sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Os blogues dos outros


Um grande alívio mas também uma enorme curiosidade de saber os esquemas por detrás da visita relâmpago de Bill Clinton a Pyongyang. Um avião americano a aterrar naquele minúsculo aeroporto não é todos os dias. Ainda bem que esta história das duas americanas presas terminou bem. Falta saber o que aconteceu ao chinês que estava com elas e fugiu antes de ser apanhado.

Maria João Belchior, China em Reportagem

O sector do jogo registou em Julho pela primeira vez neste ano uma melhoria face ao mês homólogo do ano anterior com um crescimento de 3,1%. Entraram nos cofres dos casinos da RAEM 9569 milhões de patacas! Parece-me por isso abusivo falar em crise no sector de jogo. Certo que a Las Vegas Sands atravessa grandes dificuldades, mas isso deve-se às suas megalomanias e falta de bom senso.

El Comandante, Hotel Macau

Durante os meses de Junho e Julho estavam previstas 5 “pool parties”. Em qualquer desses fins-de-semana choveu a cântaros! Não houve festarola para ninguém, portanto. Já os fins-de-semana que não tiveram festa aprazada foram soalheiros e dignos de uma ida à piscina. Ora, para este fim-de-semana aprazou-se mais uma dessas esquivas “pool party”. Desta vez São Pedro antecipou-se, decidiu puxar dos galões e não fez por menos: um tufão a meio da semana para arrasar a piscina do Hard Rock... Doravante, para saber se chove ao sábado basta estar atento às festas que se pretendem realizar na RAEM. Dança da chuva já conhecia, mas este fenómeno ainda é mais estranho. Pelo menos, cancelada que está a festa, vem aí tempo bom para apanhar sol. Certinho! E não é preciso ser nenhum Antímio de Azevedo para o prever.

VICI, MACA(U)quices

A política internacional contém-se -também- no domínio do simbólico, que parece numa estrita leitura realista (ou neo-realista) do palco internacional fútil e desprezível. Quando os estados falam em distinguir as questões humanitárias das questões eminentemente políticas, o que eles fazem é enviar sinais destinados a gerar reacções positivas (ou pelo menos disposições). Este é o caso deste encontro sui generis entre um ex-presidente de um grande estado e o actual presidente de um estado-chave regional em fase final (ao que tudo indica) do seu exercício de poder. A questão humanitária é sensível afinal tratava-se de duas cidadãs americanas aprisionadas pelo regime norte-coreano. Mas há algo que nos escapa em matéria do que falaram Bill Clinton e Kim Jong-il. Faz-me lembrar uma viajem de um também grande político norte-americano - Henry Kissinger - a outro país na altura fechado, secretista e subversivo da ordem internacional - a China. Faz agora acho um 37 anos. Kissinger levava -sabe-se hoje - uma missiva do Presidente Nixon para o Presidente Mao, mostrando a disponibilidade dos Estados Unidos entrarem em negociacoes para o reconhecimento da Republica Popular da China. E provavel que se tenha passado algo do genero agora. O silencio da Casa Branca e significativo.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

O que mais estranho em tudo isto é a transfiguração de Kim Jong Il. Há dias, era um cadáver ambulante marcado pela doença terminal. Diziam os arúspices de Washington que o regime estava nas vascas da agonia. Ontem, o tirano apareceu com menos 20 anos, cútis resplandecente, cara redonda como um Mooncake, sorriso de orelha a orelha. Afinal, resta saber se o miraculoso Photoshop foi aplicado antes ou depois da missão Clinton. A eterna fantasia adolescente em que vivem os americanos é coisa que mete medo. Uma super-potência com tal comportamento errático não dissuade os inimigos mas afasta, decididamente, os aliados. Ainda veremos Raul Castro em Washington. Disso estou tão certo que já nem faço profecia.

Miguel Castelo-Branco, Combustões

O superintendente-chefe, Oliveira Pereira, director nacional da PSP, enviou ao Ministério da Administração Interna uma proposta para expulsar e reformar compulsivamente 39 elementos da corporação condenados em tribunal, a maior parte por roubo e furto. Nunca foi enviada uma proposta com tantos nomes. Já em Macau, Oliveira Pereira não brincava em serviço.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

Lado negro da pouco mais que corriqueira Gripe A é este: quando afecta pessoas fragilizadas e sob um quadro clínico já de si complexo. Por isso mesmo é que todos os esforços de contenção constituem um desafio sério que urge levar a efeito com mais acção, informação diligente, e menos espalhafato promocional mediático da eficácia profiláctica por um putativo pré-Gabinete de Crise: «O segundo doente é um homem de 63 anos e, ao contrário da paciente transferida de Guimarães, apresenta uma ficha clínica mais complexa, uma vez que tem uma patologia crónica subjacente em consequência de problemas cardíacos.»

Joshua, PALAVROSSAVRVS REX

A fotografia que o Record publica hoje na capa, de Rui Patrício abraçado a uma Nossa Senhora (não fluorescente), prova à saciedade a superioridade do catolicismo romano sobre todas as outras estirpes do cristianismo. Com efeito, enquanto os vários protestantismos consistem em teologias áridas e maçadoras, que se levam demasiado a sério, o catolicismo é uma crendice maravilhosa e consoladora, capaz de aquecer o coração de qualquer incréu. Bem hajas, pois, ó Portugal, por seres sempre nação fidelíssima!

António Figueira, Corta-Fitas

Cândido Barbosa conquistou a camisola amarela na 1ª etapa da Volta a Portugal, mas perdeu-a logo no dia seguinte. Disse-me uma joaninha que não foi por demérito do ciclista. Acontece é que, depois de dar várias entrevistas às televisões, recebeu um SMS da ERC lembrando que, sendo candidato em lugar elegível, pelo PSD, à Câmara de Paredes, estava abrangido pela directiva da entidade reguladora, que impede a participação dos candidatos em programas que lhe possam dar notoriedade.

Carlos Barbosa de Oliveira, Delito de Opinião

Não são os eleitores que escolhem os deputados. O líder do partido escolhe os deputados. Não são os deputados que escolhem o primeiro-ministro. É o futuro primeiro-ministro que escolhe os deputados. O líder que perde eleições escolhe o grupo parlamentar que não tem a confiança do sucessor. Instituições consolidadas têm processos imparciais e impessoais de partilha de poder. Instituições disfuncionais têm métodos pessoalizados de exercício do poder. O líder prevalece sobre a instituição. Quem se oferece para cabeça de cartaz (e.g. Zézinha Nogueira Pinto, Arnaut, Couto dos Santos, Deus Pinheiro) não está lá para ser deputado. Quer ser ministro. Só os mentirosos é que têm necessidade de dizer deles próprios que “falam verdade”. Em caso de Bloco Central o líder do PSD precisa da lealdade canina dos seus deputados. É isso que se prepara. A pessoas de que Manuela Ferreira Leite se rodeia não têm a capacidade, nem a apetência, nem a coragem, nem as ideias para fazer as reformas que são necessárias. A própria também não.

João Miranda, Blasfémias

Quando a ciência avança vacila a fé. A lepra cuja cura era um truque favorito de JC não resistiu às sulfamidas, à higiene e aos antibióticos. As epidemias, que rendiam orações e promessas, foram controladas, não pela graça divina, mas pela descoberta das vacinas. Mas, à medida que a ciência avança, novos problemas nos desafiam e, nos períodos de crise, as religiões florescem. A doença, a fome e a guerra são os alimentos predilectos da fé. A irracionalidade atinge o auge com o desespero, os deuses ganham clientes e os padres arrecadam esmolas. Também os bruxos, quiromantes e outros parasitas da desgraça alheia, vêem aumentar a clientela e os honorários. A ciência é recente e ainda não eliminou medos e superstições geneticamente assimilados ao longo dos séculos. Não sei o que leva os homens e as mulheres a ajoelharem-se perante outros homens que têm o hábito de se vestirem de mulheres, fazerem sinais cabalísticos e borrifarem os clientes com água normal a que chamam benta. As angústias da vida e séculos de sujeição estão na origem desta perda da razão a favor da fé, da quebra da dignidade por submissão ao medo e da troca da posição vertical por genuflexões e rastejamentos. Quando as pessoas se curarem dos terrores da fé, poderemos construir uma sociedade de homens e mulheres livres, sociedade eternamente adiada, à espera de que as desgraças deixem de bater à porta dos que sofrem e crêem.

Carlos Esperança, Diário Ateísta

Manuela Ferreira Leite mandou retirar Coelho das listas dos menus do PSD.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

1 comentário:

joãoeduardoseverino disse...

Sempre que posso visitar o seu blogue constato a deferência. Grande abraço.