sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Vêem-se gregos


A crise e o clima de austeridade na Grécia está a levar a sua população à loucura, começando a adoptar atitudes que me levam a suspeitar que não falta muito para que o país caia no caos e na anarquia, e possivelmente numa guerra civil. As últimas que nos chegam de Atenas, berço da civilização ocidental, dão conta de um partido de extrema-direita, uma tal "Aurora Dourada" (mais parece o nome de uma modalidade de sado-masoquismo), cujos elementos são suspeitos do homicídio do "rapper" Pavlos Fyssas, mais conhecido por Killah P, conhecido pelas suas posições anti-fascistas.

Este grupo, a Aurora Dourada, não esconde a simpatia pelos ideiais racistas e xenófobos, inspira-se em ditadores como Adolf Hitler, Benito Mussolini ou Ioannis Metaxas, ditador que governou a Grécia entre 1936 e 1941. O seu líder é Nikolaos Michaloliakos, este indivíduo ao centro na foto, cuja aparência dá a entender que não tem qualquer intenção de disfarçar a sua ideologia. Michaloliakos foi libertado ontem depois de uma detenção de três dias, suspeito pelo seu envolvimento na morte de Fyssas, bem como do homicídio, extorsão e agressão a cerca de uma centena de imigrantes, na sua maioria africanos.

À saída do tribunal onde prestou declarações, acompanhado do seu advogado, o líder deste partido neo-Nazi bradou ameaças num tom agressivo, garantindo que tanto ele como o seu grupo "não iam desistir", e que "ninguém os conseguia parar". Durante buscas policiais à sede da Aurora Dourada, foi encontrada parafernália nazista, desde livros, objectos, artigos de vestuário e até várias armas de assalto, muitas delas ilegais. É como se este partido se estivesse a preparar para alguma guerra, e para piorar as coisas, motivado por uma ideologia terrível, de má memória para a humanidade.

Agora o mais grave: este partido elegeu 18 deputados nas últimas eleições para o parlamento grego, preside a um município e está representado na Assembleia municipal ateniense. Os seus eleitores concentram-se sobretudo nas áreas mais afectadas pelo desemprego, e onde se encontram as maiores comunidades de imigrantes, sendo a sua retórica anti-imigração muito apreciada nestes locais. É caso para dizer que a Grécia perdeu o norte, e o desespero já os leva a tomar opções sem medir as eventuais consequências das mesmas. Veêm-se gregos, até para raciocionar, coitados.

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