segunda-feira, 7 de outubro de 2013

E o relvado estava inclinado, também


A selecção de sub-14 de Macau terá usado dois jogadores irregulares num torneio triangular disputado no início deste mês na Taipa, contra a sua congénere de Hong Kong e uma selecção de jogadores de Cantão. O tal torneio passou-me completamente ao lado, e nem mereceu grande destaque na imprensa, mas devia, pois pasme-se, Macau ganhou. E já vos disse que estamos a falar de futebol? Sim, senhora. Ganhou as duas partidas e terminou o torneio em primeiro lugar; devia ter sido feriado. Penso que se lançaram foguetes e ouvi qualquer coisa, mas pensei que se tratasse de mais uma das exibições do 25º Festival Internacional de Fogos de Artifício de Macau.

Quem levantou a lebre foi a malta de Hong Kong, esses invejosos. Um famoso actor da RAEHK (famoso na rua dele, pois nunca tinha ouvido falar da criatura, duh), pai de um dos jogadores honconguenses, diz ter reconhecido um jogador de Macau que havia participado num torneio de sub-16 anteriormente realizado. Ora como as idades normalmente contam-se para a frente e não para trás, isto significa que houve batota na idade. Outros espertalhões bem tinham desconfiado que alguns dos atletas de Macau pareciam "crescidinhos para a idade". Cambada de pedófilos, é o que são. "Ai aquele tem 14 mas tem corpinho de 15 e meio, ui ui".

A notícia saíu no Daily Apple e pronto, ficou o caldo entornado. Os gajos de Macau são uns batoteiros que levam gajos de barba rija para competir contra meninos de coro. Que cobardia. O mais curioso é que afinal "este tipo de batota é frequente", diz quem está por dentro das selecções jovens da região. O problema desta vez é que Macau ganhou. Não há direito. Quer dizer, se fazemos batota e perdemos na mesma, tudo bem, mas se nos atrevemos a ganhar, aqui d'el rei, que fizestes batota, seus malandros. Isto de enganar nas idades não é para todos. Quem vos disse que podiam brincar?

O presidente interino do Instituto de Desporto, José Tavares, diz que vai "até ao fundo da questão" para apurar as responsabilidades. Será um pioneiro, portanto. Se "é frequente" utilizer jogadores acima do limite de idade, porque não se investiga toda a gente? É difícil apanhar um infractor em flagrante nestes casos, quando a situação regular ou irregular dos atletas depende diferenças de um ano, ou até de alguns meses. A mim cheira-me que alguém não soube dançar e alegou que a pista estava torta. Neste caso o relvado.

Sem comentários: