Não se pode ser bom. Logo na semana em que defendo no artigo do Hoje Macau o direito de cada um a ter empregada doméstica, mesmo quem é solteiro e vive sozinho, vem o Papa e estraga tudo. O Papa Francisco - "Chico" para os amigos - reuniu-se com jovens na região italiana de Umbria num encontro na Praça da Basílica de Santa Maria dos Anjos de Assis, onde respondeu a perguntas colocadas por rapazes e raparigas sobre temas relacionados com a vocação religiosa, a família, o trabalho e as missões. Tanta coisa. Quando uma senhora mãe de família lhe perguntou porque hesitam tanto os jovens a casar nos dias que correm, dando o exemplo do seu próprio filho, "com quase trinta anos e uma namorada bonita, e não quer casar", o sumo pontífice sugeriu que "lhe deixasse de passar a roupa, e ele casava". E todos riram. Ah ah ah. Que piada tão engraçada. Agora falemos a sério.
O Papa Francisco não estaria a falar a sério, certamente, ou recorreu à ironia para ilustrar aquilo que mais tarde designou pela "importância de formar uma família", e claro que isto passa por "juntar um homem e uma mulher", e enfim, a conversa do costume. Só que não sendo casado, o Papa fala sem conhecimento de casa, e se calhar pensa que a vida conjugal passa apenas por ter a roupa passada. O problema é que as novas gerações são diferentes das anteriores, e encontrar uma mulher que realize os trabalhos domésticos é como encontrar uma agulha no palheiro. Vai-se a ver e mal o "ragazzo" filho daquela senhora decida casar e peça à "bambina" para lhe passar uma camisa a ferro, ela responde-lhe: "Pensas que sou o quê? Tua empregada? Vai pedir à tua mãe!". Não é o sr. Papa que gosta de ironia? Ora aí está uma que lhe assenta que nem ginjas. Pessoalmente entre casar e andar com a roupa amarrotada, prefiro a segunda hipótese. Dá menos trabalho.
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