terça-feira, 1 de outubro de 2013

A China de A a Z - parte I: De A a N


ARROZ - O consumo de arroz é desde há muito associado ao povo chinês. O arroz é o acompanhamento predilecto das refeições de grande parte do povo asiático, e além dos chineses, filipinos, tailandeses, indonésios e outros povos do grande continente não dispensam o arroz, na maioria com uma frequência quase diária - e nesses países não existe a concorrência das massas, que repartem com o arroz a preferência do povo chinês. Sendo um cereal fácil de cultivar e abundante no continente chinês, não surpreende que alimente mais de mil milhões de bocas.

BEIJING - A primeira vez que vi esta palavra, "Beijing", foi no aeroporto de Heathrow, em Londres. Beijing é a romanização do nome da capital chinesa, Pequim, e a tradução inglesa do seu nome para inglês, "Peking", tem sido gradualmente substituída por esta. Beijing é uma palavra com duas sílabas: "Bei" (北) significa "norte", e "jing" (京) quer dizer "cidade principal", ou simplesmente "capital". A cidade milenar teve vários nomes até ser baptizada com o actual em inícios do século XV, durante a dinastia Ming, para a distinguir de Nanjing (南京). Quando Mao fundou a RPC em 1949 estabeleceu definitivamente Beijing como capital da China unificada. Actualmente a sua área metropolitana tem mais de 20 milhões de habitantes.

CHÁ - Sendo um território vasto e fértil, a China é a maior produtora mundial de batatas, centeio, arroz, além de outros cereais, e, claro está, do chá. A palavra "chá" (茶) é originalmente chinesa, e no século XVI a planta foi introduzida a mercadores e missionários portugueses, que lhe reconheceram propriedades medicinais e a levaram para a Europa. Catarina de Bragança introduziu o chá, já na sua forma de bebida resultante da infusão das folhas em água fervida, e os ingleses iniciaram o seu cultivo na India, na tentativa de competir com o monopólio chinês. Uma planta com uma História interessante, e que ainda hoje os chineses bebem desde tenra idade, acompanhando as refeições, ou ainda como bebida relaxante. Diz-se que o chá tem propriedades que actuam sobre o sistema nervosa, acalmando e aliviando o "stress" e a fadiga. Daí que se diga que quem é normalmente nervoso, agressivo ou arrogante tem "falta de chá".


DRAGÃO - O Dragão é a criatura mitológica que para os chineses simboliza a força, o poder, a preserverança, e a sua imagem é reconhecida como um símbolo da prosperidade, longevidade e sorte. A criatura é comum à cultura europeia, com origem nos mitos da antiguidade clássica grega, a às culturas da Ásia Oriental, com origem na China, Japão e Coreia. A palavra deriva do grego "drakon", que significa "grande serpente", e enquanto o dragão europeu se assemelha a um dinossauro, que cospe fogo e era considerado um monstro maldito, o dragão chinês (龍) tem um aspecto mais longitudinal, assemelhando-se mais a um grande lagarto voador, com bigodes longos, quatro garras e escamas - e não há na mitologia chinesa qualquer indicação de cuspisse fogo.

ECONOMIA - A civilização chinesa, com mais de cinco mil anos de história, teve sempre em comum a primazia pelo comércio, pela prosperidade, pela fortuna - um velho ditado chinês diz que "ser rico é glorioso". A busca pela paz social, pela estabilidade e pela harmonia são os pilares dessa prosperidade, e mais do que a política, as ideologias e até os valores humanistas mais básicos, os chineses dão maior valor à economia. O actual regime tem plena consciência disto, e sabe que enquanto manter o crescimento económico, mantém a estabilidade.

FILOSOFIA - O Confucionismo, ou o pensamento de Confúcio, filósofo que viveu na China entre os séculos VI e V A.C., não é uma religião, mas é a filosofia sobre a qual assenta a cultura chinesa, ainda nos dias de hoje. Os ensinamentos do Confucionismo resumem-se basicamente à constante procura pela aprendizagem, pela busca do bem e pelo respeito pelas hierarquias. O professor, a família e o Estado são as pedras basilares da sociedade, e desta filosofia com características acentuadamente orientais.


GASTRONOMIA - Diz-se que os chineses "comem tudo o que tenha quatro pernas e as costas voltadas para o sol, e não seja mesa". De facto existem poucos tabus na gastronomia chinesa, e praticamente qualquer criatura não-humana é considerada comestível, seja mamífero, ovíparo, anfíbio, réptil ou insecto. Alguns hábitos alimentares chineses, nomeadamente o consumo de animais considerados domésticos, como o gato ou o cão, são objecto da reprovação dos ocidentais, que consideram estes costumes "barbáricos". No entanto as novas gerações vai começando a distinguir entre os animais destinados ao consumo humano e os outros, e começam a rejeitar alguns pratos mais exóticos. Na generalidade o povo chinês come praticamente o mesmo que todo o resto do mundo, e a principal diferença é a forma como se confeccionam os alimentos, e os temperos usados. Na imagem vemos um banquete típico chinês.


HAN - Existem na China 55 minorias étnicas oficialmente reconhecidas, mas a esmagadoria maioria dos chineses pretence à etnia Han, que constituem mais de 90% da população, sendo a etnia mais numorosa do mundo - um quinto da população mundial. A etnia Han representa ainda 98% da população de Taiwan, 75% de Singapura e 25% da Malásia. Os ocidentais que têm pouco contacto com os povos asiáticos têm dificuldade em distinguir os chineses dos japoneses e dos coreanos, e existe um preconceito de que os chineses "são todos parecidos", e que são "amarelos". O tom de pele dos Han varia conforme a sua região de origem; os do norte têm a pala mais clara, enquanto os do sul têm uma tez mais morena. Em comparação com os caucasianos, os ocidentais, têm uma tonalidade mais amarelada, como que em tons de pastel, mas são tão "amarelos" como nós somos "brancos" da cor da cal ou os africanos são "pretos" da cor do carvão. Curiosamente um ocidental chama mais facilmente "amarelo" a um chinês do que "preto" a um africano. Será que isso se explica com o medo de levar porrada?

ILHAS - O território chinês é bastante vasto, e estende-se do mar do Japão até ao oriente médio de leste a oeste, e das estepes mongóis e russas até ao mar do sul da China de norte a sul. É o segundo maior país do mundo em area terrestre, depois da Rússia, e a par e além destes, faz fronteira com 13 outros países. A grandeza da China é considerada uma razão para que o país nunca tenha tido uma necessidade expansionista, ao contrário das grandes potências coloniais europeias. Actualmente o país está involvido em disputas territoriais com outras nações devido a várias ilhas do Pacífico, sendo a mais mediática a discussão com o Japão sobre a posse das ilhas Diaoyu, ou Senkaku, na versão japonesa. Sendo uma nação predominantemente continental, as ilhas mais conhecidas da China são Hainão, a maior em area, e Taiwan, actualmente consideradad uma provincial rebelde pelo governo central.

JAPÃO - China e Japão partilham uma História comum, bem como semelhanças culturais e linguísticas. A vizinhança entre o grande continente e o maior arquipélago do mundo, com mais de 6500 ilhas, nunca foram muitop pacíficas, e as relações azedaram com as guerras sino-japonesas, e a ocupação nipónica durante a Guerra do Pacífico, onde foram cometidos abusos graves contra o povo chinês. As relações diplomáticas e comerciais entre os dois países são consideradas normais, atendendo às circunstâncias, mas existe ainda um grande ressentimento devido ao passado recente. Pequim repudia o facto dos japoneses nunca terem pedido desculpa pelas atrocidades cometidas no seu território, e a disputa pelas ilhas Diaoyu tem provocado uma guerrai de pelavras entre os dois países.


KUNG-FU - Designa-se por "kung-fu", ou "wushu", o conunto de artes-marciais chinesas, que englobam desde os exercícios mais leves, a elaboradas técnicas de combate corpo-a-corpo e de auto-defesa. "Wushu" (武術) significa literalmente "artes marcais" ou Guerra, enquanto "kung-fu" (功夫) quer dizer "trabalho" ou "tarefa". A maior parte destes exercícios é consiste de movimentos coordenados, não violentos, e os seus praticantes procuram no só manter a boa forma, como adquririr auto-discplina e obter relaxamento. No Ocidente as artes-marciais chinesas estão associadas aos filmes de acção, ora através da famosa escolar de Shaolin, ou de actores como Bruce Lee e Jackie Chan. Mais recentemente a Disney e a Pixar obtiveram sucesso à escala mundial com o filme de animação "Kung-Fu Panda", que associa dois clichés da cultura chinesa.

LÍNGUA - O idioma oficial da RP China é o "Putonghua"(普通話), que significa literalmente "língua comum" ou "língua franca". No Ocidente é conhecido por "Mandarim", e é uma das contribuições lexicais dos portugueses para o mundo. Os navegadores lusitanos designaram aquela como a "língua dos mandarins", os oficiais e burocratas com quem mantinham contactos diplomáticos. O Mandarim passou a ser a única língua official após a instauração da República Popular em 1949, e é ensinada nas escolas de todo o país. Contudo uma grande fatia da população não fala Mandarim ou fala mal, e comunica no seu dialecto. Nas regiões especiais de Macau e Hong Kong o dialecto cantonense é o mais falado, mesmo nas escolas, tomando um carácter de semi-oficial.


MURALHA - A Grande Muralha da China é uma das construções mais conhecidas da humanidade, umas das maiores atrações turísticas da China, e património mundial da humanidade, da UNESCO. A muralha estende-se ao longo de mais de 21 mil quilómetros, num desenho irregular - construída sempre a direito e e chegaria a Portugal! Foi concluída nos inícios do século VII, mas a ideia de proteger o território das invasões bárbaras começou a tomar forma quinhentos anos antes, no reinado de Qin Shi Huang, o primeiro imperador da China. Pouco resta da primeira muralha, e aquilo que hoje é conhecido por Grande Muralha é apenas o somatório das várias fortificações construídas ao longo do continente. Diz-se que a Grande Muralha é a única estrutura construída pelo Homem que se consegue observar da Lua, mas há quem defenda que isso se trata apenas de um mito.

NETIZEN - O esforço de controlar a a circulação de informação no país por parte do regime chinês tornou-se uma tarefa épica com o evento da internet. O sistema que durante décadas limitou-se a vigiar de perto e censurar a imprensa precisou de fazer um esforço suplementar para ficar um passo à frente da tecnologia, e desde o início que "websites" estrangeiros que constituam um perigo para a estabilidade do regime foram proibidos: Google, Blogger, Facebook e Twitter. Os "netizens" chineses, os mais numerosos do mundo, podem contornar a proibição através do uso de "software" criado para o efeito, ou pode optar pela versão doméstica das redes sociais e motores de busca: Daibo, Wechat, QQ e outros microblogues. Mas aí muita atenção, pois "big brother is watching you"...

Não perca amanhã a conclusão de "A China de A a Z": "De O a Z".

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