A ideia de ter a casa suja e desarrumada deixa-nos irritados, e num dia em que estamos mal-dispostos ainda protestamos com a mulher ou com a empregada, deixando escapar qualquer coisa como: "Olha para isto! Queres que eu viva no meio da merda???". Ora viver no meio da "merda", na sua variante que adquire o sentido de fezes ou excrementos, parece-nos um cenário desolador, próprio dos indigentes, dos mais miseráveis, dos "carunchosos" que não se importam de dormer no meio do lixo desde que tenham dado um "chuto" antes. Mas para outras espécies, isto não só não tem importância, como a sua sobreviência depende disso. Não estou a falar das moscas, que se alimentam de cócó, mas das térmites, ou formigas brancas, cujos excrementos têm propriedades que neutralizam o veneno. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade da Florida, que investigavam a razão pela qual as térmites são tão resistentes aos pesticidas. Acontece que esta formiga devoradora de madeira constrói o ninho com os seus excrementos, o que não só elimina quaisquer perigos que possam existir previamente, como o torna mais resistente às tentativas de extremínio por parte dos humanos, e menos vulnerável ao ataque de outros animais. A descoberta é frustrante para a comunidade científica, que tem trabalhado no desenvolvimento de um fungo capaz de eliminar colónias de térmites, mas agora concluíu que o fungo vai dizer antes "vão vocês". Uma maravilha da natureza este mecanismo de defesa, diria eu, não fosse pelo facto de envolver formigas e a sua merda.
Sem comentários:
Enviar um comentário