San, afirmou que "este governo conseguiu roubar mais em 8 anos do que os portugueses em 400". Portanto, o deputado insinuou que a administração actual roubou 50 vezes mais que a anterior, e quem se exaltou foram...Pereira Coutinho e Leonel Alves, em nome dessa ex-administração 50 vezes menos desonesta. Dos outros nem um pio - até acharam graça ao desfecho do episódio. Às vezes não basta dizer que a vaca está no pasto; é preciso olhar bem para ter a certeza que ela está lá mesmo. Podem até desvalorizar esta iniciativa, dizer que "tem pouca importância", tudo o que quiserem. Só não os vejo a discordar dela na sua essência. O medo de cair no ridículo fala mais alto.

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