sábado, 4 de janeiro de 2014

Os sons dos 80: Live Aid


O "Live Aid" foi um mega-evento organizado pelos cantores britânicos Bob Geldof e Midge Ure, no sentido de reunir donativos para auxiliaras vítimas da grande fome de 1983/84 na Etiópia. A iniciativa surgiu no seguimento da gravação do single "Do They Know It's Christmas", em Dezembro de 1984, e cujos lucros reverteram para a mesma causa. Muito mais ambicioso, o "Live Aid" teve lugar a 13 de Julho de 1985 em dois palcos de ambos os lados do Atlântico: em Wembley, Inglaterra, e no EstádiO JFK, em Filadélfia, nos Estados Unidos, numa duração total de 16 horas. A ideia inspirou ainda a realização de cpncertps nesse mesmo dia noutros países do mundo, como na Alemanha ou na Austrália, tornando esse 13 de Julho conhecido na história como "o dia do Live Aid". A cobertura televisiva foi massiva, com uma transmissão ao vivo para 150 países, e uma audiência de quase 2 mil milhões de espectadores.


Em Wembley mais de 72 mil pessoas encheram o mítico estádio londrino para o concerto que teve início ao meio-dia, e terminou já depois das dez da noite. O Status Quo encarregaram-se de aquecer o ambiente com o seu sucesso "Rockin' All Over the World", além de outros temas. Outros momentos altos incluíram a "performance" dos U2, com o vocalista Bono a descer do palco e dançar com uma espectadora durante a interpretação de uma versão de 14 minutos do tema "Bad". Elvis Costello contribuíu com a sua rendição do tema um tema dos Beatles, "All You Need is Love", e o próprio beatle Paul McCartney subiu ao palco para cantar "Let It Be", com o seu piano a trai-lo, recusando-se a tocar durante os primeiros dois minutos da canção. Essa não foi a única avaria da noite, pois a transmissão em directo para o outro lado do Atlântico caíu no momento em que os The Who cantavam "My Generation". David Bowie também esteve em palco para cantar "Heroes", e o próprio organizador do evento, Bob Geldof, fez-se acompanhar dos seus Boomtown Rats para cantar o seu maior êxito "I Don't Like Mondays".


Passavam 41 minutos da seis da tarde quando subiram ao palco os Queen, liderados pelo carismático Freddie Mercury, especialmente inspirado nesse final de tarde. Durante os 25 minutos que estiveram em palco, os Queen fizeram a audiência vibrar com temas como "Bohemian Rhapsody", "Radio Gaga", "We Will Rock You" ou "We Ar the Champions", entre outros. Um momento memorável que valeu ao grupo um regresso a Wembley no ano seguinte, que ficou registado no álbum ao vivo intitulado precisamente "Live at Wembley '86".


Em Filadélfia foi Joan Baez a abrir as hostilidades cantando "Amazing Grace" em coro com a audiência, e ainda antes disso iniciou a parte Americana do "Live Aid" dizendo: "este é o vosso Woodstock, e já era tempo". A tarde foi marcada por alguns momentos caricatos; Tom Petty fez um manguito a um elemento da produção, e Madonna entrou em palco começando por dizer que "não ia tirar a roupa", uma referência às fotografias nuas publicadas na Playboy e na Penthouse sem o consentimento da cantora. O momento mais cómico da noite deu-se quando o guitarrista Ronnie Wood subiu ao palco com os Rolling Stones...sem guitarra, tudo porque "emprestou" a sua a Bob Dylan, que partiu uma corda durante o seu acto. Ron Wood levou tudo na desportiva, e tocou uma guitarra imaginária. O momento mais embaraçoso foi quando o vocalista dos Duran Duran errou numa nota do tema "A View to a Kill", mas o momento que ficou na rotina foi quando Mick Jagger e Tina Turner cantaram em dueto "It's Only Rock'n'Roll (and I like it), que record aqui neste espaço. As ausências mais notadas foram as de Prince, Michael Jackson - já na altura a debater-se com os seus "dramas pessoais" - e Bruce Springsteen, que foi o artista que mais vendeu nesse ano. O cantor viria mais tarde a admitir que "desvalorizou a importância do evento". Um caso de mau "management" do "boss", portanto.

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